Nota 3,0 Drama sobre boxeador que vence na carreira não traz novidade alguma à temática
Além do tênis, golfe e do
beisebol, o cinema americano parece ter verdadeiro fetiche pelo boxe, tanto que
produções cujo pano de fundo são os ringues de luta existem em quantidade
consideráveis e os críticos parecem gostar da temática e não poupam elogios.
Bem, nem sempre. A cada um Menina de Ouro
ou O Vencedor que surge, temos pelo
menos uns dez títulos menores como Luta e Glória lançado diretamente nas
locadoras ou na TV. O filme dirigido por Eddie O’Flaherty não é de todo ruim,
tem algumas boas passagens, mas no fundo é vazio, dispensável. A trama é
roteirizada pelo ator J. P. Davis que também a protagoniza vivendo o rebelde
Tommy Riley. Ele foi descoberto por acaso pelo caçador de talentos Marty Goldberg
(Eddie Jonnes), um veterano treinador que está desmotivado e com saudades da
época áurea do boxe. O rapaz tem habilidade para o esporte, mas treina sozinho
e apenas como distração. Na realidade ele é técnico de informática desde que
foi eliminado das Olimpíadas de 1999. Diana (Diane M. Tayler), sósia de
Goldberg, mostra a ele um vídeo de Riley e imediatamente ele decide investir na
carreira do jovem. O problema é que o rapaz também parece desmotivado. Treinado
pelo padrasto que não tinha paciência, ele foi colocado para fora de casa
quando perdeu uma importante luta e desde então desanimou do esporte, mas o
veterano treinador consegue enxergar dentro dele potencial para ser um lutador
renomado e não quer deixar que essa chama se apague. A partir daí a narrativa
segue um caminho comum. Rilley inicialmente rejeita a proposta de voltar aos
ringues, Goldberg insiste, o início da relação pupilo e aprendiz é difícil, mas
como manda a cartilha dos filmes sobre esportes é preciso que o protagonista
seja vitorioso como incentivo a espectadores que não precisam necessariamente
serem esportistas, mas devem enxergar na fita um exemplo de superação e
estímulo para buscarem seus objetivos seja na vida profissional ou afetiva.
Além de seguir um roteiro
totalmente previsível, o longa peca por perder alguns ganchos que poderiam
enriquecer a trama razoavelmente. Diana, por exemplo, poderia ser a chata de plantão ou até
mesmo a profissional sem escrúpulos que tentaria ganhar algum lucro em cima do
novo rei dos ringues, mas no final é apenas uma personagem vazia que deixa
exalar um mínimo de desconfiança quanto a apostar suas fichas em um
desconhecido, mas logo a própria lembra que precisou que Goldberg lhe
estendesse a mão para ser alguém na vida. Riley tem um interesse amoroso,
Stephanie (Christina Chambers), mais uma personagem sem função que nem mesmo
com seu relacionamento com outro homem após abandonar o desiludido namorado
consegue movimentar a trama. Por fim, somos obrigados a acompanhar as
conhecidas cenas de treino e de combates que nem mesmo trazem um bom conflito
com um adversário forte ou com algo contra o protagonista. Seria um clichezão,
mas neste caso faz falta. O grande gancho do roteiro no final das contas é de
cunho afetivo. Com o sucesso na carreira, logo Riley chama a atenção de Mob
Silver (Paul Raci), empresário que quer comprar seu passe e administrar sua
carreira, o que no fundo para o rapaz seria uma traição com aquele que o ajudou
a mudar de vida, embora a relação entre os dois a essa altura estivesse
estremecida por conta de um segredo que descobre de seu treinador. Luta
e Glória, mesmo sendo uma produção independente e de recursos
financeiros escassos, poderia ser um pouco mais ousada para não ser apenas mais
um filme sobre o mundo do boxe e a interessar apenas aos fãs da modalidade. Estranho que ainda existam produtores que aceitem bancar projetos como este, claramente filmes que não irão trazer fortuna. O Sr. Davis, como roteirista e protagonista da fita, deve ter um bom benfeitor que o protege.
Drama - 109 min - 2005
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