terça-feira, 17 de janeiro de 2017

PEQUENOS INVASORES

NOTA 6,5

Com piadas manjadas, conflitos
clichês e efeitos especiais que
parecem ultrapassados, comédia
diverte por assumir aura de filme B
A junção de atores reais à criaturas digitais em um mesmo ambiente há muito tempo não é novidade alguma. Alienígenas invadindo o planeta Terra também não servem mais como chamariz de público, pelo contrário, podem até afastá-lo. A fantasia de tal situação já está arcaica para uma época em que a tecnologia permite que o próprio espectador possa brincar de caçar extraterrestres na tela do computador, da TV ou de qualquer outra bugiganga portátil. Então qual a explicação para a existência em pleno século 21 de uma produção como Pequenos Invasores? Assumindo seu lado despretensioso e sua aura de filme B, a fita acaba surpreendendo aos fanáticos pelo estilo nostálgico e sessão da tarde e surge como um respiro em meio a produções tão semelhantes oferecidas ao público infanto-juvenil. Mesmo com a premissa batida e seu visual datado, esta opção acabou se diferenciando de certa forma e caiu no gosto da garotada. O “retrocesso” foi bem-vindo neste caso. A trama escrita por Mark Burton e Adam F. Goldberg se passa em um cenário manjado, em uma casa de campo, afinal existe ambiente mais propício para coisas estranhas acontecerem que uma residência isolada? A família Pearson, embora seus integrantes não se entendam muito bem, está reunida para curtir o feriado de 4 de julho, dia da independência dos Estados Unidos e data que também ficou marcada como símbolo de uma das maiores invasões alienígenas que o cinema já mostrou graças a ficção Independency Day. Por estas informações já é previsível os rumos do roteiro que tem um número elevado de personagens, portanto, não espere profundidade em suas personalidades, apenas o básico para você apontar um como o chato, aquele outro como bobão, o metido a esperto... Stuart (Kevin Nealon) e Nina (Gilliam Vigman) formam um casal harmonioso e com uma vida confortável ao lado dos filhos Hannah (Ashley Boettcher, excelente com suas falas em horas erradas), Tom (Carter Jenkins) e Bethany (Ashley Tisdale), respectivamente uma garotinha inocente, um nerd com problemas de auto-estima e uma adolescente que está naquela fase de não querer se misturar aos parentes para não ficar com o “filme queimado”. A jovem só parece feliz quando está ao lado do namorado Ricky (Robert Hoffman), a quem ela venera e ajuda a alimentar seu ego já um tanto inflado.

Quando o casal Pearson resolve alugar uma casa à beira de um lago para passar o feriado, os conflitos já existentes entre os irmãos aumentam já que terão que passar alguns dias na companhia de outros parentes. O tio separado Nate (Andy Richter) e seu filho metido a esportista Jake (Austin Robert Butler), os gêmeos hiperativos Art (Henri Young) e Lee (Regan Young) e a carinhosa vovó Rose (Doris Roberts) completam o grupo que nem imagina o que pode acontecer nesta viagem. Durante uma noite de tempestade, estranhos objetos vindos do céu caem justamente no telhado da casa de veraneio e de dentro deles surgem Skip, Razor, Sparks e Spike, pequeninos alienígenas dispostos a dominar a Terra controlando a mente dos humanos. Tudo bem, não é novidade alguma tal plano, mas as situações desenvolvidas a partir dessa ideia garantem o humor da fita que se equilibra entre boas e más piadas, tanto visuais quanto do texto. O almofadinha Ricky, que sonhava em ter alguns momentos a sós com a namorada, mesmo ela não assumindo a relação para a família apresentando-o apenas como um amigo, é a primeira vítima dos aliens. Sem saber nada sobre o comportamento do rapaz, é óbvio que os visitantes do espaço vão dar mole para serem descobertos. A nova maneira do jovem agir vai chamar a atenção e as crianças da casa vão se aproveitar para zoar com ele, contudo, não demora muito a descobrirem o que realmente está acontecendo. A guerra então está declarada e os aliens vão tratar de confundir a criançada usando ao máximo o controle de mentes, lembrando que apenas os adultos são suscetíveis à dominação. As cenas mais engraçadas sem dúvidas são as que mostram a vovó controlada pelas criaturinhas. Tomada por uma força incomum, ela pula, dá cambalhotas, ensaia golpes de luta e corre feito uma garotinha, tudo bastante clichê, mas nem por isso a piada perde a graça e serve como o clímax da produção. A possessão de corpos é possível graças a um aparelhinho que não pode cair em mãos erradas, no caso, chegar ao poder de algum humano, principalmente das crianças que tentam de várias formas esconder dos adultos (um tanto avoados) o que está acontecendo visando protegê-los, outro manjado truque para no final fazer com que os pequenos se tornem heróis e sirvam de exemplo para o público-alvo da fita.

O título original, algo como “Alienígenas no Sótão”, deixa bem explícito que o alvo da invasão é a residência do Pearson, pelo menos em um primeiro momento. Ou melhor, a família deu azar de estar no lugar e na hora errados. Para facilitar a dominação do planeta eles precisam de um objeto que está enterrado debaixo da casa. Para se divertir com Pequenos Invasores é preciso se comportar como uma criança e esquecer detalhes. Com essa visão mais leve, além de não se preocupar com falhas, também será possível não se incomodar com a previsibilidade do texto com todos os clichês de sessão da tarde possíveis. Tom, o protagonista, não quer mais ser o nerd da turma e deseja ser um pouco mais descolado, mas a tentativa de adotar outro tipo de personalidade gera conflitos com seu pai adepto da mensagem que diz que para ser feliz basta ser você mesmo. Entre os alienígenas também há estereótipos. Um é o líder, dois são obedientes como soldados e Sparks é o inteligente do grupo, quem será responsável por de fato dar o pontapé inicial no sórdido plano de controle da raça humana, todavia, ele faria isso obrigado, pois na realidade prefere ficar alheio a esses assuntos de dominações de outros planetas. O diretor John Schultz optou por dar mais atenção ao lado guerrilha do roteiro, um prato cheio para desenvolver ideias mirabolantes e diversas engenhocas de combate. Não é a toa que o longa pode remeter vagamente a um clássico do gênero, Esqueceram de Mim. O próprio Tom é meio que esquecido por sua família assim como ocorre com o protagonista da citada comédia. A diferença é que o garoto não está literalmente sozinho em casa, mas se sente solitário de qualquer forma. Vencer os inimigos do espaço é a chance de finalmente ter sua existência reconhecida. No entanto, as criaturinhas estão longe de serem assustadoras. Feitos em CGI, mesmo recurso de animação usado em Força G, por exemplo, os aliens desta produção parecem brinquedos endiabrados, mas ainda assim cativantes. O resultado final da inserção de personagens animados interagindo com atores de carne e osso neste caso, no entanto, não traz nada de novo, inclusive dividindo opiniões. Há quem considere que o efeito obtido é semelhante aos de produções da década de 1980. Detalhes técnicos à parte, o fato é que Schultz alcança seus objetivos de entreter o público mais novo, ainda sem vícios cinematográficos, e consegue divertir os adultos dispostos a reviver memórias da infância.

Comédia - 90 min - 2009 

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