segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

MOULIN ROUGE - AMOR EM VERMELHO

NOTA 10,0

Longa ressuscita o gênero
musical em grande estilo,
apostando em história de amor
contada de maneira vibrante
Durante muitos anos os musicais foram sinônimos de cinema de primeira e marcaram uma fase de ouro de Hollywood. Em meados dos anos 60 o gênero começou a sua decadência sendo sucumbido por produções mais ousadas e realistas. Em tempos de guerras, ganância e luta pela liberdade e direitos, já não havia mais espaço para a magia do casamento da sétima arte com o mundo da música. Um ou outro musical como Cabaret ou Grease – Nos Tempos da Brilhantina conseguiu fazer sucesso e atravessar décadas sendo lembrado de forma ativa e indicado às novas gerações, mas definitivamente as produções do tipo pareciam fadadas ao ostracismo. Eis que em pleno início do novo século o mundo foi surpreendido com o lançamento de Moulin Rouge – Amor em Vermelho, um ousado e criativo projeto do diretor e roteirista Baz Luhrmann, antes responsável por uma versão mais moderninha de um conto clássico, Romeu + Julieta. Sua especialidade parece ser oferecer verdadeiros espetáculos visuais e sem medo de reinventar fórmulas. No caso ele reinventou os musicais e entregou ao público uma obra ímpar utilizando ao máximo os recursos sonoros e visuais a favor de sua narrativa, optando por toques sutis de computação gráfica e exaltando o lado artesanal de se fazer cinema. Tudo isso sem abrir mão de imprimir sua marca: o exagero, no bom sentido. A história começa na virada do século 19 para o 20 nos apresentando ao jovem Christian (Ewan McGregor), um escritor que está passando por um bloqueio criativo por perceber que nunca se apaixonou de verdade e assim não poderia jamais escrever sobre o amor de forma clara e sincera. Em Paris, no bairro boêmio de Montmartre, ele recebe o apoio do artista plástico Henri de Toulouse-Lautrec (John Leguizano) e de uma trupe de artistas que o ajudam a participar da vida social e cultural do local que giram em torno do famoso cabaré Moulin Rouge. Ao visitar o local, Christian se apaixona a primeira vista por Satine (Nicole Kidman), a grande estrela da casa de espetáculos, que na realidade é um bordel. Graças a um mal-entendido, os dois têm a chance de ficarem a sós por alguns minutos, tempo suficiente para que a moça correspondesse ao amor do rapaz, porém, ela já está prometida ao Duque de Monroth (Richard Roxburgh), que em troca do casamento promete transformá-la em uma grande atriz e o Moulin Rouge em um elegante teatro. Mesmo pressionada por Harold Zidler (Jim Broadbent), o ganancioso dono do cabaré, em comum acordo Satine e Christian decidem viver seu romance às escondidas, mas uma hora ela deverá escolher entre viver um amor verdadeiro ou realizar-se profissionalmente.

domingo, 30 de dezembro de 2018

UM PORTO SEGURO

Nota 5,0 Mais uma obra do romancista Nicholas Sparks apenas recicla sua velha fórmula

Assim como o nome do escritor Stephen King se tornou um chamariz para a indústria de cinema em menor proporção podemos dizer que a alcunha Nicholas Sparks também tem o seu valor. Autor de best sellers românticos com boa dose de drama, suas obras passaram a ser cobiçadas por produtores desde que Diário de Uma Paixão tornou-se instantaneamente um clássico do gênero. Não a toa é seu trabalho mais bem acabado estruturalmente e o que mais difere na lista do que já fora adaptado. Um Amor Para Recordar, Noites de Tormenta e Um Homem de Sorte, por exemplo, em comum possuem um casal bonitinho e carismático que se une contra todas as adversidades que possam surgir a fim de impedir que vivam esse amor, mas cuja trajetória culmina em algum final impactante ou traumático. Todas são obras tipicamente "sparkinianas", produções que contam histórias alienantes, mas inegavelmente com graça e beleza. Adaptado por Leslie Bohem e Dana Stevens, Um Porto Seguro engrossa tal lista apresentando mais um romance água-com-açúcar marcado por reviravoltas previsíveis. Após uma briga doméstica, Katie (Julianne Hough) foge de casa toda coberta de sangue e passa a ser perseguida pela polícia, mas consegue escapar e busca por acaso refúgio em uma bucólica cidadezinha no litoral dos EUA. No local, além de arranjar uma bela casa e um descontraído trabalho em um estalar de dedos, ela acaba fazendo amizade com Jo (Cobie Smulders), uma vizinha confidente, e após relutar um pouco inicia um romance com Alex (Josh Duhamel), o dono da mercearia local, viúvo boa-praça e pai de duas crianças. Como manda a cartilha de Sparks, o namoro é contemplado com dias ensolarados, bela paisagem natural, torcida dos amigos e muitas juras de amor. Tudo vai bem na vida da moça até que o passado volta para reencontrá-la através do obstinado detetive Tierney (David Lyons). É através de suas investigações e flashbacks que pouco a pouco vamos descobrindo o que Katie tanto luta para manter em segredo.

sábado, 29 de dezembro de 2018

SEGREDO DE SANGUE

Nota 4,0 Intrigas manjadas tentam segurar trama que não se aprofunda no tema possessividade

Jessica Lange já viveu seus tempos de glória, sendo uma das atrizes mais requisitadas na década de 1980, mas após conquistar seu segundo Oscar por Céu Azul em 1995 parece que o cinema a esqueceu. Ou seria o contrário? Ao aceitar co-estrelar o suspense Segredo de Sangue, genérico desde o título, parece que a estrela já não fazia mais questão alguma de ver seu nome emparelhado ao lado de outras grandes intérpretes em premiações renomadas. Só assim para explicar a sua até então inédita indicação ao Framboesa de Ouro, um mimo para os piores do cinema. Ela dá vida à Martha Baring, uma milionária de meia-idade acostumada a controlar a vida de Jackson (Jonnathon Schaech), seu único filho, um rapagão que mesmo morando em Nova York, longe dos olhos da mamãe, não foge de sua vigilância. Ela sabe que ele tem suas aventuras sexuais, mas jamais se preparou para o momento em que o rapaz decidisse lhe apresentar sua futura nora de fato. Eis que ele decide voltar à fazenda onde cresceu e visitá-la para os festejos de fim de ano levando a tiracolo não apenas a noiva Helen (Gwyneth Paltrow), mas sim a mãe de seu herdeiro que já cresce em seu ventre. O casal buscava refúgio após uma traumática situação de violência, porém, mal sabiam o que os esperava no campo. Lembram-se da reação de Jane Fonda em A Sogra ao ser apresentada à namorada do filho? Sua personagem no exato momento que conhece a futura nora começa a imaginar que está torturando a moça. Lange tem reação parecida, mas na cabeça de sua possessiva criação não paira uma cena besteirol com direito a enfiar a cara em um bolo e sim uma sequência de episódios para perturbar psicologicamente a jovem que acreditava estar sendo recebida naquela casa com total cordialidade. Contudo, não demora muito para ela se sentir desconfortável sob o mesmo teto que a sogra, principalmente quando descobre que ela rejeita e maltrata Alice (Nina Foch), a avó de seu marido.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?

NOTA 9,0

Drama mostra lado pouco
esplendoroso da Índia através da
história de rapaz de origem humilde
que literalmente vence na vida
Entra ano e sai ano e muita gente continua com suas simpatias e rituais em busca de ajuda para conseguir uma vida financeira confortável. Bem, já que a maioria tem esse desejo, a dica é fechar o ano assistindo Quem Quer Ser Um Milionário?, elogiada e premiada produção americana que mostrou ao mundo uma Índia realista, pobre, repleta de problemas, mas ainda assim com uma população esperançosa. A sugestão não é só pelo fato de ter dinheiro envolvido na história, mas principalmente pela mensagem de otimismo e reflexiva que o filme nos deixa. A câmera do eclético diretor Danny Boyle apresenta o cotidiano do povão que por coincidência não difere muito da realidade das áreas menos favorecidas brasileiras. Até mais interessante que o próprio filme em si é a sua trajetória desde a concepção até o clímax, a festa do Oscar. Um diretor que já trabalhou com a juventude rebelde, lidou com zumbis, frequentou uma ilha aparentemente deserta e se aventurou pela ficção científica em uma época em que o gênero estava praticamente sepultado, só prova que ele não tem medo de experimentar, testar novos temas e ambientações. Por isso não é para se estranhar a sua audácia de voltar suas atenções para um país pouco conhecido e procurar o que havia de mais comum e pobre por lá. O que é espantoso mesmo é a recepção acalorada do público e crítica americana a uma obra com diversos diálogos em língua estrangeira, o hindu, o idioma oficial da índia, o que exige o uso de legendas, coisa que os ianques detestam. E o fenômeno não foi só por lá. Com uma mensagem universal, o longa fez uma carreira brilhante por onde passou e conquistou quase todos os prêmios disponíveis da temporada. O único senão é que o elenco foi esnobado nessas festas, algo já esperado por serem desconhecidos até então e pela origem indiana (foram selecionados entre os populares e aprenderam a atuar “pegando no batente”). Curiosamente, na própria Índia houve rejeição a este trabalho, muito porque condenaram a opção de explorar o universo de favela, mas se a história exige tal cenário não se pode fazer nada. Se a ambientação causa incômodo por expor mazelas sociais, o cinema nada mais fez que mostrar a realidade. Queixas devem ser direcionadas a governantes e afins para mudar esse quadro. O realismo da obra se deve muito ao auxílio do dramaturgo e cineasta indiano Loveleen Tandan, contratado para ceder uma minuciosa pesquisa sobre seu país, mas cuja importância foi tanta que acabou recebendo o crédito de co-diretor.

sábado, 22 de dezembro de 2018

REFÉNS DO MAL

Nota 5,0 Suspense sem grandes sustos é mero produto para publicidade do protagonista

Crianças endemoniadas parecem um fetiche do cinema de horror. Símbolos de pureza e inocência, realmente até hoje não deixa de ser impactante ver guris que giram a cabeça, com olhar macabro, se automutilando ou atentando verbalmente contra a moral e a crença religiosa. Bem, o demoniozinho de Reféns do Mal vem em embalagem mais econômica, sendo a fixação de seus olhos, cara séria e dom para premonição suas principais armas para amedrontar, mas no caso ele só mete medo em quem merece. Será mesmo? Não há como falar sobre esta produção assinada pelo diretor Stewart Hendler sem revelar seu grande trunfo que na realidade não é nenhum truque para surpreender o espectador, mas sim a matéria-prima do roteiro de Christopher Borrelli. David (Blake Woodruff) é um garoto de oito anos filho único da Sra. Sandbom (Teryl Hothery), uma jovem e rica viúva que sempre o mimou com presentes e fez suas vontades, mas ainda assim ele parece sério demais. No dia de seu aniversário, em pleno período natalino, comparece a sua festa um animador vestido de Papai Noel que na verdade não é do ramo. Ele é Max (Josh Holloway), um ex-detento que aprendeu a cozinhar na prisão e agora que está livre sonha em abrir um restaurante com a noiva Roxanne (Sarah Wayne Calles), mas devido ao seu histórico criminal será difícil conseguir financiamento para o projeto, assim ele cai na tentação de fazer um último serviço sujo para um desconhecido que só consegue contatar pelo telefone: sequestrar David e em troca pedir um polpudo resgate. O rapto dá certo e com a ajuda da noiva e dos comparsas Vince (Joel Edgerton) e Sidney (Michael Hooker), Max aprisiona o garoto nas acomodações de um acampamento que está fechado provisoriamente devido ao inverno rigoroso. O futuro casal trata o menino de forma mais amigável, pois desejam que tudo acabe bem para todos, mas são alertados de que não devem se afeiçoar a ele. De qualquer forma, bastava um primeiro contato com a milionária que ela não se negaria a pagar uma fortuna para ter seu pimpolho de volta, mas as coisas saem dos trilhos.

domingo, 9 de dezembro de 2018

PALAVRAS DE AMOR

Nota 4,0 Abordando concursos de soletrar e religião, longa se arrasta e jamais atinge a emoção 

Como diz o ditado, uma imagem vale mais que mil palavras. Será mesmo? Infelizmente vivemos tempos de desvalorização do vocabulário e de tudo aquilo que ele carrega consigo. Com o passar dos anos, expressões que deveriam ser carregadas de sentimentos foram banalizadas e são ditas por aí ao acaso e a linguagem da internet cheia de gírias e abreviações causam confusão quando necessário uma escrita ou conversa oral de maneira mais formal. Palavras de Amor, abordando o tema através de concursos de soletrar, até tenta nos lembrar da importância dos significados que a junção de letras tem, mas infelizmente acaba se perdendo em uma miscelânea de assuntos que dispersam a atenção do foco principal. A pequena Eliza (Flora Cross) é a filha caçula da família Naumann, um clã aparentemente feliz. Saul (Richard Gere), seu pai, é um respeitado professor universitário de teologia que sempre encontra tempo para se dedicar em casa, ou ao menos acredita que cumpre bem seu papel no lar. Miriam (Juliette Binoche), sua mãe, é uma mulher carinhosa e ao que tudo indica confortável com sua vida pacata. Já Aaron (Max Minghella), seu irmão mais velho, não demonstra sinais de rebeldia como a maioria dos adolescentes e mantém um relacionamento amistoso com os parentes. Apaixonado pelas palavras e seus significados e afins, Saul se entusiasma ao perceber o dom da filha para soletrar e começa a treiná-la para campeonatos estudantis. No entanto, a dedicação do pai torna-se uma obsessão que acaba modificando a dinâmica de toda a família cuja base antes sólida revela-se estruturada sobre frágeis alicerces, principalmente quando vem à tona a fé de cada um dos membros. Os treinamentos para os concursos são meras desculpas para mostrar que há uma forma mundana para se conversar com Deus. Ao incentivar a filha a se aprimorar na arte de soletrar, Saul acredita que a está guiando para alcançar a sabedoria divina, não apenas falando com o criador, mas também o ouvindo.

sábado, 8 de dezembro de 2018

ARRUME UM EMPREGO

Nota 1,0 Pretendendo abordar temas relativos ao mercado de trabalho, comédia só fica na intenção

Se a geração que cresceu jogando videogames naquelas gigantescas televisões de tudo conseguiu gerar vários exemplos de fracassados, imagine as novas levas de jovens que estão por aí e ainda estão por vir. Computadores, celulares, internet de alta velocidade e games super interativos. Apesar de todas estas opções também servirem de fonte de informação, a juventude as quer com o intuito de se divertir, mas chega um momento em que é preciso encontrar um equilíbrio entre o prazer e o dever. É certo que hoje há muito marmanjo que nem chegou na casa dos vinte anos e já fatura alto criando softwares, jogos virtuais e aperfeiçoando o trabalho de empresas consolidadas com o apoio de tecnologia de ponta. Todavia, há muitos jovens que não encontram o ponto de amadurecimento e preferem viver a vida como eternas crianças, só caindo a ficha que pararam no tempo quando decidem se casar ou procurar um emprego. A dinâmica dos novos tempos também obriga os mais responsáveis e até mesmo aqueles com currículos experientes a abrirem os olhos para não perderem suas vagas de trabalho, seja por crises econômicas ou por serem substituídos por sangue novo. Esses são os problemas que a comédia Arrume Um Emprego pretendia discutir de forma bem humorada, mas o resultado é catastrófico. Risadas aqui são escassas (as poucas em cima de piadas de mal gosto) e para o espectador perder o fio da meada não custa muito, afinal os próprios personagens parecem perdidos dentro da trama em estilo mosaico, várias histórias entrelaçadas por um motivo em comum. No caso, quatro amigos são obrigados a abandonar seus sonhos para entrarem no competitivo mercado de trabalho norte-americano em meio a uma crise das bravas. O personagem principal é Will Davis (Miles Teller) que após um ano de estágio não remunerado é demitido repentinamente e começa refletir sobre o que é mais importante, um emprego que ofereça estabilidade financeira ou aquele que realize com prazer mesmo ganhando pouco? A julgar pelo seu currículo, em que faz questão de destacar que faz vídeos para o YouTube, a segunda opção é a mais acertada.

domingo, 2 de dezembro de 2018

LOUCO POR VOCÊ

Nota 4,0 Concentrando-se no romance, longa desperdiça assuntos pertinentes ao universo juvenil

Universitário bonito, inteligente e boa praça conhece a garota dos seus sonhos, mas para viver essa amor terá que vencer obstáculos, principalmente os que ele próprio se impõe. Esse pequeno resumo serviria como sinopse para a maioria dos filmes estrelados por Freddie Prinze Jr. Quem? Ele foi um ator de relativo sucesso entre o público adolescente entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000. Sua carreira foi catapultada pelo terror teen Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado e sua continuação, mas imediatamente o alçaram ao posto de galã em comédias românticas. Antes de ter feito a má escolha de aceitar ingressar no elenco do live action de Scooby-Doo e sua turma, o jovem estrelou pelo menos cinco comédias românticas onde praticamente repetiu o mesmo perfil, sendo a mais lembrada Ela é Demais que acabou ganhando certa aura cult com o passar dos anos. O mesmo não aconteceu com Louco Por Você em que vive Al Connelly, um jovem que pretende seguir os mesmos passos de seu pai e se tornar um grande chef de cozinha. Solitário e por vezes se sentindo como um peixe fora d'água por não ser igual a seus amigos que só pensam em sexo e curtição, o rapaz sente-se atraído de imediato ao conhecer Imogen (Julia Stiles), uma aspirante a artista plástica que até então não estava disposta a assumir as responsabilidades de um namoro sério. Eles se conheceram casualmente em um barzinho, mas depois descobriram estudar na mesma universidade e voltaram a se cruzar por acaso várias vezes. Logo estavam namorando e não queriam se separar mais. Inteligentes e criativos, assunto não faltava ao casal que parecia perfeito. Tudo ia de vento em popa, mas pela pouca idade e experiência de vida que acumulavam, as muitas dúvidas que surgem sobre como estão conduzindo o relacionamento vão minando aos poucos a relação que dura poucos meses, mas o suficiente para deixar marcas na vida de ambos.

sábado, 24 de novembro de 2018

AS RUÍNAS

Nota 7,0 Com pinta de filme B, longa surpreende com tensão crescente em meio a situação extrema

O cinema norte-americano já ofereceu no passado grandes produções de horror, mas ultimamente tudo que vem de lá é tão pueril, artificial e clichê que qualquer sinal mínimo de originalidade é capaz de elevar um filme medíocre ao patamar de obra de arte. Monstros lendários, animais mutantes, assassinos mascarados, fantasmas de olhinhos puxados e carnificina sem rodeios. O gênero terror vive de fases, mas algumas delas tem períodos de declínio e muitas produções acabam já sendo lançadas pré-definidas como fitas trash. Hoje em dia, por exemplo, poucos se animam a assistir enredos sobre humanos fugindo de animais enfurecidos. Na hora nos vem a cabeça referências a efeitos especiais precários, atuações risíveis e tramas... Bem, história para contar é só um detalhe, o que importa são as mortes e quanto mais detalhadas melhor. Houve uma época em que também tornaram-se comuns as desventuras de exploradores presos em cavernas malditas, assombradas, perigosas e por aí vai. A falta de imaginação para intitular tais produções já funcionam como um aviso das bombas que se tratam. As Ruínas poderia cair facilmente neste grupo seleto e infeliz, mas se salva razoavelmente por ter em seus créditos o roteirista Scott Smith que sabiamente resolveu adaptar seu próprio livro. Mesmo com algumas sutis modificações, nada melhor que o próprio criador cuidar de sua criatura. Ele já havia feito isso com sua obra Um Plano Simples cujo roteiro foi indicado ao Oscar. Aventurando-se pelo campo do horror, ele não realiza um trabalho transgressor, marcante ou digno de elogios rasgados, simplesmente entrega um produto razoavelmente diferenciado em meio ao marasmo da época, embora o cenário não tenha se modificado muito nos últimos anos. Dois casais jovens, Jeff (Jonathan Tucker) e Amy (Jena Malone) acompanhados de Eric (Shawn Ashmore) e Stacy (Laura Ramsey), estão curtindo férias no México, mas pouco antes de voltarem para casa tem o azar de conhecer Mathias (Joe Anderson), um alemão bom de lábia que os convida para ajudá-lo a procurar seu irmão Henrich (Jordan Patrick Smith), que foi participar de uma escavação arqueológica, mas não dá notícias há vários dias.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

AMITYVILLE - O DESPERTAR

NOTA 3,5

Tentando dar novos rumos à
franquia de terror sem apelar para
um remake literal, fita não inova nos
sustos e trama fica a dever em emoção
Família se muda para uma casa que no passado foi palco de uma chacina e desde então todos os moradores tiveram terríveis experiência no local. Esse é o argumento básico dos filmes de residências assombradas, mas também é a semente de uma das mais longínquas franquias do cinema norte-americano. Amityville - O Despertar é nada mais nada menos que o 18º longa com raízes fincadas na obra do autor Jay Anson a respeito de um homem que assassinou toda a família supostamente guiado por vozes malignas que o obrigaram. A primeira adaptação foi lançada em 1979, mas Terror em Amityville teve uma recepção fria por parte de público e crítica e foi preciso o passar dos anos para ser reconhecido, tanto que hoje é considerado um clássico do terror. Depois vieram continuações, produtos caça-níqueis direto para consumo doméstico, teve um telefilme e em 2005 uma refilmagem tentou resgatar a franquia. Após quatro anos de adiamentos, o diretor e roteirista Franck Khalfoun encontrou uma boa ideia para voltar ao lendário casarão do vilarejo localizado na cidade de Babylon, uma remota parte de Nova Iorque. A quem interessar, a residência ainda existe e vira e mexe está disponível para novos e corajosos moradores. Talvez pensando justamente nisso, sobre como seria viver em um local cercado de negativismo e ciente de toda tragédia que lá aconteceu, é que o cineasta preferiu realizar uma história ligeiramente original e abandonar a ideia de mais um desnecessário remake (se bem que não dá para fugir muito do argumento original). Após sofrer um acidente indiretamente provocado por um ato inconsequente de sua irmã gêmea Belle (Bella Thorne), o jovem James (Cameron Monaghan) entrou em estado vegetativo e acabou tendo morte cerebral, porém, Joan (Jennifer Jason Leigh), sua mãe, decide se mudar com a família, que inclui a pequena Juliet (Mckenna Grace), para a tal casa macabra onde teria espaço para montar uma UTI doméstica. De fato, na nova moradia o rapaz começa milagrosamente a apresentar melhoras, mesmo com os médicos afirmando que seria impossível ele voltar do coma.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A VOLTA DOS BRAVOS

NOTA 7,0

Através de quatro personagens
fictícios, longa tenta expor os danos
emocionais e psicológicos causados
aos soldados da guerra ao terror
Como era de se esperar, muitos filmes foram realizados abordando os atentados de 11 de setembro de 2001 e o medo e o preconceito que passou a assombrar o cotidiano dos americanos. Paralelo a isso, um outro momento histórico, político e social estava sendo desenvolvido: os plano de ofensiva dos EUA ao Iraque. Obviamente, produtores de Hollywood estavam atentos e não deixaram os fatos esfriarem antes de os usarem como matéria-prima para novos filmes, mesmo sem saberem qual seria o final deste conflito. Muitas produções surgiram abordando principalmente o drama dos soldados americanos que participaram das várias invasões, alguns inclusive sem ao menos saberem o porquê de realmente se alistarem ao exército ou terem sido convocados, mas é uma pena que boa parte destes títulos ficou restrito ao mercado doméstico, assim bons produtos acabaram passando em brancas nuvens pelos olhos do público. Esse é o caso do drama A Volta dos Bravos que apesar do título não faz exaltação à carreira militar, tampouco a denigre, apenas mostra a dura realidade daqueles que são obrigados a assistirem diariamente atrocidades, conviverem com o medo de talvez não voltarem para casa ou ainda sofrerem com a readaptação às suas vidas normais caso tenham sorte de sobreviverem às inúmeras situações de perigo a que são expostos. Com direção de Irwin Winkler, especialista na condução de obras de cunho dramático, a trama co-escrita por Mark Friedman mostra as consquências deste conflito contra o terrorismo para um grupo de soldados americanos e consequentemente para seus familiares e amigos. Will Marsh (Samuel L. Jackson), Vanessa Price (Jessica Biel), Tommy Yates (Brian Presley) e Jamal Aiken (Curtis Jackson) foram informados que no prazo de duas semanas poderiam finalmente deixar o Iraque após meses de dedicação e abdicação de suas vidas pessoais. Logo eles começam a fazer planos para o regresso, mas a alegria não demora muito a cessar. Durante uma ronda por uma cidade devastada pela guerra, o grupo é interceptado por tropas inimigas que os atacam fervorosamente e neste episódio todos sofrem com ferimentos, não só físicos como também emocionais, males de gravidade que talvez até então não os tivessem atingido. É interessante observar que a fotografia utilizada reforça o contraste da situação que será deflagrada. O Iraque é retratado com cores quentes enquanto as ações em solo americano são captadas em tons frios e acinzentados como se fosse uma analogia visual ao fato de que em combate eles se sentiam como heróis e a volta para casa vivos, porém, combalidos de certa forma, representaria uma espécie de fracasso.

domingo, 12 de agosto de 2018

UM ESTRANHO CHAMADO ELVIS

Nota 8,0 Homenagem original à Elvis Presley, drama edificante acabou relegado ao ostracismo

Elvis não morreu. Pelo menos não na memória de seus milhares de fãs. Será mesmo? Então como explicar o fracasso da produção Um Estranho Chamado Elvis? Longe de ser uma cinebiografia, o diretor David Winkler e o roteirista Jason Horwitch criaram em conjunto um argumento bastante original para homenagear o astro da música. Desde que sua esposa morreu em um acidente de carro do qual se julga responsável, Byron Gruman (Johnathon Schaech) entregou-se à solidão como única forma de dar sentido à sua dor. Ele abandonou seu curso de medicina, abriu mão da família e amigos e a culpa o consome a tal ponto que nem mesmo teve coragem para substituir a porta de seu carro destroçada no acidente. Um ano após o fatídico episódio, o jovem passa os dias dirigindo sem rumo pelas estradas do interior dos EUA e em uma de suas andanças ele encontra uma figura curiosa: um cinquentão de cabelos pretos, com um avantajado topete, trajando jaqueta cor-de-rosa e carregando uma placa onde se vê escrito a palavra Graceland. Ele pede uma carona até a tal cidade, mas Gruman em um primeiro momento se recusa, pois é avesso a companhias e não deseja de forma alguma voltar ao município de Memphis, local onde perdeu sua esposa. No entanto, mesmo a contragosto, ele acaba aceitando ajudar o caroneiro que se apresenta como Elvis (Harvey Keitel), um homem que 20 anos atrás perdeu sua esposa, filha e a música que tanto gostava, tornando-se assim um andarilho que viaja procurando ajudar pessoas com problemas. Apesar de alguns momentos de lucidez, este homem ao longo do trajeto tenta convencer o rapaz que realmente é o Elvis Presley, embora fisicamente, exceto talvez o cabelo, não se pareça em nada com o ídolo. Todavia, ele diz que precisa chegar a Graceland a tempo de participar de uma grande festa em sua homenagem, justamente no dia 16 de agosto, a data oficial de morte do cantor. Mesmo achando que está acompanhado de um piadista de marca maior, Gruman diz que vai cumprir com sua palavra e até compra um livro sobre o Rei em uma das paradas para testar os conhecimentos do cara que surpreendentemente acerta tudo e sem engasgar em resposta alguma.

terça-feira, 31 de julho de 2018

FALA SÉRIO, MÃE!

NOTA 6,0

Comédia aposta no choque entre
gerações, mas faz humor apenas com
situações triviais e não se aprofunda
na parte dramática do conflito
Enquanto Paulo Gustavo e Leandro Hassum mantém uma disputa acirrada pelo posto de grande nome masculino do cinema de humor nacional, correndo por fora ainda Bruno Mazzeo e Marcelo Adnet para tal posto, do lado feminino Ingrid Guimarães reina absoluta desde que lançou De Pernas Pro Ar, produção despretensiosa que termina como uma trilogia de sucesso. Embora com poucos filmes no currículo, a atriz tem o aval de seu público televisivo que se acostumou principalmente com seus trejeitos e sua maneira ágil de contar piadas. Contudo, em Fala Sério, Mãe! ela parece mais comedida e obrigada a dividir o protagonismo. Sua personagem começa narrando o longa, mas antes mesmo de meia hora de projeção a própria entrega que chegou o momento de outra pessoa continuar a história a seu modo. Então a bola é passada para a estrelinha teen Larissa Manuela, já a alguns anos um rosto representativo do SBT, mas que aqui viu a chance de se aproximar do universo da Globo, canal que fatalmente mais cedo ou mais tarde irá pertencer. O filme é um tanto clichê explorando os conflitos entre gerações a partir de situações cotidianas e banais. Adaptada do livro homônimo de Thalita Rebouças (um nome de sucesso considerável no cambaleante mercado editorial brasileiro), a trama começa nos apresentando Ângela Cristina (Ingrid) que pouco depois de se casar descobre estar grávida e como toda mamãe de primeira viagem está cheia de dúvidas e expectativas. Os primeiros minutos são dedicados a apresentar os tropeços dela e do marido Armando (Marcelo Laham) nos cuidados com uma criança, como as noites em claro quando tinham ainda uma bebezinha e tentar solucionar pacificamente pequenos conflitos quando a menina passa a ter vida social mais intensa, mas eles gostaram tanto de ser pais que não demorou muito e já tinham em casa três crianças. O ideal seria que o roteiro se preocupasse em mostrar as dificuldades do casal para lidar com as peculiaridades de cada filho ao mesmo tempo em que percebiam que a relação íntima deles dava sinais claros de fragilidade, um argumento bem mais consistente. Contudo, tal linha poderia fugir das verdadeiras intenções: um programa família com apelo juvenil.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O MILAGRE DE BERNA

NOTA 8,5

Tendo a vitória da Alemanha na Copa
de 1954 como pano de fundo e através
da ótica de uma família, drama busca a
renovação da esperança em dose dupla
Desde que a televisão surgiu, o evento da Copa do Mundo tornou-se popular em todos os países, obviamente galgando cada passo de acordo com a modernização de cada pátria. Na Alemanha de 1954, alguns poucos lares ou espaços públicos já podiam se dar ao luxo de ter um aparelho de TV instalado, embora a maioria escutasse a narração dos jogos pelo rádio. Ainda bem que já existiam estas invenções, caso contrário os torcedores locais iam perder a chance de acompanhar a primeira vitória do país na competição, um título que devolveria a autoestima e apontaria o início de uma nova Era à está pátria. Unindo com perfeição uma trama fictícia a fatos reais, O Milagre de Berna é um drama que recria a euforia pela qual uma minoria do povo alemão passava torcendo por sua seleção ao mesmo tempo em que o país ainda sofria com os fantasmas do nazismo. Com direção de Sönke Wortmann, a primeira participação da Alemanha no evento esportivo após a Segunda Guerra Mundial e depois de ter sido dividida em ocidental e oriental é recontada através da ótica da baqueada família Lubanski. Enquanto muitos patrícios repudiavam a presença da Alemanha Ocidental nos jogos por conta da péssima imagem acumulada pelas atrocidades da guerra, o pequeno Matthias (Louis Klamroth) parecia bastante entusiasmado e torcia pela convocação de seu ídolo, o jogador Helmut Rahn (Sascha Göpel), que apesar de ainda muito jovem o garoto o elegeu como uma espécie de figura paterna. Ele costumava carregar a bolsa de roupas do esportista até os treinos e em troca ganhava o direito de assistir aos jogos de graça já que era considerado um mascote da sorte pelo rapaz. A vida do pequeno torcedor muda radicalmente quando Richard (Peter Lohmeyer), seu pai, retorna para a casa após onze anos como prisioneiro de guerra na Rússia. Até poucos dias antes de sua volta a família acreditava que ele poderia estar morto e sua esposa Christa (Johanna Gastdorf) tentava segurar as pontas com os lucros que tirava de um bar onde também trabalhavam seus outros filhos, os adolescentes Ingrid (Birthe Wolter), aparentemente conformada com a situação, e Bruno (Mirko Lang), que desejava ganhar a vida como músico e assumiu voluntariamente as funções patriarcais do clã. Richard, querendo impor sua rígida disciplina, demonstra dificuldades para se adaptar a rotina em família e constantemente tem atritos com o filho mais velho simpatizante do comunismo e com a filha que flerta com soldados. Já o caçula parece aceitar melhor o retorno do pai, mas Richard também impõem barreiras nesta relação já que não sabia da existência de um terceiro filho que nascera exatamente nove meses após sua partida, pois jamais recebeu as cartas enviadas pelos parentes.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

MAGIC MIKE

NOTA 8,0

Através de dois jovens personagens
longa mostra como funciona a
"vida fácil" que seduz, recompensa,
mas também não é um mar de rosas
Há mais de vinte anos a novela “De Corpo e Alma”, de Glória Perez, causou polêmica ao apresentar em horário nobre o que era um clube das mulheres. Homens dançando com sungas minúsculas, rebolando, fazendo caras e bocas, satisfazendo mulheres jovens, de meia idade e até idosas e como recompensa enchendo os bolsos de grana alta. Ou melhor, guardando o máximo de dinheiro que fosse possível em seus sumários trajes. Na época ousar trabalhar neste ramo virou moda por aqui, mas não demorou muito para os strippers voltarem a atuar nos chamados inferninhos. Nos EUA, no entanto, esse negócio é um dos mais lucrativos há décadas e ainda continua em alta e seduzindo novos trabalhadores. Magic Mike explora este universo e muito antes de ser lançado já chamava atenção obviamente por alimentar expectativas quanto a cenas de nudismo e sexo. Bem, a mulherada e os homens simpatizantes da causa não têm do que reclamar. Saradões caprichando nas “interpretações” no palco e interagindo muito a vontade com a plateia feminina não faltam, porém, o longa de Steven Soderbergh, dos elogiados Traffic e Erin Brockovich, não tem o intuito de excitar, mas sim de lançar um olhar mais humano sobre esse mundo glamourizado. Será que para trabalhar no ramo do sexo é preciso ser um depravado ou a desculpa das necessidades financeiras justificam a incursão? O roteiro do novato Reid Carolin surpreende ao não jogar todos os holofotes sobre o personagem-título e optar por dividir as atenções entre dois tipos que obviamente servirão para apresentar pontos de vistas diferentes sobre a questão. Em Tampa, na Flórida, Mike (Channing Tatum) está beirando os trinta anos e se desdobra em dois empregos. Durante o dia é um peão de obras e a noite é stripper em uma casa noturna. Nas horas vagas ainda aceita fazer programas e o pouco tempo que sobra gasta desenhando e montando móveis, sua verdadeira paixão, mas os tempos são de recessão e o impedem de trabalhar por conta própria e com algo “normal”.  Para sobreviver à crise cada um se vira como pode e o rapaz se faz valer de seu físico malhado e beleza e já há algum tempo é considerado a principal atração do clube comandado por Dallas (Matthew McConaughey). Embora mostre muita desenvoltura no palco e assuma que não perde a oportunidade de ir para a cama com as mulheres que lhe dão mole, ele prefere ver tudo isso como investimentos e em breve pretende abandonar o ramo.

domingo, 1 de julho de 2018

BEM-VINDO AO JOGO

Nota 1,0 Vendido como romance, filme é desinteressante e o amor é substituído pela jogatina

Sorte no jogo, azar no amor. Esse pensamento resume o espírito de Bem-Vindo ao Jogo, produção vendida como um romance, mas que deve decepcionar os fãs do gênero. Aqui há muito mais jogatina do que romantismo e quem não é adepto de carteado provavelmente vai achar um tédio esta produção assinada por Curtis Hanson. O diretor tem um currículo com trabalhos bem interessantes e chegou ao ápice da carreira quando recebeu muitos elogios e indicações a prêmios por Los Angeles – Cidade Proibida. Pouco tempo depois ainda chamou atenção com seu Garotos Incríveis, mas desde então ele tem escolhidos histórias tolas para filmar. Neste caso, ele optou por um simpático e atraente casal de protagonistas e tentou enveredar pelo lado do romantismo para no fundo contar uma história em que vencer no jogo de cartas é o que interessa, uma metáfora ao desejo universal de vencer na vida. Em Las Vegas, o jogador profissional Huck Cheever (Eric Bana) continua investindo nos jogos de cartas, principalmente o pôquer, e sabe como ninguém as artimanhas para sair vencedor. Sua técnica é simples: ele usa a emoção, faz o que manda seu coração, enquanto os adversários usam a lógica. Porém, na vida pessoal ele não é bem sucedido, mas as coisas mudam quando ele conhece Billie Offer (Drew Barrymore), uma encantadora jovem que o ensinará a tratar do amor da mesma forma que ele lida com o carteado. Enquanto aprende essa lição, ele também tenta juntar o dinheiro necessário para poder participar de um lucrativo torneio onde poderá jogar com uma lenda da jogatina, L. C. Cheever (Robert Duvall), que na realidade é seu pai biológico que ele nunca conheceu e agora tem a chance de enfrentar literalmente no jogo.

domingo, 17 de junho de 2018

A DANÇA DAS PAIXÕES

Nota 6,5 Apesar de contar com boas histórias paralelas, drama não sabe qual destino dar a elas

Sabe aquele tipo de filme de época com cara de produção europeia talhada para ganhar prêmios e que você assiste, acha simpático, mas não te deixa emocionado ao extremo? Ou então sabe aquele estilo de filme que tem a pretensão de contar várias histórias ao mesmo tempo e no final das contas não atinge seu objetivo com perfeição? Pois é, A Dança das Paixões se encaixa nestas duas descrições, mesmo contando em seu elenco com a premiadíssima Meryl Streep, sendo que seu papel é bastante simples e poderia ter sido entregue a qualquer outra atriz veterana. Sim, infelizmente neste caso nem a interpretação de alguém tão experiente no gênero conseguiu salvar a produção. Não que o longa seja descartável do início ao fim, pelo contrário, até a metade ele caminha muito bem com boas histórias distribuídas entre um elenco talentoso, mas parece que em determinado momento o diretor Pat O´Connor não sabe como atar as pontas de tantos caminhos que abriu. A trama se passa em 1936 em um bucólico vilarejo no interior da Irlanda quando as vidas das irmãs Mundy passam por profundas transformações com a chegada de Jack (Michael Gambon), o irmão mais velho que está de volta após mais de vinte anos atuando como missionário na África, mas que agora está com a saúde debilitada. Como único homem da família, ele é recebido por suas irmãs, todas solteiras e cada uma com um temperamento diferente. A mais velha e que assumiu o posto de chefe da família é a recalcada professora Kate (Streep). Já Maggie (Kathy Burke) preferia uma vida sem preocupações enquanto as simplórias Agnes (Brid Brennan) e Rose (Sophie Thompson) ajudavam a sustentar a família vendendo artigos de tricô. Por fim, a irmã mais nova Christina (Catherine McComarck) provocou um pequeno escândalo ao dar a luz ao filho Michael (Darrell Johnston) sem ser casada com o pai do menino, Gerry (Rhys Ifans), este que também reaparece após muito tempo. Muitas mudanças estão por vir para a família Mundy.

sábado, 16 de junho de 2018

GRITO DE PÂNICO (2005)

Nota 0,5 Chato, previsível e mal feito, longa é a própria melancolia e decadência dos slashers movies

Alguns filmes mereciam ser processados por propaganda enganosa. Os responsáveis por Grito de Pânico, por exemplo, ficariam devendo até a próxima a encarnação. O material publicitário remete explicitamente ao estilo de Jogos Mortais, uma coqueluche na época, mas na verdade está produção é um slasher movie dos mais capengas. Lançado diretamente para locação, sua capa extra vendia melhor o peixe. Um fundo totalmente em branco e ao centro a figura de uma casado de inverno com capuz de pelúcia e nada mais. E o filme é exatamente isso. Em um cenário gelado e pálido, um assassino misterioso mancha a neve com o vermelho do sangue que derrama em ritmo acelerado, mas ao final ficamos com a sensação que assistimos passivamente aos assassinatos de uma vestimenta que tem vida própria. A trama segue um grupo de universitários que após cooperarem com o professor Barren (Peter Carey) em um bem sucedido trabalho de psicologia ganham como prêmio um fim de semana em sua casa isolada em uma região florestal. Mesmo sendo época de inverno e muita nevasca, os jovens se animam, afinal confinados melhor ainda para poderem beber e transarem a vontade. Desde o início fica claro que Nicole (Melissa Schuman), a aluna mais aplicada, será a heroína e o restante dos personagens é só para inflar a lista de corpos. Eles se dividem em dois grupos e o primeiro a chegar logo é dizimado. No dia seguinte, o restante dos alunos também não demoram a se tornar vítimas de um psicopata que esconde sua identidade sob o capuz de um capote de inverno e usa as mais variadas formas e ferramentas para matar. Ele herda a habilidade com facões e machados de seus colegas de "profissão" de tantos outros filmes similares, mas também mostra-se criativo em suas emboscadas usando de arames a sacos plásticos, não dispensando também uma arma de fogo para agilizar o serviço. Aliás, a agilidade dos assassinatos, sem um mínimo de clima de suspense, imprime um tom cômico involuntário, ou melhor, só acentua a graça do filme todo que já conta com interpretações vexatórias e um roteiro raso e previsível.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A PELE (2005)

NOTA 7,5

Biografia de fotógrafa visionária,
em sua versão cinematográfica,
ganha toques de fantasia para
explicar seu gosto pelo bizarro
Apesar de vira e mexe sempre estar em discussão condutas éticas para tentar colocar a sociedade em um sonhado padrão de estabilidade, é incrível como o ser humano sente atração pelo mórbido e o bizarro. Todo ser humano parece ter a vontade de experimentar o desconhecido e programas de TV, jornais impressos, revistas, sites e até mesmo o cinema cada vez mais tem procurado explorar acontecimentos que fogem do comum. É justamente depertar a curiosidade do espectador o grande trunfo de A Pele, drama que conta um pouco da história da fotógrafa americana Diane Arbus. Quem? Pois é, com o desconhecimento de seu nome por praticamente todos fora do meio intelectual, o longa acabou projetando sua publicidade para o elemento bizarro da trama, uma temática estranha, mas de apelo um pouco mais universal. Nicole Kidman é quem interpreta a artista das lentes e dos flashes, que embora não seja popular é considerada por muitos especialistas como uma das melhores profissionais que a área já teve, mas se engana quem pensa que esta é uma cinebiografia legítima. Logo no início um pequeno texto surge na tela avisando que alguns personagens e situações foram inventados, opções para tentar expressar de forma mais emocional qual teria sido a experiência interior de Diane ao longo de sua relativamente curta vida ou em outras palavras tentar compreender as motivações que a levaram a realizar trabalhos tão peculiares. Para começar a quebra de estilo, o diretor Steven Shainberg, de Secretária que também explorava os segredos e desejos secretos de uma mulher, poupa o espectador de transformar seu filme em uma linha do tempo seguindo a homenageada desde seu nascimento em 1923 até seu falecimento em 1971. A ação do longa é centrada em 1958, ano em que a fotógrafa que até então auxiliava o marido Allan (Ty Burrell), cuja carreira era a mesma voltada ao mercado publicitário e de moda, resolveu investir em seu próprio talento. Mãe de duas crianças pequenas e cuidando da casa, ela acabou se acomodando com sua vida pacata e não percebeu que esqueceu de si própria, de seus sonhos. A vontade de sair do casulo em que se fechou acontece quando ela sente necessidade de fugir das fotos tradicionais e procurar o inusitado. A chegada de um novo inquilino ao prédio em que vive é que lhe atiça a curiosidade. Sempre com o corpo coberto por um casacão e usando chapéu e máscara, Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.) é um homem que claramente não deseja ser visto, mas ironicamente é impossível não notá-lo. Morador do apartamento que fica em cima do de Diane, constantemente o encanamento da casa dela fica entupido com um grande emaranhado de cabelos, mais uma coisa que a deixa intrigada.

domingo, 10 de junho de 2018

O AMOR DE UM PAI

 Nota 7,0 Baseado em fatos reais, longa é previsível, mas cativa com trama de amor e superação

Ah, a juventude... Como é boa a sensação de que você pode fazer tudo o que quiser e ter a esperança de que seu futuro será brilhante. No entanto, basta um passo em falso para que as coisas tomem rumos diferentes. É isso que irá aprender o jovem John (Drew Seeley), o protagonista do singelo drama O Amor de um Pai. O roteiro escrito por Bill Wells não começa muito promissor e investe pesado em clichês. Nosso personagem principal está se formando no colegial e é o estereótipo do rapaz perfeito, com um futuro promissor, bem relacionado e que é desejado por todas as garotas. Amante dos esportes, porta-voz de sua turma e esbanjando beleza e simpatia, para completar ele namora Kathy (Britt Irwin), uma das alunas mais bonitas da escola, com quem obviamente ele vence o tradicional concurso de rei e rainha do baile de formatura. Clássico não é mesmo? Apesar de muito novos, eles já tinham planos para uma vida a dois, mas uma notícia inesperada os pega de surpresa e promove mudanças drásticas no cotidiano do casal. A garota descobre estar grávida e, apesar do choque inicial, eles decidem que vão continuar juntos. Para ela a chegada de um bebê apenas somaria aos afazeres domésticos afinal não tinha planos de seguir alguma profissão, mas para John a novidade pesa. Ele gostaria de se formar em administração na conceituada Universidade de Harvard, porém, estudar cálculos e fórmulas matemáticas entre uma troca de fralda e uma canção de ninar não é nada fácil. Mesmo com os esforços do professor Cowell (Julian Christopher), que percebia no rapaz um grande potencial, levar os estudos paralelo a vida de chefe de família o desnorteava.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

A PROFECIA (2006)

NOTA 3,5

Refilmagem de clássico do
terror frustra com trama
previsível, pouco sustos e aura
de golpe de marketing
A data 06/06 é repetida todos os anos, agora 06/06/06 é uma raridade e caiu como uma luva para os propósitos do diretor John Moore, vindo da aventura O Voo da Fênix. A sequência numérica 666 é conhecida por representar uma simbologia que evoca o demônio. Certamente essa coincidência única foi a justificativa para a existência de um remake de A Profecia e também é o que explica o fracasso da produção. É provável que alguns executivos perceberam tardiamente essa “data-evento” e encomendaram uma refilmagem deste clássico de terror em velocidade recorde para realizarem um lançamento mundial e oportunista, inclusive obrigando os cinemas a alterarem suas grades de horário em uma terça-feira confiando na audiência dos supersticiosos. Se perdessem essa chance para gerar burburinho em torno do temido número outra igual só depois de cem anos, porém, a pressa é inimiga da perfeição. Passado o impacto da temida e enigmática data, qual o propósito do projeto? A ideia de um remake certamente já estava sendo amadurecida para aproveitar as comemorações dos trinta anos de lançamento do longa original dirigido por Richard Donner, um marco na História do cinema e que arrecadou uma polpuda bilheteria, contudo, não conseguiu sobreviver a ação implacável do tempo, não chegando ao status de O Exorcista, por exemplo. Mesmo com a obra disponível em DVD e vez ou outra sendo exibida na TV, é difícil convencer espectadores mais jovens a conferirem a produção, assim refazê-la viria a calhar, mas o problema é que a nova versão jamais seria totalmente igual a primeira, pior ainda, teria que se adequar ao século 21. Na realidade esta refilmagem tem apenas algumas sequências adicionais e apresenta sensível queda no nível de interpretação do elenco em relação à obra original, mas a trama é basicamente a mesma. O título está relacionado a uma passagem que consta na Bíblia a respeito do nascimento do Anticristo justamente na tal data cabalística. A ação do filme começa em Roma cinco anos antes mostrando o nascimento do filho de Katherine (Julia Stiles) e Robert Thorn (Liev Schreiber), este acompanhando a comitiva do embaixador dos EUA em sua visita à Itália. Infelizmente a criança acaba morrendo no parto e antes que a mãe se dê conta Spiletto (Giovani Lombrado Radice), um padre do hospital, convence o marido a adotar um bebê que nasceu quase simultaneamente, no sugestivo dia 06 de junho às seis horas da manhã, mas cujo pai é ausente e a mãe não resistiu à cirurgia. Pensando no desespero da esposa ao saber o que aconteceu, e ainda mais com o risco de não poder mais ter filhos, Robert concorda com a adoção, mas pede sigilo absoluto.

sábado, 26 de maio de 2018

ALTITUDE

Nota 3,5 Apesar da boa ambientação e argumento, longa falha no clímax optando pela fantasia

Medo do escuro, de elevadores e até de dirigir. O cinema já explorou todos eles e é claro que a fobia de viajar de avião também não deixaria de ser usada como inspiração. De produções bem elaboradas, como Plano de Voo, a produções trash, como Serpentes a Bordo, muitos personagens já sofreram um bocado nas alturas e não é diferente com a turma de adolescentes que embarca no pesadelo de Altitude, razoável suspense que usa de forma eficiente o cenário claustrofóbico de um pequeno jatinho planando em uma noite fria e de tempestade. Bruce (Landon Liboiron), Sal (Jake Weary), Cory (Ryan Donowho) e Mel (Julianna Guill) estão entusiasmados com a viagem que farão para irem assistir um show e Sara (Jessica Lowndes) tenta manter o mesmo espírito, mas no fundo está apreensiva. Traumatizada desde a infância com a morte da mãe que era piloto e sofreu um misterioso desastre aéreo junto a uma família de passageiros, recentemente ela concluiu seu curso de pilotagem (mais tarde entenderemos o porquê de escolher essa carreira) e seria a primeira vez que conduziria uma aeronave como profissional.  O voo começa tranquilamente, apesar de umas brincadeiras sem graça entre os tripulantes, mas não tarda para que as coisas desandem. Em meio a nuvens carregadas para uma tempestade, controles inesperadamente param de funcionar, a aeronave começa a subir mais que o inesperado, os sistemas de aquecimento interno e externo falham e parecem não resistir a gélida temperatura e ao mesmo tempo o combustível está acabando. Como desgraça pouca é bobagem ainda existe a ameaça de algum tipo de força obscura manifestada na forma de uma criatura com enormes tentáculos rondando o avião. O clima de pânico toma conta de todos trazendo à tona segredos e revelando o verdadeiro caráter de alguns.

sábado, 12 de maio de 2018

ATAQUE TERRORISTA

Nota 6,0 Longa mostra como Londres usou a luta contra o terror para exorcizar sua xenofobia

Assim como a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto e a Guerra Fria parecem ser temas históricos, políticos e sociais infinitos, quando menos se espera surge algum dado novo ou história interessante que ajudam a preencher lacunas importantes, os ataques de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas e a Guerra ao Terror que se seguiu parecem também que vão render muitos filmes ainda. Com o excesso de produções do tipo é normal que as classificadas como excelentes se tornem raridades, medianas tenham aos montes e as ruins surjam às pencas, mas será que aquilo que não nos agrada é necessariamente desprovido de qualidades? Na verdade não. O que acontece é que a tendência é não nos surpreendermos mais com a temática e já estamos em uma fase que é até possível prever os eventos das tramas como é o caso de Ataque Terrorista. Com roteiro de Carl Austin baseado na história original do indiano Jag Mundhra, este também que assina a direção, o filme começa com uma breve explanação do contexto em que a trama é desenvolvida. Poucos meses após os fatídicos atentados que abalaram as estruturas norte-americanas, a cidade de Londres, na Inglaterra, também se tornou um ponto visado por terroristas e a polícia local adotou a chamada Operação Kratos, estratégia de atirar à queima-roupa para matar suspeitos, ou seja, qualquer pessoa com pele mais morena ou traços característicos árabes podia se tornar uma vítima inocentemente. Um jovem com este perfil estava sendo seguido pela polícia e acabou sendo assassinado no metrô ao reagir a voz de prisão. Na realidade, ele levou a mão no bolso apenas para desligar seu toca-músicas que o distraiu e impediu de perceber o alvoroço que estava o local com a ameaça da presença de um terrorista. Como a tática de matar suspeitos sem provas ou ameaças concretas de envolvimento com atividades terroristas estava ganhando ares de crime preconceituoso, a aversão a muçulmanos, a imagem da polícia londrina estava ficando manchada e todos na corporação apreensivos com este novo caso já que autoridades, imprensa e a própria população cobrariam a punição de um responsável.  O inspetor Harry Marber (Ralph Ineson) foi quem matou o rapaz e precisa urgentemente encontrar evidências que comprovem que a vítima era um terrorista.

domingo, 6 de maio de 2018

O MELHOR JOGO DA HISTÓRIA

Nota 3,5 História de vida de um humilde campeão não cativa por seu esporte ser um tanto restrito

Filmes com temáticas esportivas, em sua maioria, já nascem fadados ao esquecimento pelo simples fato de que cada pátria tem seu esporte de coração e seus próprios ídolos. Tentar passar a emoção de um determinado torneio marcante para um país dificilmente cativa a audiência, ainda mais quando ela é alheia ao esporte em questão, e nem sempre histórias de superação funcionam como desculpa. É certo que produções do tipo tem seu público cativo e a publicidade do baseado em fatos reais que geralmente as acompanham ajudam a chamar atenção, mas são fitas que não rendem dinheiro e tampouco repercussão. Se os resultados são pífios, é quase um mistério entender como os envolvidos mais diretamente, como elenco principal, diretores e roteiristas, muitas vezes renomados, ainda topam trabalhar em filmes do tipo. O saudoso ator Bill Paxton escolheu justamente esse universo para seu segundo e último filme como diretor, mas toda a emoção vendida pelo pomposo título O Melhor Jogo da História não é correspondida. Baseado em um livro de Mark Frost, autor dos roteiros de Quarteto Fantástico e sua continuação, o filme narra a história de Francis Quimet (Shea LaBeouf), um rapaz que desde a infância era apaixonado por golfe e conseguiu um emprego como "caddie", aqueles garotos que carregam os tacos e acessórios para os jogadores, mas sua origem humilde o impedia de investir na carreira de esportista profissional. Contudo, mesmo jogando na categoria de amador, ele surpreendeu o mundo ao se tornar o mais jovem competidor a vencer um badalado torneio em 1913, derrotando o seu próprio ídolo, o experiente atleta inglês Harry Vardon (Stephen Dillane), conhecido como o "Rei do Estilo". A relação dos dois é trabalhada com traços de uma rivalidade sadia e encontra resquícios na amizade de Quimet com seu próprio colaborador, o pequeno e cativante Eddie Lowery (Josh Flitter) que incentiva com seu positivismo o atleta amador a superar os obstáculos que lhe são impostos.

sábado, 5 de maio de 2018

ARMADILHAS DO AMOR

Nota 4,0 Comédia romântica tem certo apelo diferenciado, mas se atrapalha em suas pretensões

Meg Ryan teve o ápice de sua carreira na década de 1990 transformando-se em sinônimo de comédias românticas açucaradas, mas o tempo passou e foi cruel com a estrela. Após entrar para o grupo das quarentonas a atriz passou a trabalhar cada vez menos, muito provavelmente por falta de convites, mas quando surgem oportunidades ele acaba em projetos furados, sem brilho e que em nada agregam a seu currículo. Em Armadilhas do Amor ela interpreta uma mulher madura que não está em busca do grande amor de sua vida, mas neurótica que só ela quer manter seu marido literalmente preso em casa assim que pressente que está prestes a perdê-lo. Ela vive Louise, uma mulher que começa a sentir os dilemas da meia-idade, o que afeta diretamente seu casamento já de anos com Ian (Timothy Hutton). O grande problema do relacionamento deles é que ela só pensa em trabalho e ganha muito mais que o marido que nessas condições se sente diminuído. Outro entrave é que eles não tiveram filhos e agora Ian sente falta de viver as emoções da paternidade, mas sem dúvidas o ápice desta relação problemática acontece quando Louise certo dia chega em casa de surpresa e a encontra repleta de flores e com um clima romântico no ar, todavia toda essa produção não era para ela e sim para a jovem Sarah (Kristen Bell), a amante de Ian, este que confessa tudo à esposa sem imaginar a reação absurda da esposa. Agora esta mulher traída e magoada simplesmente quer discutir a relação custe o que custar, mesmo que tenha que literalmente amarrar o marido e mantê-lo preso em casa. O roteiro de Adrienne Shelly procura ter certo diferencial no inflado e repetitivo mercado das comédias românticas, mas o fato é que a forma como construiu seu enredo pode afugentar o público, principalmente por gastar preciosos minutos iniciais apresentando uma protagonista histérica e neurótica travando diálogos irregulares com um marido apático.

sábado, 28 de abril de 2018

A NOITE É DELAS

Nota 2,5 Temática masculina sob o prisma das mulheres resulta em um nonsense constrangedor

Qual o pior pecado de uma fita de humor? Provavelmente apresentar nos trailers as suas ou até mesmo sua única cena divertida. É desse mal que padece A Noite é Delas, a versão feminina, ou melhor, a tentativa fracassada de emplacar mais um sucesso seguindo o estilo de humor de Se Beber Não Case!. Na comédia que acabou virando trilogia, um grupo de amigos vai para Las Vegas a fim de curtir uma despedida de solteiro e se mete em grandes enrascadas sem lembrarem de um minuto sequer do que aprontaram durante a noitada. A variante cor-de-rosa segue linha parecida com um grupo de amigas se reunindo em uma luxuosa casa de praia em Miami para festejarem os últimos momentos de solteira de uma amiga. Jess (Scarlett Johansson) é a noiva que vai se encontrar com quatro de suas melhores amigas, sendo apenas uma fora do saudoso grupo dos tempos de faculdade, para uma festinha particular recheada de brinquedinhos eróticos, mas o ponto alto do encontro é a visita de um stripper, mas não são bem seus músculos e requebrado que vão tirar o sono dessa mulherada. Alice (Jillian Bell), a entusiasmada da turma, fica mais maluca que de costume a ponto de se esquecer que passa longe de ser um peso pluma. Resultado, ao pular em cima do saradão ele não aguenta o tranco, cai e acaba batendo a cabeça na quina de uma mesa falecendo imediatamente para desespero da noiva que não parece muito preocupada com o casamento e sim em manter sua imagem intacta visto que pleteia uma vaga na política. Em meio a loucura do momento elas só pensam em se livrar do corpo de qualquer maneira, mas por estarem drogadas e bêbadas preferem fazer isso com as próprias mãos sem meter a polícia no meio. Eis a deixa para reações inesperadas de cada uma delas, como o ataque de ciúmes de Alice ao perceber que Jess está muito mais íntima da australiana Pippa (Kate Mckinnon) com quem conversa rotineiramente pela internet. Resquícios de Missão Madrinha de Casamento? Sem dúvidas.

sábado, 21 de abril de 2018

EU ESTOU ESPERANDO POR VOCÊ

Nota 1,0 Com tipos insossos e trama batida, fita de serial killer não conquista nem fãs do gênero

Quem foi adolescente no final da década de 1990 teve o prazer de vivenciar um pouco do que certamente seus pais viveram alguns anos antes. Seja em fitas VHS ou DVD, um dos programas preferidos dos jovens era se reunir na casa de algum amigo a noite para curtir uma sessão de terror, principalmente as fitas protagonizadas por psicopatas como Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo. Quando o gênero dos slashers movie parecia sepultado, Pânico deu sobrevida aos mascarados deitando e rolando em cima dos clichês e da ignorância de certos perfis de personagens, fórmula que também garantiu o sucesso de Lenda Urbana e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado. Muitas outras fitas menores surgiram querendo aproveitar tal onda, a maioria não fazendo questão alguma de esconder a falta de criatividade como, por exemplo, Eu Estou Esperando Por Você. Só o título já é um aviso de que vem bomba por aí. A produção é totalmente desnecessária, apenas requentando clichês e até mesmo repetindo erros de outros filmes semelhantes. Sarah Zoltanne (Sarah Chalke) e sua mãe Rosemary (Markie Post) acabam de se mudar para uma casa na região do Massachussets, na Nova Inglaterra, uma construção cercada de mistérios e que parece que literalmente parou no tempo, mais especificamente há três séculos. Desde sua chegada a jovem tem recebido telefonemas anônimos nos quais uma voz sinistra diz  a frase que intitula a fita. Além disso ela vem sendo atormentada por pesadelos que tem com uma jovem também chamada Sarah que, segundo a lenda local, séculos atrás fora queimada em uma fogueira nessa mesma casa rotulada como uma bruxa prometendo voltar para se vingar dos descendentes daqueles que lhe condenaram a morte. É claro que tais vítimas não por acaso farão parte do círculo social da protagonista, ainda que não sejam seus amigos, apenas jovens bobocas e metidos a populares no colégio e que azucrinam os novatos e a quem tacham como esquisitos.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

SEXTA-FEIRA 13 (2009)

NOTA 4,5

Tentativa de resgatar um dos
ícones do cinema dos anos 80
soa frustrante, não agradando fãs
antigos e tampouco novas plateias
Falar que é apaixonado por cinema, mas simplesmente dedicar atenção apenas aos filmes lançamentos é um dos maiores pecados daqueles que desejam a alcunha de cinéfilo de carteirinha. Para fazer uma análise mais profunda de qualquer filme, mesmo os mais recentes, é preciso se informar sobre seus bastidores, tentar descobrir o que levou produtores a investir em determinado produto. São inúmeros fatores que influenciam nessa decisão e quanto as refilmagens, embora sempre previamente massacradas pela crítica, não se pode negar que elas têm histórias curiosas por trás das câmeras para serem contadas. Nesses casos talvez a melhor maneira para apreciá-las seja esquecer a contemporaneidade e imaginar o que aquele filme significou em sua época de lançamento original. Só assim (e com muito esforço) para encontrar alguma graça em Sexta-Feira 13 lançado em 2009, produção que para alguns é uma refilmagem, para outros mais um capítulo da série de terror oitentista ou ainda para as novas gerações um filme de horror carregado de novidades. Sim, para alguns o formato é um tanto desgastado, mas há quem tenha visto algo novo neste trabalho do diretor Marcus Nispel, o mesmo que relançou O Massacre da Serra Elétrica em 2003 em grande estilo. Pena que nesta reinvenção de outro clássico do terror o cineasta erre em diversos pontos resumindo-se a um festival de clichês. Para entender o porquê de tentarem resgatar a franquia vamos a um breve histórico da obra. O filme original foi lançado em 1980, está longe de ser uma obra-prima do gênero, mas serviu para saciar a sede de sangue e masoquismo dos fãs de Halloween - A Noite do Terror, do cultuado John Carpenter, lançado dois anos antes. Começava assim a moda dos slasher movies ou dos filmes sobre seriais killers, assassinos psicopatas que por onde passam deixam dezenas de vítimas. O sucesso foi enorme e com a invenção dos videocassetes e das videolocadoras o gênero estourou, pois o que era proibido para menores de idade nos cinemas ou só passava na TV tarde da noite então estava disponível para qualquer um e a qualquer hora. Bastava fazer amizade ou ter lábia para falar com o atendente da loja que os adolescentes faziam a festa e assim o personagem Jason Vorhees, que morreu afogado ainda criança, mas retornou do além já bem crescido e fortão para matar quem estivesse na sua frente, tornou-se popular e protagonizou outros nove longas-metragens, fora seu retorno pelas mãos de Nispel. Olhando toda sua saga cinematográfica, é possível perceber que o famoso assassino do acampamento de Crystal Lake não surgiu por acaso. Provavelmente já se pensava em continuações, talvez uma trilogia. No primeiro filme era a mãe de Jason quem tinha o instinto assassino, sendo que apenas no segundo ele toma o posto de vilão propriamente dito usando um saco para esconder seu rosto deformado. A icônica e amedrontadora máscara de hóquei só foi incorporada ao personagem no terceiro capítulo.

sábado, 7 de abril de 2018

PINÓQUIO (2002)

Nota 6,0 Belo visualmente, adaptação italiana de clássico infantil afugenta com seu histrionismo

Ganhar um Oscar sem dúvidas é o maior sonho de um ator, uma láurea que se já é difícil de ser conquistada por um americano para os estrangeiros é uma dádiva que não só dignifica seu nome, mas colabora e muito para o desenvolvimento do cinema de seu país, contudo, sabemos que existem inúmeros artistas que após colocarem as mãos na famigerada estatueta dourada viram suas carreiras irem por água abaixo e até com certa velocidade. O italiano Roberto Benigni só faltou dançar a tarantela quando ouviu seu nome ser anunciado duas vezes na premiação de 1999 por sua atuação e também por assinar a produção do belíssimo A Vida é Bela. Para os brasileiros, sua euforia ofereceu um gostinho amargo de decepção pela derrota de nosso Central do Brasil, tão emocionante e bem realizado quanto o drama de guerra vencedor. Contudo, seu projeto pós-Oscar (e tantos outros lançados depois) demonstram que o alegre ragazzo contou com um belo golpe de sorte. Pinóquio, sua versão para o clássico conto infantil de seu conterrâneo Carlo Collodi, no qual também se encarrega de interpretar o protagonista, obviamente foi escolhido para representar a Itália na disputa por uma vaga no Oscar 2003, mas toda a expectativa depositada em cima da produção virou poeira em questão de poucos dias após seu lançamento. A história, co-escrita por Vincenzo Cerami, não difere muito de outras tantas adaptações que já narravam as desventuras do famoso boneco de que ganha vida própria, mas sonha em tornar-se um menino de verdade. Gepetto (Carlo Giuffrè), um velho e solitário marceneiro, certo dia encontra um belo pedaço de madeira e de imediato se sente incentivado a esculpir a sua melhor marionete, mas tem uma grata surpresa quando sua criação demonstra poder falar, se movimentar e até pensar. Como qualquer criança travessa, Pinóquio adora se meter em confusões e mentir para poder escapar dos problemas, mas sua desonestidade é sempre denunciada por seu nariz que cresce a cada história que inventa.

domingo, 1 de abril de 2018

HOP - REBELDE SEM PÁSCOA

Nota 7,5 Produção infantil recicla com sucesso a fórmula do bichano quer quer ser famoso

Se existem aos montes filmes a respeito da época do Natal ou do Dia das Bruxas, por que não dar chance também para o feriado de Páscoa? Pegando o gancho na popular data festiva em que as trocas de chocolates são as principais marcas, o diretor Tim Hill conduziu Hop – Rebelde Sem Páscoa, mistura de produção live-action com animação nos mesmos moldes da franquia Alvin e os Esquilos, projeto do próprio cineasta. O roteiro de Brian Lynch, Cinco Paul e Ken Daurio tem dois protagonistas vivendo em universos completamente opostos. Junior é um coelho adolescente que adora tocar bateria e sonha em fazer sucesso no mundo da música, mas seu pai deseja que ele dê continuidade à tradição milenar de sua família e se torne o seu sucessor no cargo de Coelho da Páscoa oficial. Ele tenta convencer o pai de que seu caminho é outro, mas não tem sucesso e assim parte para a cidade grande onde acredita que poderá enfim se tornar um grande astro. Ao chegar lá, por pouco ele não é atropelado por Fred Lebre (James Marsden), um trintão que tem sido pressionado pela família para que enfim consiga um emprego e deixe a casa dos pais. Após a surpresa inicial por encontrar um coelho falante, Fred aceita levá-lo até a mansão onde está trabalhando como vigia enquanto o dono está viajando. Apesar dos problemas iniciais de adaptação, eles se tornam amigos, assim Fred topa ajudar Junior a conseguir espaço no cenário musical. Enquanto isso, uma conspiração está sendo organizada contra o pai do coelhinho rebelde organizada pelo ganancioso Carlos que deseja tomar o controle da produção de doces todo para ele. Para quem presta atenção em detalhes, é inegável que surjam ideias que gerem comparações entre o citado filme dos esquilos e o do coelhinho, a começar pelo fato dos bichinhos de ambas as produções adorarem música pop e terem um humano meio perdido na vida como agente e grande amigo. O sucesso dos músicos também é a glória de seus tutores, assim como a fofura e a tagarelice dos protagonistas se equiparam. Porém, as semelhanças não atrapalham o resultado final e só mesmo os mais chatos devem resmungar.