segunda-feira, 31 de agosto de 2015

VALENTE (2012)

NOTA 9,0

Pixar se rende ao estilo
tradicional Disney e lança
sua primeira animação
protagonizada por princesa


O mundo dá voltas. Se um dia o império Disney foi estremecido e virou “refém” dos moderninhos desenhos da Pixar agora chegou a vez dos papéis se inverterem. O antigo e longo acordo das duas empresas previa que a casa do Mickey Mouse seria apenas responsável pela divulgação e distribuição dos longas animados através de computação gráfica, mas desde 2008 elas se uniram em um mesmo conglomerado, assim o reino das princesas e animais fofinhos foi invadido por brinquedos e carros animados, monstros bonzinhos, super-heróis entre outros tantos personagens criados através de tecnologia de ponta. Mas como diz o ditado, tudo que é bom dura pouco. No caso da Pixar não. Foram quase duas décadas praticamente dominando o mercado de animações, mas Carros 2 balançou os alicerces da produtora. Após o baque das críticas negativas, surpreendeu o fato de que para tentar dar a volta por cima os executivos do estúdio escolheram aliar modernidade e antiguidade. Valente definitivamente é um produto diferenciado no catálogo da empresa que fez história com Toy Story, Monstros S.A., Procurando Nemo, entre tantos outros sucessos, mas deixa a desejar no quesito criatividade. A animação continua mantendo o visual arrebatador característico da Pixar, desta vez com o uso de efeitos 3D, diga-se de passagem, totalmente desnecessários, mas o enredo é bem diferente do que ela nos apresentou ao longo dos últimos anos. Bebendo na fonte da era medieval, o longa é protagonizado por uma princesa. Será que o estúdio estava passando por uma crise brava, perdeu sua identidade e sucumbiu aos apelos da Disney que claramente nunca quis abandonar os contos de fadas? A resposta é sim e não. Algumas pessoas dizem que pelo fato do enredo enfocar questões familiares e ter como protagonista uma princesa o desenho acabou ficando tradicional demais, mas se pararmos para analisar existe sim novidades e ganchos muito interessantes. Não temos aqui uma princesinha indefesa e sonhadora que tem como único objetivo casar-se e ser feliz para sempre. Embora criada com todos os cuidados por Elinor, sua mãe, para ser sua sucessora como rainha da Escócia, a jovem Merida sente que não tem a menor vocação para cuidar do reino apenas dando ordens. Ela quer é ação. Seus lazeres prediletos são cavalgar e praticar o tiro ao alvo com seu arco e flecha. 

domingo, 30 de agosto de 2015

CAÇADORES DE DRAGÕES

Nota 5,0 Animação tem visual e personagens interessantes, mas história difícil para crianças

A temática a respeito de dragões já rendeu diversos longas animados e de aventura para agradar crianças e adultos, mas ainda é uma fonte inesgotável de inspiração. Será mesmo? Bem, não é isso que demonstra o desenho Caçadores de Dragões, produção que reuniu os esforços de França, Luxemburgo e Alemanha para sua realização. Com direção de Guillaume Ivernel e Arthur Qwak, a trama fala sobre um reino mágico que está correndo perigo por causa de um dragão que está prestes a despertar e destruir tudo o que encontrar pela frente. Lord Arnold, um homem muito rico e dono de um imenso castelo, já enviara uma tropa de soldados para dar conta do monstro, mas eles jamais regressaram. Sua sobrinha Zoe, uma garotinha que adora contos de aventuras, decide ajudá-lo e sai a procura de heróis iguais aos das histórias que tanto a encantavam, contudo, se depara com personagens que não são bem o que esperava. O tagarela Gwizdo e o grandalhão e desengonçado Lian-Chu se autodenominam caçadores de feras, mas na realidade sempre fracassaram e agora fingem que são especialistas apenas para aplicar golpes e arrecadar dinheiro. Determinada a seguir com eles em sua aventura para salvar o reino em perigo, Zoe decide confiar que eles podem sim ser verdadeiros heróis e parte em uma viagem perigosa para um mundo desconhecido onde dragões enfurecidos podem despertar a qualquer momento. Tal história não foi uma criação exclusiva para o longa-metragem. O projeto nasceu a partir de uma série homônima animada franco-chinesa feita para a televisão co-escrita pelo próprio Qwak que por sua vez se inspirou nas tramas de quadrinhos. Os personagens criados são razoavelmente bem desenvolvidos tanto no aspecto psicológico quanto em suas formas, cada qual com suas características e aspectos físicos bem marcados, ainda que careçam de certa dose extra de carisma.

sábado, 29 de agosto de 2015

ROMULUS, MEU PAI

Nota 7,0 Cinebiografia de pensador enfoca sua infância que de tão triste soa como algo surreal

Se você gosta de deixar a emoção aflorar e não tem vergonha de cair no choro ou ao menos se permitir sentir um nó na garganta, Romulus, Meu Pai é um prato cheio. Baseado nas memórias do filósofo e escritor Raimond Gaita, o longa resgata sua difícil infância através das lembranças de sua conturbada vida em família. O ator-prodígio Kodi Smit-McPhee emociona com sua naturalidade, vivenciando cenas fortes e dramáticas, entretanto, como o título deixa claro, sempre evidenciando seu amor incondicional pelo pai, Romulus (Eric Bana), um pobre coitado que vive em um lugar isolado da Austrália e que vez ou outra recebe a visita de Christina (Franka Potente), a mãe do garoto. Ela abandonou a família para viver com Mitru (Russell Dykstra), que era ninguém menos que o melhor amigo de seu ex-marido. Todavia, Hora (Marton Csokas), irmão do pivô da separação do casal, está sempre por perto para ajudar esses dois vértices familiares da maneira que pode. Apesar da traição, essas pessoas tentam conviver pacificamente, passam relativamente bastante tempo juntos, mas as coisas complicam quando a ex engravida de seu novo companheiro. Para quem acha que até aqui o roteiro já é suficientemente trágico, saiba que essa é a parte boa da história. A chegada de uma criança faz com que Christina mude seu comportamento radicalmente e passe a sofrer de depressão. Mitru também se desilude com o casamento ao passo que Romulus começa a se interessar pela ideia de refazer sua vida ao lado de uma nova mulher. Enquanto isso, o pequeno Raimond precisa conviver com a rígida moral imposta por seu pai e com a negligência por parte de sua mãe, mas o destino ainda guarda surpresas desagradáveis para essa família nada convencional para os padrões da década de 1960. Como desgraça pouca é bobagem, não basta apenas a separação dos pais para o pequeno se preocupar. Uma overdose de acidentes e tragédias ocorrem durante a narrativa e impressiona como uma criança conseguiu vivenciar a tudo isso e ainda assim manter-se bem psicologicamente e ser o único alicerce em bom estado deste fatigado clã.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

13 FANTASMAS

NOTA 3,0

Apesar dos cenários
inovadores, longa repete os
clichês comuns do terror e
conta com enredo frouxo
Hollywood vive de fases, algumas muito longas e outras que duram apenas uma temporada resultando de dois a quatro filmes com temáticas similares que lutam para conquistar a preferência do espectador ou para ver qual ganhará o rótulo de fracasso entre elas. Já tivemos as incríveis coincidências de desenhos bacanas enfocando o mundo dos insetos disputando o espectador no mesmo período e também ficções a respeito de Marte brigando pelo posto de maior fracasso de todos os tempos. Nessa mesma época, final dos anos noventa e começo do novo século, produtores resolveram também vasculhar o baú e pinçar pérolas do terror americano para serem refilmadas. Com o filão dos seriais killers em franca decadência, por que não tentar trazer a tona novamente as histórias de casas assombradas? Se por um lado tivemos o original e excepcional Os Outros, por outro fomos presenteados com engodos como 13 Fantasmas, refilmagem de uma obra dirigida por William Castle, uma lenda do gênero. Há quem diga que esta é uma refilmagem de um longa homônimo dos anos 60, mas também há registros de que este é o remake de A Casa dos Maus Espíritos, de 1958, que por sua vez já serviu de base para outros títulos similares. Bem, independente do longa refilmado, é certo que filmes de terror geralmente são avaliados de regular para baixo e às vezes uma verdadeira bomba pode ganhar certo status dependendo da escassez do gênero no período. O problema é que o trabalho dirigido pelo então estreante Steve Beck, que posteriormente dirigiria O Navio Fantasma, além de ser uma produção desinteressante também chegou aos cinemas após A Casa da Colina e A Casa Amaldiçoada, também refilmagens, ou seja, foi lançado quando o público já estava saturado de filmes que prometem muito no trailer, mas no conjunto decepcionam.   Beck, técnico de efeitos especiais de produções como Indiana Jones e a Última Cruzada e O Segredo do Abismo, abusou de efeitos especiais, clichês e deixou a desejar quanto a direção dos atores e na transformação do roteiro de Neal Marshall Stevens e Richard D’Ovidio em imagens. Todos sabem que um diretor tem plenos poderes para mexer em um enredo conforme as filmagens avançam, pois quando as coisas começam a ganhar formas elas tendem a ser bem diferentes do que é descrito no papel, mas neste caso a preguiça falou mais alto.


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

JOGANDO COM PRAZER

NOTA 1,0

Longa simplesmente não
tem conteúdo, sendo apenas
um veículo para Ashton
Kutcher exibir seu físico
Às vezes podemos nos perguntar por onde anda aquele ator ou atriz do passado que fazia tanto sucesso e sumiu de repente? Em alguns casos é fácil decifrar o enigma. Tal pessoa chamava a atenção por sua beleza ou talento? Ganhou fama trabalhando em um mesmo tipo de filme ou se aventurou por diversos gêneros? Seus fãs se concentravam em uma mesma faixa etária ou ele agradava pessoas dos 8 aos 80 anos? Se a resposta para todas as perguntas foram a primeira opção dada pode ter certeza que este profissional teve a elegância de abandonar a carreira antes das críticas o assolarem ou o próprio mercado tratou de aposentá-lo precocemente. Tais casos acontecem frequentemente com jovens atores. Só para citar alguns casos recentes, onde estão Freddie Prinze Jr., Hilary Duff, Julia Stiles, Sarah Michelle Gellar, Ryan Philipe e tantos outros? Ok, eles podem fazer um ou outro filme de vez em quando, mas estão longe da fama de outrora e suas carreiras não podem ser comparadas, por exemplo, a de Jennifer Aniston que envelhece e continua firme nas comédias românticas e repetindo o mesmo tipo de papel. Existem pessoas que ficam marcadas por determinado gênero ou tipo de personagem e isso pode trabalhar contra a sua trajetória profissional ou raramente a seu favor como é o caso de Ashton Kutcher. Embora o ator tenha protagonizado o cultuado Efeito Borboleta e o bom longa de aventura Anjos da Vida – Mais Bravos que o Mar, sua imagem de garotão que só quer saber de aproveitar as coisas boas da vida e ter o mínimo de compromisso possível com o trabalho ou relacionamentos pessoais ainda impera. Apesar de alguns projetos em que repete tal papel serem bacaninhas, como Jogo de Amor em Las Vegas e Sexo sem Compromisso, talvez a repetição dê certo pelo carisma do ator que casa bem com o estilo descompromissado destas comédias. O problema é quando ele quer que esse Peter Pan de hormônios à flor da pele seja levado a sério como no caso de Jogando com Prazer. Para quem não gostava de Kutcher, este drama (ou pornô soft, dependendo do ponto de vista) era o que faltava para odiá-lo definitivamente.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

COMO PERDER UM HOMEM EM 10 DIAS

NOTA 7,0

Casal protagonista se une
com o intuito de se dar bem
na vida profissional, mas é
o amor que fala mais alto
No gênero das comédias românticas é muito comum o tema dicas para se dar bem no amor. Os roteiros variam colocando seus protagonistas a serviço de um manual ou livro de autoajuda, a serviço dos conselhos de amigos ou até mesmo uma reflexão dos personagens revendo suas vidas amorosas para não repetir os mesmo erros em uma próxima vez. Você já viu algo do tipo inúmeras vezes em filmes da Jennifer Lopez, Drew Barrymore, Jennifer Anniston e tantas outras atrizes que são sinônimos deste gênero cinematográfico, mas e um longa criado justamente para ensinar as regras básicas para destruir um relacionamento?  Pois este é o mote principal de Como Perder um Homem em 10 Dias, uma divertida comédia romântica na qual tanto a mocinha quanto mocinho embarcam em uma relação amorosa não visando melhorar suas vidas pessoais, mas sim as profissionais. Benjamin Barry (Matthew McConaughey) é um publicitário que faz uma ariscada aposta com seu chefe. Convencido de seu potencial para conquistar mulheres, ele terá apenas dez dias para fazer uma dama cair aos seus pés de paixão, assim ele terá o direito de gerenciar a conta e desenvolver uma importante campanha de vendas de diamantes que foi entregue à empresa em que trabalha. Na mesma noite em que o pacto é feito Barry encontra sua vítima. Ela é Andie Anderson (Kate Hudson) que em uma primeira conversa com o rapaz já se mostra disposta a ser mais que uma amiga para ele, porém, na realidade ela deseja o namoro tendo segundas intenções. Ela é uma jornalista que está cansada de escrever matérias fúteis para uma revista feminina e propõe à sua chefe que caso ela escreva um texto excepcional sobre um tema mais original poderia então ser alçada a um patamar mais respeitável na redação. Assim ela troca as triviais dicas para ter um relacionamento de sucesso para mostrar às mulheres as coisas que elas fazem e que acabam por espantar os homens. Andie não está atrás de teorias, mas sim de viver na prática os erros propositalmente a cada novo encontro com Barry. Um amor baseado na desonestidade tem futuro? Por se tratar de uma típica comédia romântica americana você já sabe como tudo vai acabar e talvez seja no conforto em saber que o final feliz está garantido que resida o segredo do sucesso de produções do tipo. Repetem-se os atores, personagens e conflitos, uma ou outra mudança aqui ou ali, mas sempre há uma ampla legião de espectadores a disposição desses produtos.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O TERCEIRO OLHO

NOTA 4,5

Enredo intricado segura a
atenção até certo ponto,
mas a certa altura testa a
paciência do espectador
A maioria dos filmes que estréiam nos cinemas ou chegam às locadoras sem causar barulho automaticamente são rotulados como produtos ruins, embora alguns sejam bem melhores que aqueles que tiveram uma superexposição na mídia quando lançados. Todavia, o mundo cinematográfico está cheio de boas intenções, mas boa parte delas resulta realmente em trabalhos duvidosos que não resistem a ação do tempo. Este é o caso de O Terceiro Olho, um suspense que pegou carona no sucesso de crítica de produtos como Amnésia e Efeito Borboleta para ganhar certo status na época de seu lançamento, mas sem efeito algum em sua campanha, e que hoje certamente deve estar juntando poeira nas prateleiras de locadoras, isso se alguma loja o manteve no acervo. Reviravolta é a palavra chave do roteiro e produções do tipo costumam exigir muita atenção do espectador e precisam ser vistas mais de uma vez para se conseguir montar totalmente o quebra-cabeça proposto. Porém, este trabalho do diretor alemão Roland Suso Ritcher pode ser visto duas, três, dez vezes, mas jamais nos convencemos que este é um suspense excepcional, pelo contrário, a sensação de frustração deve ser constante. O início é intrigante e a narrativa consegue prender a atenção até certo ponto, mas chega uma hora que o vai e vem do tempo cansa e ficamos fatigados torcendo para que o filme acabe logo. O longa começa nos apresentando à Simon Cable (Ryan Philippe), um rapaz que ao acordar se encontra em uma cama de hospital sofrendo de amnésia. Os dois últimos anos de sua vida sumiram completamente da memória. Ele não lembra que é casado, da morte do irmão Peter (Robert Sean Leonard) e nem mesmo do terrível acidente de carro que sofreu e o levou a esta situação. Seu médico, o Dr. Newman (Stephen Rea), começa a ajudá-lo a reunir os fragmentos de sua memória para que ele possa compreender sua vida novamente, mas para o rapaz nada parece fazer muito sentido, principalmente quando ele percebe que Anna (Piper Perabo), sua suposta esposa, o odeia e acredita que o marido foi o responsável pela morte do próprio irmão. Em meio às viagens pelo tempo que sua mente realiza, Simon conhece Travitt (Stephen Lang), um paciente do hospital que pode ser o elo entre os períodos desconexos de sua vida.

domingo, 23 de agosto de 2015

DEU A LOUCA EM HOLLYWOOD

Nota 1,0 Mais uma produção que investe nas sátiras de filmes e tão ruim quanto outras do tipo

Não tem jeito. Parece que estamos fadados de tempos em tempos a sermos amaldiçoados com aquelas comédias capengas que pretensiosamente querem tirar um sarro de sucessos do cinema de um determinado período. Lá na década de 1980, Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu! já estimulava tal tendência parodiando os filmes de catástrofes tão comuns na época. Na virada para o século 21, com o sucesso das fitas de seriais killers para adolescentes, Todo Mundo em Pânico fez sucesso, mas suas continuações perderam a essência e passaram a apostar em um caldeirão de referências desconexas. O que veio depois é um monte de porcarias que tentam tirar leite de pedra sem se preocupar minimamente com a inteligência do espectador, afinal de contas seu público-alvo são adolescentes descerebrados que adoram gargalhar vendo caretas, tropeços e escorregões e, principalmente, escatologia enquanto se entopem de refrigerante e pipoca. Será mesmo? O fraco desempenho nas bilheterias de Deu a Louca em Hollywood mostram que ao menos uma boa parcela dos jovens tem salvação, não deram bola para a fita e evitaram uma catastrófica continuação. Quanto a trama ela se sustenta sob o argumento de quatro órfãos que encontram um bilhete premiado em uma barra de chocolate e conquistam o direito de conhecer o interior de uma exótica fábrica de doces. Lucy (Jayma Mays) foi criada por um superintendente do Museu do Louvre onde se esconde um assassino albino. Edward (Kal Penn) é um refugiado da luta livre americana enquanto Peter (Adam Campbell) é um residente da comunidade de mutantes X que ainda está longe de mostrar o seu verdadeiro poder. Já Susan (Faune A.Chambers) foi vítima recentemente de um ataque de serpentes em um avião. O grupo se conhece momentos antes de visitarem a tal fábrica e é recepcionado pelo excêntrico Willy (Crispin Glover), o dono da empresa que passa a persegui-los de forma doentia. Tentando escapar eles acabam entrando em um guarda-roupa mágico e vão parar na terra de Gnarnia onde encontram seres fantásticos, mas também ficam na mira da feiticeira Rameira Branca (Jennifer Coolidge) que quer evitar que uma profecia se cumpra e ela perca o poder de governar.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A PRINCESA E O SAPO

NOTA 7,5

Disney retorna às suas
origens investindo em conto
clássico, animação 2D e
alguns toques modernos
Desde que Toy Story estreou na temporada de férias de 1995/96 o cinema de animação jamais voltou a ser o mesmo e a Disney que estava colhendo os louros da parceria para a distribuição dos longas da Pixar passou a ver ano após ano as bilheterias de seus desenhos tradicionais não corresponderem as expectativas até que chegou um momento em que o estúdio decidiu abandonar de vez as produções do tipo e apostar somente em tecnologia de ponta. A tendência seria intensificada quando as duas empresas finalmente se uniram para a produção de longas-metragens, porém, foi o próprio John Lasseter, o diretor que deu o pontapé inicial na onda de desenhos digitais e com roteiros pra lá de inteligentes, que insistiu para que fosse retomado o setor de animação 2D da casa do Mickey Mouse, assim como a exploração dos contos de fadas. A Princesa e o Sapo marca esse retorno às origens contando com todos os elementos que consagraram tanto o gênero quanto sua técnica de realização, contudo, o projeto foi recebido com ressalvas por crítica e público e as opiniões são bem divididas. Para muitos tal filme representou um retrocesso na trajetória das animações, mas isso é puro preconceito ou ignorância provocada pela atual cultura do imediatismo ou da ostentação da tecnologia. Em pleno século 21, é curioso que ainda as questões sobre racismo se mantenham tanto em evidência a ponto de gerar na época do lançamento deste desenho muita expectativa a respeito de como seria a primeira princesa negra da Disney, uma escolha não apenas para trazer uma publicidade extra ao projeto, mas também para satisfazer um antigo sonho do estúdio. Todavia, as questões raciais não ficam em primeiro plano visto que a trama se passa na efervescente cidade de Nova Orleans que em plena década de 1920 já apresentava um intenso movimento de mistura de raças, tanto que logo na sequência inicial temos duas garotinhas, uma negra e outra branca, se divertindo juntas ouvindo histórias de princesas. Uma delas é Tiana, que no futuro se torna uma moça independente, corajosa, atraente, mas que não pensa em se casar. Seu grande sonho na realidade é poder ter seu próprio negócio, um restaurante como seu falecido pai também gostaria de ter tido, porém, mesmo se esforçando em dois empregos para conseguir dinheiro para poder finalmente realizar seu desejo parece que cada vez mais ele está distante de ser concretizado. Suas esperanças renascem quando sua grande amiga de infância, Charlotte LaBouff, a outra garotinha da introdução, a convida para fazer o jantar de uma festa que está organizando para tentar conquistar o amor do príncipe Naveen que acaba de chegar à cidade.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ALBERT NOBBS

NOTA 7,5

Glenn Close reencontra
o prestígio no mundo do
cinema ao despir-se da
vaidade, mas não do talento
Glenn Close nos anos 80 era uma figurinha tão onipresente nas premiações de cinema quanto Meryl Streep. A diferença para sua contemporânea é que a atriz que estrelou Ligações Perigosas, Atração Fatal entre tantos outros marcos do passado recebeu bem menos prêmios, inclusive nenhuma das suas cinco indicações ao Oscar lhe renderam a tão cobiçada estatueta. Sua chance de finalmente ganhar o prêmio máximo do cinema era com Albert Nobbs, mas quis o destino que Miss Streep mais uma vez estivesse no páreo defendendo uma personagem irretocável em A Dama de Ferro. De qualquer forma, é um grande prazer ver Glenn em cena após anos de hiato na carreira cinematográfica, período em que se dedicou ao teatro, a produções de TV e a filmes de pequeno porte que mal chegavam ao conhecimento do público, com exceção da versão live-action de 101 Dálmatas e sua continuação. Todavia, seu retorno de verdade às telas grandes não poderia ser mais marcante. A atriz vive o personagem-título, simplesmente um homem. Na realidade, Glenn interpreta uma mulher que precisou abdicar de uma vida normal para sobreviver na sociedade extremamente machista do século 19 na qual as mulheres praticamente só têm obrigações e os direitos são quase nulos. A atriz dá vida a Albert Nobbs, a imagem do mordomo perfeito. Prestativo, educado e praticamente calado a maior parte do tempo, ele é empregado de um luxuoso hotel na Irlanda e é visto como uma pessoa estranha ou tímida, assim vivendo solitariamente, mas esse é o preço a pagar por optar em viver uma vida de mentira, porém, já faz tanto tempo que essa corajosa mulher incorporou tal personagem que nem sente mais os predicados negativos da farsa. Durante três décadas esta mulher se omitiu para poder juntar dinheiro e abrir seu próprio negócio, uma tabacaria, mais um ponto contra a realização de seu sonho, afinal tal estabelecimento não seria um lugar adequado para mulheres frequentarem, quanto mais ser proprietária.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

LULA - O FILHO DO BRASIL

NOTA 4,0

Da infância à fase adulta,
longa enfoca a vida pessoal
do ex-presidente e deixa a
política em segundo plano
As cinebiografias são projetos que podem ser verdadeiras obras-primas ou retumbantes fracassos, tudo depende da forma como o homenageado será retratado, de forma fidedigna ou glorificado ao extremo? Qual versão mais lhe agrada? Geralmente elas são feitas quando as pessoas já faleceram, mas deixaram sua marca na História e esta deve ser registrada cinematograficamente para ser eternizada, porém, tem se tornado cada vez mais comum refazer algumas trajetórias com o homenageado ainda vivo e disponível para ajudar no que for preciso ou para criticar quando as coisas não são mostradas como realmente aconteceram. Contar tais histórias não é fácil, ainda mais quando o protagonista é o próprio presidente da república em pleno exercício de seu governo na época das filmagens. Com Lula – O Filho do Brasil parece que nosso excelentíssimo ex-presidente não interferiu na construção do roteiro ou se intrometeu nas filmagens, mas nos bastidores polêmicas foram geradas. Além do orçamento captado por empresas de renome e ligadas à política, o longa foi feito com uma rapidez inacreditável para os padrões do nosso cinema justamente para ser lançado em um ano eleitoral, época em que Lula se preparava para deixar de ser presidente, mas já preparava um sucessor de seu partido para substituí-lo, ou melhor, uma sucessora, Dilma Rousseff. Os produtores deveriam ter feito o lançamento pelo menos um ano depois da poeira das eleições abaixarem. Obviamente não faltaram pessoas para acusar o longa de ser uma descarada peça publicitária muito bem elaborada em favor de Dilma, já que Lula constantemente estava ao seu lado nos eventos políticos, e a semelhança do título com 2 Filhos de Francisco, sucesso sazonal que contou a emocionante história de vida dos cantores Zezé di Camargo e Luciano, ao invés de atrair público o afastou. Na realidade, este trabalho do diretor Fábio Barreto, de O Quatrilho, não se propõe a discutir a fundo questões políticas, nem mesmo a fundação do PT é abordada, mas sim em emocionar o espectador com a história triste e de superação de um homem do povo que conseguiu chegar ao topo sem perder a humildade, tornando-se um dos políticos mais populares de nossa História, sendo inclusive elogiado fora do país. O que explicaria as baixas bilheterias e a fraca repercussão deste filme? Bem, apesar de muitos aprovarem o governo de Lula, principalmente da classe C que ascenderam socialmente e financeiramente, não são poucos os que o criticavam duramente e sua história de vida já foi pauta dos principais veículos de comunicação, assim não sobrando muitas novidades a serem contadas no cinema. Pior ainda, o trailer de dois minutos acaba por resumir uma narrativa de pouco mais de uma hora e meia.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

MINHAS ADORÁVEIS EX-NAMORADAS

NOTA 7,0

Apesar dos protagonistas
não formarem um par
ideal, longa diverte e é
ligeiramente original 
Fazer uma crítica sobre uma comédia romântica não é uma tarefa fácil. Além de não inovarem na parte técnica ou visual, tais produções geralmente seguem um mesmo padrão narrativo. Todos sabem que os protagonistas inicialmente vão cativar de alguma forma o espectador, depois romperão devido a algum problema interno ou externo à relação e por fim eles voltam a se entender e teremos o inevitável final feliz. Ainda bem que nem sempre tais regras são seguidas à risca. Com exceção dos aspectos técnicos e do final feliz do casal principal, podemos dizer que Minhas Adoráveis Ex-Namoradas é um filme levemente diferenciado dentro de seu nicho cinematográfico por adotar algumas simples mudanças, a começar pela história ser contada do ponto de vista masculino como se a intenção da produção fosse justamente fazer com que as mulheres compreendam melhor o universo que cerca o sexo oposto, assim como o porquê de alguns homens terem tantas parceiras até encontrar a mulher certa para casar, o ponto de apoio necessário para não enfurecer a platéia feminina que ainda pode se dar ao desfrute de sonhar com um casamento perfeito. Matthew McConaughey, já diplomado em comédias românticas, mais uma vez vive um cara metido a espertalhão e sedutor. O fotógrafo de celebridades Connor Mead se gaba por ter uma extensa lista de ex-namoradas e relacionamentos de apenas uma noite ou até mesmo algumas poucas horas, por isso não compreende como um homem pode preferir abandonar a vida desregrada e de pura diversão em razão de uma união estável que acarreta uma porção de compromissos. Assim, ele não poupa críticas e piadas cheias de segundas intenções durante os preparativos da festa de casamento de seu irmão Paul (Breckin Meyer), tentando a todo custo que ele desista desta ideia. E já que ele está por lá de bobeira, por que não ampliar sua lista de conquistas com as madrinhas de casamento? O problema é que ele já saiu com todas elas e não gosta de repetir a dose para não dar esperanças às mulheres de que alguma coisa mais séria possa acontecer entre eles. Todavia, uma delas mexe além da conta com o coração do garanhão. Jennifer Garner, outra já conquistando mestrado no gênero, vive a romântica médica Jenny Perotti que certa vez já caiu na lábia do cara, se arrependeu e agora não vai deixar que ele estrague o casamento de sua melhor amiga com o irmão dele que felizmente não herdou da família a libido exagerada. Sim, os hormônios em ebulição também fizeram a fama do tio dos rapazes algumas décadas antes.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

SEGUNDA CHANCE PARA O AMOR

NOTA 7,0

Edward Burns realiza um
bom trabalho atrás e
 na frente das câmeras em
romance sobre reencontros
Edward Burns é um profissional ainda subestimado. É um bom intérprete, mas não tem um nome forte no cinema capaz de chamar a atenção de milhares de espectadores, porém, também não colhe críticas negativas. Por outro lado, não raramente seus trabalhos acabam passando em brancas nuvens. É uma pena que sua trajetória como diretor de filmes, iniciada em 1995 com o agradável Os Irmãos McMullen, também tenha uma visibilidade tão pequena, embora a resposta provavelmente esteja nas escolhas dos seus projetos, geralmente produções simplórias e de tom mais intimista, mas que valorizam elenco, personagens e, principalmente, uma boa história, ou seja, tudo aquilo que é desperdiçado por muitos cineastas renomados hoje em dia. É até possível dizer que a filmografia de Burns como diretor tem certas semelhanças à do cultuado Woody Allen. Ambos gostam de filmar em cenários nova-iorquinos, costumam atuar nos longas que dirigem e preferem escrever seus próprios roteiros que flertam com o drama, o romance e a comédia leve. Todavia, Burns ainda está longe de ser considerado um cineasta completamente virtuoso ou de talento indiscutível. Mesmo assim ele não faz feio em Segunda Chance Sobre o Amor, produção na qual, para variar ele atua, dirige e escreve. Ele deu sequência a seu estilo próprio de fazer cinema que consiste em reciclar clichês e não surpreender o espectador, porém, características que em nada desmerecem seu trabalho, pelo contrário, só contribuem para acrescentar credibilidade e naturalidade. Mesmo sendo uma produção independente e de baixo orçamento, Burns conseguiu reunir um elenco talentoso de sua geração e ousou levemente ao escrever uma história sobre modernos intelectuais, pessoas que desejam viver da sua arte, no caso a escrita, mas que esbarram em dificuldades comuns do campo de trabalho como a escassez de oportunidades e as dificuldades em lidar com o baixo nível intelectual dos leitores contemporâneos (algo que pode ser positivo ou negativo dependendo do estilo literário do escritor). Em rápidos e inteligentes diálogos são feitas citações aos comportamentos de quem costuma ler, desde os aficionados por literatura fantasiosa, passando por aqueles que não admitem variações de estilo até chegar à indagação se no final de um dia de trabalho uma pessoa não tem o direito de ler algo leve apenas por distração. Embora trate tal assunto com seriedade, o roteiro não o explora a fundo, afinal a intenção era realizar uma comédia romântica, mas com certo apelo intelectual e mais calcada no drama. A discussão sobre o amor é constante nos filmes dirigidos por Burns e aqui ele lança a questão se seria possível dar uma segunda chance para um relacionamento terminado há muitos anos.

domingo, 16 de agosto de 2015

O GRANDE ANO

Nota 6,0 Moral desta comédia é universal, mas tema é enraizado demais na cultura americana

Entre os vários motivos que podem levar um filme a não ser lançado nos cinemas provavelmente estão a fraca bilheteria em seu país de origem ou a falta de identificação do tema principal com a cultura de outras regiões do mundo. Esses dois pontos devem ter sido levados em consideração no caso de O Grande Ano, uma comédia que até traz uma mensagem universal em sua conclusão, mas para chegarmos até ela temos que aturar uma narrativa pouco atrativa, arrastada e cuja temática é extremamente distante dos costumes brasileiros, quase uma utopia. Kenny (Owen Wilson) é o atual campeão de uma competição bastante excêntrica. Durante um ano inteiro os inscritos se propõe a observar o maior número possível de pássaros, principalmente de espécies raras. A pessoa que fica em primeiro lugar não ganha prêmio algum material, mas sai da disputa com o ego massageado, a satisfação pessoal é o grande trunfo do evento. O rapaz, mesmo sabendo que pode colocar seu casamento em risco priorizando seu hobby, não quer deixar que alguém o descambe na disputa e não pensa duas vezes antes de embarcar novamente nesta diversão atípica na qual os participantes devem ter total disponibilidade de tempo para viajar. Todavia, desta vez Kenny terá dois fortes concorrentes para enfrentar. Stu (Steve Martin) é um grande executivo que quer em breve se aposentar e vê no evento a chance de dar o primeiro passo para curtir sua liberdade. Já Brad (Jack Black) é praticamente um homem que esqueceu ou simplesmente decidiu não querer crescer. Acomodado com sua vida enfadonha e visto como um perdedor por muitos, agora ele pode provar que pode ser bom em alguma coisa.

sábado, 15 de agosto de 2015

O GUARDIÃO DE MEMÓRIAS

Nota 4,0 Bom tema é desenvolvido de forma preguiçosa em trama que fica a dever em emoção

O preconceito contra pessoas que possuem algum tipo de enfermidade é tão doentio quanto a segregação de negros e homossexuais. Mais preocupante ainda é quando dentro da própria família existe esse problema. É uma pena que O Guardião de Memórias aborde um tema tão importante e polêmico de forma tão pueril. Baseado no romance homônimo de Kim Edwards, este drama feito para a TV busca discutir a Síndrome de Down a partir do nascimento de um casal de gêmeos em meados da década de 1960. David Henry (Dermot Mulroney) realizou o parto da própria esposa, Norah (Gretchen Mol), e foi surpreendido ao ver que ela deu a luz a dois bebês. O menino nasceu perfeito, mas a garotinha não. O médico carrega o trauma de ter visto sua mãe definhar com a perda prematura de sua irmã que veio a falecer aos 12 anos de idade portadora da mesma enfermidade. Ele então passou a acreditar que nenhuma criança com problemas de desenvolvimento físicos e mentais pudesse ter uma vida feliz e expectativa de vida longa, assim para poupar seu sofrimento e o da esposa pede para Caroline Gil (Emily Watson), sua enfermeira de confiança, para levar a criança para um abrigo de doentes nas mesmas condições. Assustada com o estado deplorável que os internos viviam, a bondosa mulher decide adotar o bebê imbuída de um súbito instinto materno. Assim ela abandona seu trabalho e vai morar em uma outra cidade e conta com a ajuda de Al (Hugh Thompson), um estranho que lhe deu carona na fuga e de imediato se afeiçoou à enfermeira. Com o tempo eles acabam formando uma família e Phoebe (Krystal Hope Nausbaum), apesar de suas limitações, cresce feliz, cercada de amor e estimulada a desenvolver habilidades, revelando-se muito inteligente. Em contrapartida o Dr. Henry, que queria tanto evitar sofrimentos e preconceitos, vê sua vida pouco a pouco minar se desentendendo com a esposa que passa a traí-lo e com constantes conflitos com o filho Paul (Tyler Stentiford).

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

AMOR A TODA PROVA (2011)

NOTA 8,5

Steve Carell se torna
definitivamente o símbolo
das comédias destinadas ao
público adulto masculino
O gênero da comédia se divide em diversos subgêneros. Temos as produções de humor adolescentes, as românticas, as inteligentes, as de paródias momentâneas e mais um monte de categorias menores que comumente não são catalogadas. Nos últimos anos tem se tornado corriqueiras as comédias dos homens de meia-idade, lembrando que nos anos 90 as mulheres “na idade da loba” também tiveram seu momento de brilhar no campo humorístico tendo como principais representantes Bette Midler e Diane Keaton. Atualmente, Steve Carell é o grande nome masculino dessa vertente cômica e tem acumulado grandes sucessos na área desde que despontou tardiamente em O Virgem de 40 Anos. Cada vez mais experiente na função do cara maduro que precisa urgentemente de uma companheira, o ator mostra mais uma vez seu talento em Amor a Toda Prova interpretando Cal Weaver, um homem que tem um emprego estável, um casamento duradouro e uma família típica de comercial de margarina. Seu mundo perfeito desmorona quando sua esposa Emily (Julianne Moore) pede o divórcio cansada de tanto tempo vivendo a monotonia a qual seu marido estava habituado. Ou será que ele era a acomodado? Para tirar a prova, o mais novo solteiro da praça começa a sair em busca de encontros rápidos, mas não tem sucesso a começar pelo seu visual sem graça de se vestir e agir. Tudo muda quando ele conhece Jacob Palmer (Ryan Gosling), um rapaz que não passa uma noite sequer sozinho e que ajuda o respeitável corretor de seguros a se tornar um “pegador”. Claro que inicialmente o namorador aproveita a inocência do companheiro para fisgar a mulherada, mas não demora muito e Cal pega as manhas. A partir dessa trama principal, começam a surgir ramificações como o garoto Robbie (Jonah Bobo) que é apaixonado pela babá Jessica (Analiegh Tipton) e esta que é apaixonada pelo patrão.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CAVALO DE GUERRA

NOTA 9,0

Épico que mescla drama e
aventura é quase uma
súmula da carreira do
diretor Steven Spielberg
É curioso que em meio ao deslumbramento que o 3D e demais tecnologias de ponta despertam no público e em quem faz cinema, o Oscar 2012 teve como destaques obras que claramente homenageiam o passado da sétima arte. Um deles foi Cavalo de Guerra, uma produção que reúne diversas características de obras épicas clássicas e westerns, além de elementos inconfundíveis do diretor Steven Spielberg, mas que acabou dividindo opiniões. O filme realmente é excelente, porém, perde pontos na hora das comparações pelo fato de não trazer inovações e praticamente ser a súmula da filmografia do cineasta que tem como tema recorrente em sua obra o duelo entre a imaginação e a realidade, a inocência infantil e a seriedade exacerbada dos adultos. Entre filmes de aventura, outros para emocionar de crianças à adultos e alguns produtos mais pesados como os que enfocam guerras, Spielberg encontrou no livro homônimo de Michael Mopurgo a maneira perfeita de reunir todas as referências que pontuaram sua carreira, além de prestar uma bela homenagem ao cinema resgatando a grandiosidade e a emoção de clássicos antigos. A narrativa tem como protagonista Joey, um cavalo comum, mas que parece predestinado a ensinar uma importante lição para a humanidade. Apostando no lado emocional da trama, Spielberg mostra os horrores da guerra através dos olhos deste animal, porém, não deixa de apresentar o quanto pode ser gratificante uma vida bucólica. Adaptada por Lee Hall e Richard Curtis, a trama se passa no início do século 20 e nos apresenta ao jovem Albert Narracott (Jeremy Irvine) que é de uma família humilde e quer muito ajudar Ted (Peter Mullan) e Rose (Emily Watson), seus pais, a salvar sua fazenda. O rapaz certa vez se encanta por um cavalo à venda que não tem qualidades para o trabalho agrário, mas ainda assim seu pai decide ficar com ele. Pouco a pouco Albert estabelece uma impressionante relação de amizade com Joey e o cavalo, por sua vez, passa a trazer um pouco de esperança aos Narracotts se esforçando ao máximo para servi-los, já que ele é a única forma deles se sustentarem. A razão de Ted ter comprado esse animal não foi apenas para agradar ao filho, mas também para afrontar o ganancioso Lyons (David Twellis), o senhorio das terras onde vive. 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

REENCONTRANDO A FELICIDADE

NOTA 8,0

Como lidar com a dor da
perda de uma pessoa
querida? Drama mostra que
as reações podem surpreender
A morte é um episódio doloroso da vida com o qual todos precisam aprender a lidar, mas isso não é nada fácil, principalmente quando se perde um ente querido. Pela ordem natural das coisas, as pessoas mais velhas partem antes das mais novas, mas como lidar com a situação de perda quando há uma inversão como, por exemplo, o filho falecer antes dos pais? É justamente a respeito desta dor que gira o enredo de Reencontrando a Felicidade, um eficiente drama dirigido por John Cameron Mitchell, responsável pelos polêmicos Hedwig – Rock, Amor e Traição e Shortbus. Em seu terceiro trabalho atrás das câmeras, o cineasta deixou que o seu momento de vida o inspirasse. Após perder um irmão de apenas dez anos de idade, Mitchell adquiriu toda a carga dramática necessária para expor a dor da perda em um longa-metragem e provar que como diz o ditado o tempo é o melhor remédio para esse tipo de caso. A atriz Nicole Kidman pela primeira vez atua e ainda acumula a função de produtora de um filme. O roteiro de David Lindsay-Abaire é baseado em sua própria peça apresentada com sucesso na Broadway e enfoca o casal Becca (Nicole) e Howie Corbett (Aaron Eckhart) que teve suas vidas profundamente abaladas por uma fatalidade. Danny (Phoenix List), o filho deles, morreu em um acidente de carro ainda criança e a dor da perda abala as estruturas do relacionamento de seus pais que passam a viver em uma constante montanha-russa de emoções que já dura oito meses e compromete o relacionamento deles com eles próprios e com a sociedade. A mãe tenta viver o presente cercando-se de pessoas que possam ajudá-la a superar a situação enquanto o pai busca no passado e encontros amorosos de apenas algumas horas o apoio necessário que sua esposa não oferece, como se essas saídas fossem uma válvula de escape para a dura realidade. Já Becca chega ao ponto de iniciar uma amizade com o jovem Jason (Miles Teller), o responsável pelo acidente que matou seu filho, na esperança de levar sua vida adiante perdoando aquele que causou um mal sem intenções. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SOMBRAS DA NOITE

NOTA 6,0

Mais uma vez a dupla Depp
e Burton se unem para um
filme bizarro, mas desta vez
o resultado decepciona
Qualquer filme que reúna em seus créditos o ator Johnny Depp e o diretor Tim Burton automaticamente se torna um evento que coloca os fãs da dupla em êxtase. É como se tudo que eles fizessem juntos fosse garantia de sucesso e dinheiro, mas toda regra tem sua exceção. Sombras da Noite é simplesmente uma obra de puro escapismo cuja lembrança após os créditos finais não deve permanecer por muito tempo nas mentes do espectadores. Todo bom profissional falha ao menos uma vez na vida e chegou a hora da dupla mais bizarra do cinema dar sua escorregadela. O cineasta sempre surpreendeu pela maneira como construiu fascinantes histórias colocando no centro das atenções personagens esquisitos ou marginalizados. Também sempre acertou a mão ao misturar seu estilo gótico ao lúdico e encontrou o parceiro perfeito para encarnar seus devaneios na figura de Depp. Neste oitavo projeto em que trabalham juntos todos os ingredientes que deram certo em outras produções da grife foram reaproveitados, porém, parece que o diretor se deixou levar pelo fascínio que o material que tinha em mãos lhe exercia e perdeu o foco, criando um filme que se vale muito mais pelo seu visual que sua narrativa por vezes enfadonha. Ora esquisita, ora empolgante, de qualquer forma este é um produto típico da mente insana e criativa de Burton. O título original, “Dark Shadows”, também era o nome de um seriado de TV produzido entre 1966 e 1971 no qual Burton baseou-se. A história roteirizada por Seth Grahame-Smith e John August tem uma pequena introdução para compreendermos o que ocorrerá depois na década de 1970, mais precisamente em 1972, com um dos descendentes da tradicional família Collins. Séculos atrás, Barnabas (Depp) e sua noiva Josette Dupres (Bella Heathcote) foram amaldiçoados pela bruxa Angelique Bouchard (Eva Green), esta que estava amargurada por não ter seu amor correspondido pelo rapaz. Para se vingar ela mata a rival e transforma Barnabas em vampiro. Acusado de crimes que não cometeu, ele é preso em uma tumba por quase dois séculos e só desperta na agitada época das discotecas. Ele descobre que a mansão de sua família é habitada agora por alguns de seus parentes de sangue, mas existem muitos segredos e infelicidade entre eles. A casa está em ruínas e Barnabas resolve recuperar as finanças e o prestígio de seu clã, ao mesmo tempo em que tem a chance de reviver seu grande amor do passado, hoje na pele da governanta Victoria Winters. Porém, Angelique também está na área e disposta a atrapalhar os planos de seu desafeto. 

domingo, 9 de agosto de 2015

1 DIA, 2 PAIS

Nota 4,0 Encontro de grandes nomes do humor é prejudicado por trama e direção preguiçosos

A gênese do longa 1 Dia 2 Pais deve ter sido mais ou menos assim: seus produtores tinham em mãos os direitos da refilmagem do longa francês Les Compères (nunca lançado no Brasil e em vários outros países), mas mesmo não sendo uma produção popular seu texto era perfeito para uma diversão familiar e como pretexto para reunir Billy Crystal e Robin Willians, dois grandes amigos na vida real e sinônimos de comédia. Soma-se a isso a direção de Ivan Reitman, experiente no gênero com sucessos como Irmãos Gêmeos, não teria como o projeto decepcionar, contudo, mesmo com uma agressiva campanha de marketing o longa não emplacou nas bilheterias. Nem mesmo na TV que tanto gosta de repetir os títulos a comédia conseguiu seu espaço. Há justificativas. Apesar do encontro de duas feras do humor propiciar alguns bons momentos, falta credibilidade ao enredo de Lowell Ganz e Babaloo Mandel, dupla responsável pelo clássico sessão da tarde Splash - Uma Sereia em Minha Vida. Collette (Nastassja Kinski) é uma bela mulher que confidencia ao bem-sucedido advogado Jack Lawrence (Crystal), com quem há alguns anos teve um breve romance, que ele é o pai de seu filho Scott (Charlie Hofheimer), já um adolescente que acaba de fugir de casa e a mãe joga a responsabilidade de encontrá-lo nos ombros do homem que por tantos anos fez questão de manter afastado do garoto. Lawrence pula fora da jogada, pelo menos por um tempo, e então ela tenta colar o mesmo papo com outro antigo affair, o depressivo Dale Putley (Williams), um artista fracassado que nem se importa com a possibilidade de ter perdido anos de convívio com seu suposto filho e encontra na possibilidade de ser pai um novo ânimo para sua vida. Não demora muito para o caminho destes homens se cruzarem e eles perceberem que procuram a mesma pessoa e que Collette fez jogo duplo. Mesmo assim eles partem juntos em busca do garoto que está seguindo os passos de um banda de rock pela Califórnia. Até que eles o encontram facilmente e cuidam dele com muito carinho, ao menos na primeira noite, já que logo na manhã seguinte ele foge de novo.

sábado, 8 de agosto de 2015

LADRÕES

Nota 4,5 Fita tenta colocar bandidos como mocinhos, mas não sai do lugar comum do gênero

Os filmes de ação há décadas mantém um público fiel e renova seu elenco de astros, mas não há como negar que o gênero está saturado e extremamente repetitivo. Até os fãs mais ardorosos certamente devem ter dificuldades em lembrar das tramas e tampouco identificar a quais títulos elas pertencem. É tudo muito parecido e criatividade não costuma ser o ponto forte desse tipo de produção. Se na década de 1980 qualquer fita do tipo conseguia fácil espaço para exibição nos cinemas e depois bombavam nas locadoras, hoje mesmo com nomes populares no elenco o destino mais comum é serem lançadas diretamente para consumo doméstico. É o que aconteceu com Ladrões, que não tem nada de excepcional, mas tem uma trama bem amarrada, mesmo com todos os absurdos comuns ao gênero. O inverossímil parece item essencial aos roteiros que transbordam adrenalina e testosterona. A trama de Avery Duff, Peter Allen, Gabriel Casseus e John Luessenhop, este que também assina a direção, aborda um famoso e experiente grupo de criminosos que há tempos conseguem a proeza de confundir a polícia com seus roubos a banco minuciosamente executados para não deixarem pistas. Entre um crime e outro os bandidos desaparecem por um tempo para deixarem a poeira abaixar e assim terem tempo para bolarem o próximo golpe. O bando, liderado por Gordon Cozier (Idris Elba), é composto por John (Paul Walker), AJ (Hayden Christensen) e os irmãos Jake (Michael Ealy) e Jesse (Chris Brown). Já Ghost (Tippi "TI" Harris) é o único até o momento que foi capturado pela polícia, mas após cinco anos atrás das grades ele está de volta às ruas e com um plano para um novo assalto no qual está em jogo uma quantia de dinheiro exorbitante. Seus companheiros queriam se aposentar da vida de crimes, mas topam um último golpe. O problema é que o cara tem todos os motivos para se vingar de seus comparsas que podem estar caindo numa cilada.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

LUZES DO ALÉM

NOTA 0,5

História fraca, efeitos
especiais ruins e atuações
péssimas jogam boa
premissa no lixo
Quando um filme não dá certo, a atitude mais natural de seus realizadores é fazer de tudo para que ele seja esquecido o mais rápido possível, porém, com a falta de bons projetos em Hollywood parece que tem produtor disposto a bancar qualquer coisa em troca de alguns trocados. Vozes do Além ao que tudo indica não foi um fenômeno em nenhum país, pelo contrário, por onde passou casou decepção jogando fora uma premissa interessante, a comunicação entre os mortos e os vivos através de aparelhos eletrônicos tais como rádios e TVs. O método conhecido no Brasil como Fenômeno da Voz Eletrônica (FVE) é popular no mundo todo e instiga a curiosidade do ser humano e de olho nisso é que deve ter nascido a ideia de Luzes do Além, um suspense fraquíssimo que não chega a ser uma sequência direta do outro título citado, mas sim um trabalho assumidamente do tipo caça-níquel.  Neste filme o tema principal é a Experiência de Quase-Morte (EQM), um evento vivido pelo protagonista Abe Dale (Nathan Fillion) que tentou o suicídio alguns meses após ver sua esposa Rebecca (Kendall Cross) e o filho Danny (Joshua Ballard) serem brutalmente assassinados sem motivo algum e ele não ter feito nada para impedir a tragédia. Ele é levado ao hospital e falece na sala de emergência. Por poucos segundos Dale reencontra sua família o esperando em um túnel iluminado por uma forte luz branca, mas o encontro é interrompido quando ele é ressuscitado pela equipe médica. Desse dia em diante o rapaz passa a consegue fazer contato com o mundo dos mortos tornando-se ele próprio um receptor de mensagens. Agora ele tem o dom de descobrir as pessoas que estão prestes a morrer enxergando uma luz branca envolvendo seus corpos, assim tendo a chance de salvá-las, mas fazendo isso ele acaba atrapalhando o percurso natural da vida, ou melhor, da morte. Dessa forma, além de tentar conquistar os poucos interessados no filme sobrenatural estrelado por Michael Keaton citado no início, uma tentativa ainda mais explícita aqui no Brasil já que optaram por uma forma de ligar as duas produções através dos títulos, este trabalho do diretor Patrick Lussier, que já havia dirigido o inexpressivo Fillion no terror meia-boca Drácula 2000, ainda bebe na fonte da cinessérie Premonição. Neste caso, as pessoas salvas por Dale começam a praticar atos brutais e nosso herói iluminado passa a procurar desesperadamente explicações. Para não negar a mediocridade desta obra é obvio que o cineasta opta pela avalanche de clichês e tais respostas podem estar em cálculos matemáticos envolvendo escritos da Bíblia, o demônio e símbolos previsíveis.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

VOZES DO ALÉM

NOTA 2,0

Premissa interessante e
polêmica é desperdiçada
em suspense vagabundo,
exagerado e pouco crível
A comunicação com o mundo dos mortos é um tema intrigante e que costuma chamar a atenção de um grande público talvez pelo fato de que cada novo movimento que surja para tentar esclarecer teorias aumente ainda mais o mistério, afinal de contas o que acontece depois que morremos aparentemente será uma eterna indagação. O cinema usa muito essa temática, principalmente no gênero de suspense e terror, mas nestes casos a maioria das tentativas resulta em projetos péssimos ou no máximo medianos. São poucos os filmes que tratam com respeito e seriedade o tema, mas mesmo quem procura fazer um produto digno acaba se atrapalhando justamente pela falta de teorias conclusivas sobre o assunto. Esse tiro no escuro é justamente o problema de Vozes do Além, longa de estréia do cineasta inglês Geoffrey Sax e também o primeiro trabalho de cinema ficcional a tratar de um fenômeno que vem sendo cada vez mais pesquisado pela ciência: a comunicação dos mortos com os vivos através de aparelhos tecnológicos como rádios e televisões em frequências desocupadas. Claro que o tema já havia sido abordado em outras produções, mas esta seria a primeira vez que esse tipo de evento receberia uma abordagem séria pelo cinema americano. Seria, que fique bem claro. O Eletronic Voice Phenomena (EVP), ou no Brasil conhecido como Fenômeno da Voz Eletrônica (FVE), é o nome dados aos casos como o de um rádio mal sintonizado que pode captar vozes estranhas ou de uma TV que em algum canal sem emissora ocupante pode eventualmente apresentar rostos de pessoas já falecidas. Pode parecer ficção a la Hollywood, mas o fato é que existem milhares de registros no mundo todo de fenômenos do tipo com provas. Sax optou por iniciar seu filme deixando claro que tais eventos são reais e que até pensadores do passado já previam coisas do tipo contando com uma citação de Thomas Edison para sustentar a afirmação. Nos anos 50, o professor de psicologia Konstantin Raudive chegou a gravar milhares de vozes paranormais para realizar um estudo. Praticamente na mesma época, o cineasta sueco Frederich Jürguenson acidentalmente captou vozes estranhas enquanto registrava o canto de pássaros em um ambiente aberto. Eventos do tipo tornaram-se cada vez mais frequentes e no Brasil tornaram-se conhecidos no final dos anos 90 pela divulgação em programas de TV sensacionalistas. Segundo os especialistas, a intenção destas comunicações geralmente muito breves é para dizer adeus ou transmitir recados sobre situações de risco e ocorrem próximas a datas comemorativas importantes para o desencarnado ou para o vivo a quem o contato é destinado. 

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A SOGRA

NOTA 7,0

Após quinze anos ausente
dos cinemas, Jane Fonda
interpreta personagem
atípico na carreira
Jane Fonda teve uma carreira de sucesso entre os anos 60 e 80, conquistando inclusive dois Oscars de Melhor Atriz, mas pouco a pouco foi deixando o cinema de lado e investindo seu tempo em outros trabalhos menores, como suas famosas fitas de vídeo com aulas de ginástica, além de cuidar da família e realizar atividades filantrópicas. Afastada dos sets de filmagens por cerca de quinze anos, todos acreditavam que ela só voltaria a fazer cinema se recebesse um personagem arrebatador, todavia, seu retorno foi em uma comédia romântica simplória. Sua presença em A Sogra pode ser vista tanto de forma negativa quanto positiva. Para alguns foi uma decepção ver Jane protagonizando cenas de humor rasgado, mas para outros foi um deleite ver uma grande estrela em um trabalho tão popular. O fato é que se não fosse a presença da atriz este filme dirigido por Robert Luketic, do divertido Legalmente Loira, seria apenas mais um a inflar a lista do gênero. A estrela vive Viola Fields, uma famosa apresentadora de TV que perdeu o emprego inesperadamente. Sabendo que provavelmente seria substituída por alguma jovem bonita, mas sem conteúdo intelectual algum, ela não se conteve em sua última entrevista e teve um ataque de histeria ao vivo por não aguentar a futilidade da convidada (uma cena impagável que dá um cutucão na cantora Britney Spears e em outras garotas do tipo). Após uma temporada em uma clínica para se recuperar do surto, Viola tem mais um desafio a enfrentar: o medo de perder o amor de seu filho para outra mulher. Há muito tempo procurando um príncipe encantado, Charlotte (Jennifer Lopez), ou simplesmente Charlie, finalmente encontra o homem ideal por um acaso, mas para sua infelicidade Kevin (Michael Vartan) é o filho mimado de Viola, esta que fará de tudo para melar o relacionamento dos dois provando poder ser a pior sogra do mundo. Porém, Charlie está disposta a comprar essa briga e lutar pelo seu amor.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

CASAMENTO EM DOSE DUPLA

NOTA 3,0

Diane Keaton mais uma vez recicla
o papel da mãe superprotetora e
neurótica em comédia de poucos risos
 e ansiedade para acabar logo
Meryl Streep, Glenn Close e Diane Keaton. As três atrizes são da mesma geração e se no início de suas carreiras não lhe faltavam bons convites de trabalho, hoje certamente disputam entre si os poucos e bons papeis disponíveis para mulheres mais maduras. Todas indicadas várias vezes ao Oscar e a outros tantos prêmios, a primeira é a recordista em indicações para o prêmio da Academia de Cinema e mantém  um ritmo regular e intenso de trabalho, sendo que suas atuações não passam despercebidas. Já a segunda teve na década de 1980 seu auge, com elogiados trabalhos consecutivos, mas depois passou a se dedicar muito mais a televisão e nas telonas virou uma figura bissexta que escolhe a dedo (e faz isso muito bem) as personagens que deseja interpretar. Por fim, com quatro indicações ao Oscar, curiosamente uma por década de 1978 até 2004, e integrante de uma das mais cultuadas franquias cinematográficas de todos os tempos, O Poderoso Chefão, Keaton não teve a mesma sorte de suas colegas. Embora com um extenso currículo, uma análise mais cautelosa revela que boa parte de seus trabalhos são descartáveis. Mais vale a qualidade que a quantidade, porém, a atriz prefere a segunda opção e acabou se acostumando a repetir o mesmo perfil, o da dona-de-casa verborrágica, intrometida e por vezes neurótica em produções sem ambições feitas praticamente para abastecer antigamente as videolocadoras e hoje preencher espaços na TV. Casamento em Dose Dupla é apenas mais um título a engrossar a lista de fracassos da veterana. Mais uma vez ela interpreta uma mulher exagerada e inconveniente, Marilyn, uma cinquentona que encasqueta que está sendo traída e tardiamente se separa do marido e por livre e espontânea vontade (e sem convite) decide ir morar com seu filho levando a tira-colo sua trupe de cãezinhos de estimação. O rapaz, Noah Cooper (Dax Shepard), é um dedicado fisioterapeuta, mas seu método de trabalho diferenciado acaba o fazendo perder o emprego. Este seria apenas o primeiro passo de sua vida rumo a um verdadeiro inferno.

domingo, 2 de agosto de 2015

A FERA

Nota 1,5 Longa confunde estilo punk com monstruosidade e anula discussão sobre culto à beleza

Embora reinventar contos clássicos adaptando-os a outras épocas e contextos já fosse uma prática do cinema desde a época em que era mudo, é certo que da década de 2000 em diante tal prática tornou-se uma febre, principalmente para atrair crianças e adolescentes cada vez mais adeptos da lei do mínimo esforço. Assim, quanto mais fácil a identificação com o enredo melhor, ainda mais se a produção no fundo tiver o objetivo se alavancar a carreira de astros teens. A Fera se encaixa perfeitamente nessa definição. Tem uma história clássica como sustento, aborda de maneira fantasiosa o bullying, temática presente no cotidiano juvenil, e ainda tinha como protagonistas dois astros em ascensão, mas que não vingaram. Kyle Kingston (Alex Pettyfer) é considerado o garoto mais bonito da escola e adora se gabar disso, assim ele costuma julgar as pessoas pela aparência e não pensa duas vezes antes de humilhar alguém que considera feio ou inferior. Para completar ele é filho de um famoso apresentador de TV, o que lhe garante certo status de celebridade. Para lhe dar uma lição, certo dia a excêntrica Kendra (Mary-Kate Olsen), uma feiticeira adolescente, cruza o seu caminho e lança uma maldição. O rapaz perde suas madeixas loiras, ganha alguns piercings e começa a ficar com o corpo todo marcado por tatuagens e cicatrizes, inclusive seu rosto. Agora ele tem o prazo de um ano para conseguir ser amado de verdade nessas condições por alguma mulher, caso contrário estaria condenado a viver como um monstro para sempre. Preocupado com os comentários e rejeitado pelo próprio pai, o magnata Rob (Peter Krause), Kingston se refugia na casa de campo da família e passa a viver na companhia de dois empregados, a governanta Zola (LisaGay Hamilton) e Will (Neil Patrick Harris), um deficiente visual que acaba assumindo o papel de seu conselheiro. Contudo, não demora para que uma moça surja para fazer ressurgir sua vontade de viver. Lindy (Vanessa Hudgens) acaba sendo forçada a viver com o jovem, mas não sabe quem ele é de verdade, pensando se tratar do filho de um amigo de seu pai.

sábado, 1 de agosto de 2015

DRÁCULA 2000

Nota 3,0 Embora cumpra razoavelmente o que propõe, fita já carrega no título sua âncora

Teoricamente quem realiza um filme deseja que ele seja um sucesso e seja lembrado por anos e anos no imaginário popular, mas o que dizer de uma obra cujo próprio título trata de rotular a fita como algo datado? Quando pensaram no batismo de Drácula 2000 certamente os produtores queriam deixar bem marcado que esta seria uma versão modernizada do conto do rei dos vampiros, sua versão século 21, mas o tiro acabou saindo pela culatra e a produção já nasceu com ares de velharia mesmo apostando na trilha sonora hardcore e clima gótico revisitado. Em tempos que Hollywood literalmente exorcizava seus demônios aproveitando-se dos medos e dúvidas quanto a virada do milênio, obviamente o vampirão mor não poderia ficar de fora dessa onda e Wes Carven, da série Pânico, é quem foi o responsável (ou seria irresponsável?) de despertar o dentuço. Na verdade foi ele quem bancou a produção, provavelmente para ganhar o aval para algum futuro trabalho, mas a direção ficou a cargo do então novato Patrick Lussier que tentou dar uma roupagem mais jovem ao mito criado no século 19 pelo escritor irlandês Bram Stocker. Seu roteiro, em parceria com Joel Soisson, até que começa bem respeitando o perfil clássico do vilão, mas não demora muito para a trama descambar para situações previsíveis e destrinchar conceitos sem muito sentido. Nos dias atuais (lembrem-se, ano 2000, detalhe importantíssimo), Matthew Van Helsing (Christopher Plummer), um descendente direto do famoso caçador de criaturas das trevas, cuida de um antiquário em Londres que certa noite é invadido por um bando que arromba o cofre, mas ao invés de preciosidades valiosas encontram apenas um caixão  de prata lacrado no qual se encontra o corpo do primeiro e verdadeiro Drácula, vivido por Gerard Butler em época de trabalhos escassos e contas a baciadas. O ator se limita a fazer as caras e bocas características do sanguessuga não trazendo nenhum elemento diferenciado em sua composição, portanto, passa batido na vasta galeria de releituras do personagem.