sábado, 5 de agosto de 2017

TAMARA

Nota 3,5 Com uma ou outra morte criativa, longa se arrasta com sua previsibilidade e chatice

Quando nos sentimos rejeitados ou humilhados a primeira e mais natural reação é desejar que algo de ruim aconteça a quem nos machucou, porém, o tempo é o melhor remédio e percebemos que muitas vezes o episódio negativo acabou sendo positivo, nos fazendo crescer emocionalmente e ajudando a nos tornarmos pessoas melhores... Bem, são belas palavras que sempre são proferidas quando querem nos consolar, mas só quem sofreu a ação sabe o quanto é doído. Os noticiários vira e mexem lançam histórias estarrecedoras de casos de problemas banais que acabaram virando histórias de polícia, algumas até com mortes como desfechos. Pela busca da autoafirmação, ser aceito em grupos ou por paixões avassaladoras, a maioria das agressões e óbitos acontecem na faixa etária adolescente, justamente a qual pertence a protagonista da fita de terror Tamara, cuja trama inicialmente aborda a questão do bullying, mas rapidamente engrena por outro caminho esquivando-se de discussões sérias e satisfazendo de certa forma os mórbidos desejos daqueles que tem dificuldades para perdoar a quem lhe fez mal. Sim, se você está com raiva de algum colega da escola ou trabalho aqui consegue aliviar a tensão, mas lembre-se não faça o mesmo na vida real. Jenna Dewan interpreta a reclusa personagem-título que é alvo de chacota por parte dos bonitões e gostosonas do colégio por não ser muito atraente e tampouco popular. Aluna muito aplicada, ela nutre uma paixão platônica pelo professor Bill Natoly (Matthew Marsden) e isso é descoberto por outros estudantes que veem nessa fofoca uma maneira de se vingarem da garota que publicou uma matéria no jornal da escola acusando membros do time de futebol de fazerem uso de drogas. O grupo então monta uma elaborada pegadinha de mau gosto na qual fazem a garota acreditar que o professor corresponde sua paixão e marcaria um encontro em um motel. Enquanto se prepara para o amado, no quarto ao lado Shawn (Bryan Clark), Chloe (Katie Stuart), Jesse (Chad Faust), Patrick (Gil Hacohen), Kisha (Melissa Elias) e Roger (Marc Devigne) se divertem vendo tudo que acontece ao vivo através de uma câmera escondida.

Quando descobre a cilada, Tamara tenta fugir, mas o grupo prolonga sua humilhação arrastando-a de volta para o quatro onde acaba sofrendo um acidente e vem a falecer. Os valentões então se revelam frouxos e com medo de serem condenados por assassinato decidem sumir com o corpo enterrando-o numa floresta e fazem um pacto de jamais tocarem novamente no assunto. Ecos de Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado? No caso, não é algum bisbilhoteiro que passa a ameaçar a vida dos jovens, mas a própria Tamara é quem volta do mundo dos mortos e tenta seguir sua rotina para desespero de quem a humilhou. Detalhe, ela retornou completamente diferente, sensual e segura de si, e de quebra ainda dotada de poderes sobrenaturais. Agora, além de seduzir o Sr. Natoly, ela quer vingança e vai lançar mão de diversas armadilhas para que seus assassinos sofram e tenham mortes trágicas. O argumento até tem um quê de Carrie - A Estranha, mas seu desenvolvimento está longe da genialidade do clássico de Brian De Palma. Na verdade, o roteiro de Jeffrey Reddick, criador do muito superior Premonição (aquele dos jovens que tentam enganar a morte), guarda mais semelhanças com Garota Infernal, embora a protagonista deste já carregasse dentro de si a crueldade e promiscuidade antes de ser possuída. Dewan segura as pontas equilibrando-se entre a inocência e o carisma para conquistar suas vítimas e mostra-se dissimulada e diabólica quando incorpora sua faceta do mal. De obrigar um rapaz a se automutilar a fazer um outro comer uma garrafa de vidro, as mortes do filme são bizarras (no bom sentido) e a protagonista também se diverte com joguinhos sexuais, como seduzir outra garota ou forçar dois machões a terem relações sexuais. Contudo, não torcemos para que a protagonista volte ao seu normal e tampouco que seja tragada pela terra, simplesmente pouco nos importamos com seu destino assim como dos demais personagens, um erro do roteiro que não se preocupa em construir um elo deles com o espectador, apenas os joga na tela à mercÊ da sorte.  Único trabalho creditado ao diretor Jeremy Haft (ainda bem), Tamara já nasceu com pinta de filme B. Não assusta nem criancinha, mas pode causar algumas boas risadas.

Terror - 94 min - 2005

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