Nota 6,0 Drama sobre amadurecimento tardio é correto, mas não vai além dos clichês

Sutherland como sempre rouba a cena
desta vez vivendo um portador de mal de Parkinson que está sofrendo com as
demais consequências da doença e forma uma dupla cativante com a sumida (e
curiosamente oscarizada) Louise Fletcher que interpreta Ruth, sua esposa. A
convivência com o problemático cotidiano destes idosos acaba dando um choque de
realidade no protagonista que então decide finalmente aceitar que não é mais
nenhum adolescente e que é hora de amadurecer, gancho que cria um vínculo de
identificação de imediato com o espectador. Para esta repentina e bem-vinda
mudança conta muito a ajuda da enfermeira Kate. Jackson e Lewis formam um par
simpático com uma história romântica comum, mas ainda totalmente válida. Todavia,
o ponto de maior interesse no roteiro de Brent Boyd fica por conta da relação
de carinho mútuo entre neto e avô, um amor tão grande que pode levar Duncan a
realizar até mesmo um ato impensado para satisfazer um desejo de Ronald.
Vencedor e indicado a alguns prêmios em festivais cinema independente, este
trabalho do diretor James Burke é correto, mas acaba deixando um gostinho de
quero mais. Gostaríamos de conhecer mais do mundo sem limites no qual Duncan
vivia, assim como apreciar mais alguns momentos dele com sua família e saborear
sua relação com a nova paixão de forma mais detalhada. O cineasta acabou
reunindo em um mesmo filme bons entrechos narrativos, mas no final das contas não
se arriscou a ir além das expectativas e quem espera ver a tal aurora boreal do
título pode se decepcionar. O fenômeno óptico que provoca certo brilho
diferenciado nos céus a noite só é citado como uma agradável lembrança que
Ronald guarda na memória dos tempos em que se reunia com seu filho e os netos
na varanda de casa para observar o horizonte. Desta vez o criticado recurso do
flashback fez falta para ao menos termos uma cena memorável nesta obra.
Todavia, trazendo reflexões sobre o que significa amadurecer e sobre os
caminhos que tomamos para seguir nossas vidas, Aurora Boreal – Encontro com a
Vida é um pequeno tesouro que merece ser descoberto.
Drama - 109 min - 2005
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