sábado, 23 de julho de 2016

SEDE DE VINGANÇA

Nota 6,0 Obsessão por vingança leva homem comum a atos extremos em obra simples e eficiente

O nome do escritor Stephen King ajuda a vender um filme aos produtores e consequentemente é certeza absoluta de retorno financeiro. Bem, nem sempre os resultados são satisfatórios. A trajetória do autor no cinema é repleta de altos e baixos. O próprio já chegou a ser diretor da adaptação de uma de suas obras decepcionado com os resultados que outros cineastas ofereceram em outras oportunidades. O fato é que as vezes menos é mais e é isso que prova o suspense Sede de Vingança que está longe de ser uma das melhores adaptações cinematográficas do escritor e tampouco uma obra memorável de seu gênero, mas de qualquer forma prende a atenção do início ao fim. Baseado em um curto conto de King, a trama começa com um discurso vingativo de um homem enquanto a câmera capta a aspereza de um asfalto de estrada. Ele é Robinson (Wes Bentley), um professor de ciências que vivia muito feliz com a esposa Elizabeth (Emmanuelle Vaugier) que não vê a hora de engravidar. A vida do casal muda completamente quando presenciam uma chocante cena em uma região desértica dos EUA. Um caminhão repleto de mulheres traficadas para fins de prostituição é interceptado por Jimmy Dolan (Christian Slater), o maior mafioso da região. Ele promove uma verdadeira chacina, o casal observa tudo e depois denuncia à polícia, esta que já está saturada de denúncias do tipo e parece até compactuar que tragédias assim aconteçam para amedrontar novos possíveis imigrantes ilegais que desejam invadir o território norte-americano para roubar as terras e empregos que por direito seriam da população ianque. Mesmo com o absurdo descaso da polícia local, que preconceituosa creditava o tal crime a um negro, o casal segue em frente com a denúncia e então passa a viver sob a proteção do FBI até que chegue o dia do julgamento de Dolan. O problema é que nem preso ele está ainda.

A morosidade da Justiça parece ser um problema em qualquer parte do mundo. O mandato de prisão só pode ser expedido quando a polícia tem provas concretas de um crime, o que não é o caso, portanto Dolan continua fazendo seus negócios sujos e recrutando garotas como se escolhesse produtos em um mercado para atender as exigências de pessoas com caráter piores que o dele. Conforme o tempo passa as coisas só se complicam mais e até as poucas testemunhas que poderiam acusar o mafioso acabam sendo assassinadas e um fato chocante faz com que Robinson decida fazer justiça literalmente com suas próprias mãos e suor. Por meses ele estudou os hábitos e comportamentos de seu algoz, treinou tiro ao alvo por conta própria e bolou um plano para capturar Dolan. O primeiro falhou, mas o segundo foi estrategicamente pensado, uma vingança sem pressa e um tanto claustrofóbica. Passado praticamente inteiro sob um sol escaldante, o filme dirigido por Jeff Beesley consegue envolver o espectador com uma trama enxuta e de clima exasperante. A forma que encontra para capturar o criminoso pode ser um tanto estapafúrdia, mas faz parte do show, se bem que se imaginarmos que existem pessoas com coragem de amontoar dezenas de semelhantes em um caminhão e não pensar duas vezes antes de matá-los é bem mais acachapante e diante disso nada mais é impossível, ainda mais quando vemos Dolan interessado em um novo negócio: tráfico infantil. Apesar dos bons ganchos para explorar a respeito do submundo da criminalidade, embora uma temática bastante difundida, o roteirista Richard Dooling não quis fugir da essência do conto original e focou suas atenções quanto aos planos de vingança de Robinson. Slater e Bentley, dois atores comumente subestimados, conseguem travar um interessante conflito e seguram bem a onda sendo o centro das atenções boa parte do tempo. Sede de Vingança mostra que um filme simples não significa ser um produto ruim, é apenas uma forma econômica de realizar um passatempo objetivo sem deixar de lado a qualidade.

Suspense - 88 min - 2009

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