domingo, 31 de julho de 2016

FÉRIAS NO TRAILER

Nota 4,0 Comédia com quê de nostalgia diverte, mas os momentos ruins pesam além da conta

Robin Williams já foi aplaudido em papéis dramáticos como os que teve em Sociedade do Poetas Mortos e Patch Adams – O Amor é Contagioso, aliás ganhou um Oscar de ator coadjuvante por Gênio Indomável. Tentou dar uma guinada na carreira apostando em produções mais sombrias como Insônia e Retratos de uma Obsessão, mas não tem jeito, o ator sempre retorna ao seu porto seguro: a comédia. Por mais que envelheça, ele sempre consegue deixar transparecer em seus trabalhos de humor uma alegria tipicamente infantil e tornou-se um tipo certeiro para viver aquele paizão que toda comédia familiar preza. Em Férias no Trailer, uma variação do saudoso Férias Frustradas, ele dá vida a Bob Munro, um estressado chefe de família que se dedica muito ao trabalho. Decidido a tirar uns dias de descanso, ele quer levar sua esposa Jamie (Cheryl Hines) e seus filhos adolescentes Carl (Josh Hutcherson) e Cassie (Joanna Levesque, mais conhecida como a cantora JoJo) para uma viagem ao Havaí, porém, na última hora Bob decide mudar os planos sem comunicar a família previamente. Para não perder o emprego ele precisa ir a uma reunião no Colorado e então decide matar dois coelhos de uma vez só e levar os parentes junto. A viagem ao paraíso acaba se transformando em um trajeto infernal tendo como veículo um desconfortável trailer que, diga-se de passagem, passeia pelos mais variados ambientes, alternando cenários reais e outros que apelam para terríveis efeitos de computação. O pai faz o que pode para tentar agitar o passeio, mas parece que tudo dá errado e o destino está contra eles. A família então deixa ainda mais evidente que sua desestruturação é um fato consumado, mas passam a rever suas atitudes quando conhecem na estrada outro clã, os adeptos do estilo country Gonickes liderados pelo patriarca Travis (Jeff Daniels), que embora tão atrapalhados e problemáticos quanto os Munros parecem extremamente unidos e encaram a vida com muita mais leveza.

sábado, 30 de julho de 2016

TRÁFICO DE BEBÊS (2004)

Nota 7,0 Telefilme presta importante serviço social, mas infelizmente não se aprofunda no tema

Para realizar um sonho vale a pena pagar o preço que for, mesmo que precise abrir mão de princípios e ajudar o crime organizado? É essa a discussão colocada em xeque em Tráfico de Bebês, drama policial feito para a TV, mas bastante eficiente apesar de sua estética e narrativa de novela. A trama de John Wierick é inspirada em fatos reais e gira em torno do casal Nathalie (Dana Delanei) e Steve Johnson (Hart Bochner) que há muito tempo querem ter um filho, mas não conseguiram por vias naturais e tampouco estão acertando investindo na adoção. Movida pelo impulso, Nathalie se entusiasma quando encontra na internet um site que promete facilitar os trâmites para um casal conseguir um bebê legalmente e ela não pensa duas vezes antes de preencher uma ficha, o que irrita inicialmente seu marido, pois agora informações confidenciais do casal podem estar nas mãos de pessoas de má índole. A mesma desconfiança é compartilhada pela advogada deles, Kathy (Ellen David), que acha esquisito as poucas informações disponíveis sobre Gabor Szabo (Bruce Ramsey), também advogado e que passou um email quase que instantâneo para Nathalie falando que deseja entregar para adoção a sua própria filha, a pequena Gitta. O primeiro encontro entre os Johnsons e o doador da criança é bastante amistoso e praticamente deixa acertado que a bebezinha em menos de 24 horas terá um novo lar, porém, na hora da entrega definitiva um golpe é revelado. Szabo não quer discutir os termos legais da adoção e sim quanto ela vale financeiramente. Aproveitando-se das informações sobre o padrão de vida e do estado emocional de seus “clientes”, o inescrupuloso advogado pede uma alta quantia e enquanto os candidatos a pais pensam a respeito ele continua oferecendo Gitta para outras famílias. Na época em que a ação se passa, imperdoavelmente não identificada (talvez 2004, ano da produção), infelizmente negociar uma criança não era considerado crime em Nova Iorque, assim o criminoso costumava fechar seus negócios em lugares neutros na grande metrópole. Mesmo assim, seus passos já estavam sendo vigiados.  Joey Perratta (Romano Orzari) e Laura Jackson (Claudia Besso), dois representantes da polícia, tentam um encontro fingindo estarem interessados em uma adoção, mas Szabo percebe que eles sabem muito sobre o esquema, afinal o rapaz toca no assunto pagamento quando a maioria dos casais se surpreende e se irrita ao saberem que estão fazendo parte de uma espécie de leilão.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

O OUTRO LADO DA NOBREZA

NOTA 8,0

Drama de época tem mensagem
atual com protagonista que
almeja vida de luxúria e riquezas,
mas se decepciona com seu sonho
O que é ser um nobre? Uma pessoa que não tem nada para fazer e que gasta seu tempo ocioso com festas, bebedeiras, comendo de tudo do bom e do melhor, além de estar sempre adornado por belas roupas e jóias? Talvez esta fosse a visão de Robert Merivel, o protagonista do drama de época O Outro Lado da Nobreza. Interpretado pelo ator Robert Downey Jr. em um momento em que os excessos de sua vida pessoal ainda não chamavam mais a atenção que seus trabalhos, o personagem é um jovem e talentoso estudante de medicina londrino do século 17, época em que sua profissão estava sendo muito requisitada, mas a ciência era desafiada pela superstição visto que até os mais ricos eram em sua maioria desprovidos de cultura. Merivel acabava se destacando entre seus colegas da área por sua coragem em realizar tarefas com total naturalidade, como tocar o coração de um paciente que estava com o órgão exposto, porém, o que ele tinha de competente também tinha de mulherengo, tanto que até penhorou sua caixa de instrumentos para pagar suas diversões. Observando atentamente o citado episódio do toque no coração, o rei Charles II (Sam Neil) resolve chamá-lo para ajudar a salvar a vida de alguém que está morrendo e sem a qual não pode viver. Se conseguir curá-la ele se tornaria o médico oficial da corte. Aceito o desafio, Merivel se espanta ao descobrir que a tal Lulu não é uma mulher e sim a cadela de estimação do rei. Seus conhecimentos de medicina não eram tão amplos a ponto de recuperar um animal, mas a sorte estava do seu lado e repentinamente a paciente dada como morta começa a gemer e a latir. A partir desse dia sua vida muda completamente deixando sua vocação de lado e permitindo que a cegueira da ambição o atingisse. Vivendo de luxo, diversão e fazendo todas as vontades do rei, inclusive diverti-lo com palhaçadas, há quem diga que o médico se tornou um bobo da corte sem se dar conta, todavia, dos mais bem pagos. Seu amigo de faculdade, John Pearce (David Thewlis), tentou lhe abrir os olhos sobre a realidade da vida entre os nobres, mas Merivel preferiu virar as costas e ir morar no palácio. Mal sabia que a vida de regalias lhe custaria um preço alto.

terça-feira, 26 de julho de 2016

A VIÚVA DE SAINT-PIERRE

NOTA 8,5

Drama épico aborda a questão
da pena de morte e ao mesmo
tempo narra a história de um
casal que afronta a hipocrisia
A condenação de uma pessoa a morte para pagar pelos crimes que cometeu até hoje é um assunto polêmico e que divide opiniões, porém, tal discussão já dura séculos. Se hoje em dia a pena de morte pode ser sinônimo de câmaras de gás, injeções letais e cadeiras elétricas, há séculos atrás ser condenado era ser sentenciado a ser guilhotinado em praça pública, um pequeno show masoquista para o pessoal a favor da execução e uma tortura para os demais que eram obrigados a ver tais cenas para as assimilarem como forma de punição para aqueles que infringissem as leis, assim forçando-os a seguir padrões rígidos de moral e costumes. Tratar de tal temática não é tarefa fácil, mas o cineasta francês Patrice Leconte encontrou uma forma razoavelmente mais amena para abordá-la aliando-a ao poder que a paixão exerce sobre uma pessoa e ao secular embate entre os defensores da sinceridade e os adeptos da hipocrisia. Co-produção entre a França e o Canadá, A Viúva de Saint-Pierre é um épico que praticamente divide-se em dois atos que se relacionam intimamente. No primeiro temos o nascimento de um excêntrico triângulo amoroso que coloca seus integrantes na mira das pessoas mais conservadoras, embora consiga atiçar a curiosidade de algumas delas. Já da metade para o final vemos o drama de um homem prestes a ser guilhotinado cujo fim trágico pode mudar radicalmente a vida de outros. O roteiro criado pelo cineasta em parceria com Claude Faraldo conta uma história que começa a ser desenvolvida em 1849 na até então tranquila e pequena ilha de Saint-Pierre, território francês perto da costa canadense (na época parte do Canadá era possessão da França). A calma do lugar é rompida quando dois marinheiros bêbados, Ariel Neel Auguste (Emir Kusturica) e Louis Ollivier (Reynald Bouchard), matam de forma insensata Coupard (Michel Daigle), um morador do vilarejo. Ambos são sentenciados a morte, mas Ollivier, que tinha sido condenado a trabalhos forçados, morre em um acidente a caminho da prisão. Já o outro réu, que confessou ter dados os golpes de faca fatais na vítima por um motivo tolo, fica aguardando a chegada de uma guilhotina, pois a República exige que qualquer civil que tenha recebido a pena capital tem de ter a cabeça decepada para servir de exemplo. Além do instrumento de execução, também é necessário um carrasco, pois não há ninguém na ilha que queira exercer esta função. Enquanto aguarda que os problemas para sua execução sejam resolvidos, Neel fica confinado em uma cela que é muito próxima da casa de Jean (Daniel Auteuil), o capitão que controla a polícia e o presídio. Logo sua esposa, Pauline (Juliette Binoche), também conhecida com Madame La (chamada de Madame A na tradução em português), sente vontade de conhecer o prisioneiro e lhe pede que a ajude a cuidar de seu jardim, claro que com o consentimento de seu marido que jamais lhe negou pedido algum.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

BRUNA SURFISTINHA

NOTA 8,0

Sexo, fama, dinheiro, drogas,
humilhação e decadência são os
temas presentes na vida da garota
que deu nova imagem à prostituição
Quem é Raquel Pacheco? Atriz, escritora, artista plástica, uma mulher do meio político, enfim algum nome que fez algo expressivo pela História do Brasil ou ao menos para seu estado ou cidade? Em 2009, época das filmagens de sua cinebiografia, tais indagações já não fariam tanto sentido, mas se você ainda hoje não liga o nome a pessoa é porque está fora de órbita. Ela simplesmente é a musa inspiradora do longa que leva seu nome de guerra, Bruna Surfistinha, drama que levou multidões aos cinemas e ainda alimenta a curiosidade de muita gente, afinal apresenta uma enxuta visão de como foi a rápida ascensão, decadência e volta por cima de uma garota de programa que acabou trazendo glamour para aquela que é considerada a profissão mais antiga do mundo. Claro que ainda existem muitas pessoas que nem pensam em assistir tal produção, um preconceito que a própria “celebridade” biografada incentivou, talvez sem perceber, sujeitando-se durante um bom tempo a participações em programas de TV e cedendo entrevistas que não estavam afim de mostrar o quanto é dura e perigosa a vida de uma prostituta, mas sim em esmiuçar os detalhes picantes e curiosos dos atendimentos que Raquel fez, assim vendendo de certa forma uma imagem positiva da atividade e afrontando a moral e os bons costumes que boa parte dos brasileiros diz ainda preservar. Contudo, é preciso frisar que este trabalho do diretor estreante em cinema Marcus Baldini é uma grata surpresa capaz de deixar boquiaberto quem tem o pé atrás com a superexposição de Surfistinha na mídia, uma cinebiografia que segue os moldes hollywoodianos de produções do tipo. Deborah Secco, na época vivendo um período áureo de sua popularidade, assumiu o papel principal e se entregou de corpo e alma ao trabalho que lhe exigiu transformações físicas e imersão na mente e nos sentimentos da personagem para trazer a dignidade diante do público que a homenageada almejava e não permitir que as cenas de sexo se transformassem na chave do sucesso do filme. Baseado no livro “O Doce Veneno do Escorpião”, assinado pela própria Surfistinha e que rapidamente se tornou um campeão de vendas, o roteiro foi construído por Homero Olivetto, José de Carvalho e Antônia Pellegrino que preferiram fazer algumas alterações no tipo de narrativa para adaptar a obra para a linguagem cinematográfica. Originalmente a época da conturbada adolescência e seu futuro como prostituta que transcende as barreiras da marginalidade se intercalam, mas no longa foi feita a opção em manter o foco das atenções quando ela decide abandonar o conforto da casa dos pais pela liberdade com consequências negativas da vida nas ruas. Mas não pense que o melodrama toma conta do pedaço. Com momentos de ironia, o filme mostra que Surfistinha mais que uma profissional do sexo também foi psicóloga e idolatrada dando dicas para salvar casamentos, aconselhando em problemas, dando prazer aos menos favorecidos pela natureza e tornado-se uma personalidade que ajudou a transformar a internet como uma nova fábrica de sucessos.

sábado, 23 de julho de 2016

SEDE DE VINGANÇA

Nota 6,0 Obsessão por vingança leva homem comum a atos extremos em obra simples e eficiente

O nome do escritor Stephen King ajuda a vender um filme aos produtores e consequentemente é certeza absoluta de retorno financeiro. Bem, nem sempre os resultados são satisfatórios. A trajetória do autor no cinema é repleta de altos e baixos. O próprio já chegou a ser diretor da adaptação de uma de suas obras decepcionado com os resultados que outros cineastas ofereceram em outras oportunidades. O fato é que as vezes menos é mais e é isso que prova o suspense Sede de Vingança que está longe de ser uma das melhores adaptações cinematográficas do escritor e tampouco uma obra memorável de seu gênero, mas de qualquer forma prende a atenção do início ao fim. Baseado em um curto conto de King, a trama começa com um discurso vingativo de um homem enquanto a câmera capta a aspereza de um asfalto de estrada. Ele é Robinson (Wes Bentley), um professor de ciências que vivia muito feliz com a esposa Elizabeth (Emmanuelle Vaugier) que não vê a hora de engravidar. A vida do casal muda completamente quando presenciam uma chocante cena em uma região desértica dos EUA. Um caminhão repleto de mulheres traficadas para fins de prostituição é interceptado por Jimmy Dolan (Christian Slater), o maior mafioso da região. Ele promove uma verdadeira chacina, o casal observa tudo e depois denuncia à polícia, esta que já está saturada de denúncias do tipo e parece até compactuar que tragédias assim aconteçam para amedrontar novos possíveis imigrantes ilegais que desejam invadir o território norte-americano para roubar as terras e empregos que por direito seriam da população ianque. Mesmo com o absurdo descaso da polícia local, que preconceituosa creditava o tal crime a um negro, o casal segue em frente com a denúncia e então passa a viver sob a proteção do FBI até que chegue o dia do julgamento de Dolan. O problema é que nem preso ele está ainda.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

LEÕES E CORDEIROS

NOTA 7,5

Longa atípico promove a reflexão
através de três tramas paralelas a
respeito da guerra ao terror, mas
excesso de diálogos incomoda
Redford. Streep. Cruise. Usando os sobrenomes de seus principais nomes do elenco para a publicidade, Leões e Cordeiros prometia ser um daqueles filmes que marcam época e conquistam todos os prêmios, contudo, revelou-se uma grande frustração para o público que, desculpe o trocadilho, sentiu-se comprando gato por lebre. É compreensível seu fracasso de repercussão entre os populares, assim como também é justificável a considerável quantidade de elogios que a obra colheu da crítica especializada. A primeira coisa que é preciso saber é que este é um filme diferente, um estilo narrativo e uma proposta incomuns no cinema americano. Será mesmo? Há muitas pequenas produções ianques que não tem medo de mexer em feridas, mas ainda é preciso que nomes fortes ou o apoio da mídia ajudem tais mensagens a chegarem ao grande público. Robert Redford, um dos responsáveis por atrair os holofotes para o cinema independente, quis neste caso chamar a atenção das pessoas para o rumo que os EUA estava tomando. O ator parecia estar disposto a causar barulho e espantar os fantasmas da fria recepção que teve seu último trabalho como diretor, Lendas da Vida, filmado sete anos antes, e adotou como temática a discussão política sobre a participação de seu país na guerra contra o terror priorizando a reflexão. Todavia, justiça seja feita, o pontapé inicial do projeto foi dado pelo roteirista Matthew Michael Carnahan, de O Reino, que teve inspiração para escrever quando certo dia assistindo aos noticiários da TV se indagou de que forma as pessoas estavam percebendo os acontecimentos da guerra no Iraque sendo que as notícias volta e meia estavam sento entrecortadas por fatos esportivos entre outros. Provavelmente apenas um pequeno número de telespectadores conseguiria refletir com precisão sobre o assunto e era muito importante que tal temática se popularizasse. Inicialmente pensado como um roteiro para o teatro, o que justifica o excesso de diálogos e pouquíssimas mudanças de cenários, o texto chegou às mãos de Tom Cruise, então iniciando sua carreira como manda-chuva em uma produtora de cinema. Bem relacionado, conseguiu facilmente que Redford se interessasse em dirigir e atuar e este agregou Meryl Streep ao projeto, sua amiga de longa data. Longe de ser um entretenimento qualquer, esta é uma obra verborrágica e que exige atenção redobrada do espectador, inclusive mais de uma sessão para aqueles que tiverem a inteligência de perceberem que a falta de ação é substituída pela abundância de conteúdo e interpretações fortes e marcantes. Foi uma tentativa arriscada de Cruise que assumiu um estúdio de cinema estreando com um projeto claramente de baixo potencial para bilheterias, embora seu título possa indicar algo interessante. Força versus submissão? Na realidade a junção dessas palavras é uma alusão a impressão que alemães tinham de suas posições em relação aos soldados britânicos na Primeira Guerra Mundial, o que já indica que essa obra faz mais jus a atenção de aficionados por História que certamente sabem identificar as raízes dos problemas contemporâneos no passado.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

ESPELHO, ESPELHO MEU

NOTA 7,0

Longa faz paródia de
conto clássico colocando
a Rainha Má como
personagem principal
A maioria dos contos de fadas são histórias criadas há séculos atrás que sofreram diversas modificações com o passar dos anos e através de suas inúmeras versões literárias, teatrais, televisivas e cinematográficas. Comumente, mas erroneamente, consideramos as tramas originais aquelas adaptadas pelos estúdios Disney e como lendas europeias, mas na verdade atualmente pouco sabemos sobre as reais origens desses textos clássicos e encantadores. Muitos dizem até que tais contos podiam ter desfechos de arrepiar e macabros. Assim, reinventar estas histórias ou tentar apresentá-las o mais próximo possível da maneira como foram concebidas se tornaram um campo fértil para o cinema. Depois de Alice no País das Maravilhas e A Garota da Capa Vermelha, projetos que foram duramente criticados, praticamente na mesma época duas produtoras resolveram resgatar o conto “Branca de Neve e os Sete Anões”, cada uma com uma abordagem diferente. Um destes trabalhos é Espelho, Espelho Meu. O diretor indiano Tarsem Singh, do psicodélico A Cela e da batalha épica Imortais, tratou de dar um enfoque diferente a versão tradicional que conhecemos do conto e deixou nos cenários e figurinos extravagantes sua marca registrada. O enredo criado por Mellissa Wallack e Jason Keller começa nos moldes de Encantada com uma animação revelando o início de vida de Branca de Neve através da narração sarcástica em off da Rainha Má. Após esta breve introdução os atores de carne e osso entram em cena. Lily Collins assume o posto de mocinha e Julia Roberts o de vilã. Aos 18 anos de idade, Branca de neve vive enclausurada no castelo de seu falecido pai, mas está sob os cuidados de sua malvada e vaidosa madrasta que deseja se casar com o príncipe Andrew (Armie Hammer) e salvar as finanças do reino. Estes personagens, assim como outros, têm perfis diferentes dos que estamos acostumados. A jovem donzela de pele clara e cabelos escuros não é indefesa. Corajosa e espevitada, é ela quem salva o príncipe em uma de suas escapadas do castelo. Tão belo quanto desastroso, ele foi assaltado por um grupo de sete anões saqueadores montados em pernas-de-pau. Depois disso ele é apresentado à rainha que imediatamente o elege como a sua tábua de salvação para poder continuar vivendo de luxos.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

A PROVA (2005)

NOTA 5,5

Drama adaptado de elogiado
texto teatral fica devendo em
emoção e por vezes acaba
distanciando o espectador
Loucos no cinema só servem para distrair platéias protagonizando cenas cômicas ou amedrontando personagens em filmes de terror e suspense. Será mesmo? Este é um pensamento antiquado e que só deve ser profanado por pessoas com memória muito curta ou nenhum conhecimento da sétima arte, pois a lista de produções que levam a sério a temática ou que registram a vida de pessoas com mentes brilhantes mesmo com algum tipo de deficiência mental é bastante extensa. Filósofos, escritores, pintores, músicos, enfim uma rica galeria de personagens do tipo, geniais e ao mesmo tempo problemáticos, sejam eles reais ou ficcionais, trataram de emocionar pessoas no mundo todo como no caso dos longas Gênio Indomável e Uma Mente Brilhante, por exemplo. Pois é justamente no quesito emoção que derrapa o drama A Prova que tinha praticamente todos os elementos necessários para ser um sucesso. Na direção John Madden repetindo a dobradinha do premiado Shakespeare Apaixonado com a atriz Gwyneth Paltrow, contudo, o cineasta parece pouco inspirado estendendo-se demais em cenas com longos diálogos que por vezes podem parecer sem sentido ao espectador. Mesmo assim a protagonista se esforça para transmitir sentimentos com sua atormentada Catherine, personagem que ela já havia interpretado anteriormente em uma montagem teatral de sucesso em Londres (também ganhou versão brasileira nos palcos). O roteiro original foi adaptado para as telas por Rebecca Miller em parceria com o próprio autor David Auburn, uma forma de tentar preservar a essência e a qualidade do aclamado e premiado texto. Por fim, um elenco respeitável para interagir com Paltrow, no entanto, o resultado final é enfadonho e a conclusão deixa a desejar. A trama gira em torno de Catherine, uma moça que abdicou de sua vida por cerca de cinco anos para poder cuidar de seu pai, Robert (Anthony Hopkins), um gênio da matemática que passou a sofrer com os males da esclerose no final da vida. Autor de centenas de manuscritos e teorias inovadoras, o estudioso dizia que sua loucura não era devido a velhice, mas já era um mal que lhe acompanhava desde seus vinte e poucos anos, quase como uma maldição a qual estavam sujeitas praticamente todas as mentes brilhantes. Catherine receia vir a sofrer também com a loucura já que está chegando na tal idade crítica e os anos em que viveu isolada com o pai em uma casa afastada parecem não terem lhe feito bem.

domingo, 17 de julho de 2016

O SEGREDO DO IMPERADOR

Nota 4,0 Animação finlandesa tem visual chamativo, mas narrativa é insossa e falta humor

É tão raro termos acesso a animações produzidas fora do território norte-americano que é quase irresistível para os cinéfilos conferirem quando alguma é lançada nos cinemas ou diretamente em DVD, mas é uma pena que na maioria das vezes tais produtos não correspondem nossas expectativas como é o caso de O Segredo do Imperador, desenho animado oriundo da Finlândia. Só pelo fato de ser uma produção de um país cuja filmografia é pouco difundida já seria motivo suficiente para dar aquela vontade de conferir este trabalho com direção de Riina Hyytiä, mas o colorido vibrante e os traços atípicos para a era das animações digitais também instigam a curiosidade, todavia, o roteiro de Aleksi Bardy não empolga em momento algum. A trama se passa em um pequeno vilarejo localizado na fronteira de um império cujo antigo imperador renunciou e cedeu lugar para Kostiainen, um tirano que ordena que todos os povoados adjacentes lhe enviem um presente de boas-vindas, mas obviamente ele deve escolher o que deseja ganhar. Paavo é naturalmente o líder popular da tal vila por ser o mais forte entre todos e por conta de sua posição exige que seus familiares e amigos sirvam de bons exemplos, mas o ferreiro Sauli ousa certo dia desacatá-lo e é banido do local. Paralelo a tristeza de perder a companhia de um amigo, Paavo terá que defender a roda-gigante do parque que o novo imperador exigiu como presente, mas o brinquedo além de divertir as crianças também é a base do sustento de todos na vila. Um dos habitantes, o senhor Erkki, protesta contra a exigência e acaba sendo condenado a passar dez anos na prisão, mas o líder do povo não vai deixar barato e pela primeira vez resolve desobedecer ordens superioras. Paavo decide ir pessoalmente falar com o imperador para salvar o amigo, porém, sem querer acaba colocando todos os demais habitantes em maus lençóis já que correm o risco de serem deportados para um local isolado de tudo caso o grandalhão de bom coração não se entregue por livre e espontânea vontade e desista de contrariar as ordens do soberano.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

OS AMORES DE PICASSO

NOTA 7,5

Com apuro técnico digno de
clássicos,  cinebiografia de um dos
maiores gênios das artes perde pontos
com o maniqueísmo dos personagens
As histórias sobre artistas das mais diversas áreas sempre foram uma excelente fonte de inspiração para o cinema. A trajetória ou determinado período da vida de vários atores, diretores, músicos e cantores já ganharam suas versões cinematográficas, mas quando o destaque vai para artistas plásticos tais produções ganham um charme a mais devido ao colorido das telas desses gênios da pintura. Assim, a vida artística e profissional de Frida Kahlo, Jackson Pollock, Michelangelo “Caravaggio”, Francisco Goya entre tantos outros ganharam suas versões em película carregando em seus títulos nomes de pesos que já se encarregariam de atrair público, porém, muitas dessas obras não fizeram o sucesso esperado, nem de crítica tampouco comercial. Este é o caso de Os Amores de Picasso, obra que acompanha dez anos conturbados da vida de um dos maiores representantes da arte cubista. A narrativa concentra-se entre os anos de 1943 e 1953, período em que Pablo Picasso (Anthony Hopkins) se envolveu com a aristocrata francesa Françoise Gilot (Natascha McElhone). Toda essa história é contada pelo ponto de vista desta mulher cerca de quarenta anos mais jovem que o seu mestre que tanto idolatrava, diga-se de passagem, então já um sexagenário. Contentando-se em se tornar pupila do pintor e ficar mais próxima do mundo das artes, a garota aceita as traições do companheiro, afinal ela própria ocupava um dos papéis de amante, assim concomitantemente Picasso manteve relacionamentos com outras damas como Dora Marr (Julianne Moore), Marie-Therese Walter (Susannah Harker) e Olga Khokhlova (Jane Lapotaire), então sua legítima esposa. Coincidência ou não, nenhuma delas teve uma vida feliz e certamente isso tem a ver com seus relacionamentos com o espanhol este que, por sua vez, abandonou todas elas sem cerimônias. Apenas Françoise teve coragem de dispensá-lo, sendo que imediatamente ao fim deste romance ele se juntou à Jacqueline Roque (Diane Venora), que mesmo sendo tratada como uma serviçal permaneceu com o artista até ele vir a falecer em 1973.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

VÍRUS (2009)

NOTA 7,0

Apostando em temática
apocalíptica, longa surpreende
por dispensar sustos fáceis e
apostar em situações reflexivas
Ameaças a saúde humana que podem provocar o extermínio da população, seja em um pequeno vilarejo ou um problema de grandes proporções que pode acometer várias partes do mundo, sempre foi um terreno fértil para o cinema explorar, algumas produções inclusive extrapolando os limites do bom senso e abusando da escatologia transformando seres humanos em verdadeiros monstros. O resultado é que esse subgênero que serviria bem a dramas, suspenses e longas de terror acabou rotulado como produções trashs e afastando o público automaticamente. Todavia, vez ou outra surge uma boa obra do tipo que por trás do verniz superficial esconde uma boa proposta: colocar em discussão como a raça humana, ou melhor, como os poucos sobreviventes de um surto de doença misteriosa faria para sobreviver em um ambiente devastado e onde ninguém estaria totalmente a salvo de ser a próxima vítima fatal. Para ficar nos exemplos mais recentes, entre Ensaio Sobre a Cegueira e Contágio, dois títulos que abordaram de forma eficiente a degradação do ser humano diante da tragédia (entenda-se a deterioração no caso como egoísmo e a loucura), foi lançado de forma muito discreta Vírus, um interessante trabalho escrito e dirigido pelos irmãos espanhóis Alex e David Pastor que chegou aos cinemas bem na época em que o mundo estava vivendo o pânico do H1N1, a super gripe que assolou o mundo entre 2009 e 2010 (se bem que a sigla ainda causa tensão até hoje). A trama fala sobre um vírus mortal que se espalhou por todo o planeta fazendo com que ninguém mais seja confiável. Qualquer um poderia estar contaminado e passar adiante a doença sem necessariamente apresentar algum tipo de sintoma nas primeiras horas. Bobby (Piper Perabo) e Kate (Emily VanCamp) são algumas das sobreviventes que percorrem as estradas rumo a uma praia isolada, um dos poucos lugares ainda a salvo da epidemia e que remete a infância dos irmãos Danny (Lou Taylor Pucci) e Brian (Chris Pine) que também as acompanham na viagem. Eles acreditam que lá estarão seguros, mesmo que por tempo indeterminado, só que no meio do caminho o carro quebra, o que faz com que fiquem à beira de uma estrada abandonada. Logo eles encontram um carro estacionado e conhecem Frank (Christopher Meloni), um homem que precisa de ajuda para conseguir o remédio contra o vírus para sua filha, a pequena Jodie (Kiernan Shipka). É o início de uma jornada onde os jovens precisarão enfrentar não apenas o vírus mortal, mas também a desconfiança existente entre eles em uma luta desesperada para sobreviver.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

VERONIKA DECIDE MORRER

NOTA 4,0

Embora respeite a obra literária
de Paulo Coelho, longa parece
arrastado demais e dificilmente
cria vínculos com o espectador
Infelizmente os brasileiros têm mania de se menosprezar. Fora o futebol, parece que em absolutamente tudo somos vistos como fracassados por outros países, porém, esses são comentários de pessoas que se dizem espertas, mas no fundo não passam de intelectuais frustrados que só fazem levar adiante pensamentos contrários as massas, uma forma ilusória de se sentir acima dos populares. Não é de hoje que alguns brasileiros tem se destacado internacionalmente. Pelé, Xuxa, Caetano Veloso, Fernando Montenegro e em uma fase mais recente Ronaldinho, Rodrigo Santoro, Ivete Sangalo e o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva são alguns dos exemplos de personalidades que construíram fama fora de nossos limites. Independente de suas realizações serem boas ou ruins, o fato é que eles ajudaram a desfazer a imagem que o Brasil é um país predominantemente habitado por índios (parece esquisito, mas até pouco tempo ainda alguns países tinham tal visão). Um nome que há décadas já está em evidência internacionalmente é o do escritor Paulo Coelho, conhecido pela predileção por temáticas místicas, de autoajuda e afins. Suas obras, algumas já vendidas para mais de 150 países, são questionadas por muitos que a consideram uma literatura sem valor, no entanto, elas parecem atrair a atenção de muitos produtores de cinema, ainda mais em tempos em que vivemos um boom do casamento entre filmes e livros. Contudo o autor não parece seduzido facilmente por cifras milionárias e faz jogo duro para vender os direitos para adaptações cinematográficas. Após uma mal sucedida experiência de adaptação de uma de suas obras para uma telenovela, Coelho finalmente cedeu, ou melhor, vendeu a um bom preço os direitos de Veronika Decide Morrer, lançado sem grandes alardes. Produção norte-americana, o longa não causou barulho em seu território, mas curiosamente nem mesmo no Brasil foram feitos esforços para seu sucesso, provavelmente uma previsão de que seu ritmo lento não agradaria e uma gama de curiosos poderia espalhar críticas negativas. Bem, realmente este é um filme para quem gosta de produções mais contemplativas ou no mínimo seja fã de Coelho ou tenha lido a obra que serviu de inspiração. O problema é que fica difícil se concentrar em um trabalho composto basicamente por cenas longas e muitos momentos silenciosos que deixam a amarga sensação de que nada acontece durante toda a projeção, ainda mais para aqueles que assistem com muita expectativa e aos poucos precisam lutar contra a decepção. A impressão é que o filme dura muito mais que o divulgado, algo que uns bons cortes na sala de edição resolveriam facilmente adicionando ritmo e melhorando consideravelmente o envolvimento do público com o longa.

terça-feira, 5 de julho de 2016

A QUEDA DO PODER

NOTA 8,0

Readaptação feita para a TV de
obra pouco conhecida de Orson
Welles tem mensagem universal e
atemporal sobre tolerância e caráter
Manter a tradição de um nome e consequentemente o status financeiro e social não é uma tarefa fácil. Hoje em dia ainda há muitas famílias espalhadas por aí que tentam sobreviver as custas do sobrenome do clã, mas embora a tática ainda engane alguns ingênuos, é certo que praticamente todo mundo sabe que elogios e prestígio não pagam contas. O problema é quando os próprios “novos pobres” não fazem questão alguma de deixar a ficha cair e além de tentarem manter um padrão de vida que não lhes convém mais ainda não perdem o velho hábito de pisotearem nos outros. Pois é essa lição de vida que recebe o protagonista de A Queda do Poder, drama de época baseado no roteiro adaptado pelo cultuado Orson Welles para um conto clássico europeu, “The Magnificent Ambersons”, de Booth Tarkington, que em 1942 ganhou versão cinematográfica sob o título Soberba. Dizem que os melhores perfumes estão nos menores frascos e talvez isso tenha chamado a atenção do cineasta Alfonso Arau a investir no remake de um longa que ficou esquecido com o passar dos anos, porém, sua mensagem continua super atual. O diretor foi fiel a essência do texto de Welles, mas precisou ampliá-lo para atender as exigências do porte do projeto. Apesar de todo o requinte para reconstruir cenários do final do século 19 e início do 20, a produção não foi feita para o cinema. Sua duração um pouco acima do normal e forma de edição denunciam suas raízes televisivas, como se fosse uma série de alguns poucos capítulos compilados posteriormente para lançamento em DVD ou simplesmente um telefilme mais pomposo. Com visual caprichado equiparável a produções de época cinematográficas, Arau, que infelizmente não conseguiu cravar outros sucessos após o premiadíssimo Como água Para Chocolate, mostra que um trabalho de televisão não precisa necessariamente ser de qualidade inferior e tampouco ser encarado como um rebaixamento aos profissionais que migram das telonas. É possível sim fazer um belo produto, mas quebrar barreiras dos preconceitos dos espectadores são outros quinhentos, ainda que neste caso a trama seja bastante atrativa com enlaces românticos ameaçados pela empáfia de um rapaz que ficou cego pela ambição, inveja e apego as tradições. Enquanto procurava provocar a infelicidade dos outros, não percebeu que estava destruindo a sua família e a si mesmo, mas enquanto se está vivo sempre há tempo para consertar os erros. 

sábado, 2 de julho de 2016

LÁGRIMAS DE FELICIDADE

Nota 3,0 Velha desculpa do reencontro de parentes em momento difícil aqui deixa a desejar

A carreira de Demi Moore merece uma análise minuciosa. Na década de 1990 ela era uma disputada estrela que emplacou sucessos como Ghost - Do Outro Lado da Vida e Proposta Indecente, mas parece que depois do polêmico Striptease seu currículo ganhou uma enorme mancha motivo de repúdio por diversos produtores e diretores. Sua imagem sensual em alguns poucos filmes acabou indo contra sua própria carreira e soma-se a isso também sua agitada vida pessoal, com relacionamentos fracassados e pontuados por escândalos e certas particularidades não muito bem vistas pelo grande público. Já faz muitos anos que a atriz só consegue participar de produções fracas, desinteressantes ou até mesmo confusas, isso quando faz algo para o cinema, já que sua presença está cada vez mais rara. Nem mesmo sua participação no blockbuster As Panteras - Detonando conseguiu reavivar o interesse em seu nome. Bem, tal aventura de fato cavou ainda mais o buraco em que já estava enfiada. De estrela do primeiro time de Hollywood, ela acabou sendo rebaixada, e pelo visto se acostumou, a coadjuvante de luxo como no caso do drama Lágrimas de Felicidade. O título é um convite irresistível para quem gosta de histórias emocionantes, mas é provável que as únicas lágrimas que o espectador irá verter são de raiva por ter perdido tempo com algo tão insosso. Moore vive Laura que está voltando para a casa onde passou sua infância para ajudar Joe (Rip Torn), seu pai que está doente. Ao mesmo tempo, sua irmã Jayne (Parker Posey) também está regressando para também ajudar, mas esse encontro forçado as obriga a confrontarem-se com memórias afetivas e a vida familiar nada perfeita. Enquanto Laura está convencida de que o pai necessita de cuidados e atenção permanentes, Jayne não acredita que as coisas vão tão mal e leva tudo com menos seriedade, o que gera diversos conflitos entre elas que não esperavam ter que dividir espaço com Shelley (Ellen Barkin), mulher que se passa por enfermeira domiciliar para ficar mais próxima do doente com quem mantém um romance às escondidas.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

HÉRCULES (1997)

NOTA 10,0

Embora não seja um dos
títulos mais apreciados
Disney, longa inova na
linguagem e visual
Nos anos 90 a Disney viveu dois momentos distintos. A primeira metade da década foi marcada por estrondosos sucessos baseados em contos clássicos infantis. Em 1994 tiveram êxito ainda maior ao arriscarem lançar uma animação original e longe das histórias de fadas e princesas. O Rei Leão inaugurou uma nova fase para o estúdio que passou a apostar suas fichas em histórias que antes eram mais indicadas aos adultos. Obviamente os textos sofreram alterações para se adequarem ao público infantil, mas ainda assim mantiveram certos pontos que outrora seriam proibidos em desenhos da empresa. Reunindo ingredientes para agradar crianças e adultos, aliando inovação e tradição, assim nasceu Hércules, a versão animada, colorida e cheia de adrenalina do conto do semideus que antes já havia ganhado diversas versões para o cinema e TV, mas talvez nenhuma tão divertida e inovadora quanto esta. É uma pena que não foi o sucesso que merecia ter sido, mesmo sendo lançado na época em que praticamente não havia concorrentes a altura de um produto Disney. Depois da dramaticidade excessiva de Pocahontas e O Corcunda de Notre Dame, os animadores da companhia estavam inspirados a fazer o público se divertir do início ao fim e prepararam um trabalho que transforma a edição rápida das cenas em elemento fundamental. Outra das grandes e bem-vindas inovações foi colocar um quinteto de musas que narram o conto através de canções que misturam estilo gospel, jazz e blues, sempre intercalando a trama em momentos estratégicos. A história começa apresentando o nascimento do pequeno Hércules, o filho do poderoso Zeus e de Hera. Todos os deuses do Monte Olimpo comemoram a notícia, menos Hades, o irmão ciumento do mais novo papai do pedaço. Quando Zeus travou uma guerra contra o Mal e enclausurou os monstros Titãs nas profundezas da terra, ele também castigou seu irmão obrigando-o a tomar conta do limbo, o lugar onde as almas penadas vivem. Graças a ajuda das Parcas, espécie de bruxas com poderes especiais e o dom de encerrar vidas, Hades descobre que 18 anos mais tarde ocorrerá o raríssimo evento do alinhamento dos planetas que revelará onde os Titãs foram aprisionados. Dessa forma ele poderia tomar o poder do mundo dos deuses para si, mas Hércules seguramente será uma pedra no seu caminho. A única maneira de impedir o triunfo do jovem seria ele não sendo um imortal, assim o Deus do Mal manda seus comparsas Agonia e Pânico sequestrarem o bebê e forçá-lo a tomar uma poção que o transformaria em humano. Os atrapalhados capangas acreditam que fizeram tudo direitinho, mas uma última gota não foi consumida e o recém-nascido é adotado por um casal de simplórios fazendeiros que não desconfiam quem é aquela criança.