domingo, 3 de maio de 2020

VIVENDO NA ETERNIDADE


Nota 7 Apesar de curto e sem grande profundidade, drama cativa com sua pureza e belo visual


Quem nunca imaginou viver para sempre e, melhor ainda, sem envelhecer? A busca pela receita da juventude eterna é uma grande fonte de inspiração para cineastas e é óbvio que uma temática tão fantasiosa não podia faltar no catálogo dos estúdios Disney, ainda que descartados em partes os aspectos negativos de tal devaneio. Não é só a madrasta da Branca de Neve ou a mãe postiça de Rapunzel que já buscaram esse milagre da vida nos filmes da empresa. Com atores de carne e osso, Vivendo na Eternidade é um adocicado drama típico para uma sessão em família a tarde e, apesar da simplicidade do texto, chama a atenção pelo seu visual bucólico e nomes consagrados que atraiu para seu elenco. Baseado no livro de Natalie Babbitt, a trama roteirizada por Jeffrey Lieber e James V. Hart tem como ponto de partida as memórias da juventude de Winnie Foster (Alexis Bledel) narradas em off. Ela relembra o tempo que conviveu com uma família completamente diferente da sua, pessoas para quem o passar do tempo literalmente demorava toda a eternidade.

A garota vivia em um casarão requintado e levava um cotidiano um tanto formal, mas seus pais (Victor Gaber e Amy Irving) ainda assim queriam mandá-la para um colégio interno distante onde teria uma educação ainda mais rígida, porém, tudo o que ela mais desejava era descobrir o mundo ao seu redor, principalmente visitar as terras de um bosque próximo cujas terras pertencem à sua família. Certo dia ela toma coragem e vai escondida até a floresta e conhece Jesse Tuck (Jonathan Jackson) que parece afoito, diz que ela não deveria estar lá e muito menos tocar na água do riacho que estaria contaminada. É óbvio que Winnie não está disposta a obedecer as ordens de um desconhecido e quando está prestes a se aproximar da água é capturada por Miles (Scott Bairstow), irmão de Jesse. Eles a levam para a casa dos Tucks onde a jovem é bem recepcionada pela mãe dos rapazes, Mae (Sissy Spacek), que diz que ela voltará para sua família assim que possível. 


Angus (William Hurt), o patriarca, também a recebe bem, mas em suas falas deixa no ar que existe algo muito estranho com essa família, como se sua existência no meio da mata fosse desconhecida por todos na região e assim deveria permanecer. O tempo passa e enquanto Winnie toma contato com um novo e divertido estilo de vida, chegando a perder a noção de quantos dias já está longe de casa, sua família acredita que ela foi raptada por um misterioso homem que conversou com ela dias antes de seu sumiço a respeito do bosque. Na realidade, o homem do casaco amarelo (Ben Kingsley – creditado com essa definição) já sabia que existia algum segredo naquelas terras, algo que poderia ser a chave para sua obsessão pela vida eterna e lhe render muito dinheiro. Ele lembra que sua avó falava que conheceu em um asilo uma mulher que vivia comentando sobre uma família imortal. Logo ele procura os Foster para dizer que sabe onde está a filha deles, mas os chantageia dizendo que só revelará o paradeiro quando eles lhe entregarem as escrituras do bosque. 

Família misteriosa, juventude eterna, bosque proibido... É bem previsível qual o segredo do longa, ainda mais para quem é escolado no estilo Disney de se fazer cinema. De qualquer forma, Vivendo na Eternidade cumpre bem seus objetivos e cativa com uma boa narrativa, tendo como alguns de seus melhores momentos os flashbacks a respeito do passado dos Tucks. O longa dirigido por Jay Russell transborda delicadeza a cada nova cena enriquecidas por uma bela fotografia e uma impecável direção de arte, que usa com eficiência o excesso de tons esverdeados e pastéis, que transporta o espectador para dentro cena facilmente sendo quase possível se sentir o frescor do ar que circula entre as árvores do bosque. Para completar, o elenco jovem é bastante competente, mas não tem jeito, entre três astros veteranos super premiados acabam parecendo amadores, sendo que Kingsley rouba a cena com seu personagem misterioso. 


No conjunto, eis uma bela produção que pode não cativar logo de cara pelo seu ritmo lento, mas vale a pena insistir e se surpreender. Uma pena que é relativamente curto sendo que a temática poderia ser bem mais aprofundada, porém, é preciso ter em mente que é um produto família e explorar os aspectos mais complexos a respeito da vida eterna (população em excesso, falta de alimentos, vaidade sem freios, egoísmo e por aí vai) pode dispersar a atenção de crianças. Como a infância passa rápido, Russell foi sensível em tentar preservar a inocência dos pequenos o máximo de tempo possível.

Drama - 88 min - 2002

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Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, Guilherme! :) Eu assisti esse filme há alguns anos... É muito bonitinho, mas também achei que faltou profundidade.

Bjs ;)