Nota 3,5 Receita da troca de corpos é adaptada para um vencedor do Oscar encarnar em um felino
Há boatos de que atores premiados
com o Oscar acabam reféns de uma espécie de maldição. De fato, depois de
ovacionados com a famigerada estatueta dourada, muitos não voltaram a receber
bons roteiros e passaram a colecionar fracassos. Para alguns o fundo do poço
realmente é o destino enquanto outros tentam se equilibrar como podem para se
manterem na ativa. Kevin Spacey foi vencedor do grande prêmio em duas ocasiões,
mas as coisas se complicaram. Seu nome continuou em evidência graças a série de
TV "House of Cards", já que o cinema não lhe foi tão generoso.
Contudo, é difícil imaginar o que o levou a aceitar protagonizar Virei Um Gato, comédia estritamente infantil.
Acostumado a papéis densos e controversos, nada contra buscar projetos mais
leves e até mesmo voltados às crianças para dar uma relaxada, mas no filme do
diretor Barry Sonnenfeld definitivamente o ator não se encaixa. Na verdade,
Spacey fica pouco tempo em cena, ao menos em carne e osso. Ele dá vida à Tom
Brand, um ricaço dono de um império imobiliário conhecido por sua agressividade
verbal e megalomania. Empenhado em construir o mais alto arranha-céu da América
do Norte, sua ambição é tão grande que praticamente o impede de conviver com
sua esposa Lara (Jennifer Garner) e a filha Rebecca (Malina Weissman), esta que
carente de atenção deseja ganhar um gato de estimação como presente de
aniversário. Embora deteste animais, Brand vai até a loja do excêntrico Felix
Perkins (Christopher Walken) e compra um bichano, o Sr. Bola de Pêlos, mas
antes de ir para casa entregá-lo decide ir até ao tal prédio em construção.
Estressado com o engenheiro que coloca empecilhos quanto a realização de uma
torre tão grande, o empresário se desequilibra durante uma tempestade de raios e
acaba caindo do topo, mas milagrosamente tem sua vida salva. Ou quase isso. Seu
corpo é levado para o hospital onde fica em coma, mas sua alma e consciência
estranhamente foram transferidas para o gato, cujas ações e pensamentos são
apenas entendidas pelo dono do pet shop que passa acompanhá-lo em sua
via-crúcis.
A troca de personalidades, embora
neste caso o humano não passe a se comportar como um felino, é um tema já
bastante explorado no cinema e bastante nostálgico, característico de clássicos
no melhor estilo sessão da tarde como Se
Eu Fosse Minha Mãe e até o Brasil já experimentou a receita com Se Eu Fosse Você. Contudo, o roteiro
impressionantemente escrito por um batalhão (Matt Allen, Dan Antoniazzi, Gwyn
Lurie, Ben Shiffrin e Caleb Wilson) trata o mote do filme com displicência, sem
oferecer qualquer explicação para o evento sobrenatural que serve apenas como
uma desculpa para o protagonista ter algumas lições, descobrindo o quanto é
importante para a família e o que os seus colegas de trabalho pensam a seu
respeito. Entre eles está seu ambicioso assistente, Ian Cox (Mark Consuelos),
que deseja convencer a todos que o melhor para Brand seria ter os aparelhos que
o mantém vivo desligados e assim não correr riscos de impedimentos quanto a
venda da construtora. Contudo, David (Robbie Amell), o primogênito do
empresário fruto de seu primeiro casamento, está disposto a impedir que o
patrimônio do pai seja passado adiante, mas claro que como manda a cartilha
desta espécie de subgênero das comédias, o rapaz resolve se mexer tarde demais,
praticamente ao mesmo tempo que o Sr. Bola de Pêlos resolve mostrar as garras,
inclusive literalmente. Pensando nas crianças, o enredo não é o grande problema
de Virei Um Gato. Especialista em filmes
famílias, Sonnenfeld, que usou e abusou de efeitos especiais em MIB - Homens de Preto, desta vez se
complicou com o uso da computação para materializar façanhas impensáveis para
um felino, visto que são animais de difícil adestramento. Assim, o conjunto
todo ficou bastante artificial, já que a fita depende quase em sua totalidade
das peripécias do gato. Quando não está em cena, os diálogos entre os humanos
são bastante desinteressantes, mas para as crianças o que importa mesmo é ver o
bichano. Bom, neste caso, também deve ser o único interesse dos adultos que as
fizerem companhia.
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Um comentário:
Grande crítica parabéns.Achei que o filme deveria ter sido mais bem escrito e com mais humor e sem Kevin Spacey.☺
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