Nota 6,0 Animação tem trama madura e com elementos diferentes, mas peca pelo ritmo irregular
Já faz tempo que desenho animado não é mais coisa
só para crianças, mas é curioso ver como algumas técnicas antigas de animação
hoje em dia só sobrevivem mirando no público adulto. Max e Companhia é um bom
exemplo disso. Seus personagens do bem são simpáticos e fofinhos e seus vilões
medonhos, mas não se engane pelo aspecto simplório desta produção feita em
stop-motion (animação com massinhas). Embora o público infantil, tendo boa
vontade, possa se encantar com seu visual, seu conteúdo na realidade é repleto
de ironias e críticas e deve ser mais bem compreendido por platéias com mais
idade e esclarecidas. Produzido entre Estados Unidos, Bélgica, Suíça e a França, a trama gira em torno de Max, um adolescente que está em
busca de seu pai que jamais conheceu, o outrora famoso músico Johnny Bigoude. A
caminho da cidade de Saint-Hilare, o garoto pega carona com Sam, um artista
decadente que parece levar uma vida sem preocupações com o futuro, importando
apenas o presente. Quando chega ao seu destino, Max é acolhido pela Madame
Doudou, uma simpática professora aposentada que lhe consegue um emprego na
fábrica de um de seus ex-alunos, o bon-vivant Rodolfo. Esse cara adora
aproveitar tudo o que a vida tem de melhor a lhe oferecer e não soube cuidar do
patrimônio que recebeu de herança de um finado tio e agora a fábrica de
mata-moscas Bzzz&Co está correndo o risco de encerrar suas atividades. Os
acionistas então decidem nomear um ambicioso e intratável novo administrador, o
excêntrico Martin, um cientista que acredita que as poucas moscas que restaram
na região aprenderam a se esquivar dos efeitos nocivos dos inseticidas da
empresa e assim decide fazer experimentos para criar novas subespécies resistentes
ao veneno e assim impulsionar novamente as vendas dos produtos. O problema é
que sua ganância o cega e ele não pensa nos efeitos negativos de tal ação.
Além do trambique envolvendo a criação de uma nova
super espécie de moscas, a história criada pelos irmãos Samuel e Frédéric
Guillaume, ou simplesmente Sam e Fred, em parceria com Felicie Haymoz, traz
outras boas ideias. Max ganha um subemprego na fábrica, mas é contratado para
substituir todo um grupo de funcionários que foi demitido. Muitos outros foram
mandados embora para cortes de despesas, mas quando a população se revolta ao
descobrir o golpe dos insetos mutantes Rodolfo surge com a desculpa de que tudo
aquilo era necessário para assegurar a saúde da empresa que seria a única
grande fonte de renda da região, uma maneira de praticar suborno oferecendo a
recontratação dos empregados demitidos. Problemas do mundo real transferidos a
um desenho animado que ainda guarda algumas ousadias nos diálogos e em detalhes
visuais, como no grupo de acompanhantes femininas que cercam o dono da fábrica,
a sensualidade implícita na personagem Cathy, a garota-propaganda dos
inseticidas, e até mesmo na coragem de colocar a bondosa Doudou como vítima
fatal do grupo de insetos modificados. A premissa realmente é genial, mas
infelizmente a condução da narrativa, embora enxuta, pode se tornar enfadonha
se não captar a atenção do espectador logo nos seus primeiros minutos. Não há
gags visuais ou diálogos e personagens explicitamente engraçados, tampouco
musiquinhas bonitinhas, assim o filme apóia-se em momentos isolados de boas
sacadas. Com direção geral de Emmanuel Salinger e Christine Dory, Max e
Companhia não é de forma alguma um produto ruim, pelo contrário, mas
sua embalagem diferenciada pode enganar muita gente, mas ainda bem que agrada
em cheio ao público que curte um cinema diferenciado, ainda mais quando se
trata do campo das animações que hoje é dominado pela arte computadorizada da
Pixar e tantas outras produtoras que seguem fórmulas idênticas. Vendido com um
produto dos mesmos criadores (apenas alguns, não toda a equipe) de A Fuga das Galinhas e Toy Story, este desenho guarda a
inteligência e a beleza visual de ambos, guardada as devidas proporções, mas
infelizmente fica devendo em agilidade similar. De qualquer forma vale uma conferida
descompromissada.
Animação - 75 min - 2007
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