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NOTA 1,5 Pegando carona no sucesso alheio, comédia já erra ao tentar se passar de uma continuação e as coisas só pioram com texto enfadonho e atuações desmotivadas |
Até crianças devem saber o
significado da expressão popular comprar gato por lebre, mas parece que os
envolvidos na produção de Divã a 2 o
desconhecem. Ou são assumidamente caras-de-pau. Utilizando o mesmo estilo de
diagramação e cores para seu material publicitário e ainda destacando em seu
título o dois em numeral, muito facilmente qualquer desavisado ao ver alguma
propaganda desta comédia pode acreditar que seja a continuação do grande
sucesso estrelado por Lilia Cabral seis anos antes. Fique bem claro, os longas
são totalmente independentes, nada a ver um com o outro. A produtora detentora
da marca provavelmente queria iniciar uma franquia cujo alicerce seria apenas o
argumento, assim não tendo a necessidade de recorrer a uma mesma equipe de
trabalho o que poderia inviabilizar projetos. Do Divã original só sobrou a proposta de personagens problemáticos com
a necessidade de conversarem, extravasarem suas emoções. Contudo, sai de cena
os conflitos de uma mulher madura e entra no lugar os dilemas amorosos de uma
balzaquiana, ou seja, o diferencial é trocado pelo trivial. Elenco, direção e
roteiristas foram substituídos por sangue novo, o que no caso não significa
necessariamente que temos novidades. Se no longa de 2009 tínhamos uma história
consistente baseada no romance homônimo de Martha Medeiros, aqui temos que nos
contentar com um fiapo de enredo, uma desculpa esfarrapada que os roteiristas
Leandro Matos e Saulo Aride encontraram para conseguirem pagar suas contas. A
ocupadíssima médica ortopedista Eduarda (Vanessa Giácomo) e o hiperativo
produtor de eventos Marcos (Rafael Infante) casaram-se e tornaram-se pais muito
jovens e como tantos outros casais com trajetórias parecidas estão vivendo uma
crise precoce no relacionamento. Separados após dez anos de convivência, cada
um procura individualmente resolverem seus conflitos com a ajuda de terapeutas.
Enquanto desabafam, o público vai tomando conhecimento de suas vidas através de
flashbacks, como se os discursos deles próprios já não fossem o suficientes
para entendermos suas situações. É o velho hábito do cinema nacional em
entregar tudo mastigadinho ao público, este que por vezes não percebe que sua
inteligência está sendo subestimada.