Nota 6,0 Previsível e esquemático, longa cumpre objetivo de entreter e passar lições aos guris

No Brasil costumamos ficar com um pé atrás quando um cantor se
aventura nas artes dramáticas e vice-versa, mas nos EUA isso é muito comum e
apreciado. O que é ruim é quando alguém da área musical resolve fazer do cinema
uma extensão do palco ou simplesmente um veículo para sua autopublicidade como
foi o caso do lançamento de Lil’Bow Wow como ator. Quem? Shad Gregory Moss, ou
simplesmente Wow, hoje pode ser apenas um nome, mas em um passado não muito
distante ele era uma promessa de superstar em solo americano. Rapper
profissional desde os três anos de idade, aos 15 ele já tinha seus videoclipes
entre o mais pedidos na MTV. Dizem que no Brasil a Globo manda, então não seria
errado dizer, guardada as devidas proporções, que o canal adolescente dita
regras e modismos entre os ianques, assim a promessa de astro (e aquele que
ajudaria a sustentar a emissora por alguns anos) teria que expandir seu público
estrelando seu próprio filme. E assim surgiu
Pequenos Grandes Astros
onde o rapper não tem seu momento popstar em um palco, mas sim em uma quadra esportiva,
porém, sem precisar fazer esforços para atuar já que os produtores procuraram
recriar parte de seu mundo na tela. E não é que ele convence. Wow dá vida à
Calvin Cambridge, um garoto que vive em um orfanato, mas que já está ficando
“velho” para ser adotado, assim seu sonho de ter uma família feliz típica de
seriado de TV está se esvaindo. Contudo, o espaço vazio está sendo preenchido
por outra fantasia: ser um famoso jogador de basquete. Certo dia, enquanto
vendia doces para arrecadar fundos para a instituição, ele tem a sorte de
conhecer Wagner (Robert Foster), o treinador dos Knights, o time de seu coração.
Comovido, o esportista acaba lhe dando ingresso para assistir a um jogo. Um dia
antes da partida, mais uma surpresa do destino. Em meio a uma doação de roupas
ele encontra um par de tênis com as iniciais MJ, o que significaria que o
calçado era dos tempos em que Michael Jordan também sonhava em ser um astro do
esporte. Que sorte não? Eles servem direitinho para Calvin, mas uma confusão
acontece e eles ficam presos nos fios da rede elétrica. De madrugada, mesmo
chovendo forte, ele resolve ir pegá-los e acaba levando um choque. Ganha um
doce quem descobrir o restante.

É óbvio que a descarga elétrica desperta uma força mágica nos tênis,
como se fosse a essência de seu antigo dono, e Calvin vai virar uma fera do
basquete mesmo com sua baixa estatura, tanto que vai chamar a atenção do
empresário Frank Bernard (Eugene Levy) que está em busca de algum tipo de
promoção para atrair mais público aos estádios. A solução seria o sorteio de
partidas rápidas entre um torcedor e o astro dos Kinights, Tracy Reynolds
(Morris Chestnut), e mais uma vez a sorte está do lado do orfãozinho que acaba
vencendo o ídolo nas quadras de forma surpreendente, tanto que rapidamente
querem que ele seja integrado à equipe. Para tanto, eles precisam da
autorização do inescrupuloso diretor do orfanato, Stan Bittleman (Crispin
Glover), que aceita a proposta desde que seja o responsável pela carreira do
guri. E lá vem mais clichês. Calvin vê seu ídolo das quadras lhe tratar com
desprezo por enxergá-lo como um rival, seu tutor vai fazer de tudo para
explorar a sua fama e evitar que ele continue sonhando com pais adotivos, isso
até descobrir que o segredo do sucesso está nos tênis mágicos e eles é que
deveriam ser preservados já que a turma de valentões do orfanato está de olho nos
calçados e, por fim, o astro teen perde a amizade de Murph (Jonathan Lipnick –
outra promessa que não vingou), seu grande amigo que se sente rejeitado diante
da falta de tempo do esportista. Bem, o roteiro de Michael Elliot e Jordan
Moffet é realmente simples e previsível. Sem tênis mágicos não há fama e
tampouco disputas por exclusividade e é nesse momento que Calvin deverá provar
todo seu amor e garra pelo esporte, a aguardada lição de moral que ainda
relembra a importância das amizades verdadeiras, dos incentivos e de que sempre
é necessário sonhar. O título
Pequenos
Grandes Astros deveria ser usado no singular
já que temos apenas um
personagem que se encaixa no perfil, mas de qualquer forma o diretor John
Schultz alcança seus objetivos de entreter com um filme despretensioso e para
toda a família, embora deva agradar mais aos meninos, e ainda divulgar a NBA, a
liga de basquete americana. Ainda que não seja uma febre no Brasil, as diversas
cenas de jogos não atrapalham a narrativa. Quanto a publicidade extra para o
pequeno rapper... Alguém se lembra de alguma música dele?
Comédia - 99 min - 2002
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