sábado, 31 de outubro de 2020

CONTOS DO DIA DAS BRUXAS


Nota 7,5 Reunião de contos de horror busca resgatar verdadeiro espírito dos festejos do Halloween


Original, divertido, esquisito, interessante, confuso, apavorante e engraçado. Todos esses adjetivos entra tantos outros, embora antagônicos, caem como uma luva para definir em apenas uma palavra o que é o filme Contos do Dia das Bruxas, produção de horror idealizada para resgatar o verdadeiro espírito dos festejos Halloween perdido ao longo dos anos pelo cinema. O dia 31 de outubro é folcloricamente marcado em diversos países por festejos que incluem desfiles comunitários, bailes à fantasia, a busca das crianças de porta em porta muito mais por doces que por travessuras e as tradicionais maratonas de filmes de terror na televisão. De origem europeia, a comemoração acabou sendo mais difundida e modelada pela cultura americana, principalmente pelo cinema que dava atenção a data com produções enfocando fantasmas, bruxas, vampiros e tudo quanto é criatura que pudesse arrancar gritos da plateia.

Com o passar dos anos os filmes  protagonizados por seriais killers encapuzados acabaram roubando a cena, afinal os festejos do Dia das Bruxas são ideais para qualquer maluco literalmente extravasar seus demônios e vítimas bobinhas é o que não faltam à solta nas ruas. Que o diga o psicopata Michael Meyers e seu sugestivo Halloween – A Noite do Terror. Michael Dougherty, roteirista de X-Men 2 e dos questionáveis Lenda Urbana 3 e Superman – O Retorno, certamente guarda boas lembranças de seus tempos de criança e adolescente quando saia para se divertir no Halloween e ouvir histórias de arrepiar com os amigos e essas memórias parecem impressas em seu filme. Como em um pesadelo no qual os maiores absurdos podem acontecer e não há ordem para começo, meio e fim, o diretor e roteirista procura alinhavar cinco histórias aparentemente ligadas por uma estranha e perigosa criatura disposta a manter acesa as tradições da noite que antecede o dia de todos os santos. 


A primeira trama mostra o casal Emma (Leslie Bibb) e Henry (Tahmoh Penikett) voltando para a casa após uma festa, mas a moça mostra-se visivelmente irritada com a bagunça deixada na porta da sua casa e decide pôr um fim nos festejos em seu pedaço antes do sol raiar. O problema é que há uma tradição que diz que aquelas famosas lanternas de cabeça de abóbora não devem ser apagadas ou destruídas tão cedo, caso contrário... Em outra história conhecemos Steven (Dylan Baker), um homem pacato e que poderia ser o vizinho de qualquer um, mas por trás da máscara de bom moço se esconde um assassino frio e calculista que não poupa nem mesmo criancinhas. Fica o lembrete que deve-se desconfiar de doces entregues por estranhos, mas o rechonchudo Charlie (Brett Kelly) vai descobrir isso tarde demais. Já a recatada Laurie (Anna Paquin) parece incomodada com o fato de sua irmã e as amigas delas quererem a forçar a perder a virgindade, mas na noite dos mascarados ela vai conhecer um homem que está se divertindo sugando o sangue de mocinhas, mas ele nem imagina o que lhe espera na madrugada ao perseguir a jovem vestida de chapeuzinho vermelho. 

Por fim, as duas melhores histórias também são aquelas que mais tempo duram na tela. Um grupo de crianças resolve investigar uma lenda urbana que diz que há trinta anos um ônibus escolar caiu em um lago dentro de uma pedreira que fora abandonada. Dentro do veículo estavam oito estudantes, todos mentalmente perturbados a ponto de seus próprios pais pagarem o motorista para dar um sumiço nelas. Os corpos nunca foram achados, um mistério e tanto para menores travessos pregarem uma peça e a bola da vez é Rhonda (Samm Todd), uma garota que parece isolada e tímida. A trama que fecha o longa enfoca o Sr. Kreeg (Brian Cox), um velho rabugento que mora sozinho com seu cão de estimação e que não esconde seu desprezo pelos festejos de Halloween, mas nesta noite uma visita nada agradável vai trazer à tona seus piores pesadelos. 


Utilizando-se de uma edição diferenciada e que usa recursos de histórias em quadrinhos para a narrativa, Contos do Dia das Bruxas pode confundir em uma primeira apreciação, pois não adota uma cronologia rígida. As tramas são contadas de forma fragmentadas e não estranhe se o conto da introdução ser parcialmente repetido na reta final. Embora dessa forma consiga um ritmo ágil e deixar o espectador curioso a cada mudança de cena, Dougherty constrói uma obra que venera o que há de melhor e mais tradicional no Dia das Bruxas, porém, a diversão fica em primeiro lugar. Medo que é bom praticamente não sentimos. De qualquer forma, é um produto diferenciado e que deve ser apreciado de forma descompromissada, ainda que tudo que parecia desconexo felizmente é dignamente amarrado no final, o que aguça a dar mais uma conferida no longa para juntar as peças. 

Terror - 82 min - 2007 

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