quinta-feira, 31 de outubro de 2019

HALLOWEEN

NOTA 9,0

Longa homenageia os 40 anos da
franquia atualizando a temática e
colocando vítima e algoz em posições
bem diferentes ao embate original
Em 1978 foi lançado Halloween - A Noite do Terror, um filme que não só serviria de escola para a solidificação de um subgênero, os slashers movies, mas como também seu vilão viria a criar raízes na memória coletiva e na cultura pop. Além das várias sequências, também foi refilmado e até ganhou um episódio sem nenhuma conexão direta com o assassino Michael Myers. Comemorando as duas décadas desta icônica produção, Halloween H20 parecia finalmente pôr um ponto final à saga mostrando o que seria o derradeiro embate entre Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e seu irmão-algoz. Após os traumatizantes eventos do longa original, a personagem só havia aparecido no segundo capítulo da franquia. Enquanto Myers foi alimentando ao longo dos anos seu instinto assassino, seu principal alvo manteve-se reclusa como se estivesse se preparando para mais cedo ou mais tarde encarar um inevitável embate. Por questões contratuais, produtores deram um jeito para justificar que a morte do vilão em 1998 foi alarme falso e quatro anos depois ele regressava em Halloween - Ressurreição, no qual Laurie finalmente é morta pelo irmão e ainda nos primeiros minutos, o que não justifica a existência da fita que tentando em vão uma conexão com a modernidade ambienta a trama em um reality show dentro da casa onde Myers ainda criança assassinou sua outra irmã. Como uma franquia de sucesso, mesmo com seus altos e baixos, em comemoração aos seus 40 anos surgiu a ideia de Halloween, título simples e direto, afinal dispensa maiores apresentações. O grande acerto desta produção foi fazer uma continuação levando em consideração apenas o primeiro filme. Desconsiderou-se os demais títulos da franquia e trouxe de volta uma Laurie que não parou no tempo, mas também não esqueceu o que viveu. Myers também não. Jornalistas interessados em documentar a história do assassino, aqui interpretado por Nick Castle, o visitam dias antes de sua transferência para uma nova instituição psiquiátrica. Enquanto os médicos tem certeza que se trata de um caso perdido, os visitantes curiosos acreditam que ele não é o Mal encarnado como todos bradam desde sua infância. Quem brinca com fogo acaba queimado e obviamente eles serão as primeiras vítimas do maníaco sedento por sangue. Porém, antes eles tem tempo de tentar uma entrevista com Laurie, agora uma sexagenária cheia de neuras e que transformou sua residência em uma verdadeira fortaleza cheia de armadilhas e truques para se defender.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

HALLOWEEN H20

NOTA 9,0

Em comemoração aos 20 anos da
franquia, longa faz sequência direta ao
primeiro longa apoiando-se no
aguardado embate entre vítima e assassino
Em 1978 o mestre John Carpenter deu o pontapé inicial para a onda dos slashers movies com o lançamento de Halloween - A Noite do Terror que contava a história de um garoto que certa noite do Dia das Bruxas assassina violentamente a própria irmã mais velha usando uma simples faca de cozinha. Após ficar internado toda sua infância e adolescência em um hospício, ele consegue fugir e obstinado a encontrar e matar sua outra irmã. Só este filme já seria o bastante para enraizar o nome e a imagem sinistra de Michael Myers no consciente coletivo e na cultura popular, mas uma série de continuações viria para reforçar seu poder de fascínio, embora com tramas que gradativamente foram piorando em termos de qualidade e aumentando o número de mortos. Halloween H20 foi lançado vinte anos depois do primeiro com um objetivo claro: fechar a franquia em grande estilo e tentar apagar a má impressão que os capítulos intermediários deixaram. Missão cumprida! Dinâmico, sem rodeios e coeso, a sétima produção do mascarado faz um link apenas com os dois primeiro títulos resgatando Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), a obsessão do psicopata, desta vez interpretado por Chris Durand. A personagem não apareceu nos demais filmes, mas permaneceu no imaginários do fãs e o roteiro assinado por Robert Zappia e Matt Greenberg não parou no tempo. A sobrevivente de dois massacres nunca esqueceu os pesadelos que viveu e sempre ficou na expectativa que seu irmão um dia voltaria para terminar sua vingança, embora para todos os efeitos ele teria falecido em um incêndio no hospital onde se enfrentaram pela última vez. Como cuidado nunca é demais, ela forjou a própria morte e adotou uma nova identidade respondendo pelo nome de Keri Tate, a diretora de um colégio de elite onde também reside com seu filho John (Josh Hartnett). O adolescente cresceu compartilhando do medo e vigília da mãe, mas agora que está prestes a completar a maioridade pretende se desvencilhar destas paranoias de uma vez por todas. Contudo, o destino não vai deixar.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

HALLOWEEN - A NOITE DO TERROR

NOTA 10,0

Um dos primeiros filmes sobre
seriais killers mascarados
sobrevive à ação do tempo dando uma
aula de como estimular o medo
Os festejos do Dia das Bruxas é uma das mais tradicionais comemorações dos EUA, mas a moda acabou se estendendo a outros países. No Brasil, escolas tentam manter vivo o hábito da busca dos doces ou truques e as baladas convidam o público a participarem fantasiados, mas sem dúvida a grande tradição para comemorar a data por aqui é a reunião caseira para curtir filmes de terror na companhia de pipoca, refrigerante e outras guloseimas. Quem está começando a vivenciar o noitão de cinema de horror certamente deve colocar na lista de títulos a serem exibidos Halloween – A Noite do Terror, um marco do gênero que envelhece cultuado por nostálgicos e angariando novos adeptos. Contudo, não estranhe se ouvir algumas críticas negativas ao longa. Falam tanto desse filme, mas cadê o sangue e a adrenalina? Sim, muita gente deve assistir e em um primeiro momento não ver nada de mais na produção setentista que apesar de ser a respeito de um serial killer (ou conhecido também como slasher) não é um produto banal, pelo contrário, provoca o espectador a refletir sobre o que é o medo. Como um dos percussores deste subgênero do terror, praticamente todos os clichês batem cartão. Temos o assassino mascarado e que parece imortal, seus métodos “caseiros” de matar, as jovens vítimas, a libertinagem fazendo alusão ao prenúncio da morte e uma penca de sustos falsos, enfim tudo aquilo que você já viu em Lenda Urbana, A Casa de Cera e companhia bela. Todavia, os mais recentes filmes do tipo pecam por não saberem estimular o medo. O roer das unhas é imposto com cortes de cenas acelerados acompanhados de efeitos sonoros estridentes, assim o espectador é sempre avisado quando uma morte acontecerá e não raramente os gritos se transformam em gargalhadas ou frustrações. O diretor John Carpenter não é conhecido como mestre do terror por acaso. Em 1978, em um de seus primeiros trabalhos, mesmo com orçamento restrito soube usar a criatividade e compreendeu como poucos o que é o medo, um sentimento subjetivo e pessoal, ou seja, cada um pode compreendê-lo de uma maneira diferente. Por exemplo, a escuridão pode ser perturbadora para alguns que tem estômago forte para ver cenas de mutilações e vice-versa. Para contar a história do lendário assassino Michael Myers (Tony Moran), rapaz que na infância assassinou sua própria irmã e passou quinze anos em um hospício, Carpenter espertamente utilizou cenários, iluminação baixa e ângulos de câmera como seus fiéis escudeiros, elementos que por vezes se confundem com o vilão.

domingo, 20 de outubro de 2019

STUART LITTLE 2

Nota 5,5 Sem grandes novidades, longa tenta apenas expandir o universo do simpático ratinho

Seguindo a lógica de Hollywood, se bombou nas bilheterias uma continuação deve ser considerada, mas provavelmente Stuart Liitle 2 já estava nos planos quando o primeiro longa do adorável e elegante ratinho era lançado. Com mais verba disponível e o público já ambientado ao universo e apresentado aos personagens principais, o diretor Rob Minkoff, o mesmo do original, investe mais em ação para entreter as crianças, mas sem deixar de lado o clima lúdico e as lições de moral como a respeito da valorização da amizade e solidariedade. Depois de se sentir um Little de verdade e conquistar a amizade do irmão George (Johathan Lipnicki) e a confiança do gato Snowbell (o Bola de Neve), passado alguns anos agora Stuart não quer apenas fazer jus ao seu sobrenome, mas também à espécie humana, afinal ele é um homem um rato? A clássica pergunta parece irônica no caso, mas o público sabe que no universo criado para abrigar o personagem original de E. B. White todos tratam o ratinho como se fosse uma pessoa de verdade, não estranhando nem mesmo o fato dele frequentar a escola com outras crianças, jogar futebol e até dirigir um carro esportivo, obviamente em miniatura, o sonho de consumo de muito marmanjo. Mesmo com essas conquistas, Stuart está incomodado com a superproteção de Eleanor (Geena Davis), sua mãe que não o deixa fazer praticamente nada sozinho ou mais aventuresco, aquele cuidado típico destinado a filhos caçulas. Frederick (Hugh Laurie), o pai, é um pouco mais pé no chão e sabe que chegará um momento que seus filhos precisarão aprender a lidar com as agruras do mundo fora de sua colorida casa, só talvez não esperasse que para Stuart a hora fosse tão cedo. A própria vida se encarrega de colocar obstáculos no caminho de todos e para o ratinho eles caem literalmente do céu materializados na figura da pequena e frágil Margalo, uma passarinha perseguida por um ardiloso falcão (sem nome). Aparentemente ferida, ela é acolhida pelos Littles e torna-se interesse amoroso do camundongo, um caso de amor entre espécies diferentes que pode ser interpretado apenas como uma amizade motivada pelo sentimento de identificação. Ela desejava a proteção que Stuart tinha e ele, por sua vez, almejava a liberdade da ave.

sábado, 19 de outubro de 2019

O PEQUENO STUART LITTLE

Nota 7,5 Lúdico e com clima retrô, longa diverte com trama ingênua e protagonista adorável

Depois do realismo alcançado por Babe - O Porquinho Atrapalhado  colocando uma trupe de animais adestrados para atuar, ficaria difícil para qualquer animalzinho falante fazer sucesso equivalente e até alcançar o mesmo nível de carisma do protagonista suíno. No final da década de 1990, o cenário também já não era favorável para esse tipo de produção, com plateias, mesmo as infantis, exigindo cada vez mais perfeccionismo e quase não vendo graça em bichinhos fofinhos que pensam e agem como humanos. Contudo, O Pequeno Stuart Little surpreendeu em termos de bilheteria e popularidade. O longa narra a história de um simpático e inteligente camundongo falante que acaba sendo adotado por uma família de humanos. Eleanor (Geena Davis) e Frederick Little (Hugh Laurie) visitam um orfanato dispostos a encontrar um irmãozinho para George (Jonathan Lipnicki), único filho do casal, e ficam encantados quando conhecem o roedor  com seu estilo clássico de se vestir e sua exímia educação e o consideram perfeito para ser o caçula da família. Esperto e carente, o ratinho segue para o novo lar radiante, mas não esperava que seria recebido friamente pelo irmão e  não contava com a presença de Snowbell (ou Bola de Neve), o gato de estimação do clã que não se conforma que um camundongo comporte-se e ocupe um lugar na casa como se fosse um humano. Logo de cara, o bichano tenta devorar o novo Little e durante todo o filme literalmente acompanhamos um jogo de gato e rato. Contudo, também há uma boa dose de drama inserida no roteiro, já que Stuart precisa vencer as dificuldades de ser diferente e conquistar seu espaço, mesma situação vivida por qualquer órfão humano que passa por um processo de adaptação e, muitas vezes, de rejeição ao ser acolhido por uma nova família. Admitindo se sentir deslocado e sozinho, os Littles, com dó no coração, até encontram os pais biológicos do caçula, mas todos aprendem que o amor fraternal não implica em ter o mesmo sangue correndo nas veias.

domingo, 13 de outubro de 2019

O PENTELHO

Nota 7,5 Mostrando uma faceta sombria de Jim Carrey, comédia ainda mostra-se atual e crítica

Impressionante a capacidade das sociedades em aprender o que é errado e mais surpreendente ainda como os erros são perpetuados. Apesar dos vários alertas visando a segurança e também o valor do bom senso, infelizmente o hábito de pagar um dinheirinho a mais para o sujeito que instala os aparelhos de TV à cabo para ter todos os canais disponíveis desembolsando o mínimo possível enraizou-se na cultura mundial, mas em meados da década de 1990 ainda era um mal costume apenas dos norte-americanos. Antes o serviço sujo era feito às escondidas, mas há alguns anos já foi incorporado pelos funcionários ao expediente de trabalho, algo encarado com um bico para complementar o salário. Essa busca incessante por levar vantagens com tal atitude inspiraram o ator Ben Stiller a realizar O Pentelho, seu segundo trabalho como diretor e que ficou famoso por ser o primeiro trabalho do ator Jim Carrey após ter seu cachê turbinado devido ao sucesso de O Máskara e de pelo menos outras quatro produções que estrelou em seguida. Contudo, o valor recebido nem de longe condiz com o pífio desempenho desta fita de humor negro, porém, com um pouco mais de conteúdo que os demais trabalhos do astro até então. Ele dá vida à Chip Douglas, um técnico de TV que ganha uma graninha extra de Steven (Matthew Broderick) para que desbloqueie alguns canais a mais para sua assinatura, uma forma ilusória de ocupar seu tempo e não pensar na namorada Robin (Leslie Mann) com quem acabara de romper. O instalador, um rapaz desequilibrado e que sofre de carência crônica, está desesperado para conquistar ao menos um amigo e vê na proposta a oportunidade ideal. Se o cliente lhe confiou um serviço escuso isso indicaria que havia se estabelecido uma relação de confiança entre eles, assim Douglas começa a persegui-lo e tenta de todas as formas participar ativamente de sua rotina, provocando uma série de transtornos para Steven tanto em sua vida pessoal quanto profissional. Conquistar essa amizade torna-se uma questão de honra para o pobre instalador. Ou será que de coitadinho ele não tem nada?

domingo, 6 de outubro de 2019

AMOR EM OBRAS

Nota 3,0 Sem graça ou romance genuínos e beleza plastificada, longa soa ultrapassado e irritante

Além dos suspenses com elenco enxuto e ambientações claustrofóbicas, a Netflix também encontrou nas comédias românticas um bom filão para preencher sua cota de produções próprias ou por ela distribuídas com exclusividade. Amor em Obras não traz novidade alguma, mas pode ficar como uma lembrança irritante. Do início ao fim temos a sensação de parecer o enredo de uma novela mexicana com tratamento estético hollywoodiano. As casas pintadas em tons claros e com belos gramados as cercando emulam o sonho americano, embora a trama se passe em outro continente. E daí? Hoje tudo está globalizado e o estilo de vida ianque ainda inspira e é justamente o que povoa os pensamentos de Gabriela Diaz (Christina Millian), uma executiva de São Francisco que após perder o emprego e brigar com o namorado Dean (Jeffrey Bowyer-Chapman) cai na armadilha do anúncio de um concurso pela internet. Ela acaba virando a proprietária de uma pousada em uma zona rural da Nova Zelândia que está caindo aos pedaços, mas seu otimismo a encoraja a reformar o local e transformar novamente em um recanto para turistas. Com propósitos de reciclar e utilizar materiais que não agridam o meio ambiente, ela logo percebe que não conseguirá fazer tudo sozinha e aceita a ajuda de vizinhos, principalmente de Jake Taylor (Adam Demos), um providencial empreiteiro que, como manda a cartilha do gênero, logo no início se mostra interessado em engatar um romance, mas encontra resistência por parte da moça que não deseja mais se envolver em relacionamentos duradouros. A personagem tenta defender um viés feminista, mas o roteiro de Elizabeth Hackett e Hilary Galanoy não dá brecha. Toda vez que tenta mostrar determinação e capacidade, o texto poda suas asas inserindo uma situação que a diminui, seja por uma ação desastrosa própria ou pela intervenção de algum personagem masculino seja para ajudá-la ou tirar um sarro. Nesse contexto, Jake parece não ter nada o que fazer da vida e fica dia e noite à espreita de algum deslize da moça para poder socorrê-la e dar uma paquerada.

sábado, 5 de outubro de 2019

REFÉM DO MEDO

Nota 3,5 Suspense quer ser mais inteligente do que pode e se perde em sua falsa complexidade

O título genérico vende bem o peixe neste caso. Ou melhor, o engodo. O argumento de Refém do Medo é até instigante, mas seu desenvolvimento é extremamente formulaico e não exigiria a presença de uma atriz de peso como Naomi Watts. Ela interpreta Mary Portman, uma mulher viúva que tem a difícil missão de cuidar do enteado Stephen (Charlie Heaton), um adolescente em estado vegetativo após sobreviver ao acidente de carro no qual seu pai falecera. O rapaz apresentava comportamento bastante arredio e provocativo e uma discussão sobre a ideia de mandá-lo para um internato teria provocado a colisão. Como psicóloga especializada em cuidar de crianças e jovens, curiosamente a madrasta não consegue aplicar seus conhecimentos e técnicas em seu próprio lar. Entre seus pacientes está o pequeno Tom (Jacob Tremblay), um menino deficiente auditivo e mudo que desaparece misteriosamente depois de uma visita à casa da médica durante uma noite de forte nevasca. Considerado morto, mesmo sem o corpo encontrado, Portman fica profundamente sentida com o episódio e passa a imaginar que seus constantes pesadelos e os sons estranhos que ouve durante a noite sejam manifestações do espírito do ex-paciente. Para piorar a situação, uma nova tempestade de neve está por vir o que a obrigará a ficar isolada em sua casa tendo como único contato externo o Dr. Wilson (Oliver Platt), seu psiquiatra que a atende via internet e tenta ajudá-la a manter sua sanidade. À primeira vista, o longa pode parecer mais uma produção sobre um espírito desencarnado que precisa da ajuda de um mortal e este, por sua vez, só alcançará a paz que deseja quando cumprir tal missão. Contudo, o roteiro de Christina Hodson apenas flerta com a dúvida quanto à criança desaparecida e reúne todos os seus esforços para contar uma história típica de thriller psicológico, mas perde oportunidades e sobrecarrega a protagonista que tenta ao máximo entregar uma atuação digna. Empenho em vão. Watts conquistou sua primeira indicação ao Framboesa de Ouro, talvez não pela atuação em si, mas pela má escolha de participar de algo tão insosso.