terça-feira, 31 de março de 2015

A FAMÍLIA ADDAMS 2

NOTA 9,0

Segundo longa da sinistra e
tresloucada família supera o
primeiro apostando mais no humor
crítico e politicamente incorreto
Quando um filme faz muito sucesso uma sequência só é questão de tempo, principalmente quando as histórias têm apelo junto ao público infantil, mas dificilmente uma "parte 2" consegue ser tão boa ou até superar a obra original. Ainda bem que sempre há exceções e o retorno dos Addams aos cinemas foi triunfal. Apesar de o primeiro filme ser bem realizado e divertido, muita gente torceu o nariz considerando a história tola. Para calar a boca dessa turma, o diretor Barry Sonnenfeld, o mesmo do longa anterior, concentrou seus esforços em A Família Addams 2 em uma narrativa que deixa mais explícitas as diferenças entre o excêntrico clã protagonista e a sociedade comum caprichando no humor negro e crítico. O grande trunfo deste longa atende pelo nome de Paul Rudnick, roteirista que então acumulava em seu currículo o grande sucesso Mudança de Hábito estrelado por Whoopi Goldberg que já mostrava um pouco do seu potencial em abalar as estruturas consideradas rígidas. Sem medo de bater de frente com a vigilância do politicamente correto, o autor recheou seu texto com piadas espinhosas, algumas com uma dose de violência e sobrou até um sarro para o mundo encantado vendido pelos estúdios Disney em suas produções. Neste novo filme os Addams estão em festa com a chegada de um bebê na família. Ele é adorável e meigo como qualquer criança, mas com a diferença que já nasceu com um bigodinho herdado do papai Gomez (Raul Julia) e com um gosto natural pelo perigo. Mortícia (Anjelica Huston), sua mãe, também está feliz com a novidade, assim como seus outros filhos Wednesday (Christina Ricci) e Pugsley (Jimmy Workman), ambos com modos bem excêntricos de demonstrar carinho pelo irmãozinho. Quem está se sentindo deslocado na família é o tio Fester (Christopher Lloyd) que acaba demonstrando interesse pela nova babá dos sobrinhos, Debbie Jilinsky (Joan Cusack). Rapidamente esta sedutora mulher conquista o coração do solteirão, mas as crianças assim que batem os olhos nela passam a desconfiar que ela não é a mulher ideal para o tio e elas se tornam uma ameaça para os planos da loira fatal. Persuasiva como só ela, Debbie convence seus patrões que seus filhos mais velhos estão se sentindo rejeitados com a chegada do bebê e que o melhor para eles seria uma temporada em um acampamento de férias para terem contato com outras crianças. Dessa forma, ela ficaria livre para manipular Fester e afastá-lo do restante da família, abrindo caminho para colocar suas ideias maquiavélicas em prática e herdar a fortuna do inocente noivo que está cego de amor.

segunda-feira, 30 de março de 2015

A FAMÍLIA ADDAMS

NOTA 9,0

Sarcásticos, excêntricos e divertidos,
os Addams são atemporais e preservam
sua essência crítica até hoje e ainda
encantam com seu estilo de vida mórbido
É muito interessante o apelo que o terror tem junto ao público infantil e o cinema sempre se aproveitou disso para lucrar alto. Claro que filmes de horror não são recomendados para crianças e até boa parte dos adultos também repudiam obras do tipo, mas tem alguma coisa no gênero que mexe com o emocional das pessoas, talvez o fator curiosidade seja instigante. De olho nisso, vira e mexe produtores tentam casar elementos de arrepiar às características das comédias, uma maneira eficiente de agradar a todas as idades e brincar com os gêneros. Bem, A Família Addams não é um exemplo típico desse tipo de produção, mas o estilo de vida bizarro de seus personagens centrais é o suficiente para classificá-los como aberrações. A excêntrica família que aprecia as cores escuras, se divertir com brincadeiras perversas e que vive em uma gigantesca casa antiga onde o sol parece nunca bater já foi cartoon, série de TV e desenho animado, mas certamente apareceu em sua melhor forma nas telas de cinema graças ao excelente trabalho do então diretor estreante Barry Sonnenfeld. Os Addams formam uma família totalmente fora dos padrões e que chega a dar arrepios às vezes com seus estranhos hábitos, mas eles no fundo são pessoas ingênuas e possuem bons corações, porém, tem gente querendo se aproveitar disso para faturar. Detentores de uma grande fortuna em moedas de ouro, eles são clientes do desonesto advogado Tully Alford (Dan Hedaya), que está em sérias dificuldades financeiras e na mira de Abigail Craven (Elizabeth Wilson) e de seu filho Gordon (Christopher Lloyd), seus credores. Essa dupla está disposta a fazer qualquer coisa para enriquecer e Alford tem uma grande ideia para se livrar das dívidas e ainda agradá-los. Percebendo que Gordon é muito parecido com Fester, o irmão desaparecido de Gomez Addams (Raul Julia), ele arma um plano para levar esse membro da família de volta ao seu lar após mais de vinte anos de ausência. Durante uma sessão espírita, tradição do clã, Fester retorna para a surpresa de todos, mas manter a farsa não será nada fácil diante dos olhares desconfiados de Mortícia (Anjelica Huston), Wednesday (Christina Ricci) e Pugsley (Jimmy Workman), a esposa e os filhos de Gomez. Porém, conforme o tempo passa, Fester acaba se habituando ao cotidiano excêntrico dos Addams colocando em risco os planos de sua mãe.

sábado, 28 de março de 2015

QUASE VIRGEM

Nota 1,0 Comédia adolescente, para variar, aposta em piadas constrangedoras e idiotas

Pelo título você já sabe o que está te esperando. Quase Virgem é sim mais um daqueles filmes de jovens bobalhões que só pensam naquilo e vão fazer de tudo para saciar suas vontades sexuais deixando de lado qualquer tipo de escrúpulos, ofendendo até as próprias honra e consciência em prol de alguns minutinhos de prazer. A trama gira em torno de Ed Waxman (Brendan Fehr), um jovem que era um excepcional publicitário, mas tudo mudou após ser abandonado pela noiva. Seu desânimo tornou-se incontrolável e ele resolveu abdicar de sua vida pessoal e mergulhar no trabalho, mas o momento depressivo também influenciou negativamente nas campanhas que passou a criar, diga-se de passagem, uma mais deprimente que a outra. Já seu irmão Cooper (Chris Klein), um ator sem sucessos no currículo, é o típico malandro mulherengo. Sempre de bem com a vida ele tentou dar uma força ao irmão incentivando-o a deixar a vergonha de lado e finalmente criar coragem para convidar uma garota para sair afinal de contas o tempo passou e ele já estava vivendo cerca de um ano de completa reclusão. Porém, a ajuda de Cooper mais atrapalha o irmão do que outra coisa. O metido a conquistador não vê sentido em encontros apenas para bater papo e tenta ao máximo conseguir uma noitada bem devassa para o publicitário, mas por conta dos planos furados até na cadeia Ed vai parar, local onde encontra uns tipos não muito confiáveis. As moças que ele conheceu também não eram bem o que ele procurava. Ao mesmo tempo em que precisa lidar com seus fracassos amorosos, Ed precisa urgentemente ter uma boa ideia para salvar seu emprego, no entanto, a solução de ambos os problemas que lhe tiram a paz podem estar relacionadas. Alinhavando esse fiapo de história temos uma avalanche de piadas escatológicas e outras para deixar qualquer um ruborizado, além de mulheres com pouca roupa desfilando pela tela.

sexta-feira, 27 de março de 2015

GUERRA DOS MUNDOS (2005)

NOTA 9,0

Spielberg atualiza texto clássico
que coloca os humanos na mira de
uma ameaça devastadora, uma
alegoria que ainda faz sentido
O público tem realmente um comportamento bastante estranho. Rejeitam muitas vezes a assistir a um clássico, mesmo ele tendo passado por uma minuciosa revisão tanto em sua parte sonora quanto visual. Em contrapartida, ficam em êxtase quando algumas abobrinhas são lançadas com a publicidade de serem carregadas de efeitos especiais de ponta e um fiapo de roteiro. Quando alguém levanta a ideia de fazer uma refilmagem certamente deve ter em mente estes dois pontos. Para resgatar boas histórias, uma saída é atualizá-las e ter o auxílio das mais avançadas ferramentas tecnológicas disponíveis na época, isso se o argumento permitir. Portanto, até hoje é um pouco espantoso perceber as críticas divergentes que recebeu, e provavelmente ainda recebe, a versão de Steven Spielberg para o clássico da ficção científica Guerra dos Mundos, um projeto ambicioso que aguçou a vontade do público com trailers impactantes e repetidos a exaustão meses antes da estreia. O resultado foram salas de exibição lotadas durante meses, porém, críticas negativas pipocando na mesma proporção, algo que se estendeu até o lançamento do DVD. Longe do clima de expectativa daqueles tempos, hoje talvez seja possível fazer uma análise mais correta. A trama roteirizada por David Koepp coloca o astro Tom Cruise, repetindo a parceria com Spielberg após outra ficção, Minority Report – A Nova Lei, já um ponto de chamariz de público, em meio a um verdadeiro caos de emoções. Ele vive Ray Ferrier, um homem divorciado que jamais teve um bom relacionamento com os filhos, o adolescente revoltado Robbie (Justin Chatwin) e a pequena, esperta e mimada Rachel (Dakota Fanning), mas de repente se vê obrigado a cuidar deles por alguns dias. O problema é que além das provocações dos rebentos que o fazem refletir sobre seu comportamento, um fator externo também ocorre para mudar para sempre a vida deste homem. Após estranhos tremores de terra, ventanias e barulhos ensurdecedores, Ray presencia um evento de deixar qualquer um boquiaberto. O chão se rompe abruptamente e de dentro dele surge uma gigantesca máquina de guerra que se equilibra sob um tipo de tripé, algo jamais visto e que tem o poder de paralisar objetos, como carros e relógios, e destruir tudo que possa estar em seu caminho. E essa estranha aparição não é a única do tipo. Espalhadas por vários locais estas máquinas comandadas por extraterrestres estão promovendo um verdadeiro massacre, um plano que ao que tudo indica há anos já vinha sendo implantado nos subsolos do planeta Terra sem que os humanos tomassem conhecimento. A partir de então a narrativa segue um caminho que alinhava todos os clichês possíveis de filmes envolvendo violentos extraterrestres e só resta ao espectador se deslumbrar com os efeitos especiais e tentar adivinhar quem será o próximo coitado a ser exterminado. Será mesmo? Com um elenco reduzido as coisas tomam outro rumo e bem mais interessante.

quinta-feira, 26 de março de 2015

ALMAS REENCARNADAS

NOTA 2,0

Repetindo clichês e erros de
outras produções do gênero,
terror oriental faz rir com seus
equívocos visuais e narrativos
Embora não tenha sido muito longa, parece que a fase das refilmagens de fitas de horror orientais somou mais de uma década em evidência. Tal sensação se deve a grande quantidade e rapidez com que esses remakes foram despejados no mercado, com o agravante de que os próprios filmes originais e outros inéditos conseguiram seus espaços nos circuitos de exibição e em locadoras. Isso seria ótimo caso a maior parte destes títulos não possuíssem fórmulas tão idênticas, o que ajudou a esgotar o filão rapidamente. Ainda hoje existem alguns fãs fervorosos do terror oriental, embora em números bem reduzidos, mas tais produções estão mais escassas na praça restando aos curiosos e aficionados rever ou caçar títulos que não tenham tido grande repercussão quando lançados. Almas Reencarnadas pode ser uma opção para estes casos. Escrito e dirigido por Takashi Shimizu, o mesmo responsável pelas versões japonesa e americana de O Grito, é óbvio que ele não vê seus trabalhos e de seus conterrâneos da mesma forma que os ocidentais, ou seja, um subgênero do terror. Provavelmente para ele não há o menor sinal de humor em produtos do tipo que podem ter em terras orientais o mesmo peso que O Exorcista ou O Iluminado tem para nós do lado de cá. Sim, do outro lado do mundo terror é coisa séria e no filme em questão o diretor lançou mão até mesmo da metalinguagem para dar uma sustentação maior à narrativa que novamente aposta na velha ladainha da maldição deixada para os vivos que entrarem em contato com o universo daqueles que morreram em um momento de muita raiva. A trama gira em torno de um terrível massacre praticado em um hotel turístico. Na década de 1970, um professor universitário obcecado pelos estudos acerca dos mistérios da reencarnação é possuído inesperadamente pela loucura e inicia uma sequência de mortes que resulta em onze vítimas. Enquanto esfaqueia cada corpo com requintes de crueldade e o pânico toma conta daqueles que ainda estão vivos no local, o frio assassino filma todos os seus atos fazendo um registro macabro de toda aquela escabrosa situação. Exatos 35 anos se passam e para lembrar a tragédia o cineasta Matsumura (Kippei Shiina) decide transformar os relatos desta espantosa chacina em um filme apostando ao máximo no realismo.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O TEMPO QUE RESTA

NOTA 8,5

Apesar de melancólico e abrir
mão de clichês maniqueístas,
longa reforça a ideia que até o
último suspiro a vida vale a pena
Ter medo da morte é algo comum. Na realidade a angústia que tal palavra desperta é quanto a consciência de que não haverá o amanhã, corrigir erros ou realizar desejos não será mais possível. Mesmo sem entrarmos em questões espíritas que defendem que a vida continua, de qualquer forma todos temos consciência de que com a matéria física morta é impossível aproveitar os prazeres e as desventuras que a vida proporciona. Tais pensamentos são torturantes, mas podem se tornar piores quando o fim da vida parece estar numa contagem regressiva e infelizmente milhões de pessoas vivem essa realidade por conta de doenças fatais ou em estágios terminais. Há quem procure encarar com positivismo tal período tentando aproveitar ao máximo a vida ou ao menos até quando os problemas de saúde permitirem, mas já pensou como deve ser angustiante viver tal situação quando o indivíduo se entrega a depressão ou faz um balanço de sua vida e acredita não ter feito nada de bom? Uma vida vazia assustando muito mais que a iminência da morte, esse é o mote do drama O Tempo que Resta, produção francesa cujo conflito é deflagrado por conta de uma doença silenciosa, ainda um mistério em diversos aspectos, que pega muita gente desprevenida e não tem idade para se manifestar. Na trama roteirizada e dirigida pelo eclético e famoso François Ozon, do suspense psicológico Swimming Pool, da sátira 8 Mulheres e da comédia dramática Amor em Cinco Tempos, por exemplo, acompanhamos dias difíceis na vida de Romain (Melvil Poupaud), um jovem e bem sucedido fotógrafo que se depara com a triste notícia de que está com um câncer terminal e que o tratamento seria complicado e com chances de não dar certo. A partir dessa descoberta, ele entra em uma jornada perturbadora e sua vida muda completamente. Homossexual assumido, o rapaz passa a não se entender mais com o companheiro Sasha (Christian Sengewald), se afasta dos familiares com quem já não cultivava um bom relacionamento e fica pensando no que ele vai deixar como legado após sua partida. Ele só tem coragem de contar sobre a doença para a avó Laura (Jeanne Moureau), talvez por ela já ser idosa e também estar na iminência da morte. A reflexão sobre sua breve passagem pelo mundo ganha mais força ao receber a proposta de engravidar uma mulher (Marie Rivière) com o consentimento do marido (Daniel Duval), este que é estéril. Este seria talvez seu primeiro e único ato em vida do qual se orgulharia, gerar um ser humano, mas ao mesmo tempo estaria traindo seus próprios instintos. Em meio a esse turbilhão de dúvidas, emoções à flor da pele e problemas, Romain tem que decidir quais serão seus últimos passos no tempo que lhe resta de vida.

domingo, 22 de março de 2015

VOCÊ DE NOVO

Nota 8,5 Dupla de estrelas do passado encabeça o elenco de comédia leve e despretensiosa

Existem centenas de filmes que são lançados diretamente em DVD sem o respaldo de uma publicidade extra de passagem pelos cinemas. Tais produções dificilmente ganham resenhas em revistas e jornais e por vezes seu próprio título ou capa não ajuda a estimular a vontade de assistir, sendo que você acaba escolhendo por indicação ou por não ter coisa melhor na locadora. Uma produção do tipo já pode deixar muita gente com o pé atrás, porém, elas podem surpreender positivamente como no caso de Você de Novo. O roteiro de Moe Jelline tem como mote um tema já bastante explorado pelo cinema: a rivalidade dos tempos do colégio ultrapassando as barreiras do tempo. Para muita gente as lembranças da época da escola podem ser muito agradáveis, mas para outras pessoas são verdadeiros pesadelos, como para a jovem Marni (Kristen Bell). Se achando feia, desengonçada e atrapalhada ela era alvo fácil para sofrer brincadeiras de mau gosto e ganhar apelidos. Porém, esse período triste de sua vida ficou para trás e ela até recuperou sua autoestima quando adulta se transformando em uma atraente mulher e com um ótimo emprego. Tudo ia bem até que o passado bateu na sua porta, ou melhor, entrou em sua casa literalmente com planos de criar raízes. A noiva de seu irmão Mark (Victor Garber) é Joanna (Odette Annable), ninguém menos que a garota que mais infernizava a vida de Marni. A cunhada aparentemente não se lembra dela e Gail (Jamie Lee Curtis), a mãe do noivo, aprova a relação, mas também vai levar um susto. A sogra de seu filho é Ramona (Sigourney Weaver), a ex-melhor amiga de Gail no colégio. Na realidade, esta mulher é tia de Joanna, mas cuida da sobrinha desde que ela perdeu os pais. De agora em diante, ou pelo menos até a hora do casamento, está aberta uma guerra particular e de egos entre essas duas duplas rivais dos tempos de escola. Mãe versus mãe. Filha versus filha.

sábado, 21 de março de 2015

CÃO DE GUARDA

Nota 4,0 Produção modesta envelheceu e nem mesmo o protagonista lhe dá muito valor

Suspense, ameaças, intrigas e até um sequestro. Esses são elementos bastante típicos de tramas policiais, mas em Cão de Guarda são diluídos em um roteiro que pretende mais fazer humor do que deixar o espectador roendo unhas ou brincando de detetive. Pretende é a palavra certa. Esta comédia até que funciona na telinha (bem hoje em dia pode ser no telão de casa também), mas na época do lançamento não rendeu nas bilheterias e foi um tremendo fiasco também de críticas. É um trabalho pouco lembrado do grande Jack Nicholson, o próprio não exalta essa obra em sua filmografia, todavia um filme que merece uma revisão por parte do público. Realmente o ator neste caso não faz um trabalho excepcional e ocupa um papel que poderia ser entregue a qualquer um com fama de coadjuvante, todavia, não é nada mal ver o veterano em sua época áurea, mesmo que em uma produção menor, ainda mais em tempos em que o ator praticamente se aposentou. O enredo de Carole Eastman nos apresenta à soprano Joan Spruance (Ellen Barkin) que tem motivos de sobra para temer seu futuro, pois está se separando do marido e precisa aprender a lidar com sua nova vida de solteira. Para piorar, o seu apartamento é invadido e totalmente destruído. O episódio não parece ser apenas uma coincidência que ocorreu em um momento ruim de sua vida e está convencida de que alguém que ela conhece provocou isso, só não sabe quem. Ela acredita se dar bem com todo mundo, mas, por via das dúvidas, resolve deixar sua casa e vai morar com a irmã, Andy Ellerman (Beverly D´Angelo), uma mulher um tanto atrapalhada que também não está se sentindo segura, pois foi ameaçada pelo ex-marido Redmond Layls (Harry Dean Stanton), um dos homens mais ricos do território norte-americano. Ela não precisaria nem se lembrar dele, exceto por um detalhe: ela escreveu um livro sobra a intimidade e os negócios escusos do ex-marido e ameaçou publicar tudo na íntegra. Assim, para não ser perseguida, ela prefere sair de casa e a residência agora fica na responsabilidade da irmã, esta que passa a receber telefonemas e notícias informando sobre um serial killer que está assassinando mulheres na região de Los Angeles.

sexta-feira, 20 de março de 2015

A VIAGEM DE CHIHIRO

NOTA 10,0

Produção japonesa é uma
obra-prima que injetou
ânimo no campo da
animação tradicional
Impressionante, delicado, inteligente, poético, enfim são diversos os adjetivos que podem ser aplicados perfeitamente quando falamos de A Viagem de Chihiro, considerada a obra prima do diretor Hayao Miyazaki, até então praticamente um desconhecido em terras ocidentais, e certamente uma das melhores e mais importantes animações da história do cinema. Surpreendendo ao conquistar o Urso de Ouro do Festival de Berlim (prêmio que dividiu com o sério Domingo Sangrento), a animação desafiou os limites de seu território, onde destronou Titanic que na virada do milênio ocupava o posto de filme de maior bilheteria no Japão, e por onde passou casou burburinho, principalmente após conquistar o Oscar de Melhor Animação. Era a segunda vez que este prêmio era entregue e novamente a Disney perdeu (antes foi para o Shrek), o que alertou a empresa para a sua eminente perda de prestígio, tanto é que correu para adquirir os direitos do desenho japonês para distribuí-lo nos EUA, um trabalho preguiçoso que mais escondeu do que divulgou a obra. No Brasil a espera foi longa, mas também não causou frisson, ainda que esse tipo de produção aparentemente tenha conquistado fãs por aqui. Só pela sacudida que deu no cenário cinematográfico já seria o bastante para colocar a produção em lugar de destaque, mas a originalidade da narrativa por si só já faria esse favor, ainda que ela guarde semelhanças com o clássico conto “Alice no País das Maravilhas”, já que em ambos os casos as protagonistas tem seus ideais e objetivos, vão parar em um reino fantástico comandado por uma mulher má e a cada passo nesses lugares surreais surgem novas surpresas. A trama gira em torno de Chihiro, uma garotinha que está de mudança com os pais para uma nova cidade. No caminho eles encontram um túnel que leva até um local misterioso e aparentemente deserto. Mesmo sem uma única alma por lá, há um imenso e delicioso banquete servido em uma das casas e seus pais resolvem se servir, enquanto ela vai explorar o lugar e acaba sendo surpreendida por Haku, um jovem que pede a ela para sair dali antes do anoitecer. Ela corre para encontrar seus pais, mas inexplicavelmente eles foram transformados em porcos. Sem saber o que está acontecendo, a garota se vê em meio a um mundo repleto de criaturas fantásticas e curiosas, mas Haku a ensina como chegar até a bruxa Yubaba, a dona de uma casa de banhos para deuses e a mulher mais poderosa pelas redondezas, a única pessoa que poderia desfazer o feitiço e ensiná-la o caminho de volta. No local, ela conhece Kamaji e Lin que a ajudarão a enfrentar as dificuldades e a levam até a feiticeira que revela que todos os humanos que entram em seus domínios são transformados em animais e depois devorados. Aqueles que são salvos precisam provar seu valor trabalhando para continuarem vivos. Sem alternativa, a menina faz um trato para trabalhar renunciando à sua liberdade e até seu nome, passando a ser chamada de Sen. Para voltar ao seu mundo e salvar sua família, a garota terá de ter muita humildade, coragem e determinação para vencer desafios e tirar lições importantes dessa aventura sem precedentes.

quinta-feira, 19 de março de 2015

KINSEY - VAMOS FALAR DE SEXO

NOTA 9,0

Cinebiografia de renomado
estudioso do sexo
surpreende pela forma em
que aborda polêmicas
Quem é esse tal Kinsey? Pouquíssimas pessoas fora do solo americano e das novas gerações sabiam algo a respeito de Alfred Kinsey até o lançamento de Kinsey – Vamos Falar de Sexo, mas certamente muita gente, ao menos em nosso país, se sentiu atraída a conferir esta obra devido a palavra sexo contida no subtítulo nacional, uma idéia eficiente, porém, ambígua. O assunto principal do longa são justamente as relações sexuais, mas quem decide assistir pensando que acompanhará uma história com cenas explícitas e quentes terá uma grande decepção. Esta é a cinebiografia de um cientista que causou frisson e polêmicas ao dedicar sua vida profissional a estudar o comportamento sexual dos seres humanos chegando às áreas mais libidinosas do assunto. O que era assunto proibido outrora continuava em 2005 pelo jeito. Foi difícil um estúdio aceitar realizar o projeto e alguns grupos conservadores, principalmente nos EUA, fizeram campanha contra o longa. Ao contrário de outros projetos inspirados em fatos reais, não temos aqui a narrativa esquemática em que é perceptível sabermos de antemão qual estágio da vida do homenageado está sendo apresentada a cada ato, muito porque pouco ou nada conhecemos dele, mas também somos poupados do manjado recurso de as últimas cenas serem dedicadas a esmiuçar os caminhos que cada personagem tomou. A narrativa é entremeada por um tipo de interrogatório não só colocando na berlinda o protagonista, mas também pessoas que se submeteram aos seus atípicos estudos sobre o sexo, e também adota uma estrutura convencional mostrando rapidamente sua juventude, focando muito mais em seu auge e declínio profissional e felizmente nos poupando de sua morte ocorrida em 1956, pequenos detalhes que diferem a produção no surrado campo das cinebiografias. Curiosamente, Kinsey (Liam Neeson) era um ignorante sobre sexualidade em sua juventude devido ao conservadorismo e puritanismo imposto por seu pai, o pastor Alfred Seguine Kinsey (John Lithgow), com quem ele não se relacionava bem. O rapaz era visto com um sonhador ou desocupado pelo patriarca da família por se dedicar a catalogar espécies de insetos, mais especificamente vespas, e estudar seus hábitos e comportamentos de vida e de reprodução. Ele chega a fazer um estudo com milhares destas criaturas e chega a conclusões relevantes, mas o mundo da biologia não rendia dinheiro e parecia que nem mesmo os envolvidos se entusiasmavam tanto quanto o jovem professor.

quarta-feira, 18 de março de 2015

ALBERGUE ESPANHOL

NOTA 8,5

Experiência de vida pode
ser a maior lição que
alguém pode tirar de uma
viagem de estudos
O convívio com pessoas diferentes pode ser uma experiência edificante, mas ao mesmo tempo amedrontadora. Hábitos, culturas, religiões, enfim são vários pontos que podem ser conflitantes ou, na melhor das hipóteses, transformarem a vida de alguém. O longa Albergue Espanhol está longe de representar as bizarrices de um reality show que envolva confinamento, mas não deixa de guardar semelhanças. No entanto, as experiências vividas pelo jovem francês Xavier (Romain Duris) não são orquestradas por um grupo de televisão, mas sim movidas por ele próprio e pelos personagens reais com quem ele divide um apartamento em Barcelona. Ele tem 25 anos, está prestes a se formar no curso de Economia e recebe o convite de um amigo de seu pai para trabalhar no Ministério da Fazenda. Porém, para assumir a vaga, Xavier precisará falar fluentemente espanhol, assim como ler e escrever. Decidido a se aprimorar no idioma, ele decide terminar seus estudos na Espanha e deixa a namorada Martine (Audrey Tatou) após quatro anos de relacionamento. Em um primeiro momento ele se desespera a se ver em um lugar diferente, sem poder se comunicar, remoendo as lembranças do que deixou para trás e aflito sobre como seria sua vida daqui em diante. Sua residência agora será um apartamento que dividirá com outros sete estudantes, além de seus possíveis parentes e agregados, todos de diferentes nacionalidades e com personalidades distintas, um caos que se assemelha ao estado do rapaz neste momento de mudanças, pois finalmente ele viverá como um adulto independente dos pais. O local fica conhecido pela expressão que dá título ao filme, uma gíria francesa que significa algo como “onde tudo pode acontecer”. E realmente o dia-a-dia da turma de jovens habitantes é bastante agitado, principalmente quando o assunto são as relações amorosas. Xavier passa a sentir afeto pela reprimida Anne Sophie (Judith Godrèche), um amor proibido, se torna o melhor amigo da instrutora sexual belga Isabelle (Cécile de France), que gostaria que ele fosse uma mulher, e não está totalmente a vontade com a visita surpresa de Martine, pois ao que tudo indica o relacionamento esfriou. Todavia, ele encara tudo que passa como algo que faz parte de seu maior objetivo: ganhar experiência de vida.

terça-feira, 17 de março de 2015

ENCONTRO DE CASAIS

NOTA 5,5

Boa premissa é jogada fora
por comédia adotar o tom
grotesco e escrachado para
falar sobre crises conjugais
É interessante observar como alguns gêneros se destacam em determinados períodos e até mesmo acompanhando o crescimento do público. Se as crianças dos anos 80 se divertiam aos montes com as clássicas comédias da “Sessão da Tarde”, já adolescentes na década seguinte elas se dividiram em dois grupos. As garotas suspiravam e sonhavam com os romances água-com-açúcar e os meninos gargalhavam com o humor anárquico e besteirol de algumas produções que apelavam para escatologia e o erotismo. E nos anos 2000? A turma cresceu, alguns constituíram família e outros preferiram ficar na solteirice, mas algumas dúvidas comuns a todos é como seria a vida se tivessem feito algo diferente no passado e o que será que o futuro lhes reserva. Tentando responder tais indagações, os primeiros anos do século 21 ficaram marcados por comédias com temáticas e protagonizadas por adultos, privilegiando principalmente os dilemas da ala masculina, mas Encontro de Casais surgiu também para agradar as mulheres. Tais produções acabam tendo um apelo popular muito grande por geralmente discutirem problemas reais e importantes pelos quais seu público-alvo se identifica de imediato, proporcionando após muitas gargalhadas ao menos uma mensagem reflexiva. No caso deste trabalho de estreia do diretor Peter Billingsley o humor acaba sobressaindo-se e seu recado positivo é sucumbido. Bem, com um roteiro escrito pelos atores Vince Vaughn e Jon Favreau, que também atuam no filme, não tinha mesmo como ter esperanças que tal projeto fosse além de ser apenas um passatempo divertido, embora a premissa apontasse uma boa oportunidade de discutir a saúde dos relacionamentos amorosos após alguns bons anos de convívio direto e diário. A trama começa apresentando a situação do casal formado por Jason (Jason Bateman) e Cynthia (Kristen Bell) que estão prestes a se divorciar. Como última tentativa de salvar o casamento, eles resolvem fazer uma viagem para participar de uma terapia de casais em uma ilha paradisíaca. Para conseguir um desconto, eles incentivam outros casais de amigos para viajarem também no intuito de eles iram apenas para se divertirem, mas sem acompanhar a terapia. Inicialmente relutantes, Dave (Vaughn) e Ronnie (Malin Akerman), Joey (Favreau) e Lucy (Kristin Davis), e Shane (Faizon Love) e Trudy (Kali Hawk) acabam aceitando o convite. Quando chegam no tal lugar maravilhoso, eles são alojados por Stanley (Peter Serafinowicz) na parte oeste da ilha e Joey logo descobre que na parte leste há um resort de solteiros, mas que ele é proibido para os comprometidos. Já na primeira noite, todos os casais são informados que terão obrigatoriamente que se engajar na terapia, caso contrário, devem retornar para casa. Decididos a aproveitar os benefícios oferecidos pela ilha eles resolvem permanecer, porém, eles nem desconfiam pelas provas de fogo que irão passar para provarem que suas uniões ainda têm futuro.

segunda-feira, 16 de março de 2015

A CAIXA

NOTA 8,0

Estética comercial adotada
escamoteia conceitos e ideias
importantes de enredo reflexivo 
com final atípico 
Alguns filmes chamam a atenção por serem intitulados de forma intrigante por causa de uma somatória de palavras que talvez pelas sinopses não façam sentido e as vezes nem assistindo as obras conseguimos compreender tais escolhas. Por outro lado, algumas produções economizam no verbo e com apenas uma ou duas palavras expressam a idéia do filme ou criam uma aura enigmática que beneficia o produto. Este é o caso de A Caixa cujo título é um tanto genérico, mas de certa forma chama a atenção do espectador. É uma pena que a intriga deixe de existir rapidamente, pois qualquer um que veja o trailer ou leia a sinopse terá já matado a charada. Será mesmo? Há muito mais a ser descoberto neste longa que aparentemente é só um passatempo qualquer, mas que guarda mensagens subliminares importantes. A história gira em torno do casal Lewis que leva uma vida tranquila em um bairro suburbano do estado de Virgínia nos anos 70 junto com Walther (Sam Oz Stone), seu único filho. Norma (Cameron Diaz) é professora e Arthur (James Marsden) é um engenheiro da NASA. A pacata rotina desta família muda completamente quando um misterioso homem conhecido como Sr. Steward (Frank Langella) aparece na casa deles com uma proposta excêntrica e tentadora. Ele lhes entrega uma caixa, um objeto com um único botão e aparentemente inofensivo. As condições do acordo é que soam como uma brincadeira de mau gosto. Se o casal apertasse o tal botão ficaria milionário, porém, carregaria a culpa de saber que causou a morte de algum desconhecido em qualquer lugar do mundo e sem nenhuma explicação. Devido aos problemas financeiros, o casal fica tentado a aceitar a proposta para ganhar o dinheiro, mas ainda com muitas desconfianças. Agora eles têm poucas horas para decidir o que fazer, uma decisão que pode mudar ou arruinar sua vidas. Dinheiro fácil não cai dos céus e um roteiro comum exploraria o batido viés de o casal protagonista passar o filme todo tentando desvendar o mistério da tal caixa, mas aqui a coisa muda porque a condição para que ganhem o dinheiro já é exposta nos primeiros minutos de projeção. O lance é ver o que acontece após toparem o acordo sem pensarem nas consequências, apenas tomando o cuidado em desmontar parcialmente o objeto para ver se uma bomba não explodiria a qualquer momento. Se não oferece perigo a eles, para que pensar nos outros mesmo sabendo dos riscos? A narrativa se desenvolve no período natalino, época em que o espírito de fraternidade está em alta, um paradoxo interessante ao ponto principal do roteiro, e como nos EUA é inverno a paisagem sempre nublada e as ruas úmidas ou cobertas de gelo acentuam o clima de tensão e melancolia, ainda que a sensação de aconchego de algumas cenas por conta da direção de arte contribuam para dar um charme a mais à obra.

domingo, 15 de março de 2015

EU, MEU AMIGO E O ARMÁRIO!

Nota 7,5 Comédia romântica baseada em longa francês é uma excelente pedida desconhecida

Apesar de muitos decretarem a morte do mercado de vídeo doméstico há anos, as vezes acontecem coisas que nos fazem crer que ele ainda tem muito a nos oferecer apesar das dificuldades. Entre 2006 e 2008, diversas distribuidoras novas surgiram, claro que oferecendo produções mais modestas, desconhecidas e sobrevivendo apenas com a venda de produtos lançados diretamente em DVD sem passagem pelos cinemas. Algumas delas seguiram adiante com o mesmo modelo de negócio e outras infelizmente não ficaram nem um ano em atividade. Apesar de muitos títulos de gosto duvidosos que as empresas precocemente falidas trouxeram para o Brasil, há também algumas pequenas surpresas que passaram despercebidas e que merecem serem descobertas. Este é o caso de Eu, Meu Amigo e o Armário!, escrita e dirigida por Dave Diamond que se inspirou em O Closet, produção francesa que fez muito sucesso nos circuitos alternativos de cinema. Tão eficiente quanto uma comédia romântica protagonizada por Julia Roberts ou Jennifer Lopez, o título em questão é uma divertida opção que, como o próprio título denuncia, trata sobre o homossexualismo, mas de uma forma leve e respeitável. O enredo nos apresenta a Dave (Jay Harrington), um advogado na casa dos trinta anos que divide um apartamento com o amigo Christopher (Michael Ian Black), um gay assumido. Devido ao fato de morarem juntos, surgem rumores de que eles formam um casal de verdade. Inicialmente, o rapaz, hétero convicto, tenta desfazer o mal entendido, mas logo muda de opinião visando lucrar com os boatos. Sua empresa está trabalhando em um caso de discriminação no ambiente de trabalho por causa de orientação sexual e uma pessoa considerada muito sensível seria perfeita para ajudar a ganhar a causa. Quem conseguisse esse feito iria firmar sociedade com Matthew (Sal Rubinek), o chefe do escritório. Já que está com a fama, por que não aproveitá-la? Fingindo realmente ter um caso com Christopher e conquistando a confiança do chefão, tudo parecia caminhar bem para o rapaz, isso se não fosse pela impertinência de Katherine (Julie Bowen), uma mulher sem escrúpulos que também está de olho na possibilidade de ser sócia do escritório e fará de tudo para impedir que seu rival leve sua mentira adiante. As coisas complicam quando a filha de Matthew, Lucy (Brooke Langton), balança o coração do advogado. Mesmo com um histórico de conquistador de belas mulheres, ele precisa levar adiante a farsa de que antes vivia confuso quanto aos seus sentimentos e que agora realmente é feliz assumindo sua homossexualidade. Pode se dar bem profissionalmente, mas assim ele estaria abrindo mão daquela que poderia realmente ser a mulher de sua vida.

sábado, 14 de março de 2015

O VETERANO (2006)

Nota 3,0 Razoável trama prende a atenção, mas é impossível não se incomodar com as falhas

Nas aulas de História oferecidas nas escolas não há tempo hábil para conhecermos profundamente os pormenores de fatos marcantes do passado que podem justificar situações atuais. Por outro lado, o cinema é uma excelente ferramenta para abrir nossas mentes e nos oferece um farto cardápio de opções de filmes que lidam com fatos reais e históricos, mas é óbvio que nem tudo é de boa digestão. Por exemplo, a famosa Guerra do Vietnã já rendeu excelentes e marcantes produções, como Platoon, no caso uma superprodução comandada por Oliver Stone, cineasta com coragem, estilo e talento para tanto. Mas por que será que cineastas desconhecidos resolvem se meter com temas do tipo sabendo que contam com um orçamento limitado e que o roteiro oferecido claramente possui falhas? Espaço livre na agenda ou falta de propostas de trabalho, só podem ser essas as respostas para alguém embarcar em projetos que desde sua concepção já demonstram baixo poder de fogo. É impressionante como alguns filmes parecem carregar como cartão de visitas um sinal de perigo, apesar de alguma coisa lhe dizer que você deve dar um voto de confiança. Quem nunca se deparou com uma produção que pelo título, material publicitário ou sinopse não dava absolutamente nada e acabou gostando do resultado final? É uma pena que existam obras como O Veterano para nos lembrar que as decepções nestes casos são quase onipresentes. Dirigido por Sidney J. Furie, que antes havia obtido mais sucesso com a temática guerra em American Soldiers – A Vida em um Dia, o longa já começa de forma bastante comum apresentando em forma de texto escrito um brevíssimo resumo sobre os tempos do conflito no Vietnã, mais precisamente falando sobre a situação dos norte-americanos que foram enviados para lá. Impressionantemente, mesmo após três décadas do ápice do conflito, muitos prisioneiros de guerra continuavam desaparecidos, tanto que em Washington foi fundado o Comitê de Ação dos Veteranos do Vietnã para relembrar suas histórias e dar continuidade as buscas de ex-combatentes, vivos ou mortos, qualquer notícia é importante. É nessa associação que trabalha Sara Reid (Ally Sheedy), uma civil contratada para procurar soldados desaparecidos ou dados como mortos sem os corpos terem sido encontrados.

sexta-feira, 13 de março de 2015

A ÓRFÃ

NOTA 8,5

Apesar das situações clichês,
longa é superior a média do
gênero e ousa apresentando
cenas fortes envolvendo menores
Preste atenção neste breve resumo: garota órfã é adotada por um casal e sua aparente doçura aos poucos cede espaço para o comportamento de uma assassina impiedosa e estrategista. Muita gente ao receber estas poucas informações sobre o longa de horror A Órfã deve torcer o nariz e o desprezar, seja por achar um enredo que beira o ridículo ou por ser contra a participação de crianças em produções que podem causar danos psicológicos a elas. Bem, realmente este segundo motivo é relevante e esvazia a primeira alternativa. O longa contém cenas fortes de violência, mutilação, incesto e tortura psicológica, algo que deve deixar de cabelos em pés quem defenda a moral, os bons costumes e a preservação da família. É difícil não imaginar como reagiu a mente dos atores mirins e quais os motivos que convenceram seus pais a permitirem suas participações em algo tão pesado. Não que essa fosse a primeira que a vez que menores de idade atuam em fitas de terror ou suspense, mas aqui eles não estão presentes simplesmente para gritarem ou fazerem caras de sustos de algo que supostamente estão vendo ou que foi filmada a parte sem a presença deles, pelo contrário, eles participam ativamente das sequências fortes e a tal garota má em certo momento até se insinua para o pai adotivo. Na época de seu lançamento nos EUA, a produção também provocou a ira de alguns orfanatos que não gostaram da maneira como tais instituições foram retratadas e temiam que o número de adoções caísse drasticamente. Juntas planejaram boicotes ao filme, mas a reação obtida foi contrária a esperada. O público acabou sendo atraído para os cinemas e a fama desta obra correu mundo afora. O diretor Jaume Collet-Serra é mais um que emigrou da Espanha para os EUA e após estrear com A Casa de Cera conseguiu manter o nível de tensão em alta em sua segunda empreitada em solo ianque. Ela já havia mostrado que é bom em criar atmosferas interessantes e arrepiantes, mas aqui ele recorre a clássica paisagem fria e triste do inverno rigoroso, com direito a muita neve. Se no quesito ambientação o cineasta oferece o básico, na condução da trama ele prende a atenção do espectador com situações bem amarradas, diálogos afiados e venenosos e com um ritmo que alterna muito bem sequências ágeis com outras mais lentas, assim dando tempo do espectador respirar entre uma e outra maldade da garota. Se em seu trabalho anterior ele focava a narrativa em cima de um grupo de jovens, aqui ele transfere as atenções para uma família que consegue cativar o espectador rapidamente.

quinta-feira, 12 de março de 2015

ATÉ O FIM (2001)

NOTA 8,0

Drama prende a atenção
sem recorrer aos artifícios
manjados do gênero, mas sua
narrativa poderia ser mais forte
Será que é possível realizar um bom suspense sem apelar para personagens do além, psicopatas sedutores ou assassinos mascarados atrás de adolescentes bobocas? A resposta é sim como prova o longa independente Até o Fim que conta com uma excelente trama policial, mas a forma como a narrativa foi desenvolvida é mais puxada para um drama. E dos bons. O filme começa mostrando Margaret Hall (Tilda Swinton) entrando em uma espécie de clube noturno para falar com um sujeito chamado Darby (Josh Lucas), um rapaz que transpira canalhice. Ela está muito preocupada, pois descobriu que seu filho adolescente Beau (Jonathan Tucker) está se encontrando as escondidas com este homem bem mais velho que descaradamente é metido com negócios ilícitos, tanto que mesmo sem revelar qual a sua real ligação com o garoto exige uma boa quantia em dinheiro para se manter afastado dele. Na mesma noite, Beau o encontra nos arredores de sua residência e discute pelo fato dele ter chantageado a sua mãe. No dia seguinte, após poucas horas da briga, a própria Margaret encontra o corpo do mau-caráter jogado na beira de um lago perto da sua casa. Querendo proteger seu filho de ser acusado de assassinato e também para não revelar o seu envolvimento íntimo com a vítima, esta mãe toma a impulsiva decisão de ela própria sumir com o corpo na ingênua tentativa de esconder que houve um crime. Logo este plano é descoberto por Alek Spera (Goran Visnjic), um rapaz que está a serviço de outro bandido que deseja chantagear Margaret, também para conseguir dinheiro fácil, utilizando uma comprometedora fita de vídeo envolvendo Beau. Os roteiristas Scott McGehee e David Siegel, também diretores do longa, basearam-se no livro “The Blank Wall”, de Elisabeth Sanxay Holding, este que já havia sido adaptado de forma mais fiel no longa Na Teia do Destino, datado de 1949. Para quem assistiu a obra antiga assinada pelo diretor Max Ophüls, as comparações com este remake podem ser inevitáveis e até prejudicar a apreciação de ambos.  É importante ressaltar que foram feitas alterações significativas na história para inseri-la da melhor forma no contexto do século 21.  Embora o longa anterior não seja creditado como inspiração, as duas obras guardam algumas semelhanças no conteúdo e até na forma como os fatos são inseridos na narrativa, principalmente em seus primeiros minutos que logo deixam explícito os conflitos dos personagens.

domingo, 8 de março de 2015

A COR DO PERDÃO

Nota 4,0 Mais uma vez uma garota latina aspirante a estrela se decepciona com a vida nos EUA 

Um dos temas mais corriqueiros nas produções com pegada latina é a transformação de vida, o sonho que muitas pessoas alimentam de que a vida é bem diferente em solo americano, mesmo com diversos exemplos que provam que nem sempre tal realização se concretiza. Se o tema já é um tanto clichê imagine então quando ele é usado para contar a história de uma jovem a la Cinderela. Pois é investindo na previsibilidade e na variação do sonho da gata borralheira em virar princesa que se sustenta a trama de A Cor do Perdão, dirigido por Alfredo de Villa. O título é uma alusão a cor amarela, o significado do nome da protagonista, Amaryllis (Roselyn Sánchez), uma jovem que vive em Porto Rico e trabalha em uma pizzaria, mas seu real desejo é poder viver da arte da dança tal qual seu pai. Franco (Jaime Tirelli) foi um bailarino de sucesso, mas devido a um acidente acabou tendo a carreira interrompida e obrigado a viver preso a uma cadeira de rodas. A situação precária da família acaba o levando a se suicidar. Além do baque de perder repentinamente o pai, Amaryllis ainda se decepciona com as condutas da mãe e do namorado posteriormente e assim decide ir embora de casa e mudar de vida. Com a ajuda financeira de uma vizinha a garota consegue partir rumo à Nova York a fim de entrar em uma companhia de dança, mas ela se decepciona com o que encontra. Seu primo que poderia abrigá-la sumiu no mundo, mas ainda assim ela é recebida pelo vizinho do rapaz, Miles Emary (Bill Duke), um senhor de idade um tanto ranzinza, mas que levou uma vida sofrida. Quanto ao emprego, ela procura qualquer trabalho que possa sustentá-la durante o tempo que se dedicaria ao curso, mas o único lugar que lhe oferece uma oportunidade é uma casa noturna onde ela poderá exercer seus talentos para dança, mas terá que se sujeitar a nudez. A protagonista acaba tendo o destino de muitas jovens que sonham com uma vida melhor na terra do tio Sam, mas é previsível que coisas boas irão acontecer em seu caminho. O problema é que elas acontecem simultaneamente e só uma poderá prevalecer.

quinta-feira, 5 de março de 2015

EU E AS MULHERES

NOTA 6,0

Jovem se envolve com os dramas
de três mulheres com idades
distintas, mas longa trata todos
eles de forma superficial
Existem alguns filmes que parecem ser realizados já com o intuito de angariar críticas negativas e por isso testam a paciência dos espectadores, mas outros até são feitos com boas intenções, porém, deixam a desejar em alguns quesitos. Em situações assim as próprias distribuidoras procuram esconder seus produtos e quando eles não são muito divulgados é inevitável que surjam dúvidas quanto aos seus predicados, mas nem sempre devemos julgar um filme por sua publicidade. Embora a maioria destes casos resulte em trabalhos que nada mais são que repetições de clichês e que ninguém morreria se não assistisse, todavia, eles podem servir para preencher com qualidade o tempo livre e ainda ficar na memória como algo agradável. Se não são inesquecíveis ao menos não te fazem mal algum. É a essa categoria de filme que pertence Eu e as Mulheres, o primeiro trabalho do diretor Jonathan Kasdan que também assina o roteiro, uma obra com premissa interessante, mas que não encontra sua tônica e segue arrastada e sem grandes momentos até subirem os créditos finais. A trama gira em torno de Carter Webb (Adam Brody), um jovem escritor de contos eróticos que foi dispensado por Sofia (Elena Anaya), sua namorada, e deprimido resolveu abandonar a agitada Los Angeles e passar uns tempos nos subúrbios de Detroit na casa de Phyllis (Olympia Dukakis), sua avó que há anos não via. Sua intenção na realidade era concluir um livro que nem havia começado, mas os novos acontecimentos não permitem que ele se concentre. Além de ter que lidar com a demência da avó, que fala e faz muitas bobagens, Webb acaba se aproximando da família Hardwicke, seus novos vizinhos que levam uma vida perfeita de fachada. Sarah (Meg Ryan) sofre em silêncio com a traição do marido e está passando por vários exames médicos torcendo para que não tenha nenhuma doença grave. Ela tenta forçar uma relação entre o jovem e sua filha mais velha, Lucy (Kristen Stewart), com quem mantém um relacionamento difícil, mas aos poucos ela própria parece estar querendo algo a mais que a amizade de Webb. E assim o rapaz passa a dividir o seu dia-a-dia entre as preocupações com estas três mulheres, mas apenas a relação avó e neto é razoavelmente bem trabalhada. As outras duas que pendem para o lado do relacionamento amoroso acabam colocando o protagonista como uma espécie de psicólogo que se limita a ouvir problemas e aconselhar.

quarta-feira, 4 de março de 2015

AS AVENTURAS DE ICHABOD E SR. SAPO

NOTA 7,5

Datado de uma época difícil
para a Disney, longa composto
de duas pequenas histórias é
simpático e nostálgico
Em tempos de vacas magras o jeito é apertar os cintos, porém, sem abrir mão da qualidade. Esta é a grande lição que os estúdios Disney aprendeu e passou adiante de um dos períodos mais conturbados de sua trajetória. Durante a Segunda Guerra Mundial as pessoas não estavam no clima para se divertir, não havia disposição para as massas irem ao cinema, por isso a empresa teve muito prejuízo com seus longas animados e a maneira encontrada para se manter em atividade foi apostar em curtas e médias-metragens protagonizados por personagens da casa como Mickey ou Donald ou baseados em contos clássicos. Cenas em menor quantidade, economia bem-vinda. Tais produtos eram exibidos nos cinemas agrupados de forma a atingirem o tempo de duração semelhante a de um longa-metragem comum. O 11º clássico animado do estúdio, As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo, é uma compilação de duas histórias baseadas em clássicos da literatura européia: a de um sapo extremamente exagerado em tudo o que fazia e a de um sujeito franzino enfrentando uma ameaça de outro mundo. Cada uma é contada de forma independente da outra e aparentemente a única ligação existente entre elas é que seus protagonistas parecem sondados pelo infortúnio. O primeiro conto é de um sapo um tanto excêntrico baseado na obra "The Wind In The Willows", de Kenneth Grahame. O milionário J. Thaddeus Toad é o dono da mansão Toad Hall, mas suas manias e costumes extravagantes o têm enchido de dívidas. Quando o Sr. Sapo, como é mais conhecido, fica obcecado por um automóvel motorizado, ele é injustamente acusado de roubar um exemplar. Agora resta aos seus amigos provar sua inocência. A segunda história tem como base o livro "The Legend of Sleepy Hollow", de Washington Irvin. Em uma pequena cidade da Inglaterra surge um estranho homem, o professor Ichabod Crane. Embora não seja atraente, ele logo ganha o coração da maioria das mulheres da cidade, inclusive o da bela Katrina Van Tassel, filha do maior milionário da região. Isso desperta os ciúmes de Brom Bones, o valentão da cidade que também está de olho nela. Durante uma festa de Halloween, Bones quer provar para a moça que seu rival é um medroso assustando o professor com a lenda de um cavaleiro que assombra a região cortando as cabeças de quem vaga pela floresta durante a noite.

terça-feira, 3 de março de 2015

SOB A MESMA LUA

NOTA 8,0

Embora previsível, drama
conquista o espectador com
trama de fácil identificação e
atuações masculinas dignas
O tempo passa e é incrível como a busca pelo “sonho americano”, leia-se o desejo de vencer na vida na América, mais precisamente em solo norte-americano, ainda é o desejo de milhares de pessoas, mesmo com diversos exemplos frustrados de quem tentou, mas acabou encontrando uma realidade bem diferente da que esperava. A imigração ilegal para os EUA é uma coisa muito comum e já foi tema de diversos filmes e até mesmo de novela. Em Sob a Mesma Lua, co- produção mexicana e norte-americana, o tema ganha mais uma vez espaço no campo cinematográfico sem grandes inovações, mas com um texto contundente, com boas passagens, narrativa envolvente e uma direção honesta e sensível da diretora mexicana Patricia Riggen estreando com o pé direito na função e não negando suas influências melodramáticas, neste caso agregando ao trabalho o capricho visual e técnico típico de produções hollywoodianas. Sem medo de exagerar nas doses de emoção e clichês, é óbvio que a obra desagrada a muitos, mas para aqueles que gostam de histórias humanas a trama deve agradar em cheio. Podem dizer que o longa propõe uma fuga da realidade ao adotar um tom de fábula, mas não deixa de ser envolvente a perspectiva otimista da trama que exalta o amor existente em uma relação saudável entre mãe e filho separados por força das circunstâncias. Rosario (Kate del Castillo) é uma mãe solteira que vivia no México, mas atravessou ilegalmente a fronteira para entrar nos EUA com o objetivo de conseguir melhores oportunidades de trabalho e assim poder criar com mais dignidade seu filho Carlitos (Adrian Alonso), mesmo que a distância. Vivendo há cerca de quatro anos em Los Angeles onde trabalha como doméstica em dois empregos, seu esforço compensa. Ela já pode mandar uma boa quantia de dinheiro mensalmente ao filho que lhe garanta os direitos básicos e algumas extravagâncias vez ou outra, como a compra do par de tênis que ele tanto queria, mas agora ela quer poupar para pagar um advogado a fim de regularizar sua cidadania no país e poder trazer Carlitos, a quem não vê há um bom tempo, para morar com ela. O único contato que ela tem com o garoto durante estes anos de ausência é através de um pontual telefonema todos os domingos as dez horas da manhã. O horário é rigorosamente marcado já que a ligação é feita de um telefone público para outro, mais um detalhe que evidencia a situação paupérrima de vida destas pessoas visto que na época em que se passa a trama (contemporânea às filmagens realizadas em 2007) o celular já não era mais um artigo de luxo e com preços acessíveis aos populares. Realmente o supérfluo não faz parte da vida destes personagens.

domingo, 1 de março de 2015

DO QUE OS HOMENS GOSTAM

Nota 0,5 Primo pobre de American Pie é sem graça e recorre ao que há de pior em seu subgênero

Com o passar dos anos a divertida comédia American Pie ganhou certo status de obra cult, um trabalho inteligente e um registro da juventude no novo milênio a fim de curtir a vida, mas também preocupada com questões pertinentes ao futuro como carreira e família. Contudo, suas horrendas sequências provaram que as vezes uma fórmula que uma vez deu certo pode ser apenas um golpe de sorte. Se não bastassem as indecências, escatologias e piadas sem graça desta série, diga-se de passagem, que a partir do quarto capítulo destinou-se unicamente a  entreter adolescentes com hormônios em ebulição, ainda temos que aguentar outros produtos semelhantes, mas com qualidades ainda mais questionáveis como é o caso de Do Que os Homens Gostam, um tremendo engodo a começar pelo título que enrola o público fazendo uma clara alusão à deliciosa comédia Do Que as Mulheres Gostam estrelada por Mel Gibson. O que tem de humor crítico e inteligente em um filme sobra em idiotice e indecência na fita em questão. Dois amigos estão partindo numa viagem para serem padrinhos em um casamento, mas antes fazem uma aposta. Se o romântico Jay (Christopher Wiehl) conseguir levar uma mulher para a cama durante o final de semana sem envolvimento amoroso ele ganhará o carro de seus sonhos e se o conquistador Dewey (Alex Nesic) conseguir resistir as tentações e não ficar com nenhuma garota ele poderá tentar passar uma noite com a irmã do amigo, Susie (Christie Lynn Smith). Joguinhos sexuais? Seria uma variação de Segundas Intenções? Hum... Não chega aos pés! Continuando, chegando à casa do sogro de Scott (Michael Trucco), o noivo, Jay se surpreende ao ver que seu amigo se casará com uma antiga namorada sua, Teresa (Lisa Brenner). Este final de semana então será cheio de surpresas para Jay, Dewey e para todos os demais convidados e até chegar a hora dos noivos trocarem as alianças muita coisa pode acontecer... Ou pelo menos deveriam acontecer situações divertidas.