sábado, 23 de outubro de 2021

PALHAÇOS INFERNAIS


Nota 4,0 Mais um título a explorar a figura do palhaço como criminoso e mais uma decepção


É curioso, mas os palhaços que deveriam ser personagens engraçados e capazes de levar alegria ao público com o passar dos anos acabaram estigmatizados por conotações contraditórias. Além da conhecida tristeza e depressão que tais figuras comumente escondem por trás da maquiagem e figurino coloridos, também fala-se muito da fobia que despertam, traumas que geralmente se manifestam na infância e podem se estender até a fase adulta ou jamais serem vencidos. O medo de não saber a identidade de quem está sob as vestes de palhaço se acentuou pelo fato de muitos golpistas, pedófilos, assassinos ou pessoas com transtornos mentais usarem o personagem para atrair crianças e amedrontar marmanjos. O cinema já abordou o assunto em várias ocasiões, sendo o título mais badalado It - Uma Obra-Prima do Medo, que perpetuou sua fama com o remake. Muitas produções de orçamentos mais enxutos também buscaram explorar o filão, e isso não foi uma modinha do passado como prova Palhaços Infernais, um típico slasher que prende a atenção dos amantes do estilo, mas os mesmos devem esquecer em poucos minutos. 

A trama acompanha quatro jovens que estão numa viagem de carro por uma região pouco auspiciosa para assistirem a um show de rock e vão parar numa cidade esquecida no mapa e aparentemente deserta. Plágio de A Casa de Cera? Não se pode contestar, afinal produções do tipo se resumem a reciclagem de clichês, não escapando nem mesmo a concepção dos personagens. O quarteto em questão é bastante estereotipado. Brad (Brian Nagel) é o tipo certinho e romântico que quer aproveitar o passeio para pedir em noivado Sarah (Lauren Elise), a bonitinha com toda pinta de heroína. Já Mike (Andrew Staton) é o cara espirituoso e metido a valentão enquanto sua namorada Jill (Katie Keene) faz o papel da garota que parece implorar para se tornar refém e servir como isca para atrair os demais para uma emboscada. Tinha que ser ela para esquecer o celular em uma lanchonete de beira de estrada e quando ligam para o número na esperança de alguém o ter encontrado o grupo confia cegamente na voz do estranho que os atende e os instrui a seguir para um certo endereço para devolver o aparelho.


Quando chegam ao local, os jovens encontram uma cidade abandonada e, como de costume, o carro encrenca. Quem em sã consciência coloca o pé na estrada sem checar antes se o veículo está em ordem? E qual jovem nunca viu um filme de terror para ter um mínimo de desconfiança de que caíram em uma armadilha? Só ao cair da noite eles percebem que estão encurralados por um grupo de sádicos assassinos fantasiados de palhaços, um em especial com uma maquiagem que o faz parecer possuído por um demônio, o que pode ajudar a justificar o ridículo título. Também ficam na mira dos bandidos Billy (Tom Nagel) e Dylan (Jeff Denton), outros dois viajantes que também vão parar lá por acaso, mas que só servem para aumentar o número de vítimas. Os jovens só podem contar com a ajuda de Frank (Greg Violand), um idoso que se refugia dentro de um galpão e se dedica a ajudar os desavisados que pousam na cidade, parecendo esconder algum motivo para ainda permanecer em um local tão inóspito. 

O roteiro de Jeff Miller é desenvolvido da maneira mais burocrática possível não tendo a mínima preocupação em se destacar em algum momento. Tudo quanto é clichê possível foi alinhavado. Os mocinhos se dividem na fuga para ficarem mais vulneráveis, se escondem em lugares tolos e os bandidos, mais bobos ainda, não se lembram de atalhos óbvios para os surpreenderem, como quando as vítimas se escondem dentro da carcaça de um ônibus. Falta de traquejo de Nagel que além da ponta como ator também faz as vezes de diretor de primeira viagem construindo uma obra amadora, um trabalho feito com o empenho de um fã de slashers movies, mas sem qualquer conhecimento técnico ou visão criativa. Se mal sabe lidar com a câmera e construir um clima adequado, que dirá conduzir atores. Todo o elenco jovem está no mesmo nível de mediocridade, não transparecendo o medo ou dor necessários, assim é muito fácil logo estar torcendo pelos vilões que também não são lá grandes coisas. 


Há uma tentativa em vão de justificar os atos insanos dos palhaços fazendo a ponte com o passado de um deles, um fato apresentado ainda no prólogo, e o roteiro busca interligar sem surpresa alguma o ataque à imprudência das vítimas quando pararam na lanchonete. Pelo argumento e ambientação, Palhaços Assassinos poderia reviver o terror insano e de estética suja no melhor estilo O Massacre da Serra Elétrica, até porque também é inspirado em fatos reais, mas fica difícil acreditar que um parco e tapado grupo de tresloucados conseguisse exterminar ou afugentar toda a população de uma cidadezinha. Fica como dica aos amantes de slasher. Se nenhuma grande produção do tipo é lançada o jeito é se contentar com migalhas.

Terror - 86 min - 2016

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