Nota 4,5 Fita tenta colocar bandidos como mocinhos, mas não sai do lugar comum do gênero
Os filmes de ação há décadas
mantém um público fiel e renova seu elenco de astros, mas não há como negar que
o gênero está saturado e extremamente repetitivo. Até os fãs mais ardorosos
certamente devem ter dificuldades em lembrar das tramas e tampouco identificar
a quais títulos elas pertencem. É tudo muito parecido e criatividade não
costuma ser o ponto forte desse tipo de produção. Se na década de 1980 qualquer
fita do tipo conseguia fácil espaço para exibição nos cinemas e depois bombavam
nas locadoras, hoje mesmo com nomes populares no elenco o destino mais comum é
serem lançadas diretamente para consumo doméstico. É o que aconteceu com Ladrões, que não tem nada de excepcional, mas
tem uma trama bem amarrada, mesmo com todos os absurdos comuns ao gênero. O
inverossímil parece item essencial aos roteiros que transbordam adrenalina e
testosterona. A trama de Avery Duff, Peter Allen, Gabriel Casseus e John
Luessenhop, este que também assina a direção, aborda um famoso e experiente grupo
de criminosos que há tempos conseguem a proeza de confundir a polícia com seus
roubos a banco minuciosamente executados para não deixarem pistas. Entre um
crime e outro os bandidos desaparecem por um tempo para deixarem a poeira
abaixar e assim terem tempo para bolarem o próximo golpe. O bando, liderado por
Gordon Cozier (Idris Elba), é composto por John (Paul Walker), AJ (Hayden
Christensen) e os irmãos Jake (Michael Ealy) e Jesse (Chris Brown). Já Ghost (Tippi
"TI" Harris) é o único até o momento que foi capturado pela polícia,
mas após cinco anos atrás das grades ele está de volta às ruas e com um plano
para um novo assalto no qual está em jogo uma quantia de dinheiro exorbitante.
Seus companheiros queriam se aposentar da vida de crimes, mas topam um último
golpe. O problema é que o cara tem todos os motivos para se vingar de seus
comparsas que podem estar caindo numa cilada.
Contudo, desta vez os planos
podem ser dificultados por Jack Welles (Matt Dillon), um detetive linha dura
decidido a acabar de uma vez por todas com o bando com a ajuda do parceiro
Eddie Hatcher (Jay Hernandez). A temática dos assaltos a banco já rendeu
inúmeros filmes de ação e suspense, alguns com estofo dramático, outros com
toques de humor, alguns com enredos mirabolantes, mas a maioria aposta no
caminho fácil: corre-corre e muito tiroteio. Ladrões não
foge a regra. É o típico filme feito por homens para homens, só faltou investir
um pouco mais em garotas semi-nuas para a diversão ser completa. O cantor Brown
e o rapper TI enganam bem como atores, não deixando aquela sensação de que
estão em cena apenas para promover suas imagens como artistas, e a dupla se
mistura bem aos demais intérpretes dos bandidos, com destaque para o saudoso Walker,
que mais uma vez se destaca ao volante (ironicamente faleceu precocemente em
uma fatalidade automobilística). Estranho é ver Dillon, ator com extenso
currículo e obras de peso, participando de uma produção tão comum e sem brilho.
Seu personagem, apesar da determinação em colocar os bandidos atrás das grades
e mostrar que a justiça ainda tem vez, não traz nada de especial e poderia ser
interpretado por qualquer ator buscando uma chance como protagonista. Para quem
já chegou aos finalistas do Oscar, tal papel é quase como um retrocesso. Enfim,
Luessenhop não oferece nada mais do que se espera de um filme de ação.
Narrativa ágil, muita adrenalina, edição frenética, trilha sonora pesada e no
final das contas mais um passatempo facilmente esquecível. O único ponto
diferenciado é que por vezes nos pegamos torcendo pelos vilões que em vários
momentos fazem as vezes de mocinhos deixando seus dramas pessoais interferirem
nos seus atos, como o caso de Jake que acabou se relacionando com a namorada de
Ghost, Lilly (Zoe Saldana), durante o período em que ele estava preso. Dá para
sacar porque o cara quis reencontrar os coleguinhas, não é?
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