Nota 5,0 Feito para a TV, história de fantasmas e drama de guerra se fundem em filme razoável

Pode-se dizer que
Ecos do Além foi uma produção
subestimada e injustiçada, muito por conta das similaridades que compartilha
com o arrasa-quarteirão
O Sexto Sentido
lançado com poucos meses de diferença
. Os próprios produtores e
distribuidora se acanharam e nem mesmo quiseram tirar partido das comparações,
preferindo lançar o suspense estrelado por Kevin Bacon de forma muito discreta
e apostando no reconhecimento futuro no mercado de locação e vendas de DVD e
nas reprises na TV. De fato é o que aconteceu e assim acendeu a luz para uma
possível continuação, entretanto,
Ecos do Além 2 possui
apenas uma tênue conexão com o longa original. A julgar pelo lançamento
programado primeiramente como um telefilme para um canal de produções de gosto
duvidoso, já era de se esperar que o diretor Ernie Barbarash, de
Cubo Zero, sabia desde o início o
material fraco que tinha em mãos, além do orçamento minúsculo. A trama gira em
torno de Ted Cogan (Rob Lowe), um capitão do exército americano que acaba de
voltar de uma missão no Iraque bastante perturbado mentalmente principalmente
por um episódio em especial. Certa vez uma van em alta velocidade se aproximava
de sua base e ele permitiu que seus soldados abrissem fogo, mas só depois se
deu conta que dentro do veículo havia uma família civil local. Os iraquianos se
revoltaram e revidaram o ataque, um embate que deixou o comandante em coma por
duas semanas. De volta aos EUA, os acontecimentos que ele foi obrigado a
presenciar foram aterrorizantes e as imagem de mortos e mutilados enraizaram em
sua memória a tal ponto de ter constantes visões. Contudo, tais imagens podem
não ser meros frutos de sua imaginação e sim tentativas dos espíritos de
inocentes que morreram durante o fogo cruzado de pedirem por justiça e assim
alcançarem a paz. Enquanto tenta fugir dessas aparições, Cogan começa a perder
a sua própria sanidade e com a ajuda dos poderes psíquicos de um estranho ele
descobre uma maneira para se livrar desses fantasmas, mas sabe de antemão que
pagará um preço alto por isso, colocando em risco as vidas de esposa Molly
(Marnie McPhail) e de seu filho Max (Ben Lewis). Aliás, o militar acaba
descobrindo que seus problemas com habitantes do além não estão relacionados
exclusivamente com os fatos horríveis da guerra, mas também podem estar ligados
com um ato criminoso cometido por seu próprio filho. É quando ele é orientado a
procurar a ajuda de Jake Witzky (Zachary Bennett), que pelo nome poderia ser o
filho do protagonista do longa original, mas a trama nunca esclarece tal fato
ou busca fazer uma conexão entre os dois filmes.

As perturbadoras visões de almas
de outro mundo clamando por justiça, a ideia principal do primeiro filme, aqui
voltam a perturbar um pai de família, agora encarnado por Lowe que não é um
grande intérprete, mas consegue segurar bem as pontas desta produção irregular
que fica em cima do muro entre o drama e o suspense, mas que consegue entreter
e apresentar algumas boas sequências. O ator carrega o longa nas costas, mas
faltou a seu personagem o grau de desespero necessário e comum de um indivíduo
comum diante de fenômenos sobrenaturais. Com o protagonista voltando de um
coma, já é de praxe que as pessoas que sobrevivam a essa experiência de quase
morte carreguem certas sequelas, no caso para o rapaz se manifesta com o ônus
de poder ver e se comunicar com os mortos. Alucinações ou poder mediúnico, o
fato é que sustos realmente
Ecos do Além 2
fica a dever e os poucos que apresenta são completamente previsíveis, mas a
adoção de um tom mais dramático e realista contribui para que a fita não seja totalmente
desprezível, ainda que desperdice com pouco tempo de cena personagens secundários,
como a esposa e o filho do protagonista e Sammi (Tatiana Maslany), a namorada
de Max, e sua mãe April (Katya Gardner), que também sofrem diretamente com
ações de forças rebeldes iraquianas. O roteiro, escrito pelo próprio Barbarash,
é mais trabalhado que o original e traz um gancho bem interessante, atual e até
atípico para o tipo de produção: a xenofobia ou, de forma mais clara, a relação
estremecida entre os americanos e os povos árabes, estes que passaram a ser
vítimas de grupos radicais que os generalizam. Qualquer descendente de grupos
do Oriente Médio não raramente é visto como uma ameaça potencial, mas obviamente
a produção não vai a fundo nas questões políticas e sociais do tema. Apesar dos
esforços e das boas intenções do cineasta, o resultado é um filme esquecível,
ainda que ouse em algumas cenas apresentando até mesmo corpos carbonizados em
destaque. Todavia, quem espera um suspense de roer as unhas deve se decepcionar.
Até o clima de tensão, o mínimo que se espera de um filme do tipo, deixa a
desejar. Por outro lado, a julgar pelo pífio orçamento, o longa até pode ser
considerado acima da média.
Suspense - 89 min - 2007
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