segunda-feira, 28 de agosto de 2017

À PROCURA DE ERIC

NOTA 7,0

Homem desiludido com a vida
recebe apoio de seu ídolo do
futebol para compreender seus
erros e buscar acertos 
Dizem que em momentos de dificuldades nada melhor que um ombro amigo para chorar as pitangas ou para ver o problema sobre uma nova perspectiva e propor soluções, agora o que dizer quando essa tal pessoa é nada maia nada menos que o seu maior ídolo? Essa é a premissa básica de À Procura de Eric, drama com pitadas de humor dirigido por Ken Loach, figurinha fácil em premiações menos comerciais como o Festival de Cannes. Não por acaso com esta película mais uma vez lá estava ele batendo cartão na festa francesa. Para quem acompanha a carreira do cineasta de obras como Ventos da Liberdade deve se surpreender com este seu trabalho que preza por uma leveza não habitual em seu currículo, porém, sua temática preferida ainda se faz presente: as relações humanas, a forma como um ser humano pode denegrir ou regenerar sua personalidade perante as influências de seu círculo de convivência. Por outro lado, ao saber que o filme fala sobre futebol os ânimos podem vir a esfriar. Existem vários esportes que já serviram de pano de fundo para boas histórias, mas é fato que a prática esportiva considerada a paixão dos brasileiros não goza de muito prestígio no meio cinematográfico, porém, neste caso não há o inconveniente de um leigo no assunto ficar entediado. Os jogos e seus detalhes só entram em cena como adorno, afinal de contas o protagonista é fanático por um time, ou melhor, é fã incondicional de um ex-astro dos campos. Durante a década de 1990, o Manchester United se consolidou como o time de futebol mais importante da Inglaterra e boa parte de sua fama se deve especialmente a um francês, Eric Cantona, jogador que após uma pisada de bola com um torcedor de um time rival amargou um longo período no banco de reservas, mas quando retornou aos campos voltou com toda a garra e levou seu grupo a um patamar invejável. Quando deixado de lado pelo técnico de sua seleção na Copa de 1998 o esportista estava no auge de sua carreira, mas resolveu se aposentar, contudo, deixou uma legião de fãs. Provavelmente avaliando tamanha popularidade, Loach foi procurado por produtores interessados em bancar uma obra que focasse a relação do jogador com um fã, tarefa bem executada pelo roteirista Paul Laverty que conseguiu aliar uma trama ficcional à realidade dos campos sem tornar o filme maçante.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

LIGADOS PELO CRIME

NOTA 5,0

Narrativa fragmentada até
alinhava coerentemente a vida
de personagens, mas falta algo
para dar liga à mistura
Cada vez mais tem sido frequente o uso de narrativas fragmentadas no cinema, histórias que interligam a vida de personagens através de sentimentos ou situações e os dramas se beneficiam muito deste estilo. Ligados Pelo Crime aposta em uma gama de personagens que se associam pelo envolvimento com o mundo do crime ou a violência, podendo cada um se entregar ao declínio total ou optar pela redenção. Seguindo o estilo de Crash – No Limite, por exemplo, o longa utiliza um elemento-chave que pode modificar vidas, no caso uma pessoa em específico, um criminoso. Baseado em um antigo provérbio chinês que divide a vida em quatro sentimentos distintos e essências aos seres humanos em todas as fases de sua vida, o longa se divide em capítulos intitulados por estas emoções, mas todos com conexão. Cada ato tem um protagonista que na verdade não recebe nome, com exceção de um que atende por uma nomeação falsa, talvez uma forma simbólica que o diretor Jieho Lee encontrou para dizer que tais personagens são pessoas comuns, qualquer um poderia estar sujeito aos mesmos conflitos. A trama roteirizada pelo próprio cineasta em parceria com Bob DeRosa começa bem com “Felicidade”, ato defendido com vigor por Forest Whitaker interpretando um homem que quando era criança acreditava que sua dedicação à escola lhe traria ainda mais estudos, no entanto, futuramente, todos os seus esforços lhe garantiriam um bom emprego e finanças confortáveis. Na atualidade ele inveja quem pensa dessa forma. Apesar de ter um padrão de vida razoável, este bancário não é feliz e sofre com seu vício em apostas. Depois de ouvir às escondidas o nome do possível campeão de uma corrida de cavalos, ele aposta alto, mas a sorte não estava do seu lado e agora ficou devendo uma grande quantia e cai nas mãos do mafioso Fingers (Andy Garcia), ou na tradução brasileira Dedinhos, apelido que ganhou por só estalar os dedos e todos fazerem o que ele manda. Ameaçado e sem nada mais a perder ele então planeja ironicamente assaltar um banco para saldar sua dívida. “Prazer”, o segundo ato, é protagonizado por Brendan Fraser vivendo um dos capangas do chefão do crime que tem o dom de prever o futuro, porém, sem poder fazer nada para alterá-lo. Ele deve ajudar Tony (Emile Hirsch), o sobrinho aloprado de Fingers, a se familiarizar com o submundo e não demora muito para o jovem se meter em confusão, algo que o vidente já previa, porém, sua previsão estava parcialmente errada pela primeira vez.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

AMORES POSSÍVEIS

NOTA 8,0

A partir de um mesmo ponto de
partida, longa apresenta três versões
para o futuro de um casal em uma
narrativa envolvente e bem amarrada
O início da década de 1990 marcou a estagnação do cinema nacional, ou melhor, seu declínio, talvez sua pior fase. Empresas quebraram, o governo deu uma rasteira econômica nos produtores e os poucos filmes lançados foram finalizados a duras penas e provavelmente mais com o intuito de satisfazer o ego de seus realizadores. Público mesmo não esperavam. A segunda metade da década já foi marcada por um reaquecimento da indústria com produção mais regular, salas de exibição mais generosas e apoio para divulgação. A partir do ano 2000 as pessoas pararam de se envergonhar e começaram a assumir com orgulho: vou ao cinema assistir filme nacional! O mesmo acontecia com a ida às videolocadoras que então colocavam o acervo recente verde e amarelo em destaque, não mais escondidinho em um canto qualquer. Claro que para tanto a produção passou por uma recauchutada e os realizadores precisaram tentar se aproximar a um estilo mais hollywoodiano e Amores Possíveis é um bom exemplar. Não fez fortuna e tampouco levou multidões para as salas escuras, mas representou um salto qualitativo, tanto narrativo quanto de parte técnica. A trama entrelaça três possibilidades de encaminhamento para o futuro de Carlos (Murilo Benício) e Júlia (Carolina Ferraz), que marcaram de ir juntos ao cinema em uma noite chuvosa, mas a moça não apareceu. A partir disso a diretora Sandra Werneck devaneia sobre o que aquele desencontro poderia ocasionar em suas vidas quinze anos depois. O rapaz poderia se tornar um respeitado advogado, mas levar uma vida acomodada ao lado da esposa Maria (Beth Goulart) e ficar balançado ao reencontrar seu amor do passado. Em outra versão, ele até teria casado com Júlia e se tornaria pai, mas assumiria ser homossexual e trocaria a esposa por Pedro (Emílio de Mello), um colega com quem jogava futebol. Por fim, a terceira ideia seria a de que Carlos se tornaria um mulherengo dependente da mãe (Irene Ravache) evitando qualquer relacionamento sério até reencontrar a paquera do cinema através de uma agência de encontros acreditando de fato ela ser a mulher da sua vida.

domingo, 20 de agosto de 2017

O RIO SELVAGEM

Nota 6,0 Embora divirta, rara incursão de Meryl Streep no gênero de ação não faz jus a seu talento

Meryl Streep é reconhecidamente uma atriz dramática de mão cheia e esporadicamente surge em alguma comédia demonstrando mesma desenvoltura em fazer rir quanto para fazer chorar. Apesar de aparentemente não ter medo de desafios, atuar em outros gêneros não faz muito sua cabeça. Com dois Oscars em casa, uma premiação em Cannes e muitos outros prêmios e elogios da crítica e público em seu currículo, ela em 1994 não tinha necessidade de provar seu talento e força de vontade, mas surpreendeu ao protagonizar a aventura com toques de suspense O Rio Selvagem. A surpresa não é só pela estranheza em vê-la em uma produção que lhe exige mais força física que lágrimas, mas também porque o papel não está a altura de sua importância. Qualquer atriz mediana poderia dar vida à Gail Hartman, uma dona-de-casa que abriu mão de sua vida profissional para cuidar da família, embora sua relação com o marido Tom (David Straithairn) esteja indo de mal a pior por ele se preocupar demais com o trabalho. Com saudades de sua antiga rotina como guia turística, ela resolve comemorar o aniversário de Roarke (Joseph Mazello), seu filho mais velho, com um acampamento em família com direito a passeio de canoa pelas perigosas águas do Rio Salmon na região de Idaho, nos EUA, cujo percurso ela conhece como ninguém. O passeio segue outros rumos quando ganham a companhia de Wade (Kevin Bacon), um sujeito inicialmente bastante amistoso e que logo conquista a atenção do garotinho que passa admirá-lo pelas atitudes bacanas que seu próprio pai nunca teve com ele. Contudo, não demora para o rapaz se revelar um bandido e que havia planejado o encontro com esta família justamente porque precisa dos conhecimentos de Gail a respeito do trajeto do rio para conseguir atravessar a fronteira para o Canadá com uma fortuna roubada ao lado de seu companheiro de crimes Terry (John C. Reilly).

sábado, 19 de agosto de 2017

O IDIOTA DO MEU IRMÃO

Nota 5,5 Carisma e talento do protagonista segura as pontas em comédia que carece de clímax

O título certamente cairia como uma luva para um filme estrelado por Adam Sandler ou alguém do seu estilo fanfarrão, mas a alcunha O Idiota do Meu Irmão não deve ser levado ao pé da letra. Trata-se de uma comédia americana no melhor estilo independente, ou seja, acerca de personagens cheios de defeitos e problemas e que a certa altura da vida se veem forçados a reatar laços familiares, o típico tema desse tipo de produção. Ned (Paul Rudd) é um rapaz que sempre levou a vida na flauta como popularmente se diz. Vivendo do que ganha em uma barraquinha de orgânicos na feira, ele tira um extra vendendo maconha por fora, mas se dá mal quando cai na armadilha de um policial que mesmo fardado se faz passar por viciado. Desligado e ingênuo, o feirante acaba sendo preso em flagrante, porém, com sua bondade extrema ele acaba ajudando outros presos e tendo bom comportamento na cadeia, assim é liberado alguns meses antes do previsto sob regime de liberdade condicional. Todavia, a vida do lado de fora das grades não parou e sua namorada Janet (Kathryn Hahn) já está vivendo com outro homem e ele acaba sendo acolhido pela irmã Liz (Emily Mortimer), uma mãe de família neurótica que está sendo traída por Dylan (Steve Coogan), seu marido que praticamente não lhe dá atenção. Entretanto, sua companhia acaba trazendo alguns problemas de relacionamento para essa família e que o obrigam a passar alguns dias com suas outras irmãs, a frustrada repórter Miranda (Elizabeth Banks), que justamente agora ganha uma boa chance de trabalho, e a lésbica não tão convicta Natalie (Zooey Deschanel), que anda balançando quanto a seus reais sentimentos pela namorada Cindy (Rashida Jones). Nas temporadas que passa na casa de cada uma delas Ned vai as enlouquecendo com suas manias e atitudes sem noção ou pudor, principalmente seu costume de falar absolutamente tudo que lhe passa pela cabeça sem filtrar informações.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

DIAS INCRÍVEIS

NOTA 6,0

Mais um exemplar da safra de
comédias sobre homens que não querem
amadurecer, filme não aprofunda o tema,
apoiando-se no humor dos protagonistas
Prorrogar ao máximo a juventude, esse é sem dúvida o maior sonho de todas pessoas e o cinema por diversas vezes se aproveitou de tal devaneio, mas a mensagem final geralmente é a mesma: viva intensamente o momento, envelhecer é preciso. Passar por procedimentos estéticos e viver de remédios ditos milagrosos apenas retardam rugas, mas algum sinal de que a idade avançou mais cedo ou mais tarde aparecerá. E como lidar com o espírito da juventude que teima em não amadurecer? Pensando nisso, tem uma turma de atores americanos que se especializou em lidar com tal temática e praticamente criou um subgênero para a comédia. Nos últimos anos tem se popularizado as fitas de humor focando as desventuras de trintões e quarentões que precisam na marra aceitar que já não são adolescentes, mas sempre que tentam dar um passo adiante parece que há uma força sobrenatural que os puxa para retroceder outros dois. Dias Incríveis segue bem essa linha e traz um trio bastante representativo encabeçando o elenco e que resolve exorcizar as mágoas da vida adulta voltando aos bons tempos da escola literalmente. Mitch (Luke Wilson) sofreu uma decepção amorosa quando voltou de viagem e encontrou a namorada em sua casa praticando swing. Frank (Will Ferrell) conseguiu se casar, mas basta o mínimo contato com alguma lembrança dos tempos de escola para que perca as estribeiras e não se importe de sair pelado correndo pelas ruas. Já Beanie (Vince Vaughn) também casou e tem filhos, mas não trai a mulher, embora sinta saudades de quando era livre e sem as responsabilidades de assumir uma família. Quando Mitch aluga uma casa dentro de um campus universitário, os amigos logo lançam a ideia de montar uma república estudantil à moda antiga, ou seja, um lugar para homens se reunirem e darem altas festas com muita música, bebidas e mulheres, muitas mulheres. Logo na primeira balada tem a presença luxuosa do rapper Snoop Doggy. Como pagaram seu cachê?... Bem, isto é uma comédia, então vale tudo, até mesmo um cantor famoso acostumado com multidões aceitar fazer um pequeno show em um jardim.

domingo, 13 de agosto de 2017

O PAIZÃO

Nota 7,5 Despretensiosa e divertida, comédia já ditava o estilo de trabalho de Adam Sandler

Muitos homens fogem como o Diabo da cruz quanto a ideia de se tornarem pais. Assumir responsabilidades, ter que alterar suas rotinas e de certa forma perder a liberdade que tanto se orgulham de ter são alguns dos empecilhos de colocar um filho no mundo. E o que dizer de caras dispostos a encarar o desafio por amor a uma criança que literalmente bate à sua porta sem mais nem menos? Esse é o plot da comédia O Paizão, mais uma entre tantas comédias semelhantes no currículo de Adam Sandler, na época já um astro nos EUA, mas no Brasil um ilustre desconhecido. Na trama que o próprio assina como produtor e o roteiro em parceria com Steve Franks e Tim Herlihy, ele dá vida ao boa-vida Sonny Koufax, rapaz formado na faculdade de direito, mas que se contenta com a merreca que ganha trabalhando como cobrador em um pedágio em Nova York, ao contrário de seus amigos que exercem a profissão e ganham altos salários. Ele também sobrevive graças a uma boa indenização que recebeu por conta de um acidente de trânsito patético. Sua preocupação no momento é a todo custo provar para namorada Vanessa (Kristy Swanson) que não é nenhum inútil e assim reconquistá-la. O pé na bunda era o que ele precisava para acordar para a vida e amadurecer. No entanto, essa mudança de vida só é possível a partir do momento que conhece o pequeno Julian (papel revezado pelos gêmeos Cole e Dylan Sprouse), um garotinho de cinco anos que é abandonado com um bilhete da mãe pedindo para procurar certo homem. Sonny não é o tal cara, mas de imediato compra a ideia da adoção pensando em reconquistar a namorada, mas não esperava se afeiçoar tanto ao menino. A transição de adolescente fanfarrão para adulto responsável é feita de maneira convincente. O roteiro aborda várias situações em que ele educa o garoto como se fosse um amigo dando conselhos ao outro, claro que a maioria reprováveis, mas dentro de seu universo perfeitamente aceitáveis, até seus amigos aprovam. Somente quando é criticado por alguém de fora de seu circuito de amizades é que lhe cai a ficha dos erros que está cometendo.

sábado, 12 de agosto de 2017

40 DIAS E 40 NOITES

Nota 7,0 Com temática sexual, comédia surpreende com texto mais maduro e piadas inteligentes

Todo homem gosta em uma roda de amigos de bancar o pegador e se conseguir levar para cama mais de uma mulher em uma mesma noitada melhor ainda. Agora, será que alguém se gabaria de passar muito tempo sem sexo? Esse é o desafio que o jovem Matt Sullivan tenta vencer na comédia 40 Dias e 40 Noites, uma espécie de filhote não-reconhecido da franquia American Pie. Vivido por Josh Hartnett, colhendo frutos do épico Pearl Harbor e então uma promessa de astro que não vingou, o protagonista acaba de terminar de forma desastrosa o relacionamento com Nicole (Vinessa Shaw) e cai na farra. Como numa espécie de vingança contra o sexo feminino ele passa a dormir com praticamente todas as garotas que cruzam seu caminho, como se a maioria fosse se importar de ser usada. Contudo, ele passa a enxergar em todas as mulheres o semblante da ex e decide que é hora de dar um tempo em sua vida sexual e faz uma promessa a si mesmo: ficará uma temporada sem qualquer tipo de contato físico com o sexo oposto. Pensamentos que induzam a masturbação também são proibidos durante pouco mais de um mês. Inicialmente ele até resiste as tentações e conta com o apoio de seu irmão John (Adam Trese), que está estudando para ser padre e aconselha o irmão quanto aos pecados da carne, mas quando conhece Erica (Shannyn Sossamon), que julga ser a companheira ideal, seus planos de castidade podem ir por água abaixo. Eles começam a ter encontros frequentes amigavelmente, mas esfriar os hormônios não será nada fácil. O rapaz sofre pressão dos amigos para deixar a promessa de lado, tudo para ganharem um bolão promovido por Ryan (Paulo Costanzo) que lançou a proposta em uma página na internet. Com lances de grana alta em jogo e a participação de desconhecidos, a vida sexual do jovem então passa a ser acompanha com torcida e atenção como uma final de Copa do Mundo.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

PETS - A VIDA SECRETA DOS BICHOS

NOTA 7,0

Apesar do ritmo frenético, tramas
paralelas e personagens cativantes,
animação fica a dever a diversão e
curiosidade prometidas em seu título
Quem nunca imaginou o que deve fazer seu bichinho de estimação quando ele está sozinho em casa? Será que ele dorme o tempo todo? Fica admirando a paisagem pela janela? Ou na mesma posição que fica quando seu dono se despede pela manhã permanece até a sua volta? Explorar tal ideia é o argumento que sustenta Pets - A Vida Secreta dos Bichos. Ou assim deveria ser. A publicidade do filme vendia a fantasia de que na ausência de seus tutores por algumas horas os animais curtiam baladas alucinantes e zoavam a torto e a direito com outros vizinhos pets. Umas duas ou três cenas de fato traduzem este espírito anárquico, mas o roteiro em si apresenta uma outra proposta explorando a jornada de personagens reencontrando o caminho de casa, mas também aprendendo como é a vida longe do conforto de seus lares. Max é um cãozinho com pedigree acostumado aos paparicos de sua dona e que aproveita todas as regalias de seu apartamento durante o dia enquanto ela sai para trabalhar. Quando ela volta ele a enche de carinhos como retribuição, mas certa noite uma surpresa faz seu mundo perfeito cair. Ela chega em casa acompanhada de Duke, um vira-lata peludo e grandalhão com quem agora terá que aprender a dividir as atenções e seu espaço físico. À primeira vista os cãezinhos já se estranham, não só pelo ciúme, mas também pelo choque de personalidades, afinal um é extremamente mimado e organizado enquanto o outro é espaçoso e desordeiro. Em uma das brigas que travam eles acabam indo parar no meio da rua e passam a ser caçados não só pelo controle de zoonoses como também por um bando de malvados felinos e por uma gangue de animais rejeitados. A dupla então se mete em uma série de aventuras enfrentando o trânsito caótico de Nova York, o submundo das tubulações de esgoto e os perigos oferecidos pelas construções e monumentos da cidade. E assim o filme se resume a muita ação e poucos conflitos. Os animais correm de um lado para o outro, soltam piadinhas visuais ou em diálogos aqui e ali, mas seus perfis são bastante limitados. Sabemos apenas o estritamente necessário para diferenciar os mocinhos da turminha do mal, embora é bom destacar a inversão de personalidade de alguns poucos personagens.

sábado, 5 de agosto de 2017

TAMARA

Nota 3,5 Com uma ou outra morte criativa, longa se arrasta com sua previsibilidade e chatice

Quando nos sentimos rejeitados ou humilhados a primeira e mais natural reação é desejar que algo de ruim aconteça a quem nos machucou, porém, o tempo é o melhor remédio e percebemos que muitas vezes o episódio negativo acabou sendo positivo, nos fazendo crescer emocionalmente e ajudando a nos tornarmos pessoas melhores... Bem, são belas palavras que sempre são proferidas quando querem nos consolar, mas só quem sofreu a ação sabe o quanto é doído. Os noticiários vira e mexem lançam histórias estarrecedoras de casos de problemas banais que acabaram virando histórias de polícia, algumas até com mortes como desfechos. Pela busca da autoafirmação, ser aceito em grupos ou por paixões avassaladoras, a maioria das agressões e óbitos acontecem na faixa etária adolescente, justamente a qual pertence a protagonista da fita de terror Tamara, cuja trama inicialmente aborda a questão do bullying, mas rapidamente engrena por outro caminho esquivando-se de discussões sérias e satisfazendo de certa forma os mórbidos desejos daqueles que tem dificuldades para perdoar a quem lhe fez mal. Sim, se você está com raiva de algum colega da escola ou trabalho aqui consegue aliviar a tensão, mas lembre-se não faça o mesmo na vida real. Jenna Dewan interpreta a reclusa personagem-título que é alvo de chacota por parte dos bonitões e gostosonas do colégio por não ser muito atraente e tampouco popular. Aluna muito aplicada, ela nutre uma paixão platônica pelo professor Bill Natoly (Matthew Marsden) e isso é descoberto por outros estudantes que veem nessa fofoca uma maneira de se vingarem da garota que publicou uma matéria no jornal da escola acusando membros do time de futebol de fazerem uso de drogas. O grupo então monta uma elaborada pegadinha de mau gosto na qual fazem a garota acreditar que o professor corresponde sua paixão e marcaria um encontro em um motel. Enquanto se prepara para o amado, no quarto ao lado Shawn (Bryan Clark), Chloe (Katie Stuart), Jesse (Chad Faust), Patrick (Gil Hacohen), Kisha (Melissa Elias) e Roger (Marc Devigne) se divertem vendo tudo que acontece ao vivo através de uma câmera escondida.