Nota 6,5 Drama sobre disputa de casais pelo amor de uma criança poderia render muito mais

Já vimos outras vezes no cinema casais brigando pela guarda de crianças e ocupando lados opostos bem delineados nesta situação. O lado do Bem e o lado do Mal são traduzidos de forma estereotipada pela situação econômica, profissional ou emocional destas pessoas, recursos necessários para possibilitar a aproximação do espectador deste conflito e dar a opção de torcer por uma das duplas, mas sem perder o foco nos problemas vividos pelo menor que fica dividido entre escolher pela família de sangue ou a de criação ou, neste caso, optar por experimentar uma vida simples ou continuar com o luxo. O roteiro de Michael Lachance e Stephen J. Rivele até consegue prender a atenção até o fim, mas jamais chega a ser algo arrebatador. A tensão gerada pela dúvida de quem Joey escolherá para serem seus pais de agora em diante e as decepções dos Porters ao verem o sonho da família feliz ruir poderiam render sequências bem mais emocionantes, assim como para o casal Campbell que demonstra grande afeto pelo garoto. Aliás, para eles a situação é ainda mais dramática, afinal de contas criaram laços com o garoto desde bebezinho e literalmente substituíram os pais biológicos. O próprio Joey parece não querer a troca não só de responsáveis, mas também de estilo de vida. Nestes casos os direitos previstos em leis devem prevalecer sobre os sentimentos? A questão é bastante polêmica, é até mostrado que a justiça prevê que os pais de sangue podem tentar “conquistar” o menor com demonstrações de afeto, mas um quarto especialmente decorado ou uma casinha na árvore substituem o afago dos pais adotivos na hora da dor ou a vibração diante de algum êxito durante os seis anos que passaram juntos? É uma pena que além do roteiro ser desenvolvido com receio de colocar o dedo na ferida, até o diretor Jon Gunn parece não querer se arriscar e o resultado final é digno de um filme feito para TV. De Coração Partido é rápido, bem feitinho, interessante, porém, algo que deixa ao subirem os créditos finais a sensação de que faltaram certos elementos para reforçarem um produto que prometia bem mais. Até o garotinho acaba se tornando um coadjuvante quando na verdade deveria ser o protagonista, ainda que seu intérprete não seja tão carismático quanto outros astros mirins que deixaram sua marca na História do cinema. De qualquer forma, é um passatempo de qualidade e razoavelmente emocionante.
Drama - 104 min - 2009
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