segunda-feira, 15 de junho de 2015

GODZILLA (1998)

NOTA 8,0

Diretor especialista em
filmes-catástrofes recria
monstro oriental com êxito,
mas fracassa nas críticas
O cinema japonês coleciona um ou outro sucesso fora de seu país natal, ainda que o visual de suas produções costumem chamar a atenção por sua excelência técnica, principalmente em obras épicas. Curiosamente, a grande marca do cinema feito na terra do sol nascente por um bom tempo era um tanto tosca: um homem vestido com uma fantasia de monstro aterrorizando cidades. Criado na década de 1950, o personagem Godzilla protagonizou exatos 22 longas-metragens ao longo dos anos até que em 1998 foi prometida sua versão definitiva, mais aterrorizante e lucrativa de todos os tempos. Godzilla finalmente ganhava seu remake americano e o enredo prometia uma aventura de tirar o fôlego. Na Polinésia, a radiação causada por testes nucleares bancados pela França provoca uma transformação na vida de todos os seres vivos daquela região e uma destas mutações é o surgimento de um réptil colossal impossível de ser capturado e mantido em cativeiro em seu próprio território de origem. Ao descobrir pegadas gigantescas no Panamá, o governo americano convoca o biólogo Nick Tatopoulos (Matthew Broderick), um perito em modificações do DNA, para analisar as transformações que um simples lagarto sofreu em virtude de radiação nuclear, porém, sua missão tende a ser mais difícil. Ele precisa ajudar a descobrir como deter este imenso réptil que vai parar em Nova York. Nada consegue impedir a fúria desse monstro e a cidade que nunca dorme fica em pânico com essa aparição que destrói tudo o que vê no seu caminho. E a pior notícia ainda está por vir. O biólogo descobre que o imenso réptil está "grávido", pois se reproduz de forma assexuada. Assim, em pouco tempo seus ovos se quebrarão e darão origem à uma ninhada, sendo que cada cria poderá logo colocar seus ovos também. Assim, se o ninho não for logo descoberto, a cidade será completamente destruída. No encalço do lagarto gigante ainda estão o agente secreto francês Philippe Roaché (Jean Reno), o cinegrafista Victor Palotti (Hank Azaria), que quer lucrar conseguindo uma imagem impactante do monstro, e ainda a repórter Audrey Timmonds (Maria Pitillo), ex-namorada de Nick que se reaproxima do rapaz para conseguir a matéria de sua vida, mas que acaba descobrindo que ainda não o esqueceu totalmente.

Uma historinha de amor em meio ao caos? Propor uma discussão a respeito dos efeitos nocivos das experiências científicas? Mostrar como a população e os governantes de uma cidade se comportam em momentos problemáticos? Não, o diretor e roteirista Roland Emmerich não estava afim de quebrar a cabeça e tampouco fazer com que o público se preocupasse com questões éticas, históricas, políticas, sociais e afins. O lance era diversão do início ao fim e por isso desde a exibição dos créditos iniciais não precisamos nos preocupar em pensar em nada. Em tom sépia, imagens de explosões nucleares e dos temidos dragões de komodo se alternam na tela e já indicam a origem do personagem-título. Os primeiros minutos do filme podem parecer eternos e com diálogos tolos para encher linguiça, mas servem para preparar o terreno para a aparição da estrela da festa, assim como Steven Spielberg fez nos filmes da série Parque dos Dinossauros, com a diferença de que o mestre adicionou conteúdo a esses esquentas. Aliás, tais produções certamente inspiraram os trabalhos para ressuscitar o famoso monstro japonês, tanto que as cenas de ataque dos “babyzillas” são muito semelhantes as sequências protagonizadas pelos velociraptors de Spielberg. Emmerich trouxe o Godzilla de volta aos cinemas com força total, uma campanha de marketing agressiva que contou com dezenas de produtos que iam desde alimentos até vestimentas e que praticamente pagaram o longa antes mesmo de sua estreia que em solo americano ultrapassou as expectativas até mesmo de Titanic, o maior êxito comercial cinematográfico até então. Em versão de luxo, o Godzilla proposto pelo cineasta alemão é uma perfeita combinação de lagarto com dinossauro, ambos super desenvolvidos, uma criatura gigantesca que teve seu visual guardado a sete chaves até seu lançamento. Na época era fácil manter em sigilo as surpresas de um filme já que a internet era artigo de luxo em boa parte do mundo e consequentemente a pirataria era praticamente inexistente. Todavia, o emprego de efeitos especiais de ponta, o acréscimo de movimentos mais acelerados e rugidos de arrepiar não foram suficientes para transformar esta aventura em um grande sucesso. Como já dito, com as vendas de bugigangas com a logomarca do filme somadas às bilheterias fecharam as contas com folga, mas boa parte do público reagiu negativamente e a crítica especializada massacrou o arrasa-quarteirão. Tremenda injustiça. Havia e ainda há coisas bem piores para serem malhadas.

O fato de ter sido lançado exatamente um ano depois de O Mundo Perdido – Jurassic Park certamente atrapalhou a carreira do monstro de origem oriental, pois ambas as histórias possuem pontos semelhantes e o boca-a-boca tratou de espalhar tal coincidência. Mas o que as pessoas esperavam de um filme sobre um animal gigantesco transitando nas agitadas ruas de Nova York? Destruição, mortes e correria, não mais que isso a sinopse propunha e o próprio diretor confirmava seu intuito de apenas divertir e não de esclarecer questões científicas acerca do surgimento do monstro ou a respeito de transtornos psicológicos dos humanos diante das dificuldades. Assim, após a curiosidade sobre o visual moderno da criatura chinfrim de outrora não há muito que se esperar da produção. A trama não é revolucionária, mas ainda diverte e garante uma boa sessão da tarde. E Emmerich tem no sangue o talento para o cinema catástrofe. Teve carta branca para este trabalho graças aos excelentes resultados de Independency Day e futuramente ainda viria apostar na destruição do mundo e o eminente fim da humanidade em O Dia Depois de Amanhã e 2012. Em Godzilla simplesmente ele viu o apocalipse de maneira mais comedida e através da fantasia, mas cai entre nós é certo que os humanos com suas armas de fogo causaram bem mais estragos que o largatão. Destaque para a longa sequência envolvendo a primeira aparição e ataque do monstro à cidade grande, cenas repletas de adrenalina e muito bem realizadas, e para o desempenho de Matthew Broderick que com sua cara de eterno adolescente sempre se sai bem em produções que são puro entretenimento. Também vale destacar a ambientação claustrofóbica de boa parte do longa. A equipe só podia filmar na parte da noite para não atrapalhar o cotidiano de Nova York e a chuva intensa veio a calhar. O final deixa um gancho para uma continuação, mas após mais de uma década parecia que esta aventura estava fadada a ser filha única mesma, porém, em Hollywood sempre há uma luz no fim do túnel e vira e mexe voltam os boatos de uma refilmagem do longa de 1998 ou um roteiro inédito. Enquanto tais idéias não evoluem podemos nos divertir com este filme B luxuoso de Emmerich que certamente marcou a infância de muita gente.

Aventura - 139 min - 1998

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Um comentário:

Rafael W. disse...

O pior filme de Roland Emmerich, que por incrivel que pareça, é um diretor que eu gosto.

http://cinelupinha.blogspot.com/