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NOTA 5,5 Com lições de moral e superação batidas, longa faz graça com jeito brucutu do protagonista que literalmente precisa fazer mágica para voltar a ser feliz |
Filmes de ação cheios de
pancadarias e tiroteios sabemos que não são feitos para agradar famílias e sim
o público masculino, mas sabe como é. O papai começa a assistir, logo a mamãe
está do lado no sofá e as crianças colam junto por tabela vidradas em
adrenalina. Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e Bruce Willis foram
alguns dos astros fortões que se viram forçados a procurar alguns roteiros mais
amenos para agradar a uma parcela de público com o qual não sonhavam. Foram
vários os tropeços saindo do campo da ação, sendo que o primeiro grandalhão se
saiu ligeiramente melhor encabeçando clássicos sessão da tarde como Um Tira no Jardim Da Infância e Irmãos Gêmeos. Os representantes da nova
geração movida a energéticos também se aventuraram como Vin Diesel em Operação Babá, mas quem defende com
fervor a bandeira dos valentões de bom coração é Dwayne Johnson, a muito tempo
sem precisar acrescentar ao nome artístico a alcunha "The Rock", seu
apelido nos tempos em que era lutador de vale-tudo. Assim como seus
predecessores, o ator começou no gênero da pancadaria, mas seu sucesso
extrapolou o campo da testosterona angariando fã clube feminino e infantil,
assim não demorou muito para seu nome ser atrelado a comédias-família, geralmente
tirando um sarro de seu jeito brucutu forçosamente tendo que aprender a lidar
com crianças. O Fada do Dente deixa isso bem
explícito. Ele interpreta Derek Thompson, uma ex-super estrela do hóquei no
gelo, mas por conta de uma contusão acabou ficando afastado do esporte por um
bom tempo e desacreditando em seu potencial. Quando volta acaba se atrapalhando
nas partidas e quase sempre arrancando um dente dos adversários sem querer,
assim ganhou o apelido de "o fada dos dentes", alusão a lenda que diz
que a criança que perde um dente e deixa debaixo do travesseiro ao acordar
ganha um dinheirinho. Contudo, ele faz questão de jogar por água abaixo tal história
arruinando os sonhos de Tess (Destiny Whitlock), a filha de apenas seis anos de
Carly (Ashley Judd), sua namorada, que estava empolgadíssima com a perda de seu
dente de leite, mas ele esqueceu de deixar a recompensa.
Acostumado a fazer os outros
desencanarem de acreditar em sonhos, inclusive fez um fã desistir de seguir sua
carreira literalmente no grito, Thompson é recrutado pelas verdadeiras fadas
para se redimir assumindo o papel de uma delas durante alguns dias. Para tanto
ele terá o auxílio de um consultor exclusivo, Tracy (Stephen Merchant), que
mais o atrapalha que ajuda ressentido por não pode desempenhar a função
encantada por ser desprovido de asas, e receberá ordens da fada-chefe e linha
dura Lily (Julie Andrews). Enquanto soa as asinhas para cumprir seus deveres
noturnos com a criançada, ele também tentará reconquistar a confiança da
namorada e da enteada, assim como tentar conquistar a amizade do filho mais
velho dela, o adolescente em crise Randy (Chase Ellison). A graça fica por
conta dos chamados da repartição das fadinhas (sim, é uma organização séria e
cheia de burocracias) que sempre aciona o grandalhão em momentos inoportunos,
como quando está namorando ou em meio a um jogo. A parte tocante fica pela
relação que acaba sendo estabelecida entre padrasto e enteados, cuja
turbulência não vai além de duas ou três birras. O diretor Michael Lembeck não
ousa fugir às fórmulas do gênero, realizando um filme extremamente
convencional, mas que diverte o público-alvo com a equação certa de fantasia,
humor e sentimentalismo. Ele já tinha experiência na área visto que comandou
dois capítulos da franquia Meu Papai é
Noel que também narra a história de um homem com problemas conjugais e de
relacionamento com crianças e que de uma hora para a outra se vê obrigado a
assumir o lugar do bom velhinho, figura que tanto desdenhava. Muda-se as
lendárias figuras e a ambientação e temos outro entretenimento para distrair a
meninada que deve se empolgar com as cenas envolvendo um esporte teoricamente
bastante violento. Escorregões, colisões, boladas e outros imprevistos que
podem rolar numa partida colocam o protagonista a desarmar a cara fechada para
literalmente abrir o bocão e usar o corpo musculoso para conseguir risos de
piadas visuais, principalmente quando precisa vestir o uniforme de fada, uma
malha bem justinha e com direito a apetrechos mágicos, como o pó de amnésia e a
pasta encolhedora que reduz seu tamanho ao de uma formiguinha, diga-se de
passagem, em um efeito especial chupinhado do seriado do "Chapolim
Colorado". Todavia, para quem começou a carreira sem falas e refém de um
duvidoso efeito especial (lembram-se da abominável concepção do Escorpião Rei
de O Retorno da Múmia?), parece que
se passar por ridículo não é nenhum problema.

Comédia - 101 min - 2009
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