quinta-feira, 8 de julho de 2021

JUNTOS PELO ACASO


Nota 7 Forçados a conviver, casal vive relacionamento às avessas ao assumir a criação de uma bebê


Todos crescemos acreditando que existe uma certa ordem natural das coisas para uma vida feliz. Nascemos, nos desenvolvemos, vamos à escola e escolhemos uma carreira. Nesta fase, além da profissão, geralmente também definimos os rumos de nossa vida pessoal. Se apaixonar por alguém com quem compartilhamos afinidades, casar e constituir família há muito tempo deixaram de ser objetivos primordiais para muita gente, mas as vezes o próprio destino dá um empurrãozinho para seguirmos tal trajeto. Em Juntos Pelo Acaso acompanhamos a adaptação de duas pessoas que de uma hora para a outra se veem obrigadas a conviver como casal. Certa noite, Holly Berenson (Katherine Heighl) e Eric Messer (Josh Duhamel) deveriam ter tido um encontro romântico, mas eles se detestaram à primeira vista. Ela toda regrada e amável e ele completamente descontraído e sem papas na língua, estava na cara que eles desafiariam a máxima que diz que os opostos se atraem. Por obra do destino, ou melhor, de um casal de amigos em comum, eles são obrigados a manter uma convivência forçada ao aceitarem ser padrinhos da pequena Sophie (papel dividido entre as trigêmeas Alexis, Brynn e Brooke Clagett). 

Um ano após o nascimento da criança, Peter (Hayes MacArthur) e Alison (Christina Hendricks) acabam falecendo em um fatídico acidente e o casal torto é incumbido de fazer as vezes de tutores da menininha. Tentando equilibrar suas ambições profissionais e vida social e particular, agora os padrinhos precisam deixar suas diferenças de lado e se unir para o bem da afilhada, inclusive viver sob o mesmo teto, mas é óbvio que não tardará para descobrirem estarem apaixonados. Nove em cada dez comédias românticas exploram o filão das desavenças entre duas pessoas que não se suportam, mas que por algum motivo providencial acabam sendo forçadas a conviver e nos minutos finais da fita percebem que apesar das diferenças eles se completam. É nessa toada que segue o roteiro dos então estreantes Ian Deitchman e Kristin Rusk Robinson que não quiseram se arriscar e seguiram direitinho a cartilha do gênero, lançando mão até mesmo do manjado truque do bonitão que aparece de mansinho para conquistar a mocinha, tudo para que o até então indiferente companheiro de casa caia na real e assuma seus sentimentos. Para gerar tal triângulo amoroso entra em cena o pediatra Sam (Josh Lucas) que une o útil ao agradável, sendo constantemente procurado por Holly cheia de dúvidas e para alimentar o ciúmes de Messer. 


Um casamento, o nascimento de um filho ou até mesmo um simples beijo emoldurado pelo pôr-do-sol tratam de garantir um final bem açucarado para as produções do gênero, todavia, o que dizer a respeito de um filme que já começa com o nascimento de uma criança e o homem e a mulher que se odeiam no caso nem mesmo formam um casal de verdade? Embora absolutamente previsível, essa premissa razoavelmente diferenciada é o que joga certa luz sobre o trabalho de direção de Greg Berlanti. O caminho natural de um relacionamento aqui não é respeitado, inverte-se a ordem das coisas. Primeiro vem o filho na cola de muitas obrigações aos pais adotivos, depois o conhecimento sobre a vida, rotina e personalidades um do outro e por fim o amor. O diretor felizmente mantém a cadência dos acontecimentos e não corre contra o tempo para promover a união dos papais postiços, tanto que em certo momento chegamos a acreditar que eles de fato não vão ficar juntos, no máximo manterem uma amizade em prol da afilhada. Fitas com crianças engraçadinhas geralmente tem seu público garantido, independente do roteiro ser bom ou não, mas no caso o enredo de fato é bem bacaninha e não decepciona os amantes do gênero. Livre de cenas de humor pastelão, é irresistível acompanhar essa divertida e tocante história certa sobre duas pessoas inexperientes tendo a dura missão de cuidar de uma criança órfã. 

A escolha de Heighl como a protagonista feminina à primeira vista pode soar repetitiva, mas com sua graciosidade consegue cativar vivendo pela enésima vez o perfil da jovem esforçada que assume o papel de mãe postiça integralmente a ponto de deixar para segundo plano seus projetos profissionais. Ela forma uma boa dupla com Duhamel que pode não se destacar, mas ao menos não compromete a trama com seu mulherengo imaturo. Ele encarna aquele estereótipo do marmanjo largadão e seguro de si que aonde vai consegue descolar o telefone de alguma garota. Inicialmente não pensa duas vezes antes de deixar Sophie com outras pessoas para não perder um encontro, o que causa certa repulsa ao expectador, mas vai demonstrar preocupação crescente com a afilhada, o que ajuda a amolecer o coração de Holly. Para quem deseja ou já está vivenciando as experiências de pais de primeira viagem, Juntos Pelo Acaso é uma excelente opção e a identificação deve ser imediata, mas mesmo quem não está nessa vibe de fraldas e mamadeiras certamente irá se entreter, basta não encasquetar com o acúmulo de situações previsíveis. Com alguns momentos de pura ternura, como as cenas em que acompanham o desenvolvimento de Sophie como a primeira palavra ou passinhos, o longa carrega a mensagem edificante de o quanto as pessoas podem amadurecer em situações de dificuldades e se tornarem melhores.


Também segura o interesse a participação dos coadjuvantes, eles sim que injetam humor no enredo. Ted (Rob Huebel) e DeeDee (Melissa McCarthy) e Scott (Andrew Daly) e Gary (Bill Brochtrup) interpretam os casais de vizinhos que parecem não ter mais o que fazer a não ser bisbilhotar a vida alheia e são responsáveis por dar um respiro à estressante rotina dos protagonistas que também precisarão ser aprovados pela rigorosa assistente social Janine (Sarah Burns) para evitarem que Sophie seja criada por estranhos. Com a narrativa acompanhando a divisão das estações do ano, paulatinamente vemos uma verdadeira história de amor nascer e amadurecer na tela, não só entre um homem e uma mulher, mas sim de uma família que quer deixar para trás tristezas e desentendimentos, mas sabe que a felicidade completa não existe. Tristezas, alegrias e principalmente aprendizados fazem parte do dia-a-dia. Felizes aqueles que sabem vivenciar todos esses momentos.

Comédia romântica - 112 min - 2010 

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3 – 4 Regular, serve para passar o tempo
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7 – 8 Ótimo, tem mais pontos positivos que negativos
9 – 10 Excelente, praticamente perfeito do início ao fim
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2 comentários:

Ângela disse...

otima diiica!
adoreii
seguindo o blog!

=)

Thai e Tom disse...

Assisti essa comédia, muito boa!
Assim, acharia legal você postar uma lista de 10 filmes favoritos... Que tal? Assim, eu ainda não vi aqui e tive a idéia agora... Então, espero ter ajudado ^^
Abraços
Thai