Nota 4,0 Desenho com minhocas peca na criação de personagens, mas compensa pela trilha sonora

Embora tenha aumentado a oferta,
ainda são poucas as animações fora do eixo hollywoodiano que conseguem espaço
em outros países, salvo em festivais e mostras de cinema. Quando algumas
conseguem desbravar fronteiras é motivo para se comemorar e prestigiar, mesmo
que apenas por curiosidade. Resultado da parceria entre a Dinamarca e a
Alemanha,
Barry e a Banda das Minhocas está
longe de ser um primor em termos visuais ou criatividade, mas vale uma espiada
para fugir um pouco do maçante estilo dos desenhos americanos que priorizam
cada vez mais o realismo. Aqui é quase uma volta as raízes das animações com o
uso proposital de uma saturada paleta de cores e estrelado por criaturas que
não são os seres mais fascinantes da terra e por isso mesmo ganham contornos e
características estereotipadas para as tornarem mais aceitáveis pelo público.
Um filme protagonizado por minhocas não parece uma ideia muito animadora, mas
ainda assim a produção assinada pelo diretor Thomas Borch Nielsen, estreando no
campo das animações, consegue transformar os personagens rastejantes em figuras
simpáticas e dotadas de certo movimento além do habitual, todavia, isso não é o
suficiente para manter total interesse pela fita já que sua narrativa é um
tanto preguiçosa. Barry é um jovem minhoca que está cansado de ver sua espécie
ser motivo de zombaria por parte de outros animais, principalmente alvo de
chacotas pelos insetos, e não aceita o futuro ao qual está destinado: trabalhar
em uma empresa de fertilizantes, a sina de todos os seus semelhantes. Seu
próprio pai não gosta desta atividade, mas se conformou com seu destino.
Pressionado pela mãe, Barry acaba seguindo o caminho que lhe fora previamente
traçado, mas sua vida ganha um novo sentido quando encontra a coleção de discos
do seu pai, uma coletânea com os melhores hits dos tempos das discotecas.
Contagiado pelo ritmo, o jovem imediatamente tem a ideia de montar uma banda
para participar de um show de talentos e assim provar que as minhocas podem ir
além, mas encontrar os parceiros certos para embarcar junto nesse sonho não
será nada fácil.

A ideia para o filme surgiu do próprio
Nielsen que tem o hábito de realizar passeios noturnos para colher minhocas e
certa vez notou que uma delas parecia dançar na palma de sua mão enquanto
tocava um sucesso da década de 1970. Claro que eram espasmos naturais do corpo
do animal, mas serviu para dar asas a imaginação do diretor que também escreveu
o roteiro em parceria com Morten Dragsted. Pode parecer estranho uma produção
protagonizada por criaturas consideradas asquerosas, mas não deixa de ser uma
ideia bem-vinda na contramão do excesso de cachorrinhos, gatinhos e outros animais
fofinhos que assolam o campo dos desenhos animados. E se ratos e insetos já
foram transformados em personagens cativantes e divertidos, por que o mesmo não
poderia ser feito com as minhocas? É justamente esse o grande problema de
Barry e a Banda das Minhocas. Fora o
protagonista, os demais seres não causam empatia e tem personalidades rasas, assim
pouco nos importamos com seus destinos. Não torcemos pelo sucesso da banda e menos
ainda para que Barry conquiste seu interesse romântico. A minhoca que se sente
inferior por ser gordinha não cativa e nem consideramos a sexualidade suspeita
do roqueiro do grupo, algo pouco usual em projetos infantis. A graça em ver animais
desprovidos de ossos tentando equilibrar seus esguios e cilíndricos corpos enquanto
dançam, lembrando que eles não tem braços ou pernas para ensaiarem passos
característicos das discotecas, não chega a durar muito, mesmo com a duração
bastante enxuta do filme. Os números musicais é o que há de melhor no longa,
resgatando hits de sucesso da era disco para a alegria dos adultos e a
curiosidade das crianças, mas em contrapartida temos que acompanhar as desastrosas
tentativas de Barry e seus amigos para encontrar ritmo e equilíbrio para
poderem tocar juntos. Falta profundidade à narrativa que se desenrola de forma
acelerada condensando diversas etapas, o que acaba comprometendo os momentos de
emoção e enfraquecendo os divertidos. De qualquer forma, o filme entretém seu
público-alvo, crianças bem pequenas que se distraem com qualquer produção
multicolorida e com certa agitação.
Animação - 75 min - 2008
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