sexta-feira, 13 de novembro de 2020

A MORTE CONVIDA PARA DANÇAR


Nota 2,0 Inspirado em filme dos anos 1980, longa é apressado, insosso e apenas requenta clichês


Na época do colégio muitos jovens sonham com o baile de formatura e a cultura americana através do cinema e da televisão propagou pelo mundo todo a ideia de que o evento é como um rito de passagem para a maioridade simbolizando o momento de assumir responsabilidades, tomar importantes decisões, enfim, tornar-se um adulto com A maiúsculo. Todavia, para a protagonista de A Morte Convida Para Dançar a tão aguardada noite acaba se tornando um pesadelo. Donna Keppel (Brittany Snow), após muito tempo sem se divertir, aguardava ansiosamente pela festa de fim de ano da escola e planejava aproveitá-la ao máximo ao lado do namorado Bobby (Scott Porter) e de seus amigos Claire (Jessica Stroup), Lisa (Dana Davies), Ronnie (Collins Pennie) e Michael (Kelly Beatz), porém, tudo dá errado graças ao seu passado que volta a lhe atormentar. No início do colegial a garota teve aulas com Richard Fenton (Johnathon Schaech), um professor que se apaixonou por ela de maneira obsessiva, mas que não teve seu amor correspondido. Ele então passou a persegui-la achando que deveria protegê-la de tudo e de todos que pudessem lhe causar algum mal, inclusive afastá-la de seus próprios pais que ele assassina friamente. 

O roteiro de J. S. Cardone, do suspense juvenil O Pacto, começa enfocando justamente o brutal crime hediondo, o que deveria instigar o espectador a descobrir quais as consequências deste episódio. O problema é que a trama apenas requenta clichês de outros filmes de seriais killers, copiando inclusive seus defeitos e não deixando de lado nem mesmo a figura do detetive metido a esperto, mas que no fundo é um idiota sem função na trama, afinal qual a graça de uma produção do tipo quando já sabemos desde o início a identidade do vilão? Bem, nas mãos de gente talentosa isso não seria um empecilho, porém, sob os cuidados de despreparados a trama resume-se a uma bobagem que nem mesmo um clima adequado de tensão consegue estabelecer. Do batido recurso de confundir o espectador a respeito do que é real e do que é fruto da imaginação da protagonista até os manjados efeitos de edição e de sonorização que antecipam quando alguém está prestes a ser assassinado, parece que o diretor Nelson McCormick fez seu trabalho no piloto automático. Sua estreia nos cinema, após dirigir diversos episódios das mais variadas séries de TV, soa ainda mais preguiçosa quando sabemos que seu longa na verdade é quase um média-metragem. Contando com os créditos não se tem nem uma hora e meia de duração. 


Também não há muito o que se desenvolver baseando-se em um fiapo de roteiro cuja finalidade é entreter adolescentes que só querem uma desculpa para reunir a galera para poderem zoar. Após o assassinato dos pais de Donna, o obsessivo rapaz foi internado em um manicômio, mas fugiu três anos depois preso a ideia de conquistar o amor da ex-aluna. Contudo, para chegar até ela, arquiteta um plano para colocar em prática justamente na noite de formatura cuja festa acontece em um luxuoso hotel onde os estudantes também poderiam se hospedar. Da inocente camareira que é morta para ter seu cartão-mestre roubado, passando pelos amigos da protagonista que são limados um por um até chegarmos ao evidente encontro da mocinha com o vilão, tudo acontece sem causar impacto algum no espectador simplesmente porque não há como criar vínculos com personagens tão insossos. Não há tempo suficiente para desenvolver tais perfis. Nem mesmo as cenas de assassinatos causam alguma reação positiva já que as doses de violência são mínimas, opção do diretor para alcançar o público mais jovem na época de lançamento da fita, porém, até a versão sem cortes depois oferecida para consumo doméstico decepciona por sua limpeza estética e moral.

É curioso que a produção é tão ruim que nem soube aproveitar o marketing a seu favor. Quem gosta de caçar curiosidades sobre cinema na internet já deve ter encontrado alguma ligação entre este filme e a atriz Jamie Lee Curtis. Estrela de Halloween – A Noite do Terror e participando de A Bruma Assassina, a então jovem intérprete mais uma vez colocaria à prova sua garganta berrando aos montes enquanto fugia de um mascarado no longa Baile de Formatura, mas as semelhanças entre os filmes homônimos param por aí. A protagonista Kim sofre com a perda de sua irmã mais nova que faleceu após cair da janela de um colégio abandonado quando era perseguida por um grupo de crianças que fazia uma brincadeira de mau gosto. Cientes de que o episódio arruinaria suas vidas eles fazem um pacto para mantê-lo em segredo, mas é claro que tinha que existir uma testemunha escondida. Alguns anos mais tarde esses jovens passam a ser ameaçados por misteriosos telefonemas que evocam a tragédia do passado e um a um vão sendo assassinados. 


Embalado por diversos hits da disco music e contando com a presença canastrona do ator Leslie Nielsen, provavelmente tentando fugir da alcunha de comediante que o perseguiu até o fim da vida, o longa oitentista não foi nem de longe um tremendo sucesso para justificar três continuações, lançadas no Brasil com títulos distintos, e muito menos a lembrança para uma refilmagem. McCormick tentou criar uma nova história para um bom título, mas deu com os burros n’água. A Morte Convida Para Dançar é totalmente correto em sua parte técnica e tem até um início chamativo, no entanto, isso não o salva das críticas negativas. Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, mas caras e bocas e uma espirrada de sangue aqui ou outra ali não sustentam um enredo tão frouxo. 

Terror - 88 min - 2008

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9 – 10 Excelente, praticamente perfeito do início ao fim
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