sábado, 14 de março de 2015

O VETERANO (2006)

Nota 3,0 Razoável trama prende a atenção, mas é impossível não se incomodar com as falhas

Nas aulas de História oferecidas nas escolas não há tempo hábil para conhecermos profundamente os pormenores de fatos marcantes do passado que podem justificar situações atuais. Por outro lado, o cinema é uma excelente ferramenta para abrir nossas mentes e nos oferece um farto cardápio de opções de filmes que lidam com fatos reais e históricos, mas é óbvio que nem tudo é de boa digestão. Por exemplo, a famosa Guerra do Vietnã já rendeu excelentes e marcantes produções, como Platoon, no caso uma superprodução comandada por Oliver Stone, cineasta com coragem, estilo e talento para tanto. Mas por que será que cineastas desconhecidos resolvem se meter com temas do tipo sabendo que contam com um orçamento limitado e que o roteiro oferecido claramente possui falhas? Espaço livre na agenda ou falta de propostas de trabalho, só podem ser essas as respostas para alguém embarcar em projetos que desde sua concepção já demonstram baixo poder de fogo. É impressionante como alguns filmes parecem carregar como cartão de visitas um sinal de perigo, apesar de alguma coisa lhe dizer que você deve dar um voto de confiança. Quem nunca se deparou com uma produção que pelo título, material publicitário ou sinopse não dava absolutamente nada e acabou gostando do resultado final? É uma pena que existam obras como O Veterano para nos lembrar que as decepções nestes casos são quase onipresentes. Dirigido por Sidney J. Furie, que antes havia obtido mais sucesso com a temática guerra em American Soldiers – A Vida em um Dia, o longa já começa de forma bastante comum apresentando em forma de texto escrito um brevíssimo resumo sobre os tempos do conflito no Vietnã, mais precisamente falando sobre a situação dos norte-americanos que foram enviados para lá. Impressionantemente, mesmo após três décadas do ápice do conflito, muitos prisioneiros de guerra continuavam desaparecidos, tanto que em Washington foi fundado o Comitê de Ação dos Veteranos do Vietnã para relembrar suas histórias e dar continuidade as buscas de ex-combatentes, vivos ou mortos, qualquer notícia é importante. É nessa associação que trabalha Sara Reid (Ally Sheedy), uma civil contratada para procurar soldados desaparecidos ou dados como mortos sem os corpos terem sido encontrados.

Sara recebe informações de que voltará ao Vietnã o ex-sargento Ray Watson (Bobby Hosea) para resolver algumas pendências dos tempos de combate com um anônimo que lhe enviou uma carta marcando um encontro. Este homem ao longo dos anos investiu na carreira política e está prestes a ocupar uma vaga no Congresso da Califórnia, mas seu futuro está ameaçado. Ao encontrar um desconhecido armado e perturbado em seu quarto de hotel, Ray não se recorda imediatamente que ele é Doc (Michael Ironside), um soldado do pelotão que ele comandou há cerca de trinta anos e considerado morto há muito tempo. Enquanto ambos colocam o passado em pratos limpos, no quarto ao lado está na escuta Sara e mais algumas pessoas na esperança de obterem informações sobre outros sobreviventes. Bem a premissa é bastante interessante e o roteiro de J. Stephen Maunder consegue prender a atenção quase todo o tempo investindo em uma narrativa razoavelmente intrigante e com vários flashbacks retratando os tempos da Guerra do Vietnã. Contudo, quando faltam cerca de quinze minutos para o término as coisas desmoronam com uma rapidez estonteante. Todas as expectativas que alimentamos até então sobre o passado dos ex-militares e quais seriam as reais intenções de Sara em ouvir a conversa deles são implodidas em questão de minutos. O sentimento ruim que Doc alimentou por anos não se deve apenas ao fato do batalhão de Ray declará-lo como morto, o que o impediu de levar uma vida normal durante anos, mas o argumento utilizado para justificar sua mágoa é extremamente frágil. Embora uma figura perturbada, o ex-soldado é o personagem mais definido da trama e quem ajuda a segurar o espectador durante a arrastada narrativa, ainda que ela seja relativamente curta. Sara em determinado momento diz que seu interesse no assunto vai além do profissional já que seu próprio pai é um desaparecido de guerra, mas tal gancho não é desenvolvido. E quem seria Ray? Ficamos sabendo que no passado ele já foi preso e teve problemas ligados ao álcool, mas tornou-se uma pessoa respeitável no meio político. Segundo Doc, o sargento era um homem bom no início do conflito, mas aos poucos mudou seu comportamento, tanto que teve um rápido relacionamento com uma vietnamita e a abandonou grávida, mais um bom gancho narrativo que foi jogado fora no final das contas. É muito chato acompanhar um filme mesmo que minimamente interessante e nos depararmos com um final frustrante e abrupto. Ao subirem os créditos finais, o que resta de lembrança positiva de O Veterano são seus primeiros minutos em tom documental. Faltaram ritmo e roteiro mais apurado, sendo esta apenas mais uma obra para suprir as necessidades dos aficionados pela temática quando já esgotaram as demais possibilidades cinematográficas sobre a mesma. 

Drama - 89 min - 2006 

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