sábado, 7 de fevereiro de 2015

PERSEGUIÇÃO - A ESTRADA DA MORTE

Nota 7,0 Road movie tem ares setentistas e usa o suspense psicológico para prender atenção

Histórias sobre estradas mal assombradas existem aos montes em qualquer lugar do mundo, mas muito mais aterrorizante que almas penadas vagando por ai é pensar que sádicos assassinos de carne e osso podem estar no veículo que está na frente do seu carro, te vigiando no que vem logo atrás ou ainda o cercando pelas laterais. Pior ainda ter a nítida percepção de que por vezes está sendo vigiado por uma figura onipresente que pode te surpreender a qualquer momento não importa o lugar. É essa sensação de claustrofobia a céu aberto que temos assistindo Perseguição - A Estrada da Morte, um suspense com pegada jovem, mas muito acima da média do que geralmente é oferecido aos adolescentes, assim tornando-se uma boa opção também para adultos, isso desde que você não leve tão a sério o enredo que por vezes soa inverossímil. Faz parte da diversão. Os protagonistas, na época em início de carreira, seguram bem as pontas e apresentam desempenho infinitamente superior a muitos outros jovens que se aventuram em fitas do gênero, mas isso não os livra de dar vida a personagens estereotipados. O roteiro de Clay Tarver e J. J. Abrams (sim o cara que lançou a série "Lost") acompanha a viagem do jovem Lewis Thomas  (Paul Walker) que vai atravessar os EUA rumo ao Colorado para encontrar uma amiga que é a mulher de seus sonhos, Venna (Leelee Sobieski), mas os seus planos românticos mudam quando ele precisa primeiro buscar seu irmão mais velho, o arruaceiro Fuller (Steve Zahn), que está saindo da prisão. Mesmo após a reclusão o rapaz não muda seu jeito e continua aprontando confusões e acaba envolvendo o irmão em uma perigosa brincadeira com um caminhoneiro através de um rádio antigo usado por motoristas para trocarem informações. O homem misterioso se apresenta como Parafuso (no original é chamado de Rust Nail) e cai na conversa dos rapazes na qual Lewis finge ser uma mulher, a Docinho de Coco (ou Candy Cane), e marca um encontro em um motel de beira de estrada. O que eles não imaginavam é que o destino se encarregaria de transformar essa travessura em um tremendo pesadelo que só viria a piorar quando Venna também cai no radar do sádico.

Mesmo sem ter fantasmas, monstros ou assassinos mascarados, podemos dizer que esta fita do diretor John Dahl se enquadra perfeitamente na definição de filme B: uma produção simples, eficiente quanto a entretenimento e que transforma a falta de recursos em qualidades ao optar por um tom mais realista, mas sem abandonar certos absurdos. A ideia principal, um misterioso caminhoneiro que persegue motoristas por estradas desertas, lembra muito a premissa de um dos primeiros filmes dirigidos por Steven Spielberg, Encurralado, mas o roteiro ainda bebe na fonte do sucesso A Morte Pede Carona e o próprio diretor já havia se aventurado pelo terreno dos road movies em Morte Por Encomenda. Parafuso não está interessado em fazer picadinho de suas vítimas, mas sim aterrorizá-las aproveitando-se de sua facilidade para surgir de onde menos se espera e revelar detalhes particulares das ações dos jovens. Equilibrando tensão, bons sustos, reviravoltas e os corriqueiros clichês e momentos de alívio cômico, é praticamente impossível não roer as unhas com as diversas cenas de perseguição e se arrepiar a cada nova aparição do imponente caminhão acompanhando de uma perturbadora buzina. Explorando o campo do thriller psicológico, Dahl constrói com perfeição o crescente clima de tensão em estar na mira de um desequilibrado e conta com a ajuda de uma excelente parte técnica, principalmente de edição, que injeta adrenalina na dose certa, e de fotografia, que precisa driblar as dificuldades das cenas de perigo, a maioria tomadas noturnas. Filmagens em ambientes escuros nem sempre geram bons resultados e podem deixar o filme monótono, mas neste caso a iluminação e os ângulos de câmeras foram escolhidos a dedo para criar a ambientação de uma estrada deserta, na penumbra, e ainda assim oferecer nitidez aos espectadores. Contudo, não espere ver em detalhes características do vilão. Sua identidade fica em segredo, mas o roteiro peca ao não apresentar coadjuvantes suspeitos para  instigar o espectador a brincar de detetive. Sem apelar para sangue e violência gráfica, Perseguição - A Estrada da Morte garante diversão de qualidade, ainda que caminhe por uma estrada previsível e o final decepcione por deixar dúvidas no ar.

Suspense - 96 min - 2001 

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