sexta-feira, 6 de agosto de 2021

TÁ TODO MUNDO LOUCO!


Nota 8 Elenco inflado vive as mais absurdas situações em obra de humor datado, mas funcional


Whoopi Goldberg, Cuba Gooding Jr, John Cleese, Rowan Atkinson (o eterno Mister. Bean) e mais um punhado de artistas que você não sabe o nome, mas tem certeza de que já os viu em algum lugar. Imagine todos eles juntos em um mesmo filme. Seria o circo dos horrores?  Para muitos sim, mas não há como negar que Tá Todo Mundo Louco! provoca boas gargalhadas do início ao fim. Assumidamente uma comédia do tipo besteirol, a julgar pelos créditos iniciais com o manjado truque de bonequinhos animados para apresentar o elenco, prestando bem atenção na verdade podemos encontrar piadas bem boladas jogadas em meio a amalucada narrativa sobre uma excêntrica gincana. Um grupo de bilionários liderados por Donald Sinclair (Cleese), todos fanáticos por jogatinas e apostas, resolve inventar um novo jogo, uma espécie de reality show privado. Eles escolhem aleatoriamente algumas pessoas que se hospedaram em um hotel-cassino, como Owen (Gooding Jr.), Vera (Goldberg) e Enrico (Atkinson), e propõem a elas uma caça ao tesouro. A vários quilômetros do hotel, no Novo México, milhares de dólares esperam por algum sortudo em uma estação de trem e os escolhidos, junto com amigos ou familiares, então partem em uma louca disputa, cada grupo seguindo um caminho diferente, mas todos enfrentando situações uma mais bizarra que a outra. 

A partir do sinal da largada, tudo pode acontecer e entram em cena um mix de piadas escatológicas, surreais, inteligentes, sarcásticas e inocentes. Tudo é válido para tentar arrancar gargalhadas de quem assiste a partir das peripécias vividas pelos tipos mais loucos que invadem a tela, como uma ciumenta compulsiva, um mórbido motorista de ambulância e até um homem que sofre de narcolepsia. Enquanto isso, Sinclair e seus comparsas  podres de ricos se divertem acompanhando o trajeto de cada um dos participantes através dos chips implantados nas chaves que foram dadas a cada um deles. Qualquer uma delas abre o armário da estação, assim todos tem chances iguais de levar a bolada, só depende das escolhas particulares para completar o longo trajeto. O roteiro tem diversas piadas de mau gosto e os personagens são verdadeiros imbecis, mas não é preciso ser tão radical. É necessário analisar a proposta do trabalho para não sermos injustos com um produto que alcança seus objetivos com folga. A ideia do diretor Jerry Zucker, que fez muito sucesso com comédias como Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu! e Corra Que a Polícia Vem Aí, era fazer humor escrachado e nonsense, principalmente investindo no humor visual e absurdo. A cada minuto é disparada uma nova piada ou gag, umas excelentes, algumas ruins e outras tantas de caráter duvidoso, mas é impossível não gargalhar por diversas vezes e se entreter ao menos com um dos vários segmentos.


Andy Breckman, autor que por anos foi roteirista do famoso programa de TV "Saturday Night Live", foi muito habilidoso ao trabalhar com diversas tramas paralelas e conseguir dar espaço semelhante para todo o inflado elenco brilhar e deixar sua marca através de personagens estereotipados e careteiros. A maioria habituada ao campo de humor, talvez raramente os atores envolvidos tenham tido tantos momentos divertidos em um mesmo trabalho. É praticamente impossível descrever tudo que acontece a cada personagem. Só vendo para crer que tantos absurdos juntos funcionem e nos façam gargalhar. Algumas situações são bem interessantes, como a citação ao Museu da Barbie que na verdade é um local que homenageia um representante do nazismo cujo sobrenome, ironicamente, é o mesmo da famosa boneca, a deixa para passarem maus bocados o casal Beverly (Kathy Najimy) e Randy Pear (Jon Lovitz) e seus filhos pequenos. Já  Owen tenta bancar o esperto encurtando caminho ao se fingir de motorista de uma excursão do clube das fãs do seriado "I Love Lucy", obviamente uma viagem nada tranquila, enquanto Enrico, menos obcecado pelo prêmio e encarando o desafio mais como um passeio, vez ou outra empaca por seu problema de cair no sono a qualquer hora e lugar.

E há quem embarque na competição não pensando exclusivamente em ficar milionário. Vera acaba de reencontrar após quase trinta anos de afastamento a estressada filha Merrill (Lanei Chapman) e vê a possibilidade de reatar laços passando mais tempo juntas, no entanto, vivenciam uma montanha russa de emoções. Elas não compram um esquilo durante a gincana (Kathy Bates faz uma rápida e feliz participação como vendedora) e se arrependem amargamente. Depois embarcam em um teste de uma super aeronave e acabam se misturando a uma turma de malucos e deficientes. Entre as piadas tolas, mas ainda assim engraçadas, temos ainda a aparição de uma vaca para atrapalhar os planos dos já estabanados irmãos Blaine (Vince Vieluf) e Duane Cody (Seth Green) e de Zack (Wayne Knight), este designado a transportar um coração para transplante que é manuseado à exaustão e até serve de bola para entreter um cachorro vira-lata. E porque não aproveitar a viagem para vigiar se o namorado está se comportando? É o que faz Tracy (Amy Smart) a bordo de um helicóptero para desespero de Nick (Breckin Meyer) que até então estava afim de um flerte com a moça. Loucura demais dentro de um só roteiro? Repetindo, só vendo para crer que tanta bobeira junta resulte em um filme acima da média. 


Na época do lançamento, a seara das comédias vivia o ápice das paródias de sucessos do cinema, como Todo Mundo em Pânico, e das produções libidinosas adolescentes, como American Pie, e ainda dividia atenções com a ascensão das obras do circuito alternativo carregadas de simbolismos e críticas. Tá Todo Mundo Louco! então surgia como um bem-vindo respiro, mesmo apelando para uma fórmula datada, mas que atinge o equilíbrio entre o anárquico e o inocente. Mesmo com tanta confusão em cena, vale destacar a mensagem subliminar do enredo. De forma bem humorada é exposta a ganância do ser humano e o individualismo tão comum em nosso cotidiano. Na conclusão, somos presenteados com uma bela lição de solidariedade, embora sobre alfinetadas para as tão famosas campanhas de doações financeiras feitas por emissoras de TV que jogam um verniz sobre mazelas sociais para oferecer shows beneficentes. Mesmo com suas falhas e exageros, deixe o espírito de crítico carrancudo de lado, coloque o cérebro para descansar e aproveite ao máximo essa louca viagem.

Comédia - 112 min - 2001 

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3 comentários:

Rafael W. disse...

Filme divertidissimo. E possui uma ótima mensagem.

http://cinelupinha.blogspot.com/

Mateus Souza disse...

Sou da parte que acredita que pode-se fazer um filme leve, sem muitas pretensões intelectuais, mas com qualidade. Esse não é bem o caso. Triste de ver John Cleese nesse tipo de produção.

=]

marcosp disse...

kkkkkkk, amooooooooo, que viagem maluca pela ganância hein, e que final atípico..., enfim é um roteiro tantã recheados de preconceitos típicos, (mas quem não os tem alguma vez na vida),... minha cena predileta, são dos esquilos, recomendo para uma sessão da tarde, com uma boa pipoca e guaraná...