sábado, 15 de agosto de 2015

O GUARDIÃO DE MEMÓRIAS

Nota 4,0 Bom tema é desenvolvido de forma preguiçosa em trama que fica a dever em emoção

O preconceito contra pessoas que possuem algum tipo de enfermidade é tão doentio quanto a segregação de negros e homossexuais. Mais preocupante ainda é quando dentro da própria família existe esse problema. É uma pena que O Guardião de Memórias aborde um tema tão importante e polêmico de forma tão pueril. Baseado no romance homônimo de Kim Edwards, este drama feito para a TV busca discutir a Síndrome de Down a partir do nascimento de um casal de gêmeos em meados da década de 1960. David Henry (Dermot Mulroney) realizou o parto da própria esposa, Norah (Gretchen Mol), e foi surpreendido ao ver que ela deu a luz a dois bebês. O menino nasceu perfeito, mas a garotinha não. O médico carrega o trauma de ter visto sua mãe definhar com a perda prematura de sua irmã que veio a falecer aos 12 anos de idade portadora da mesma enfermidade. Ele então passou a acreditar que nenhuma criança com problemas de desenvolvimento físicos e mentais pudesse ter uma vida feliz e expectativa de vida longa, assim para poupar seu sofrimento e o da esposa pede para Caroline Gil (Emily Watson), sua enfermeira de confiança, para levar a criança para um abrigo de doentes nas mesmas condições. Assustada com o estado deplorável que os internos viviam, a bondosa mulher decide adotar o bebê imbuída de um súbito instinto materno. Assim ela abandona seu trabalho e vai morar em uma outra cidade e conta com a ajuda de Al (Hugh Thompson), um estranho que lhe deu carona na fuga e de imediato se afeiçoou à enfermeira. Com o tempo eles acabam formando uma família e Phoebe (Krystal Hope Nausbaum), apesar de suas limitações, cresce feliz, cercada de amor e estimulada a desenvolver habilidades, revelando-se muito inteligente. Em contrapartida o Dr. Henry, que queria tanto evitar sofrimentos e preconceitos, vê sua vida pouco a pouco minar se desentendendo com a esposa que passa a traí-lo e com constantes conflitos com o filho Paul (Tyler Stentiford).

O argumento é dos melhores, mas infelizmente o roteiro de John Pielmeier o desenvolve de maneira rasteira, as vezes tão simplificado que causa constrangimento e decepção. O início já soa um pouco estranho, mas rapidamente nos envolvemos com o drama dos personagens, embora as atuações sejam cheias de altos e baixos tal qual a trama. Bons ganchos como a luta de Caroline para conseguir uma vaga em uma escola pública para a filha ter os mesmos direitos de estudar quanto as crianças consideradas normais são mostrados rapidamente, não propiciam a emoção necessária e tampouco instigam a reflexão de um problema que se faz presente em nossa sociedade até hoje. Se ainda existe preconceito enraizado em nossa cultura, imagine há cerca de cinquenta anos atrás quando a informação era pouca e a própria área da medicina tratava tal deficiências com métodos quase medievais de tortura. O Guardião de Memórias, desculpe o trocadilho, perdeu a chance de garantir sua sobrevida na memória dos espectadores explorando mais a fundo o tema da rejeição em suas várias vertentes. Nem mesmo no âmbito familiar o argumentado é bem trabalhado. Como uma produção financiada por um canal de televisão, a impressão que fica é que muitas cenas foram eliminadas na edição para que o material não ultrapassasse o tempo limite de exibição, assim muita coisa fica sem sentido, incluindo a explicação do título. Henry certa vez ganhou da esposa uma máquina fotográfica e passou a ter como hobby fotografar momentos de sua família e ele próprio revelava as imagens. Em paralelo, guardava em uma gaveta com chaves fotografias que Caroline lhe enviava da filha que rejeitou. Assim, de maneira um tanto autodestrutiva, acompanhou de longe a vitória da menina com deficiência enquanto sua família se separava gradativamente, sempre com o fantasma de uma mentira do passado os assombrando. O diretor Mick Jackson foi bem mais feliz quando sua produção anterior O Fator Hades foi exibida na telinha em formato de minissérie e depois condensada para lançado em DVD. Deveria ter adotado a mesma tática para este drama.

Drama - 89 min - 2008
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