terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A BELA ADORMECIDA

NOTA 9,0

Um dos maiores clássicos da
Disney quase levou o estúdio
para o limbo devido ao seu alto
custo e fraca repercussão inicial
Em 1959, mais um grande projeto dos estúdios Disney ganhava as telas de cinemas. Considerado até hoje um dos mais ambiciosos longas de animação da companhia e também a mais cara produção do gênero até então, A Bela Adormecida eternizou com muitas cores, humor, romantismo e uma boa dose de suspense o conto de fadas homônimo escrito por Charles Perrault. O texto foi adaptado por Erdman Penner que contou com mais cinco colaboradores que ofereceram sugestões para deixar o resultado final atrativo para as crianças e ao mesmo tempo envolvente para os adultos. Adotando desde o início um visual suntuoso e com aplicações de técnicas de animação avançadas, a obra conta a história de Aurora, uma bela e jovem princesa que foi amaldiçoada logo após seu nascimento pela bruxa Malévola, uma figura medonha que, apesar de não ser mais considerada fada ao trocar o lado do Bem pelo do Mal, se sentiu ofendida por não ter sido convidada para o batizado. A feiticeira então lançou uma maldição sobre a menina: ao completar 16 anos de idade ela perfuraria o dedo no fuso de uma roca e mergulharia em um sono eterno, em outras palavras morreria, uma temática ousada para um desenho animado até hoje. Sorte que a princesinha tinha outro presente para receber de uma fada bondosa e foi agraciada com uma possível solução, mas que dependeria do amor de um homem para funcionar. Somente um beijo de amor verdadeiro salvaria sua vida. A garota cresceu escondida na floresta na casa das fadas Flora, Fauna e Primavera, mas quando o feitiço estava prestes a se quebrar o esconderijo foi descoberto. Graças a uma artimanha de Malévola, o tal presente maligno se concretiza e com Aurora adormecida as fadinhas decidem colocar também todo o reino em um sono profundo até que um rapaz corajoso aparecesse para dar um beijo apaixonado nela. O salvador seria o Príncipe Filipe que já havia conhecido Aurora em um encontro ocasional no bosque, porém, a bruxa também arranja uma maneira de evitar que ele chegue até a bela adormecida, restando a ele contar com sua coragem e os dons das fadas-madrinhas da jovem. Embalada por uma bela trilha sonora inspirada no balé do clássico músico Peter Tchaikovsky, a trama conhecidíssima hoje em dia deu muito trabalho na época para os roteiristas realizarem um script que rendesse cerca de 80 minutos de arte já que a essência do conto original era reduzida a algo em torno de cinco parágrafos excluindo-se as partes supérfluas.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

AMOR IMPOSSÍVEL

NOTA 5,5

Plasticamente belo, longa é
uma irregular mistura de
gêneros que no final das contas
não convence em nenhum
Quem se sentir atraído pelo singelo título certamente vai se decepcionar com esta produção assinada por Lasse Hallström, diretor de Querido John e Sempre ao Seu Lado, recentes sucessos entre o público feminino. Existe sim um gancho romântico em Amor Impossível, mas ele demora a ser desenvolvido e não conquista emocionalmente o espectador, assim muitas pessoas podem ficar com a sensação de ter comprado gato por lebre. O título original, “Salmon Fishing in the Yemen” (Pescando Salmão no Iêmen), já dá a dica de que o foco da produção é outro: contar a história insólita de um milionário que desejou ter uma criação de salmão em uma região desértica para praticar seu esporte favorito, a pesca. Baseado no livro homônimo de Paul Torday, o pontapé inicial da história é dado por Muhammed (Amr Waked), um xeique visionário que acredita que a pesca pode transformar a vida de seu povo e para tanto não mede esforços, ou melhor, dinheiro afinal ele está disposto a gastar o quanto for necessário, mas as dificuldades quanto a implantação de seu sonho não são de sua alçada. A consultora de investimentos Harriet Chetwode-Talbot (Emily Blunt) é então chamada para levar a ideia até o Dr. Alfred Jones (Ewan McGregor), um especialista britânico no assunto e o único capaz de fazer água surgir no deserto literalmente e ainda dar cria de peixes. Na realidade, o cientista deve oferecer o embasamento técnico, dizer o que precisaria ser feito para adequar o clima árido ao sonho do contratante, mas a princípio o rapaz acha a história absurda e faz pouco da oferta. Todavia, quando Patricia Maxwell (Kristin Scott Thomas), a assessora de comunicação do Primeiro Ministro da Inglaterra, toma conhecimento do projeto faz de tudo para que ele seja levado adiante por motivos políticos. Os britânicos e os povos do Oriente Médio estão vivendo um momento pouco amistoso por conta de uma ocupação no Afeganistão e uma notícia como a da iniciativa do xeique poderia apaziguar os ânimos e desviar a atenção daqueles que condenavam a participação dos ingleses no conflito. A assessora pode ser vista como uma vilã, mas na realidade é apenas uma pessoa que sabe tirar proveito das situações. Em uma ideia autêntica e inocente enxerga a possibilidade de benefícios, talvez até financeiros, e por isso ela está ocupando um cargo alto e de confiança. É esperta e perspicaz como só ela.

domingo, 22 de janeiro de 2017

O REI DA ÁGUA

Nota 2,0 Um dos primeiros sucessos de Adam Sandler já mostrava o ator rendido a trejeitos

Hoje todos sabemos o quanto Adam Sandler é queridinho nos EUA, exceto pelos críticos, é claro! No início de sua carreira, apesar de ter atuado no lendário programa "Saturday Night Live", apostar no ator podia ser uma opção arriscada, mas a partir de 1998 seu nome passou a ser sinônimo de polpudas bilheterias e... de más críticas também. O Rei da Água parece ter sido feito sob medida para o ator usar e abusar de seu jeito espalhafatoso e bobalhão. O ator tenta divertir o público gaguejando, usando voz anasalada e projetando o queixo pra frente para intensificar piadas visuais. Nem precisava se esforçar, afinal é um filme basicamente sustentado por uma única piada e o diretor Frank Coraci parece ter dado carta branca para Sandler fazer o que bem entendesse diante da câmera. Seu personagem, Bobby Boucher, é um zero à esquerda, então você já sabe que tudo que possa dar errado e humilhar o rapaz vai acontecer. Ele é um cara na casa dos trinta anos, solteirão e que vive sob super proteção da mãe Helen (Kathy Bates). Desde a adolescência ele trabalha entregando garrafas de água aos jogadores de um grande time de futebol americano e, sem estudo, ingênuo e tampouco ambições para sua vida, acostumou-se a ser hostilizado pelos atletas com boladas, rasteiras e tudo quanto é tipo de zoeira. Apesar de tudo, ele amava esse emprego e fica sem chão quando de uma hora para a outra é sacaneado e demitido pelo técnico da equipe. Ele então se oferece para trabalhar até de graça para um pequeno time que não vence uma partida sequer há quatro anos. A partir de então seu destino muda completamente incentivado pelo treinador Klein (Henry Winkler) que enxerga nele um talento nato para o esporte prestando atenção em certa peculariedade do seu comportamento. Quando irritado, Boucher extravasa uma força descomunal e o técnico decide incorporá-lo à equipe como uma espécie de coringa. Bastava irritá-lo antes de cada partida, geralmente o fazendo lembrar de algum desafeto, para colocá-lo em campo para acabar com os adversários. Como pagamento, o rapaz tem a chance de voltar a estudar.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O DITADOR (2005)

NOTA 9,0

Fatos verídicos e ficcionais
casam-se com perfeição em
drama que expõe os podres da vida
de um ditador pouco conhecido
Quando você vota em um político, principalmente para presidente e outros cargos de alto escalão, você sabia que estará definindo não só o futuro do seu país como também pode ajudar a interferir nos rumos da História mundial? Para tomarmos conhecimento disso é que são de suma importância filmes como O Ditador que revela particularidades a respeito da vida de Rafeal Leonidas Trujillo. Quem? Pois é, seu nome dificilmente consta nos livros escolares e tampouco é mencionado quando a ditadura é destaque em retrospectivas e especiais da imprensa, mas sua carrasca atuação no comando da Republica Dominicana por três décadas seguidas, tendo seu auge em meados dos anos 50, interferiu também nos caminhos traçados por outros países. Baseado no romance “A Festa do Bode”, do peruano Mario Vargas Llosa, o longa apresenta de forma dinâmica momentos acerca da vida pública e pessoal do governante, interpretado brilhantemente por Tomas Milian, que lançava mão de arrogância, autoritarismo, cinismo, chantagem e até mortes para se manter no poder, bradando aos quatro ventos que só deixaria a política quando estivesse morto. Assim como todas as suas ordens eram acatadas, o destino se encarregou de mais esse pedido. Ele foi assassinado no final de maio de 1961, mas conhecer seu desfecho não anula o potencial do longa dirigido por Luis Llosa, primo do autor do livro. Os méritos da obra, adaptada pelo próprio cineasta em parceria com Zachary Sklar, estão em falar sobre os sujos bastidores da política de forma a envolver o espectador em uma trama dividia em três partes que se intercalam. A primeira é protagonizada por Urania Cabral (Isabella Rossellini) que em 1992 estava voltando ao seu país-natal após 31 anos de ausência. Ela vai direto para a casa do pai, Augustín Cabral (Paul Freeman), um homem que um dia chegou a ser o Presidente do Senado, mas hoje é apenas um velho esquecido e doente. As empregadas e parentes dele acreditam que a filha voltou por conta de seu aniversário de 80 anos, mas na verdade ela finalmente criou coragem para confrontar seu passado. Sem marido e nem filhos, ela é uma advogada ávida por justiça e História de seu país, porém, ela não acha na literatura local detalhes sórdidos sobre a vida de Trujillo e aqueles que o cercavam. Cabral era o braço direito do ditador e muitas vezes compactuou com seus crimes, que incluíam pedofilia, para conseguir status e bens materiais, mas uma única vez que o afrontou foi o bastante para  o político se irritar e o banir de seu grupo, chegando a acusa-lo de desfalque na imprensa.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

PEQUENOS INVASORES

NOTA 6,5

Com piadas manjadas, conflitos
clichês e efeitos especiais que
parecem ultrapassados, comédia
diverte por assumir aura de filme B
A junção de atores reais à criaturas digitais em um mesmo ambiente há muito tempo não é novidade alguma. Alienígenas invadindo o planeta Terra também não servem mais como chamariz de público, pelo contrário, podem até afastá-lo. A fantasia de tal situação já está arcaica para uma época em que a tecnologia permite que o próprio espectador possa brincar de caçar extraterrestres na tela do computador, da TV ou de qualquer outra bugiganga portátil. Então qual a explicação para a existência em pleno século 21 de uma produção como Pequenos Invasores? Assumindo seu lado despretensioso e sua aura de filme B, a fita acaba surpreendendo aos fanáticos pelo estilo nostálgico e sessão da tarde e surge como um respiro em meio a produções tão semelhantes oferecidas ao público infanto-juvenil. Mesmo com a premissa batida e seu visual datado, esta opção acabou se diferenciando de certa forma e caiu no gosto da garotada. O “retrocesso” foi bem-vindo neste caso. A trama escrita por Mark Burton e Adam F. Goldberg se passa em um cenário manjado, em uma casa de campo, afinal existe ambiente mais propício para coisas estranhas acontecerem que uma residência isolada? A família Pearson, embora seus integrantes não se entendam muito bem, está reunida para curtir o feriado de 4 de julho, dia da independência dos Estados Unidos e data que também ficou marcada como símbolo de uma das maiores invasões alienígenas que o cinema já mostrou graças a ficção Independency Day. Por estas informações já é previsível os rumos do roteiro que tem um número elevado de personagens, portanto, não espere profundidade em suas personalidades, apenas o básico para você apontar um como o chato, aquele outro como bobão, o metido a esperto... Stuart (Kevin Nealon) e Nina (Gilliam Vigman) formam um casal harmonioso e com uma vida confortável ao lado dos filhos Hannah (Ashley Boettcher, excelente com suas falas em horas erradas), Tom (Carter Jenkins) e Bethany (Ashley Tisdale), respectivamente uma garotinha inocente, um nerd com problemas de auto-estima e uma adolescente que está naquela fase de não querer se misturar aos parentes para não ficar com o “filme queimado”. A jovem só parece feliz quando está ao lado do namorado Ricky (Robert Hoffman), a quem ela venera e ajuda a alimentar seu ego já um tanto inflado.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O FANTASMA DE LUCY KEYES

NOTA 3,0

Monótono, previsível e sem
sustos, analisando o conjunto
é possível perceber ganchos e
até mesmo clichês desperdiçados
Entre os temas mais comuns dos filmes de horror e suspense temos as casas assombradas, os zumbis, as almas penadas, as crianças endemoniadas, os monstros clássicos, o amor materno e... Epa! A pura e singela relação de amor e carinho entre mãe e filho pode causar calafrios? A resposta é sim e a tendência vem de longa data. A Profecia e Halloween já demonstravam isso nos anos 70, mas nos últimos anos esse improvável casamento de ideias ganhou força e cada vez mais é oferecido ao público de forma banal, culpa das fitas de terror orientais que tornaram corriqueiras as histórias de espíritos de crianças brutalmente assassinadas em busca de um carinho de mãe, como em O Chamado e Água Negra. Talvez tentando adicionar um novo gostinho a essa receita o diretor e roteirista John Stimpson resolveu inverter a ordem dos fatores, mas sem alterar o resultado. No suspense O Fantasma de Lucy Keyes é a alma de uma mãe desesperada em busca da filha desaparecida que tira o sono dos vivos, mas o longa repete os erros e clichês de outros filmes semelhantes. O casal Guy (Justin Theroux) e Joanne Cooley (Julie Delpy) estão de mudança para a pequena cidade de Princeton, na Inglaterra, com as filhas pequenas, Molly (Kathleen Regan) e a caçula Lucy (Cassidy Hinkloe). Eles compraram uma antiga casa localizada aos pés de uma montanha cujas terras podem abrigar futuramente oito moinhos de ventos para geração de energia que trariam vários benefícios para a região em termos financeiros e para o meio ambiente. Guy é o responsável por implantar tal projeto, mas logo no primeiro encontro para explanações ao público encontra resistência da população extremamente tradicionalista e avessa a mudanças. Uma das manifestantes mais fervorosas é a Sra. Gretchen Caswell (Jamie Donnelly) que dá a entender que existe algum empecilho para a retirada da mata que envolve e cobre a montanha, algum tipo de crença que fez com que até hoje a região se privasse do progresso. Samantha Parker (Brooke Adams), a prefeita, diz que uma lenda boba cerca o local, algo envolvendo os antigos donos da fazenda vizinha a propriedade dos Cooley, mas Joanne não fica tranquila, ainda mais porque na noite anterior a reunião ela teve estranhos pesadelos e afirma ter ouvido vozes do lado de fora da casa.

domingo, 15 de janeiro de 2017

LUTA E GLÓRIA

Nota 3,0 Drama sobre boxeador que vence na carreira não traz novidade alguma à temática

Além do tênis, golfe e do beisebol, o cinema americano parece ter verdadeiro fetiche pelo boxe, tanto que produções cujo pano de fundo são os ringues de luta existem em quantidade consideráveis e os críticos parecem gostar da temática e não poupam elogios. Bem, nem sempre. A cada um Menina de Ouro ou O Vencedor que surge, temos pelo menos uns dez títulos menores como Luta e Glória lançado diretamente nas locadoras ou na TV. O filme dirigido por Eddie O’Flaherty não é de todo ruim, tem algumas boas passagens, mas no fundo é vazio, dispensável. A trama é roteirizada pelo ator J. P. Davis que também a protagoniza vivendo o rebelde Tommy Riley. Ele foi descoberto por acaso pelo caçador de talentos Marty Goldberg (Eddie Jonnes), um veterano treinador que está desmotivado e com saudades da época áurea do boxe. O rapaz tem habilidade para o esporte, mas treina sozinho e apenas como distração. Na realidade ele é técnico de informática desde que foi eliminado das Olimpíadas de 1999. Diana (Diane M. Tayler), sósia de Goldberg, mostra a ele um vídeo de Riley e imediatamente ele decide investir na carreira do jovem. O problema é que o rapaz também parece desmotivado. Treinado pelo padrasto que não tinha paciência, ele foi colocado para fora de casa quando perdeu uma importante luta e desde então desanimou do esporte, mas o veterano treinador consegue enxergar dentro dele potencial para ser um lutador renomado e não quer deixar que essa chama se apague. A partir daí a narrativa segue um caminho comum. Rilley inicialmente rejeita a proposta de voltar aos ringues, Goldberg insiste, o início da relação pupilo e aprendiz é difícil, mas como manda a cartilha dos filmes sobre esportes é preciso que o protagonista seja vitorioso como incentivo a espectadores que não precisam necessariamente serem esportistas, mas devem enxergar na fita um exemplo de superação e estímulo para buscarem seus objetivos seja na vida profissional ou afetiva.

sábado, 14 de janeiro de 2017

BRIGADAS DO TIGRE

Nota 4,0 Excesso de nomes e diálogos prolixos prejudicam obra tecnicamente perfeita

O cinema francês costuma investir em vários gêneros, mas os dramas e os romances ainda são o carro-chefe de sua cinematografia. Contudo, é preciso valorizar as tentativas de surpreender com algo diferente. É uma pena que as vezes nem com muita vontade isso seja possível como no caso de Brigadas do Tigre, produção de época até difícil de classificar em uma categoria específica. Tem drama, romance, toques de ação e de thriller policial e um visual caprichado digno de épicos, porém, é enfadonho do início ao fim. A história roteirizada por Xavier Dorison e Fabien Nury é baseada em um seriado de TV de Victor Vicas que foi sucesso na França entre meados dos anos 70 e 80, mas inédita no Brasil. A trama começa no ano de 1907 durante a chamada Belle Époque, período em que uma onda de crimes sem precedentes estava aterrorizando o território francês. Os anarquistas entram em ação promovendo atos criminosos como forma de protestar contra a assinatura da Tríplice Aliança, um pacto entre a França, a Inglaterra e a Rússia a fim de combater o perigo alemão, a gota d’água para o início da Primeira Guerra Mundial. Para combater os vândalos, o Ministro do Interior George Clemenceau, conhecido como Tigre, decide criar uma força policial móvel. Brigadas do Tigre era um grupo formado por homens bem treinados para usar a força e manusear armamentos que não mediam esforços para cumprir seus objetivos de proteger a população. O príncipe russo Radetsky Bolkonski (Aleksandr Medvedev) está prestes a chegar a Paris acompanhado de sua esposa Constancia (Diane Kruger) para assinar o acordo político entre os países e obviamente é um alvo potencial dos anarquistas liderados por Jules Bonnot (Jacques Gamblin). A Brigadas do Tigre então é chamada para fazer a segurança do nobre casal, mas conforme o comissário Valentin (Clovis Cornillac), o mais destemido do grupo, começa a ficar mais próximo dos seus protegidos ele vai descobrindo segredos que o envolvem em uma perigosa trama política e de traição. Resumidinho assim o enredo é compreensível e poderia indicar um bom filme, mas infelizmente o resultado final é confuso e desinteressante. Pelo menos é uma ação que nos poupa de banhos de sangue, mas por outro lado a pancadaria rola solta.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

SPEED RACER

NOTA 6,5

Adaptação de famoso desenho
para os cinemas tem premissa
boa, mas detonada pelo excesso de
cores e sons que dispersam atenção
Um filme infanto-juvenil de sucesso pode gerar um seriado live-action ou de animação que corresponda expectativas. O caminho inverso também pode acontecer, sendo totalmente possível uma série de desenhos animados produzidos para TV ganhar sua versão com atores reais para as telonas. A moda não é recente, por exemplo, nos anos 80 o brucutu Rambo já havia ganhado sua versão abrandada em animação com episódios curtos e He-Man deu uma passadinha pelos cinemas em uma produção trash. Na época produtos do tipo eram lançados a toque de caixa para aproveitar a moda, mas anos mais tarde em meio a crise de criatividade hollywoodiana as atenções foram voltadas para a nostalgia do público, assim voltaram a cena os heróis uniformizados, carros que se transformam em robôs e até os ingênuos Smurfs. A justificativa para escamotear a falta de ideias originais é que agora com tecnologia avançada é possível recriar com perfeição o mundo dos desenhos para o live-action e vice-versa. Bem, se tomarmos como exemplo Speed Racer comprovamos tal explicação. Esse é o primeiro filme dirigido pelos irmãos Andy e Larry Wachowski após o fim da trilogia Matrix em 2003, assim não é de se espantar que a adaptação do anime japonês “Mach Go Go Go” criado nos anos 60 por Tatsuo Yoshida (o título homônimo ao filme foi dado quando a série animada chegou aos EUA, o que proporcionou sua popularidade mundo a fora tirando o foco do automóvel e jogando sobre o piloto)  seja apoiada em uma avalanche de efeitos especiais que tem como objetivo ludibriar o espectador para que ele não perceba o roteiro fraco também criado pela dupla de diretores. A intenção era trabalhar em um projeto de apelo popular, um filme-família cujo universo fosse de mais fácil identificação por plateias distintas. É fato que os Wachowski são fãs assumidos do material original e procuraram respeitar ao máximo a essência da trama, mas ao mesmo tempo tinham que trazer na película algum diferencial que sacudisse o cenário cinematográfico tal qual fizeram nos final da década de 1990. O problema é que o feitiço voltou contra os feiticeiros e justamente o visual supercolorido e a frenética edição fizeram com que a aventura colhesse críticas negativas e amargasse uma baixa bilheteria. Só os primeiros minutos já são um verdadeiro teste para a saúde dos olhos, ouvidos e nervos dos espectadores, principalmente para aqueles que nunca tiveram contato com sua versão em animação, mas para quem conseguir se transportar para este universo a diversão pode ser razoável, afinal claramente a intenção era fazer um casamento entre atores reais e elementos de desenhos animados, uma ambientação onde absolutamente tudo é possível.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

VIGARISTAS

NOTA 7,0

Comédia tem estilo inovador
misturando referências a vários
 gêneros, mas resume-se a uma
tentativa de fazer algo diferente
Filmes a respeito de golpistas é o que não falta. Desde os saqueadores dos faroestes, passando pelos ladrões de banco e obras de arte até chegarmos a pirataria virtual, o cinema esgotou a temática e não se pode culpar Hollywood. O mundo todo usou e abusou dos clichês para contar histórias que no fundo nada mais são que o eterno duelo do Bem contra o Mal ou que falam descaradamente de pessoas que querem se dar bem na vida doa a quem doer. O problema é que a maioria dessas produções se preocupa tanto na elaboração dos planos de roubos para que não fique uma só pontinha solta (o que é muito difícil) que se esquecem de desenvolver as personagens e é nesse quesito que leva vantagem Vigaristas, segundo longa do diretor Rian Johnson que fez ligeiro sucesso entre os adeptos de cinema alternativo com o drama A Ponta de um Crime lançado no Festival de Sundance de 2005. Nesta sua nova empreitada, o cineasta quis investir em uma comédia, mas com traços pouco convencionais mantendo o estilo de produção independente, apesar do elenco de peso que conseguiu atrair. Roteirizada pelo próprio Johnson, a trama começa nos apresentando a infância de dois irmãos órfãos que cresceram pulando de lar em lar adotivo e foram se aperfeiçoando na arte da malandragem a ponto de transformá-la em profissão. Obviamente a repulsa dos pais adotivos era por conta dos desfalques dentro de casa, mas isso não mudou o caráter da dupla. Assumidamente trapaceiros, quando adultos aplicam golpes em ricos ingênuos ou deslumbrados, não importa onde a vítima resida, afinal as recompensas justificam todos os esforços. Stephen (Mark Ruffalo) é quem teve a iniciativa e elabora os planos minuciosamente para que tudo saia perfeito como em um roteiro de livro ou filme, com direito a esboços visuais, dessa forma ele sempre tenta fazer a vida do irmão mais novo Bloom (Adrien Brody) mais interessante do que realmente é oferecendo-lhe bons personagens para enganar os trouxas. O caçula aproveitou quando criança a inteligência e a criatividade do irmão para enganar os coleguinhas da escola que perdiam muito dinheiro com lendas de tesouro, mas ainda pequeno já se questionava sobre como poderia viver uma vida realmente sua, porém, a tentação de aplicar um novo golpe era mais forte que o desejo de se libertar.

domingo, 8 de janeiro de 2017

ENTÃO VEM O AMOR

Nota 4,0 Mulher independente conhece tardiamente o amor, mas nunca é tarde para se apaixonar

Mulher na casa dos 30 anos, bonita, independente, destemida, realizada profissionalmente, porém, lhe faltava alguma coisa para ser completamente feliz. Um marido certamente. Não! Um filho é o que ela quer, realmente um homem que lhe amaria incondicionalmente e jamais a abandonaria. Todavia, anônimo ou não, todo mundo tem que ter um pai e é óbvio que mais cedo ou mais tarde a criança fruto de uma produção independente vai querer conhecer suas origens e o destino pode pregar uma peça na mamãe que tanto prezava sua individualidade. Quem nunca ouviu uma história assim? Mudam os atores, uma coisinha aqui outra ali, mas a essência continua a mesma. Então Vem o Amor é previsível desde o título. Julie Davidson (Vanessa Williams) é uma colunista de jornal muito bem sucedida, especializada em falar sobre a mulher moderna, e que sempre dedicou muito amor ao filho Jake (Jeremy Gumbs), mas agora que o garoto está começando a entender mais as coisas a relação dos dois começa a ficar estremecida. A falta de dedicação aos estudos pode ser um sinal de déficit de atenção, mas os problemas do garoto, que incluem rompantes de agressividade, também podem estar ligados a falta de uma figura paterna em sua vida, ainda que sua mãe esteja namorando a algum tempo com Ted (Michael Boatman), um premiado foto jornalista. Mesmo se esforçando para suprir todas as necessidades de Jake, Julie começa a ficar incomodada com o filho inventando coisas a respeito de um pai que idealizava para os colegas e até mesmo pelos constantes comentários de que o garoto não parece muito com ela, assim a jornalista decide rever a ficha do doador de esperma e começa a desconfiar que suas características e seu perfil são bons demais para ser verdade. Ela então decide contratar os serviços de um detetive que a leva até o nome de Paul Cooper (Kevin Daniels), aparentemente o pai que não sonhava para seu filho.

sábado, 7 de janeiro de 2017

11:59 - CORRIDA CONTRA O TEMPO

Nota 6,5 Produção modesta e com elenco desconhecido cumpre razoavelmente sua missão

Um bom argumento e até razoavelmente bem trabalhado pode acabar se tornando um projeto obscuro por conta de atores desconhecidos e/ou empresa distribuidora raquítica? O adjetivo negativo no caso de 11:59 – Corrida Contra o  Tempo não é usado no sentido pejorativo, mas sim para destacar que um suspense que cumpre seus objetivos de entreter e intrigar o espectador e que acabou sendo esquecido desde o seu lançamento feito pela pouco conhecida Ocean Pictures, empresa especializada em resgatar faroestes antigos e que raramente tem algum bom produto contemporâneo em seu catálogo. Quando tem a própria não se esforça para divulgá-lo. Escrito e dirigido por Jamin Winans, a trama começa mostrando um dia atribulado na redação de um telejornal que está se esforçando para dar um furo de notícia exclusivo e ao vivo.  Thomas Hastings (Chris Kelly) é suspeito de matar duas crianças e está sendo perseguido pela polícia e pela repórter Lisa Winders (Laura Fuller) que só deve entrar no ar no momento exato em que o criminoso for pego. Todavia, o cinegrafista Aaron Daugherty (Raymond Bailey) acaba levando a melhor e consegue encontrá-lo antes mesmo da polícia flagrando a sua declaração de inocência e logo em seguida sua prisão. Embora atrás das câmeras, o rapaz acaba sendo saudado na redação por sua coragem e profissionalismo e sua chefe Adele (Liz Cunningham) até sinaliza a possibilidade de em um futuro próximo ele vir a ser promovido, o que deixa Lisa enciumada acusando o colega de fazer um jornalismo apelativo e sensacionalista. Contudo, a moça ainda tem a chance de vir a ser reconhecida profissionalmente caso encontre alguma ligação estranha entre Hastings e um político para o qual prestava serviços coordenando eventos pré-eleição. Na noite anterior ao julgamento do prisioneiro, Aaron sente-se mal em uma boate, escuta um zumbido estranho e quando acorda está em um campo deserto. Ele pega uma carona para retorna à cidade e então descobre que esteve desaparecido por 24 horas, mas nada se lembra sobre este período. Sua única certeza é que sua vida está um caos. Adele pede explicações para o sumiço e apenas lhe dá uma suspensão por levar em consideração seu ato heroico um dia antes, mas o avisa que ele perdeu a matéria de sua vida e consequentemente a emissora saiu perdendo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O TANGO E O ASSASSINO

NOTA 5,5

Robert Duvall aposta em trama
policial com menos ação e mais
conteúdo, mas acaba se perdendo
nos passos de dança e na lentidão
Robert Duvall é um intérprete que possui um currículo extenso e ganhou em 1983 o Oscar de Melhor Ator pelo drama A Força do Carinho, mas quem se lembra disso hoje em dia? Infelizmente o passar dos anos não foi generoso com ele ao contrário do que aconteceu com Jack Nicholson ou Robert De Niro, por exemplo, que foram agraciados com a maturidade, ainda que alternando bons projetos com outros esquecíveis e períodos de ócio. Já o nome de Duvall não é tão popular, pouco encabeçou elencos nos últimos anos, mas é certo que seu rosto é conhecido, o problema é que seu tipo comum o faz se perder em meio a multidão que quer conquistar ou manter espaço no cinema. Pode não contar com nenhuma característica física que o faça se destacar, mas felizmente seu talento está acima disso, pena que não é merecidamente reconhecido. Talvez pela falta de bons papeis para sua idade, em 2002 o veterano criou literalmente o filme perfeito para tentar voltar aos holofotes. Em O Tango e o Assassino ele não é só o astro principal, mas também assinou a direção, o roteiro e a produção deste suspense policial que acabou não fazendo muito barulho. Aqui ele dá vida a John J., um assassino profissional nova-iorquino que esconde a profissão da atual namorada, Maggie (Kathy Baker), e da filha dela, a pequena Jenny (Katherine Micheaux), garota por quem ele se dedica como se fosse seu pai verdadeiro e com quem compartilha o gosto pela dança de salão. Ele frequenta o salão de baile de Frankie (Frank Gio), que tem como atividade paralela ser uma espécie de empresário para o matador, aquele que articula suas missões. O plano do momento é que John vá para a Argentina assassinar um ex-general que serviu à ditadura militar e à repressão que assolou o povo nos anos 70, um servicinho de no máximo três dias. O problema é que o alvo sofreu um acidente caseiro e não chegará ao país na data prevista, assim o matador precisará ficar mais duas semanas longe de casa e se enfurece, mas não demora a seu ânimo mudar. Para passar o tempo ele decide passear pelos pontos turísticos de Buenos Aires e entra por um acaso em um salão de tango onde conhece Manuela (Luciana Pedraza) com quem passa a aprender o legítimo tango argentino com toda a sua sensualidade implícita.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

AS FÉRIAS DO PEQUENO NICOLAU

NOTA 8,0

Segunda aventura do pequenino
e inventivo garoto francês mantém
a graça e a leveza, mas erra levemente
ao dar espaço maior aos adultos
Em 2009, um despretensioso filme francês movimentou o circuito alternativo de exibição em vários países atraindo não só o público cativo de um cinema mais qualificado, mas também conquistou uma nova plateia. Adultos puderam levar seus filhos, sobrinhos e netos a tiracolo para curtirem juntos o delicioso O Pequeno Nicolau, um sucesso que em algumas capitais brasileiras como em São Paulo, por exemplo, permaneceu em cartaz por mais de um ano mesmo com mídia física já disponível. O segredo do sucesso é traduzido em duas palavras: simplicidade e inocência, justamente o que falta a maioria das produções destinadas a agradar a toda família. Criado por René Goscinny e ilustrado por Jean-Jacques Sempé, o personagem-título é um dos mais famosos da literatura infanto-juvenil francesa e ganhou uma segunda incursão cinematográfica, As Férias do Pequeno Nicolau, novamente sob a batuta do diretor Laurent Tirard, um amante do universo infantil tanto que também dirigiu Astérix e Obélix - A Serviço de Sua Majestade resgatando mais um dos patrimônios culturais de seu país. É uma pena que Maxime Godart não pode assumir mais uma vez o papel de protagonista. E nem teria como. Cinco anos separam o filme original desta continuação que narra novas peripécias do garoto como uma ação quase imediata aos acontecimentos da primeira fita. Se antes a preocupação era que seus pais o descartassem por conta de uma nova criança na família, agora suas aflições giram em torno de um casamento forçado. Nicolau não cresceu de tamanho, continua miudinho, mas está amadurecendo, porém, não a ponto de perder sua inocência. Ainda bem! Mathéo Boisselier assume o papel e dá conta direitinho da tarefa de apresentar a visão curiosa e sonhadora do mundo através da ótica infantil, embora o episódio das férias tenha um foco maior no núcleo adulto liderado por Valérie Lemercier e Kad Merad novamente interpretando os pais do protagonista cujos nomes não são revelados.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O PEQUENO NICOLAU

NOTA 9,0

Produção francesa é uma
excelente e delicada opção
para agradar a todas as idades
resgatando o humor ingênuo
Já faz algum tempo que os filmes infantis deixaram de ser bobinhos para agradar também aos pais das crianças. A indústria de cinema americana cada vez mais capricha na produção de animações com piadas e situações que conquistem também os adultos, mas ainda não consegue as mesmas proezas quando quer contar uma história infantil com elenco e cenários reais. Hollywood poderia mirar então no exemplo do diretor Laurent Tirard e sua produção francesa O Pequeno Nicolau, uma fita simples, ingênua e divertida como há muito tempo não se via. A história se passa na França da década de 1950 e gira em torno do tal garoto do título. Interpretado com muita desenvoltura pelo estreante Maxime Godart, excepcional e muito cativante, o menino leva uma vida tranquila, é muito amado por sua mãe (Valérie Lamercier) e por seu pai (Kad Merad) e tem diversos amigos, com os quais se diverte um bocado. Tudo vai bem até que um dia ele houve uma história sobre irmãos mais novos que o assusta. A partir de então, o menino passa a prestar atenção no comportamento de seus pais e se surpreende. Ele acredita que sua mãe está grávida e logo entra em pânico, pois acha que assim que o bebê nascer ele não receberá mais atenção. A paranóia aumenta quando sua mãe o convida para um passeio, pois tem certeza que será abandonado na floresta. Para escapar desse terrível destino, Nicolau faz de tudo para mostrar aos pais o quanto é indispensável e, por tentar agradá-los demais, acaba cometendo vários tropeços o que faz com que eles fiquem enfurecidos. Desesperado, ele muda de tática e, com a ajuda de seus amigos desastrados, bola diversos planos para achar uma solução para seu problema. É essa ingenuidade em lidar com um medo tão comum entre as crianças que faz a fita prender a atenção.