Nota 1,5 Embora recicle diversos clichês do gênero, suspense não empolga em momento algum
Porque cargas d’água alguns pais
achariam conveniente colocar suas filhas adolescentes para estudarem num
internato só para garotas instalado em meio a uma floresta e a quilômetros da
civilização? Achar sarna para se coçar é a melhor resposta. Quando alguém busca
a escola ideal geralmente procura o máximo de informações possíveis sobre a
instituição e sua localização e o ambiente que a cerca são fatores importantes
para fazer a melhor escolha. Só por esse deslize já dá para ficar com o pé
atrás com A Floresta que deixa claro em alguns poucos minutos de exibição
que compromisso com a realidade é o de menos, o importante é assustar o
espectador mesmo recorrendo a elementos
batidos no gênero de suspense e terror como uma misteriosa floresta e boatos
que envolvem bruxarias para contar uma história que aparentemente pretende
causar arrepios à moda antiga. O início até que promete, mas aos poucos o
enredo desanda. As ações ocorrem provavelmente em meados da década de 1960 em Falburn,
um renomado colégio só para meninas localizado próximo de uma floresta e que
agora é o novo endereço de estudo e moradia da jovem Heather Fasulo (Agnes
Bruckner). Seus pais, Alice (Emma Campbell) e Joe (Bruce Campbell), a deixaram
lá com o intuito de darem uma boa educação para a filha, mas nem imaginavam o
que poderia acontecer. Heather logo percebe que nada naquele colégio
lembra sua boa fama, a começar pela diretora, a senhorita Traverse (Patricia
Clarkson), e sua equipe. A menina percebe que é tratada de forma diferente e sua
adaptação é difícil. Ela faz amizade com Marcy (Lauren Birkell), mas precisa
manter a calma para aguentar as provocações da maldosa Samantha (Rachel
Nichols). Porém, nada é tão torturante para ela quanto as vozes que escuta e
que parecem querer atrai-lá para a floresta. Uma história macabra sobre o
passado do local envolvendo garotas e bruxas pode ser o segredo por trás desses
estranhos chamados. Premissa batida demais? Pois é, até os seus realizadores
devem ter concluído que o longa não tinha poder de fogo para brigar por
bilheterias e o lançou diretamente em DVD nos EUA e o mesmo aconteceu no Brasil
e em outros países.
Com muitos furos como situações
sem respostas, outras que não somam em nada à narrativa, além de péssimos efeitos
especiais, o roteiro de David Ross parece ter sido escrito por várias mãos e
depois costurado às pressas e com desespero para tentar dar algum sentido a
todo o material. Ou então foi a edição mal feita que passa tal impressão. O
mais provável, porém, é que faltou uma direção firme por parte de Lucky Mckee,
que não deve ter percebido a tempo que o filme estava fora dos trilhos e não
sabia para que lado encaminhá-lo. Drama, suspense e terror se misturam sem
perspectivas de onde a história quer chegar. A estapafúrdia premissa foi
perdida até mesmo porque a ambientação deixou a desejar e não criou um clima de
suspense adequado. Talvez as únicas coisas boas de A Floresta sejam a presença
da atriz Patricia Clarkson, com sua amarga e intolerante diretora do colégio, a fotografia em tons azulados e esverdeados fortes e a trilha sonora.
O coral das meninas é um tanto sinistro e nos remete de modo inerente a algo
arrepiante. Fora isso é difícil segurar a atenção em um produto confuso e com míseras
cenas mais empolgantes. O que faltou durante o filme todo foi jogado no final
de qualquer maneira e rapidamente: sangue, gosma e mutilação numa verdadeira
farofa, embora seja possível identificar no longa inspirações oriundas do
cultuado A Morte do Demônio. Não é a
toa que o protagonista desse clássico do terror faz aqui uma ponta como o pai
da protagonista. Contudo, é perceptível que havia uma tentativa de mostrar o
quanto as pessoas podem mudar seu comportamento, para o bem ou para o mal,
quando isoladas em um único universo onde sempre se vê as mesmas pessoas e se
compartilham os mesmos hábitos e rotinas, além de se conviver sob pressões
constantes. Pena que esse possível estudo psicológico se perdeu no meio da
floresta e seus mistérios e a obra no final se resuma a apenas um produto
artificial rapidamente esquecível. Em tempo: o título deste filmeco seria o
original usado por M. Night Shymalan para A
Vila, mas os colaboradores de Mckee o registraram antes. Todavia, nem tal
bobagem souberam usar para causar um mínimo de burburinho em torno deste
fracasso pré-anunciado.
Suspense - 91 min - 2006
Um comentário:
O que tem de filme ruim no gênero não esta escrito........
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