Nota 5 Contexto histórico e político é o que salva romance cujas tramas de amor não cativam
Em épocas de guerra muitas histórias de amor foram interrompidas e o cinema está sempre tentando levar ao público contos do tipo como alternativa para atrair pessoas avessas as atrocidades tão comuns aos conflitos (mortes, mutilações, bombardeios). Baseado em fatos reais, Por Amor e Honra é um desses exemplos, uma obra que em vários momentos nos faz até esquecer que a trama se passa no efervescente ano de 1969, época em que os ânimos acerca da guerra do Vietnã esquentavam, mas ao mesmo tempo as atenções estavam voltadas para aquela que seria a primeira viagem do homem à Lua. A trama escrita por Garrett K. Schiff e Jim Burnstein começa na província de Quang Nam quando um grupo de jovens militares americanos é atacado violentamente por vietnamitas. Após essa noite de tensão, o pelotão ganha uma semana de licença para seus membros poderem descansar. Entre os contemplados está Dalton Joiner (Austin Stowell) que sofre muito com as saudades que tem da namorada Jane (Aimee Teegarden), mesmo com o relacionamento um pouco abalado antes de sua viagem.
Joiner está disposto a reencontrar a amada, afinal está certo que a garota tinha medo dele não retornar e por isso não queria ficar alimentando falsas esperanças, e no dia que deveria pegar o avião de volta ao Vietnã o rapaz desiste da guerra e decide seguir para os EUA. Mickey Wright (Liam Hemsworth), seu grande amigo no exército, está certo que a moça já deve estar com outro amor, mas resolve acompanhar o rapaz na viagem, até porque ele está a fim de se divertir com garotas e bebidas. Jane vive em uma república e aceita bem a volta do namorado que chega até a pedi-la em casamento, porém, mais adiante o ciúme excessivo do rapaz começa a prejudicar a relação. Enquanto isso, Wright, que só pensava em diversão, logo se encanta por uma das colegas da jovem, Candace (Teresa Palmer), e esse namoro começa a ficar cada vez mais sério. Embora seja uma história romântica, é curioso que nenhuma dessas tramas empolgam realmente, soando muito frouxas.
O romance de Jane e Joiner não convence, inclusive a moça por várias vezes insiste que tem outro nome, detalhe que não agrega nada a trama. Já a outra trama é mais previsível e só ganha força porque está ligada diretamente ao conflito do Vietnã e a redenção, isca infalível para colocar o público na torcida. Os rapazes fugiram da guerra apenas por alguns dias, mas pretendiam voltar. Contudo, para Jane, Candace e seus amigos eles eram desertores, haviam abandonado o conflito por livre e espontânea vontade. Convivendo com essas pessoas contrárias a ofensiva no Vietnã por parte dos EUA, os soldados perceberam que a guerra já não tinha mais o mesmo significado de antes. Esses jovens foram iludidos pela ideia de quem lutasse seria elevado a posição de herói quando na verdade os verdadeiros vencedores seriam aqueles que tivessem coragem de enfrentar o sistema e negar seu alistamento.
Para não se indisporem com as garotas e tampouco com os outros jovens com quem passam a ter contato, Joiner e Wright vão levando a situação na base de mentiras, com frases de efeito e clichês ditas em tom farsesco, mas um dos moradores da república, o metido a intelectual Peter (Chris Lowell), desconfia deles e está disposto a descobrir toda a verdade e publicar em um periódico de bairro, o suficiente para chamar a atenção de autoridades que podem puni-los pela fuga. O argumento para a óbvia ruptura entre Wright e Candace futuramente soa um tanto fraco, mas mesmo assim os dois assumem de vez os papeis de protagonistas de Por Amor e Honra, mais um filme a explorar a redenção de um jovem irresponsável através da força do amor. Neste caso ele aprende que primeiro é preciso se amar e buscar sua própria felicidade para depois honrar o compromisso que assumiu com seu país para defendê-lo.
A essa altura a outra trama romântica já foi para o espaço e Joiner assume a posição de cupido colocando em prática um plano para ajudar seu amigo que não condiz com seu perfil até então ajuizado. Em suma, não é um romance memorável, mas ganha pontos ao colocar a guerra como pano de fundo, salvando-se principalmente os momentos em que alguns pensamentos interessantes são proferidos como a constatação de que a viagem à Lua foi uma forma que o governo americano encontrou para desviar a atenção dos jovens da guerra do Vietnã e assim diminuir as críticas e manifestações. De qualquer forma, a ator Danny Monney, com apenas dois filmes no currículo e já arriscando na direção de um longa, prova que ainda precisa atuar muito e prestar atenção nos bastidores para alçar voos maiores.
Romance - 95 min - 2012
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