domingo, 6 de maio de 2018

O MELHOR JOGO DA HISTÓRIA

Nota 3,5 História de vida de um humilde campeão não cativa por seu esporte ser um tanto restrito

Filmes com temáticas esportivas, em sua maioria, já nascem fadados ao esquecimento pelo simples fato de que cada pátria tem seu esporte de coração e seus próprios ídolos. Tentar passar a emoção de um determinado torneio marcante para um país dificilmente cativa a audiência, ainda mais quando ela é alheia ao esporte em questão, e nem sempre histórias de superação funcionam como desculpa. É certo que produções do tipo tem seu público cativo e a publicidade do baseado em fatos reais que geralmente as acompanham ajudam a chamar atenção, mas são fitas que não rendem dinheiro e tampouco repercussão. Se os resultados são pífios, é quase um mistério entender como os envolvidos mais diretamente, como elenco principal, diretores e roteiristas, muitas vezes renomados, ainda topam trabalhar em filmes do tipo. O saudoso ator Bill Paxton escolheu justamente esse universo para seu segundo e último filme como diretor, mas toda a emoção vendida pelo pomposo título O Melhor Jogo da História não é correspondida. Baseado em um livro de Mark Frost, autor dos roteiros de Quarteto Fantástico e sua continuação, o filme narra a história de Francis Quimet (Shea LaBeouf), um rapaz que desde a infância era apaixonado por golfe e conseguiu um emprego como "caddie", aqueles garotos que carregam os tacos e acessórios para os jogadores, mas sua origem humilde o impedia de investir na carreira de esportista profissional. Contudo, mesmo jogando na categoria de amador, ele surpreendeu o mundo ao se tornar o mais jovem competidor a vencer um badalado torneio em 1913, derrotando o seu próprio ídolo, o experiente atleta inglês Harry Vardon (Stephen Dillane), conhecido como o "Rei do Estilo". A relação dos dois é trabalhada com traços de uma rivalidade sadia e encontra resquícios na amizade de Quimet com seu próprio colaborador, o pequeno e cativante Eddie Lowery (Josh Flitter) que incentiva com seu positivismo o atleta amador a superar os obstáculos que lhe são impostos.

Paxton não quis se arriscar na direção e seguiu uma fórmula pronta de Hollywood. Além de um esporte popular entre os ianques para justificar uma história edificante e real, visualmente o longa enche os olhos com belos cenários e paisagens que exalam bucolismo com seus tons pastéis e amarelados. Os créditos iniciais, situando o espectador quanto a década de 1910 a partir de referências visuais que exploram a moda, costumes, cultura e outros aspectos da época, já fisgam a atenção pela beleza das imagens e pelo ritmo ágil imposto pela edição evidenciando que caracteristicamente tal período foi repleto de transformações. Uma pena que a narrativa não siga tal velocidade. Com cerca de duas horas de duração, O Melhor Jogo da História inevitavelmente se arrasta, principalmente quando se prende a longas sequências explorando as partidas de golfe, o que para nós brasileiros e para outros tantos povos particularmente soa cansativo. Não temos tradição no esporte e tampouco conhecimentos quanto suas regras, assim acompanhamos tais cenas com tédio. O que salva um pouco o filme é o previsível conflito entre pai e filho, mas por conta da força das interpretações. O Sr. Arthur (Elias Koteas) nunca aceitou o envolvimento do rebento com o golfe e o incentivava a focar apenas nos estudos visando uma carreira como homem de negócios em qualquer área que renda dinheiro, menos o esporte que muitas vezes pode ser traiçoeiro, alimentando sonhos por anos a fio e os encerrando com rapidez absurda. Claro que também há um interesse amoroso para o protagonista e para ajudar a preencher o tempo de arte, mas o flerte entre Quimet com a bela Sarah Wallis (Peyton List) soa extremamente insosso. Sem ousadias e tampouco preocupação em tentar apresentar o mundo do golfe de maneira mais criativa e atraente ao grande público, esta é mais uma produção envolvendo o universo esportivo bela plasticamente, mas desprovida de emoção. Não adiantam retumbantes acordes da trilha sonora para adornar as cenas de tacadas fenomenais do protagonista na reta final quando sua própria história de vida não cativa desde o início.

Drama - 120 min - 2005
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