Nota 0,5 Sátira a filmes de terror limita-se a oferecer apenas erros e vergonhas de seus similares
Quando estreou o primeiro filme
da série Todo Mundo em Pânico ninguém
duvidava que muitos capítulos iriam vir a seguir afinal de contas material para
satirizar jamais faltaria. O problema é que após o original perdeu-se o fio da
meada (o mínimo que segurava as pontas) e os roteiros começaram a atirar para
tudo quanto é lado sem chegar a lugar algum. Variando os gêneros a serem
achincalhados, outros derivados dessa linha como Deu a Louca em Hollywood, Super-Herói- O Filme e Espartalhões mostraram esgotamento da
fórmula logo em seus primeiros filmes, provando o oportunismo que os sustentam.
A ideia basicamente é fazer alguns trocados tirando sarro de produções famosas,
de preferência recentes para não exigir demais do cérebro do público-alvo
dessas fitas. Vendo por esse lado, Stan Helsing tinha potencial para ir
além, a começar pelo seu título que evoca a lendária figura de Van Helsing, o
caçador de monstros. Stan (Steve Howey) poderia ser um descendente deste herói
da antiguidade que em pleno século 21 deveria combater assombrações modernas
oriundas do cinema como Freddy Krueger, Jason Vorhees e Michael Meyers, mas a
vontade que temos é de que estes monstros não estejam de brincadeira e
realmente trucidam o protagonista e sua turma de amigos. Depois eles mesmos
poderiam se suicidar. São péssimos! Na noite de Halloween, esse babaca está a
caminho de uma festa na companhia dos amigos Teddy (Kenan Thompson), Nadine
(Diora Baird) e Mia (Desi Lydic), mas antes precisa fazer uma entrega para seu
chefe em um lugar distante. Pegando um atalho, já sabemos que as coisas vão
sair dos trilhos. O quarteto vai parar em um sombrio condomínio onde no passado
funcionava uma produtora de filmes de terror, mas cujas atividades foram
interrompidas por causa de um grave incêndio. Opa! Acidentes mal resolvidos,
lugares assombrados, uma cidade que dá toque de recolher à meia-noite... até
que o argumento tem potencial, mas tudo é desperdiçado pelo roteirista e
diretor Bo Zenga que parece apenas querer brincar de alinhavar porcamente
referências a filmes de terror, conseguindo risadas amarelas de alguns poucos
que conseguem entender as piadas afinal quem não é fã de sangue e tripas deverá
ficar boiando.
Para uma produção que quer casar
humor e terror, no mínimo, os vilões devem ter um pouco de sangue frio e
astúcia, mas a turma reunida aqui parece ter sido pinçada nas ruas durante o
carnaval e ainda por cima embriagados. Assim, além dos já citados vilões que
fizeram História e aqui são reduzidos a pó, Zenga também joga fora a
oportunidade de extrair boas sátiras de produções como Hellraiser, O Massacre da Serra Elétrica, Brinquedo Assassino, Olhos
Famintos entre tantas outras que ficaram de fora. Os personagens são tão
maus caracterizados que alguns demoramos um tempo para identificar, mas isso é
o de menos já que o público-alvo da fita são adolescentes acéfalos, basicamente
do sexo masculino e que em cinco minutos vão se esquecer de que a intenção era
satirizar filmes de horror. Piadas de conotação sexual explícita tomam conta da
produção, mas a maioria não funciona assim como todo o resto. Até uma subtrama
envolvendo um misterioso caronista chega ser inserida, porém, abandonada sem
nada acrescentar a essa colcha de retalhos cheia de buracos. Nem mesmo o fato
do protagonista trabalhar em uma videolocadora, ainda que na época já um
negócio em decadência, inspirou algumas boas piadas que poderiam surgir
explorando alguns títulos famosos. No final das contas Stan Helsing se causa
algum tipo de reação cômica deve ser daquele espectador ruborizado diante de
algo tão absurdo e que ri de si mesmo por perder tempo com tal bobagem. Ainda é
triste saber que o saudoso comediante Leslie Nielsen, em uma de suas últimas
atuações, tenha topado participar de algo tão vulgar e com um papel indigno de
seu talento, um dono de bar que gosta de se vestir de mulher. Enfim, como as
sátiras a produções de horror e suspense vira e mexe continuarão a pipocar,
seria bom que produtores, roteiristas, diretores, elenco e até faxineiros e
copeiros dos estúdios se dessem ao trabalho de ver bons filmes como Todo Mundo Quase Morto e Zumbilândia. Quem sabe assim aprendessem
alguma coisa a respeito de uma fórmula que não está completamente enterrada,
mas que carece de sangue novo... e de preferência reforçado em termos de
criatividade, capricho e boa vontade.
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