sábado, 11 de julho de 2020

DRIVE-THRU - FAST-FOOD DA MORTE


Nota 1,0 Longa faz jus a seu subtítulo e oferece mortes rápidas e em quantidade, mas conteúdo zero


Marco dos anos 1980 e ganhando sobrevida na década seguinte, infelizmente os slashers movies parecem fadados ao esquecimento se depender de novos expoentes da seara, ao menos é o que revelam o desempenho de produções do estilo lançadas nos primeiros anos do século 21. Tentando ao máximo tirar leite de pedra, o subgênero tem se sustentado requentando clichês e tramas estapafúrdias. Imagine só uma trama elaborada a partir do argumento sobre uma lanchonete de fachada que serve como palco de sangrentos assassinatos cometidos pelo mascote propaganda da marca. Pois é, tal filme existe e se chama Drive-Thru - Fast-Food da Morte, um legítimo trash movie visto suas qualidades, ou melhor dizendo, a falta delas. Além do elenco da pior qualidade, o roteiro de Brendan Cowles e Shane Kuhn, que também cometem o pecado de assumir a direção, tenta equilibrar-se entre o terror gore e o humor, mas no final das contas não assusta e tampouco diverte. 

A introdução já resume tudo o que veremos no restante do longa. Um quarteto de jovens drogados, pervertidos e baderneiros vai até o drive-thru de uma lanchonete onde se dirigem a uma grande cabeça de palhaço que faz alusão ao símbolo da rede, um espécie de Ronald McDonald demoníaco. Uma gravação atende os clientes, mas ao mesmo tempo, em tom de brincadeira, dá pistas que aquela seria a última refeição que fariam. Esquentadinhos, os rapazes deixam suas namoradas no carro e invadem o restaurante e em nenhum momento estranham que o interior não tem movimento algum, sequer luzes acesas. É preciso ser muito burro para ver tal situação e insistir em seguir até a cozinha para dar uma lição para quem os atendeu com deboche, mas lembre-se que estamos falando de mais uma daquelas produções que ficamos do lado do assassino para dizimar seres acéfalos. Não demora muito para os jovens serem abatidos por uma machadinha usada por alguém fantasiado de palhaço estilizado.


Apresentada a forma de trabalho do vilão, então conhecemos a estudante Mackenzie Carpenter (Leighton Meester) que junto com o namorado Fisher Kent (Nicholas D'Agosto) está às voltas com as comemorações de seu aniversário de 18 anos. Como de praxe, seus amigos começam a ter mortes violentas e a própria passa a ser perseguida pelo tal palhaço infernal que a quer como prato principal de seu funesto cardápio. Enquanto a polícia, diga-se de passagem, mais babaca que os próprios adolescentes, está longe de solucionar os casos, Mackenzie resolve investigá-los por conta própria por se sentir de certa responsável pelas mortes. A moça acredita que a pessoa que se esconde por trás da fantasia de palhaço é alguém movido a alguma vingança ligada a ela, mas o motivo não surpreende. É tão banal e sem criatividade que ele se conecta diretamente ao segredo do longa oitentista Feliz Aniversário Pra Mim, inclusive copiando a cena de seu clímax. 

Também não seria exagero perceber alguma inspiração do enredo nas raízes de A Hora do Pesadelo, mas a trama é tão mal construída que é impossível ser levada a sério. O roteiro do início ao fim é praticamente uma paródia do estilo slasher e a escolha de um palhaço como vilão tem lá suas razoáveis justificativas. O personagem que deveria ser sinônimo de alegria e diversão há algumas décadas vem carregando um estigma negativo. Aproveitando-se da fobia que a caracterização exerce em muita gente, um medo justificado pela apreensão de saber quem se esconde sob as vestes e maquiagens coloridas, na vida real muitos criminosos utilizam tal fantasia para cometer roubos, sequestros, estupros e até assassinatos. O cinema ajudou a perpetuar tal imagem ruim diversas vezes, tendo como ápice It - Uma Obra-Prima do Medo adaptado de um livro de Stephen King. O trash Drive-Thru - Fast-Food da Morte provavelmente é o mais inofensivo título a humilhar a figura do palhaço. O comportamento hiperativo e a tagarelice do vilão o fazem parecer pinçado de algum episódio dos Powers Rangers. 


Seria melhor que o tal vilão do fast-food ficasse calado e privilegiasse a pré-tensão dos ataques, mas os diretores demonstram total falta de traquejo a ponto do criminoso matar alguns personagens dentro da lanchonete fazendo o maior estardalhaço e o funcionário desatento só perceber tarde demais. É muita idiotice reunida em um mesmo filme. O escracho há tempos está atrelado a tal subgênero e seu público-alvo certamente espera dar boas gargalhadas dos atos insanos dos personagens, como as inúmeras vezes que se colocam em risco em situações claramente perigosas. O problema é que neste filme nem as tiradas de humor funcionam, mas seu subtítulo é o que oferece de melhor. Depois da econômica contagem de corpos do clássico Halloween - A Noite do Terror, esse tipo de produção desbancou de fato para um fast-food da morte. Assassinatos rápidos, com muito catchup ou groselha e as razões dos crimes pouco importam. O que vale é ter um farto cardápio de opções de personagens para serem extirpados. 

Terror - 91 min - 2007

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