sábado, 14 de fevereiro de 2015

A FLORESTA

Nota 1,5 Embora recicle diversos clichês do gênero, suspense não empolga em momento algum

Porque cargas d’água alguns pais achariam conveniente colocar suas filhas adolescentes para estudarem num internato só para garotas instalado em meio a uma floresta e a quilômetros da civilização? Achar sarna para se coçar é a melhor resposta. Quando alguém busca a escola ideal geralmente procura o máximo de informações possíveis sobre a instituição e sua localização e o ambiente que a cerca são fatores importantes para fazer a melhor escolha. Só por esse deslize já dá para ficar com o pé atrás com A Floresta que deixa claro em alguns poucos minutos de exibição que compromisso com a realidade é o de menos, o importante é assustar o espectador mesmo recorrendo a elementos batidos no gênero de suspense e terror como uma misteriosa floresta e boatos que envolvem bruxarias para contar uma história que aparentemente pretende causar arrepios à moda antiga. O início até que promete, mas aos poucos o enredo desanda. As ações ocorrem provavelmente em meados da década de 1960 em Falburn, um renomado colégio só para meninas localizado próximo de uma floresta e que agora é o novo endereço de estudo e moradia da jovem Heather Fasulo (Agnes Bruckner). Seus pais, Alice (Emma Campbell) e Joe (Bruce Campbell), a deixaram lá com o intuito de darem uma boa educação para a filha, mas nem imaginavam o que poderia acontecer. Heather logo percebe que nada naquele colégio lembra sua boa fama, a começar pela diretora, a senhorita Traverse (Patricia Clarkson), e sua equipe. A menina percebe que é tratada de forma diferente e sua adaptação é difícil. Ela faz amizade com Marcy (Lauren Birkell), mas precisa manter a calma para aguentar as provocações da maldosa Samantha (Rachel Nichols). Porém, nada é tão torturante para ela quanto as vozes que escuta e que parecem querer atrai-lá para a floresta. Uma história macabra sobre o passado do local envolvendo garotas e bruxas pode ser o segredo por trás desses estranhos chamados. Premissa batida demais? Pois é, até os seus realizadores devem ter concluído que o longa não tinha poder de fogo para brigar por bilheterias e o lançou diretamente em DVD nos EUA e o mesmo aconteceu no Brasil e em outros países.

Com muitos furos como situações sem respostas, outras que não somam em nada à narrativa, além de péssimos efeitos especiais, o roteiro de David Ross parece ter sido escrito por várias mãos e depois costurado às pressas e com desespero para tentar dar algum sentido a todo o material. Ou então foi a edição mal feita que passa tal impressão. O mais provável, porém, é que faltou uma direção firme por parte de Lucky Mckee, que não deve ter percebido a tempo que o filme estava fora dos trilhos e não sabia para que lado encaminhá-lo. Drama, suspense e terror se misturam sem perspectivas de onde a história quer chegar. A estapafúrdia premissa foi perdida até mesmo porque a ambientação deixou a desejar e não criou um clima de suspense adequado. Talvez as únicas coisas boas de A Floresta sejam a presença da atriz Patricia Clarkson, com sua amarga e intolerante diretora do colégio, a fotografia em tons azulados e esverdeados fortes e a trilha sonora. O coral das meninas é um tanto sinistro e nos remete de modo inerente a algo arrepiante. Fora isso é difícil segurar a atenção em um produto confuso e com míseras cenas mais empolgantes. O que faltou durante o filme todo foi jogado no final de qualquer maneira e rapidamente: sangue, gosma e mutilação numa verdadeira farofa, embora seja possível identificar no longa inspirações oriundas do cultuado A Morte do Demônio. Não é a toa que o protagonista desse clássico do terror faz aqui uma ponta como o pai da protagonista. Contudo, é perceptível que havia uma tentativa de mostrar o quanto as pessoas podem mudar seu comportamento, para o bem ou para o mal, quando isoladas em um único universo onde sempre se vê as mesmas pessoas e se compartilham os mesmos hábitos e rotinas, além de se conviver sob pressões constantes. Pena que esse possível estudo psicológico se perdeu no meio da floresta e seus mistérios e a obra no final se resuma a apenas um produto artificial rapidamente esquecível. Em tempo: o título deste filmeco seria o original usado por M. Night Shymalan para A Vila, mas os colaboradores de Mckee o registraram antes. Todavia, nem tal bobagem souberam usar para causar um mínimo de burburinho em torno deste fracasso pré-anunciado.

Suspense - 91 min - 2006 

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Um comentário:

renatocinema disse...

O que tem de filme ruim no gênero não esta escrito........