sexta-feira, 3 de novembro de 2023

PROCURA-SE UMA BABÁ

 

Nota 4 Surpreendendo quanto a identidade do vilão, suspense não desenvolve aspecto sobrenatural

Filmes a respeito de babás sendo perseguidas por psicopatas praticamente se tornaram representantes de um subgênero do suspense ou terror, uma tendência que deve ter se iniciado na longinqua década de 1970 quando Halloween - A Noite do Terror colocou uma inocente Jamie Lee Curtis como vítima primordial de Michael Myers. Desde então, diversas outras produções usaram e abusaram da temática, principalmente filmes menores outrora produzidos para abastecer locadoras. Hoje produções do tipo continuam sendo feitas como telefilmes ou para inflar o catálogo de serviços de streaming. Procura-se Uma Babá não foge à cartilha do estilo, porém, os diretores  Michael Manasseri e Jonas Barnes, este também autor do roteiro, se atentaram a alterar um ponto crucial: a mocinha não é persegudia por um assassino mascarado ou vingativo.

Angie (Sarah Thompson) aceita o  trabalho como babá numa isolada residência a fim de ganhar o suficiente para custear seus estudo em uma nova cidade, no entanto, o que era para ser um trabalho simples acaba se tornando um pesadelo. A jovem é bem recebida pelo casal Violet (Kristen Dalton) e Jim Stanton (Bruce Thomas) que precisava de alguém para cuidar de seu filho Sam (Kai Caster) por uma noite. O garoto, calado e aparentemente tímido, parece não dar trabalho algum e tem como particularidades o hábito de usar continuamente um chapéu estilo caubói, inclusive para dormir, e fazer refeições especiais as quais sua mãe deixa preparadas na geladeira e com ordens explícitas de que os potes marcados são apenas para o consumo da criança. Angie então poderá ter uma noite tranquila longe do quarto que divide com uma colega não muito amistosa. Será mesmo?


Antes mesmo de chegar na residência dos Stanton, assim que pega o contato para o trabalho em um quadro de avisos da faculdade, Angie passa a ter a sensação de que está sendo vigiada por algum desconhecido. Assim que os pais de Sam saem de casa, a babá começa a receber telefonemas, mas ninguém fala nada, apenas se escuta ruídos. Sem dificuldades, o criminoso consegue adentrar a residência e ameaça ter como alvo a criança, mas a babáconsegue golpeá-lo. Todavia, tal homem não era um bandido, mas sim alguém que queria ajudar a jovem. É quando ela descobre que Sam usa o chapéu para esconder um sinistro segredo e seu comportamento justifica o porquê de ele se alimentar com carne crua. Saber que está lidando com um ser diabólico não é nada. Os pais do garoto são piores.

Poucas horas após saírem de casa, os Stanton inesperadamente retornam e agem com certa naturalidade ao ver o que aconteceu. Na verdade, o casal já conhecia o intruso que é um dos vários padres que já tentaram dar um fim no garoto e sem pestanejar o pai o assassina. Eis que Angie percebe que caiu numa armadilha. Mortes fazem fazem parte da rotina da família que costuma requisitar o trabalho de babás para aprisioná-las e limpar seus corpos com uma alimentação saudável entre outros cuidados, tudo para depois as esquartejá-las e servir uma carne de primeira para Sam que só se alimenta de humanos. Isso também explica o porquê da família constantemente mudar de endereço, sempre tomando cuidado para apagar qualquer rastro dos atos cruéis que praticam. O filme então se divide entre o antes e o depois da revelação de quem realmente são os Stanton, mas nenhuma das partes é desenvolvida de maneira eficiente.


Para quem é fã do gore, o filme oferece algumas cenas bastante sangrentas e violentas, mas pega leve no quesito tensão, assim entregando o básico que se espera de um filme de suspense. Todavia, o argumento poderia render muito mais visto que há uma mudança no foco de quem realmente é o vilão da história. Porém, ao fugir do clichê do psicopata e adentrar o ao universo sobrenatural, o artifício revela-se frustrante, pois não há qualquer desenvolvimento a respeito disso. Fica nítido que o roteiro recorreu a esse recurso somente para não ser enquadrado como algo repetitivo, inclusive dispensando cenas mostrando a preocupação de religiosos quanto a existência de Sam, este que também não fica muito claro o porquê de ser diferente de outros garotos tanto fisicamente quanto em termos de caráter. O argumento de Procura-se Uma Babá prometia muito mais, mas nas mãos de cineastas pouco renomados, ainda que cheios de boa vontade, o filme se torna enfadonho.

Suspense - 93 min - 2008

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