sábado, 28 de fevereiro de 2015

ANTI-HERÓIS

Nota 3,0 Trama confusa e personagens que não despertam simpatia prejudicam thriller policial

Channing Tatum é um jovem ator em alta. Al Pacino já não é mais o mesmo, mas seu nome virou sinônimo de qualidade. Juliette Binoche é conhecida por atuações premiadas e bom faro para escolher roteiros. E Ray Liotta e Katie Holmes... Bem, esses aceitam qualquer convite afinal nunca tiveram carreiras equilibradas. Todavia um elenco com nomes famosos não é garantia alguma de que um filme pode ser bom e é isso que fica provado em Anti-Heróis, longa vendido como um autêntico thriller policial. Se produções do tipo são desse jeito está explicado o motivo do gênero praticamente não ser mais usado para fins de rotulagem e os poucos títulos existentes que razoavelmente se encaixariam na categoria serem divididos entre suspense ou ação. A trama escrita e dirigida por Dito Montiel não oferece oportunidades de cartase ao espectador. Nem mesmo criamos expectativas de que aquele momento de tirar o fôlego vai chegar mais cedo ou mais tarde simplesmente porque pouco nos importamos com o destino dos personagens. A história se passa em 2002 quando Jonathan White (Tatum), um policial novato, acaba de ser transferido para a delegacia do Capitão Marion Mathers (Liotta), o mesmo lugar onde seu falecido pai trabalhou anos antes. O rapaz chega à corporação na mesma época em que a jornalista investigativa Lauren Bridges (Binoche) está recebendo cartas anônimas denunciando duas mortes ocorridas em 1986 em um condomínio de classe baixa. As vítimas eram um viciado em drogas e o outro era um traficante. Tal episódio foi acobertado durante anos pelo detetive Charles Stanford (Pacino) e envolve White de forma comprometedora. Assim, o jovem policial começa a viver uma fase conturbada. Além de ter seu emprego em risco, sua esposa Kerry (Holmes) e a filha pequena, Charlotte (Ursula Parker), também podem sofrer com esta história voltando à tona.

Montiel, que já havia explorado o submundo dos crimes e das drogas em Santos e Demônios, drama elogiado pela crítica, não se sai tão bem nessa segunda investida. Anti-Heróis até possui uma premissa interessante, mas logo se torna enfadonho por descobrirmos a identidade do assassino precipitadamente e pelo vai e vem nas ações do tempo, embora a trama desenvolvida na década de 1980 seja razoável.  Curiosamente, são justamente estas sequências que ficam pouco tempo em cena que provavelmente sejam baseadas em fatos reais. Não há dados conclusivos, mas a narrativa passada em 2002, na qual se concentram os atores de peso, foi criada a partir de notícias de um caso real, porém, nem tudo é confirmado como verdadeiro. O problema é que além do longa ter uma montagem confusa que dispersa a atenção, deixando pontas soltas como a espécie de doença degenerativa de Charlotte que fica mal explicada e em nada agrega a trama principal, no conjunto ele só é mais um produto para matar o tempo livre. A estética suja de algumas cenas serve para lembrar que o personagem White cresceu em um ambiente hostil, mas embora tenha deixado seu passado para trás e se tornado um homem sério e com uma profissão respeitada é difícil sentirmos simpatia pelo personagem. O final é realizado com pressa, assim a definição de quem seria apresentado como autor dos assassinatos investigados é feita de forma abrupta, sem clima algum. A conclusão, além de não ter lógica, não traz mensagem alguma ao espectador, a não ser as desagradáveis ideias de que a corrupção também está enraizada na polícia e de quem tem as “costas quentes” não paga pelos seus erros. Em tempos tão conturbados como hoje em dia em que muitos valores não são respeitados, deveria haver certo consenso entre os profissionais de cinema em evitar finalizar filmes de forma politicamente incorreta. Sabemos que a realidade é assim, mas ao menos no cinema as coisas poderiam ser diferentes.

Suspense - 94 min - 2011 

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