domingo, 11 de julho de 2021

OPERAÇÃO BABÁ


Nota 7 Vin Diesel embarca em projeto infantil para cativar o futuro público de seus filmes de ação


Alguns atores desde o início da carreira buscam diversificar os estilos de filmes para não se tornarem sinônimo de um gênero e assim ampliarem suas possibilidades de trabalho. Procurar explorar diferentes perfis de personagens também é essencial. A garota acostumada a fazer o papel da gostosona tem que ter consciência que por mais que cuide da estética o tempo passa e mais cedo ou mais tarde sua própria idade poderá traí-la. Os bombados dos filmes de ação também correm risco. Podem cultivar seus músculos a base de suplementos e exercícios e até se manterem no gênero, mas não irão escapar de se tornarem alvo de chacotas quando ficarem reféns das plásticas. Um dos grandes astros do cinema de adrenalina dos anos 2000, e cuja fama deve demorar a esgotar, Vin Diesel surpreendeu a todos ao trocar armas e carros potentes e surgir munido de brinquedos e mamadeiras na simpática comédia Operação Babá, cuja premissa e escolha do protagonista deixam clara a tentativa de resgatar o espírito de Um Tira no Jardim da Infância, famosa sessão tarde que coloca o brucutu Arnold Schwarzenegger para cuidar de um bando de pestinhas, mas mantendo sua pose de justiceiro. 

Diesel dá vida à Shane Wolfe, um graduado oficial da marinha que inesperadamente é designado para proteger uma família com nada menos que cinco rebentos. Após fracassar na missão de resgate que culminou na morte do cientista Howard Plummer (Tate Donovan) envolvido no projeto de um programa secreto para o governo, ele faz um acordo com a recém-viúva Julie (Faith Ford) de cuidar da segurança da prole por um fim de semana enquanto ela faria uma rápida viagem. Contudo, alguns imprevistos acontecem e o grandalhão terá que permanecer mais tempo na casa, inclusive se encarregando de tarefas domésticas e até mesmo paternas. Como manda a cartilha deste tipo de produção, Wolfe terá que aprender a lidar com os mais diferentes problemas e personalidades e assim transformando-se em alguém melhor. Zoe (Brittany Snow) é a garota rebelde, Seth (Max Thieriot) é o deprimido do grupo, Lulu (Morgan York) faz o tipo maluquinha, Peter (papel revezado entre Logan e Kegan Hoover) é o pentelhinho que nunca pode faltar em fitas do tipo e, por fim, há também o bebê Tyler (vivido pelos gêmeos Luke e Bo Vink), este que provavelmente é o que mais assusta Wolfe com suas fraldas sujas que lhe parecem mais ameaçadoras que uma arma de fogo. Para quem está acostumado com tiroteios e sopapos, lidar com essa turminha poderia ser fácil, mas as coisas se complicam quando gente da pesada passa a cercar a casa dos Plummer para colocar as mãos no tal projeto governamental. Os inimigos ou as crianças? O que assusta mais o oficial? 


A julgar pelo conselho da divertida babá Helga (Carol Kane), que lá pelas tantas abandona o barco, para trabalhar nesta casa ter licença para matar seria de grande serventia. Cuidando desde um recém-nascido até uma adolescente, Wolfe literalmente fará um curso intensivo e forçado de babá e já dá para imaginar a sensibilidade deste fortão com cara de poucos amigos para ocupar a função. É justamente desta falta de intimidade com a situação e até mesmo do físico destoante que surgem as manjadas piadas, mas ainda funcionais. Não se lembrar do citado filme de Schwarzenegger em que ele ocupava papel semelhante é quase impossível, até porque é explícita a tentativa de levar Diesel a trilhar um caminho idêntico. Será que um dia ele também será eleito a algum cargo político tal qual seu antecessor no posto de rei dos filmes de ação? Bem, a coincidência é que ambos acabaram voltando ao universo do corre-corre e das explosões, raramente surgem em um gênero diferente. Diesel optou por isso ou a própria indústria prefere mantê-lo inerte em um estilo para ter seus lucros certeiros? Melhor acreditar no capitalismo da segunda opção que corta a oferta de papeis diferenciados, até porque potencial para explorar outros campos o ator tem como já havia provado em O Primeiro Milhão, tragicomédia pouco conhecida em que atuou antes de explodir como astro de filmes que exalam testosterona como Velozes e Furiosos.

Alguns podem reclamar da previsibilidade do filme, o durão que aos poucos amolece e se torna amável, os jovens rebeldes que no fim são domados e outros tantos clichês, mas não se pode esperar algo diferente de um produto oriundo dos estúdios Disney. O fato é que tirando algumas cenas de ação, abrandadas para se encaixarem em produções censura livre, Operação Babá atinge dignamente seu objetivo de entreter, inclusive até os adultos que devem se divertir com as homenagem feitas ao clássico musical A Noviça Rebelde. Falando em referências cinematográficas, a adaptação de Wolfe à rotina das crianças e vice-versa pode lembrar a premissa de Doze é Demais cuja sequência também leva direção de Adam Shankman que se tornou um especialista em comédias popularescas e de temática livre. Como teoricamente é um filme feito para crianças e cujo foco também são os personagens menores de idade, o diretor procura pegar leva nas piadas e consegue arrancar atuações carismáticas do jovem elenco, geralmente o calcanhar de Aquiles de produções do tipo já que raramente elas não aparecem com falas decoradíssimas (no mal sentido) ou extrapolando na emoção ou na simpatia incentivadas por pais desesperados em conseguir uma vida mansa às custas dos filhos. Até o bebê não é um simples adorno, tendo também sua contribuição para manter o humor.


Apesar de reciclar piadas, obviamente os roteiristas Thomas Lennon e Ben Garant tiram proveito do físico avantajado do protagonista em meio a inocentes franzinos para tecer algumas pérolas como o momento que uma das crianças comenta sobre o volume dos peitos do fortão, mas por outro lado também o coloca mais de uma vez em situações constrangedoras como cantar e fazer a coreografia de uma singela musiquinha de ninar. Também poderiam ter sido cortadas algumas cenas com a diretora Claire Eletcher (Lauren Graham) que surge como o iminente interesse romântico do militar. Se restringir as conversas a respeito do baixo rendimento escolar da molecada poderia ser mais benéfico ao conjunto, inclusive para reforçar a ideia de que não basta oferecer bens materiais aos filhos, é dever dos pais também participar de forma ativa da vida deles para se sentirem motivados, justamente o que Wolfe consegue em poucos dias de convivência. Mesmo com a sensação de que poderia ser mais bem elaborada, esta é uma opção bacana, com gostinho de nostalgia e que já nasceu credenciada a eterna sessão da tarde.

Comédia - 91 min - 2005

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