domingo, 18 de agosto de 2019

ENSINANDO A VIVER

Nota 7,0 Em processo de adoção, pai e filho aprendem a viver em família e se adaptar ao mundo

Estamos acostumados com o estilo de filmes que abordam superações e aprendizados, sempre muito emotivos, com grandiosas lições de moral e não raramente com temáticas ligadas à educação escolar ou ao esporte. Por conta da super exploração, principalmente em Hollywood, a maioria das produções desta seara acabam caindo no esquecimento, mas Ensinando a Viver não merecia tal destino, ainda que não ofereça grandes novidades. O segredo para ser acima da média é simplesmente a forma eficiente com que o diretor Menno Meyjes emprega diversos clichês sem abusar muito da inteligência do espectador, além de tirar bom proveito de seus protagonistas interpretados por um jovem promissor e um ator experiente. David Gordon (John Cusack) cresceu cheio de traumas de infância, não conseguia se encaixar no mundo como um garoto normal e por isso era constantemente rejeitado pelos colegas, mas todos os problemas que passou o ajudaram a se tornar um bem-sucedido escritor de livros infantis de ficção científica. Ele próprio acreditava que um dia extraterrestres viriam buscá-lo. Tentando superar a morte da esposa, que perdera durante o processo de adoção de uma criança, dois anos depois ele decide retomar essa ideia, mas o escolhido teria que ser alguém tão imaginativo quanto ele. Eis que surge Dennis (Bobby Coleman), um menino abandonado em um orfanato cheio de excentricidades, dentre elas detestar a luz solar, viver escondido dentro de uma caixa de papelão e dizer com toda convicção que veio de Marte para uma missão especial. Apoiado por sua grande amiga Harlee (Amanda Peet), Gordon decide se aproximar do garoto com quem tanto se identificou mesmo sabendo das dificuldades para criar uma criança aparentemente problemática. É óbvio que a relação irá fazer muito bem a ambos que com a troca de experiências irão juntos superar suas dificuldades emocionais.

sábado, 17 de agosto de 2019

AS VOZES

Nota 7,5 Produção bizarra cativa com protagonista problemático dividido entre ser mocinho e vilão

Um trash movie, ao pé da letra, é aquele que deseja ser levado a sério, mas involuntariamente acaba se tornando melhor que uma comédia assumida. Isso se deve a cenas mal dirigidas, interpretações vexatórias e quando há necessidade de uso de efeitos especiais e maquiagem pesada, mas pouco orçamento, aí é que o caldo entorna de vez. Por conta desse percalços, muitas fitas de terror são rotuladas como filmes B, mas não que isso seja um problemão, que o diga o diretor Sam Raimi que até hoje colhe elogios com seu tosco longa de estreia The Evil Dead - A Morte do Demônio. Também é muito comum o termo terrir, aí sim a mescla proposital de terror e comédia, dois gêneros antagônicos já misturados em diversas oportunidades, mas raramente com resultados satisfatórios. Geralmente são produções muito bem equiparadas, mas que fazem questão de parecerem toscas. Esse é o caso de As Vozes, à primeira vista ridículo, mas que após o baque inicial do festival de absurdos torna-se uma obra relativamente bem estruturada. O início alto astral, com direito a trilha sonora dançante, pode indicar uma inofensiva comédia romântica, mas as aparências enganam. A trama nos apresenta à Jerry (Ryan Reynolds), aparentemente um pacato operário de uma fábrica de banheiras, mas que vive em constante acompanhamento pela Dr. Warren (Jacki Weaver), sua psiquiatra, por conta de traumas da infância manifestados por seu dom (ou maldição?) em ouvir vozes de animais. Recém saído de uma clínica, ele acaba ficando obcecado por Fiona (Gemma Arterton), uma colega de trabalho que não demonstra real interesse em ter um caso, mas quando finalmente aceita uma carona acaba sendo morta brutalmente pelo rapaz. Isso mesmo! Por um mal entendido, ela acabou faltando a um encontro e o sentimento de rejeição perturbou ainda mais o cara que já não estava tomando seus remédios de forma controlada. Influenciado por conselhos que parecem vir do além, Jerry deixa seus instintos assassinos aflorarem ao atropelar um alce na estrada e assusta a moça que tenta fugir, mas acaba sendo capturada e ele sem querer lhe dá o mesmo destino que o animal.

domingo, 4 de agosto de 2019

UM DOMINGO DE CHUVA

Nota 6,0 Sem maniqueísmos drama recicla clichê do crescimento pessoal pela troca de experiências

Basta estender uma mão para tentar mudar uma vida. No caso do longa Um Domingo de Chuva a ajuda tem via dupla e ambos os lados se beneficiam. Reggie (Julian Skatkin) é um menino prodígio e único filho de uma milionária que reside em um luxuoso castelo incrustado em meio a agitada cidade Nova York, porém, é uma criança solitária e reprimida. Órfão de pai, o garoto não tem do que se queixar em termos materiais dos tratos de sua mãe, porém, ela fica a dever quanto a carinho e dedicação sendo uma pessoa quase ausente em casa. Quando surge a oportunidade de uma vaga para ser babá dele, a jovem Eleanor (Leighton Meester) a agarra com todas as suas forças a fim de superar um mal momento. Musicista desempregada e decepcionada após brigar com Dênis (Billie Joe Armstrong), seu namorado machista, ela se vê obrigada a recomeçar sua vida do zero, mas o convívio entre ela e o menino inicialmente não é dos melhores por conta de suas personalidades opostas. Ele é inteligente e sério demais para a idade enquanto ela é até bastante responsável, mas sabe levar a vida com mais leveza e alegria apesar dos pesares. Obviamente, a convivência forçada acaba criando um grande laço de amizade entre eles. O argumento não é lá muito original, de fato é bem parecido com o de Grande Menina, Pequena Mulher e de tantas outras produções que de tão genéricas até nos escapam os nomes, mas se as comédias românticas reciclam ideias e por vezes alcançam sucesso por que outros gêneros também não poderiam se beneficiar dando cara nova a histórias batidas? Fugindo dos estereótipos da criança chata versus a adulta infantilóide, o diretor e roteirista Frank Whaley, mais conhecido por seu trabalho como ator em diversos seriados, soube usar o clichê a seu favor e criou dois personagens bastante humanos, com doses semelhantes de defeitos e virtudes, e de perfis de fácil identificação com o público.

sábado, 3 de agosto de 2019

PAIXÃO BANDIDA

Nota 1,0 Mescla de comédia romântica com ação policial resulta em algo insosso e sem propósito

Desde que o mundo é mundo as histórias acerca de relações fraternas provam que, além de amor, podem ser permeadas de ódio e não são poucos os casos que comprovam isso. É desse argumento que parte Paixão Bandida uma comédia de humor negro com toques de filme policial que foi enterrada pelo passar dos anos. E com toda a razão. Contando com protagonistas hoje famosos, mas na época engatinhando na profissão, é perceptível a falta de pulso na direção e na condução da trama e o resultado é um longa medíocre e sem justificativa para ter sido feito. Quando o casal Clayton se separa cada uma das partes fica com a tutela de um filho, já que os irmãos nunca se deram bem. Sam (Vicent D'Onofrio), o mais velho, fazia questão de aprontar o tempo todo com Jjaks (Keanu Reeves) e a separação parecia a única maneira de manter as coisas sob controle, isso até o casamento do primogênito quando eles se reencontram a pedido da mãe após vinte anos de afastamento. O evento na verdade é uma farsa, pois Freddie (Cameron Diaz), a noiva, está sendo obrigada a se casar. Ela é acusada de desfalque pelos bandidos com os quais seu verdadeiro marido está envolvido e precisa se unir a um pretendente rico para aplicar um golpe. Abandonando o sonho de ir para Las Vegas e tentar a vida artística, ela acaba aceitando se casar, mas o plano começa a ruir logo no dia das bodas. Basta cruzar seus olhos com os de Jjaks para que a moça, sem saber que ele é seu futuro cunhado, apaixone-se à primeira vista. E assim o reencontro dos irmãos não é, como eles próprios previam, algo fácil e agora eles tem uma nova razão para se odiar: estão apaixonados pela mesma mulher. Quando Freddie convence seu verdadeiro amor a fugir com ela, o casal passa a ser perseguido por Sam e seus amigos e começa a viver uma rotina de chantagens, trapaças e ataques de violência.