NOTA 8,0 Comédia começa as avessas e até de forma arriscada, mas trata de voltar atrás e honrar as leis do gênero |
quinta-feira, 28 de abril de 2016
AMIZADE COLORIDA
quarta-feira, 27 de abril de 2016
AS FÉRIAS DA MINHA VIDA
NOTA 7,0 Flertando com o drama e a comédia, longa é previsível, embora a trama tenha desenvolvimento acima da média e o carisma de Queen Latifah colabore |
terça-feira, 26 de abril de 2016
A VIDA SECRETA DOS DENTISTAS
NOTA 6,5 Longa acompanha o cotidiano de um casal que vive uma união de fachada, uma situação que traz consequências para toda família |
Mais difícil que escrever um
roteiro ou concluir suas filmagens só mesmo a etapa de batizar um projeto.
Alguns filmes só ganham título após todas as fases de produção terem sido
concluídas, quando já se tem a ideia concreta do que o produto será. Outros
trabalhos só ganham seu pontapé inicial, inclusive a redação da história,
quando já estão intitulados. Dar nome a
um filme é muito complicado e é curioso quando a junção de algumas simples
palavras podem passar ao público sentidos diferenciados. A Vida Secreta dos Dentistas é
um bom exemplo. Embora seja claramente uma obra alternativa pela penca de
indicações e participações em festivais que ostenta, com certeza quem se arrisca
a assistir a este trabalho guiando-se pelo título se decepciona, inclusive os
próprios profissionais da área de odontologia que não resistem a dar uma
conferida. Ele remete a muitos
espectadores a ideia de comédia, mas o nome cai como uma luva para este
drama conjugal que envolve obviamente os dentistas, seus assépticos ambientes
de trabalho e uma temática universal, mas cujo ritmo lento e ausência de
momentos arrebatadores acabam trabalhando contra a obra em termos comerciais. Baseado
no romance “The Age of Grief”, de Jane Smiley, o roteiro de Craig Lucas
acompanha o cotidiano do casal Dana (Hope
Davis) e David Hurst (Campbell Scott) que não dividem apenas a cama, mas também
trabalham juntos em um consultório dentário. Quando estão em casa eles dedicam
atenção para as três filhas pequenas, porém, no trabalho mal se falam optando
por respeitarem suas individualidades. E tempo para eles dois? Perecbe-,
portanto, que a aparente limpeza da clínica pode esconder germes e bactérias. Dana
é apaixonada por ópera e participa do coro de uma produção teatral e em breve
irá fazer uma apresentação. No dia do espetáculo, David encontra motivos para
desconfiar que sua mulher o traia e passa a perceber que ela tenta se esquivar
constantemente da família e do trabalho, provavelmente para poder ter seus
encontros com o amante. Ao contrário da reação da maioria dos maridos traídos,
ele resolve levar toda a situação com panos quentes, mas sem tirar os olhos de
cima da esposa, chegando até mesmo a ter visões dela tendo relacionamentos com
outros homens no próprio consultório. Todavia, a ruptura da família parece
eminente, mas um problema inesperado de saúde que atinge a todos os membros pode
uni-la novamente.
segunda-feira, 25 de abril de 2016
CARA, CADÊ MEU CARRO?
NOTA 4,0 Insano, bizarro, criativo, surreal, tosco, ridículo, confuso... Comédia teen agrada e desagrada em iguais proporções, mas é fato que ganhou certa aura cult |
domingo, 24 de abril de 2016
AMOR OU AMIZADE
Nota 1,5 Sem história para contar, romance parece só existir para promover um jovem ator
O nome Freddie Prinze Jr. hoje
não agrega muito a publicidade de um filme, mas já teve seus tempos áureos. Boa
pinta e carismático, o ator é lembrado pelo cabelo platinado usado quando
interpretou Fred nos dois primeiros filmes live action de Scooby-Doo e sua
turma, mas o auge de sua carreira ocorreu um pouco antes disso. O sucesso do
terror Eu Sei o Que Vocês Fizeram no
Verão Passado tornou o jovem muito popular entre os adolescentes,
principalmente entre as meninas, muitas delas que elegiam suas produções como
os filmes de suas vidas. Os enredos pouco importavam, a peça-chave era o
galãzinho. Entre 1999 e 2001 o rapaz estrelou uma série de comédias românticas
e ganhou contrato de exclusividade com a produtora Miramax, então o berço das
fitas independentes e acumuladora de algumas dezenas de troféus do Oscar e
tantas outras premiações. A empresa não levou Prinze às badaladas festas do
cinema e ironicamente até ajudou a estagnar sua carreira ao se valer da máxima
de que em time que está ganhando não se mexe. Em Amor ou
Amizade o rapaz vivia pela enésima vez consecutiva o mesmo tipo
de personagem com mínimas variações e conflitos tão rasos quanto um pires, mas
como o próprio defendia, seus filmes abordavam temáticas relevantes ao
público-alvo. Eram filmes feitos por adolescentes para adolescentes, ainda que
o ator já estivesse longe da puberdade. Ok, em tempos de comédias que exaltam a
liberdade sexual e os vícios como algo inerente a juventude, caem bem
historinhas carregadas de ingenuidade com um certo quê de nostalgia, porém, é
preciso certo estopo para segurar um roteiro minimamente. Com toda pinta de nerd no início, com cabelos lambidos e óculos de aros grossos, Prinze dá vida a
Ryan, o típico bom moço, estudioso e cheio de convenções que nutre uma forte
amizade por Jennifer (Claire Forlani), garota com perfil completamente oposto
ao seu, liberal, extrovertida e que curte a vida intensamente. Eles se
conheceram na fase inicial da adolescência durante uma viagem de avião, mas se
estranharam logo de cara. Anos mais tarde, agora com o rapaz ostentando a imagem de boa-pinta, eles se reencontraram no colégio, ainda
trocando algumas farpas, mas o destino parecia forçar uma aproximação de
qualquer jeito. Embora fazendo cursos diferentes, seus caminhos se cruzaram
novamente na faculdade e agora mais maduros finalmente conseguem consolidar uma
relação de amizade, mas até que ponto ela iria? Ryan namorava com Amy (Amanda
Detmer), a melhor amiga de Jennifer que a partir de então faz as vezes de ombro
amigo aconselhando-o a viver novas experiências tal qual ela própria fazia
respeitando seu jeito desprendido de levar a vida.
sábado, 23 de abril de 2016
O CONDOMÍNIO
Nota 2,0 Suspense entrega seus segredos logo de cara, assim tornando-se uma opção tediosa
Um antigo e sombrio edifício pode ser o palco
perfeito para histórias de horror e suspense e o cinema já deu inúmeras provas
disso contando histórias de arrepiar envolvendo assombrações clamando por
ajuda, espíritos demoníacos impiedosos e assassinos malucos ou que agem por
pura maldade. O suspense O Condomínio aposta
em uma morte misteriosa como pontapé inicial, mas o enredo procura seguir uma
linha mais policial, assim oferecendo a oportunidade do espectador participar
da ação recolhendo pistas para chegar ao autor do crime. Será mesmo? A trama
escrita por Alberto Sciamma e Harriet Sand nos apresenta à Leonard
Grey (James Caan), o zelador de um antigo condomínio há mais de trinta anos.
Ele está lá desde que a ranzinza Lily Melnik (Geneviéve Bujold) comprou o
edifício e mandou reformá-lo por completo. Desde um simples cano até o papel de
parede do hall de entrada, tudo foi escolhido e colocado pelo próprio Grey.
Apesar de tanto anos de serviços prestados e mesmo com o peso da idade, o
zelador não abandona sua rotina de cuidados com o prédio, mas não leva uma vida
muito agitada. Seu metódico cotidiano muda drasticamente quando um dos
moradores é encontrado morto dentro de uma lixeira e todos os que moram ou
trabalham no local se tornam suspeitos. Grey, aos poucos, começa a descobrir
estranhos objetos que podem ter ligações com o crime escondidos sob o piso de
um dos andares. Além disso, este homem sofre de um sonambulismo que apaga
totalmente a sua memória, o que o leva a suspeitar que ele próprio possa ser o
assassino, ainda que tenha agido de forma inconsciente. Para piorar tudo, Grey
não tem uma boa relação com Lily e ainda se envolve com a sedutora Donna Cherry
(Jennifer Tilly), cujo marido Bill (Peter Keleghan) é justamente o morador
assassinado.
sexta-feira, 22 de abril de 2016
O RITUAL (2011)
NOTA 7,5 Mesmo abordando as possessões demoníacas por uma ótica mais realista, longa não deixa de fazer uso dos clichês |
Filmes inspirados em fatos reais têm um forte apelo junto ao
público, mas também podem despertar desconfianças. Quando os tais
acontecimentos envolvem assuntos do além, as dúvidas quanto a veracidade dos
fatos são ainda maiores, embora o número de curiosos pelo tema seja grande.
Produções do tipo foram e continuam sendo lançadas aos montes diretamente em DVD
e muitas são produzidas exclusivamente para canais de TV, o que já sugere que
os argumentos não são dos melhores assim como os produtos também não inspiram
confiança em suas partes técnicas, tanto que o subgênero dos longas sobrenaturais
vira e mexe está em crise, mas ainda bem que sempre algum produto do tipo ao menos
razoável pode ser encontrado em meio ao lixo e dar certo ânimo para confiarmos em
sua recuperação. O Ritual é um bom exemplo disso, embora a primeira vista
pareça algo descartável. Tendo como grande chamariz o nome do ator Anthony
Hopkins nos créditos, a obra é baseada no livro homônimo de Matt Baglio,
jornalista que conviveu alguns anos com padres exorcistas, entre eles Gary
Thomas, protagonista da trama cujo nome foi trocado. Com tal experiência, o
escritor aprendeu a distinguir uma possessão de uma doença mental e acompanhou
dezenas de exorcismos. A trama roteirizada por Michael Petroni nos apresenta a Michael
Kovak (Colin O’Donoghue), um rapaz que cresceu acompanhando de perto o fim da
vida de dezenas pessoas em uma maca sendo arrumados para o enterro pelo seu pai
Istvan (Rutger Hauer). Isso o fez crescer sem acreditar que existe algo depois
da morte, assim ele se tornou um seminarista cético e decidido a abandonar seus
trabalhos na igreja, mesmo após ter aulas sobre os sinais de possessão. Para
não se arrepender mais tarde, seu superior o orienta então a passar um período
no Vaticano para estudar rituais de exorcismo e quem sabe mudar de ideia e
recuperar sua fé. Porém, suas dúvidas e questionamentos só aumentam na medida
em que estreita seu contato com o Padre Lucas (Anthony Hopkins), um famoso
jesuíta exorcista, e este o apresenta ao lado mais obscuro da religião. É
quando Michael conhece a jornalista Angeline (Alice Braga), que investiga as
atividades do religioso e as suas reflexões sobre a crença no Diabo e em Deus
não param de crescer. Juntos, os dois jovens vão acompanhar os duros trabalhos
do padre para tentar tirar o demônio do corpo de Rosaria (Marta Gastini), mas
os conhecimentos de psicologia do rapaz o impedem de acreditar no que vê.
quinta-feira, 21 de abril de 2016
UM CAMINHO DE LUZ
NOTA 8,5 Drama espanhol baseado em fatos reais é tocante, esclarece sobre uma grave doença e crítica religião |
Filmes protagonizados por pessoas que estão
sofrendo com algum tipo de câncer existem aos montes. Na intenção de esclarecer
dúvidas e incentivar os diagnósticos precoces até pequenos talentos
interpretando crianças que sofrem com a doença já brilharam no cinema com atuações
comoventes. Por tratar de um assunto difícil e que praticamente mexe com o
emocional de todos, afinal aparentemente ninguém está livre desta doença
silenciosa que pode surgir por inúmeras razões e que ainda a ciência vem
pesquisando, muitas produções do tipo acabam passando em brancas nuvens,
principalmente pelos olhos dos espectadores que recorrem a filmes apenas por
diversão. Bem, se esse é realmente seu objetivo passe bem longe de Um
Caminho de Luz, um drama belíssimo, mas que pouco a pouco nos deixa com
um nó na garganta tamanho o sofrimento da jovem protagonista, uma garotinha
sonhadora, mas ao mesmo tempo muito pé no chão. Vencedor de seis prêmios Goya,
o Oscar Espanhol, esta produção nos emociona até o último minuto, porém, não é
recomendada aos mais críticos e principalmente aos insensíveis que certamente
vão rotular este trabalho como um manipulador de emoções de marca maior. O
longa conta a história de Camino (Nerea Camacho), uma menina de apenas onze
anos que está ao mesmo tempo enfrentando duas situações totalmente opostas e
inéditas para ela: o nascimento do amor e a aproximação da morte. Após ser
diagnosticada erroneamente com simples problemas de coluna, é descoberto que
ela possui um estranho e agressivo tipo de tumor que começa a destruir sua vida
e vai lhe privando pouco a pouco de cada uma de suas ilusões e vontades para o
futuro. As visitas aos hospitais e os procedimentos cirúrgicos cada vez se
tornam mais constantes até que Camino fica presa a uma cama definitivamente. A
cada novo obstáculo que a vida lhe coloca, ela se enche de forças e faz suas
orações para não se deixar abater e procura alguma forma de se adaptar as suas
novas condições físicas, vivendo assim cada dia intensamente, ainda que só em
sonhos. Mesmo nestas circunstâncias ela ainda sonha com a peça “Cinderela” que
faria na escola na qual atuaria com o garoto por quem se apaixonou. A narrativa
tem alguns momentos mais lúdicos e que dão um respiro ao espectador graças a
inserção de cenas do desenho da Disney e até mesmo da peça escolar sobre a gata
borralheira da qual a protagonista participaria. Os sonhos que Camino tem com o
conto clássico, com o garoto que gosta, aqueles em que ela aparece curada,
entre tantos outros, possuem estéticas que lembram ao filme Um Olhar do Paraíso, outro drama no qual
uma jovem menina precisa se acostumar com sua nova realidade e os sonhos surgem
como um alívio. Pena que em ambos os casos a realidade sempre chega de supetão
para acabar com a fantasia.
quarta-feira, 20 de abril de 2016
UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL
NOTA 9,0 Embora previsível, longa é agradável, diverte e emociona justamente por sua aura despretenciosa |
Alguns artistas podem até experimentar diversos gêneros ao longo da
carreira, mas sempre tem um que marca mais e do qual o intérprete pode acabar
se tornando um símbolo. Nos anos 90 aconteceu um aumento significativo na
procura por comédias e dramas com pitadas generosas de romance e duas atrizes
despontaram nessa onda, Julia Roberts e Meg Ryan. A primeira é quem se deu
melhor conquistando altos cachês, diversos prêmios e se mantendo em evidência
até hoje. Tudo bem, atualmente ela vive mais das glórias do passado do que de
novos e bem sucedidos projetos, mas ainda assim atrai atenções. Para muitos seu
ápice na profissão foi a conquista do Oscar pelo papel-título de Erin Brokovich – Uma Mulher de Talento,
mas ela já acumulava antes disso êxitos comerciais que a crítica hesitava em
elogiar. Por exemplo, qual o problema em dizer que Um Lugar Chamado Notting Hill
é um excelente filme? Embora quando alguém quer dar uma de esperto a tendência
seja menosprezar as obras românticas e clichês, não há como negar que esta
produção é extremamente agradável e atende com folga as expectativas geradas
pela proposta e que se vale do recurso da metalinguagem. Julia interpreta
praticamente ela mesma ora sob os holofotes, ora tentando levar uma vida normal,
ainda que os produtores na época tentassem desmentir que o enredo foi
parcialmente inspirado na vida da estrela. Ela interpreta Anna Scott, uma
celebridade hollywoodiana que vive cercada de fotógrafos e repórteres tentando
descobrir seus novos projetos de trabalho, mas principalmente desvendar
detalhes sobre sua vida pessoal. Durante uma viagem a Londres, a atriz decide
fazer um passeio pelo subúrbio (que nem de longe nos remete ao que a palavra
representa para os brasileiros) e entra em uma simplória livraria especializada
em livros de viagem onde é atendida pelo próprio dono, o pacato William Thacker
(Hugh Grant), cuja vida mudará completamente após este dia. Anna fica fascinada
com o jeito tranquilo e nada fanático do rapaz, que aparentemente desconhece a
fama dela. A partir desse dia, eles passam a ter alguns encontros e iniciam um
relacionamento cheio de idas e vindas, mas repleto de bons momentos, afinal
essa é a grande chance da diva vivenciar plenamente a simplicidade que existe
em um passeio no parque ou em um jantar em família com direito a gafes e rusgas
leves.
terça-feira, 19 de abril de 2016
O DIÁRIO DE UMA BABÁ
NOTA 6,0 Longa aborda vários temas sobre o comportamento de famílias ricas, mas todos de forma superficial |
Alguns títulos são tão simplórios
ou unem palavras tão comuns ao gênero cinematográfico que pertencem que podem
acabar causando o efeito contrário ao desejado. Ao invés de chamar a atenção
acaba afastando o espectador, mas em alguns casos podemos nos surpreender com o
conteúdo como é o caso de O Diário de Uma Babá que mascarado
como uma típica comédia romântica oferece muito mais que uma simples história
protagonizada por uma jovem em busca de seus sonhos, entre eles um grande amor.
O longa faz uma abordagem crítica, porém, divertida sobre o universo das
famílias modernas e ricas americanas, mas uma alfinetada que serve para pessoas
de qualquer parte do mundo e de repente até independente da classe social que
representem. O roteiro mostra através dos olhos e emoções de uma babá o cotidiano
de um casal desajustado que vive um casamento de fachada e não tem tempo para o
filho pequeno. Annie
Braddock (Scarlett Johansson) é uma jovem recém-saída da faculdade que vive em
um bairro da classe operária de Nova Jersey. Ela sofre uma grande pressão de
sua mãe para que encontre logo um lugar respeitável no mundo dos negócios, mas,
decidida a fugir dessa realidade, aceita o emprego de babá de uma família rica
de Manhattan, a qual chama apenas de “os X” (um recurso esperto para evidenciar
a artificialidade do clã). Como costuma dizer, não foi ela quem encontrou esse
emprego, foi ele quem a encontrou já que acabou salvando um garotinho de ser
atropelado e rapidamente conquistou a simpatia da mãe do garoto, uma perua que
sabe como impor suas vontades simplesmente não dando a possibilidade do outro
discordar e nem mesmo concordar. Ela decidiu que Annie seria a nova babá do
filho e não tem mais conversa, ponto final. Animada inicialmente, logo ela
descobre que a vida não seria o mar de rosas que imaginava, pois precisa
atender aos caprichos da Sra. X (Laura Linney) e seu precioso filho Grayer
(Nicholas Art), além de evitar qualquer contato mais próximo com o Sr. X
(Paul Giamatti). Entre as tantas tarefas do novo emprego, Annie precisa cozinhar,
fazer compras e limpar a casa. Praticamente uma funcionária mil e uma
utilidades em atividade por quase 24 horas diárias. A situação se complica de
vez quando ela se apaixona pelo “Gatão de Harvard” (Chris Evans), vizinho da
família X, que a força a reexaminar sua vida e ver que ela está se submetendo
aos caprichos daquela família de ricaços e esquecendo-se de cuidar de si mesma.
Apesar deste gancho romântico, o longa não o aprofunda, até mesmo porque a
patroa da moça a proíbe de ter contatos mais íntimos com qualquer um, de preferência
nem mesmo saber quais os nomes dos vizinhos.
segunda-feira, 18 de abril de 2016
DON JUAN DEMARCO
NOTA 8,5 Inspirado por folclórico personagem, romance usa a fantasia para exaltar o amor e o valor das mulheres e reúne dois grandes astros de gerações opostas |
Quando um rapaz é metido a
conquistador, é comum a brincadeira de rotulá-lo como um Don Juan, mas quem
teria sido esse homem? Na verdade ele é um personagem fictício cuja alcunha
virou sinônimo de libertinagem. Originado no folclore espanhol, ele tornou-se
uma figura do universo literário em meados do século 17 quando foi publicado o
romance “El Burlador de Sevilla”, obra atribuída ao dramaturgo Tirso de Molina.
O personagem essencialmente é um sedutor que se alimenta do prazer da glória
das conquistas. Quanto mais difícil o alvo, maior a satisfação. Geralmente
seduz mulheres compromissadas e em espaços públicos, as atraí para um lugar
privado e depois que consuma o ato sexual faz questão de divulgar o feito para
afrontar rivais e demarcar sua posição de superioridade. Desde que tal
arquétipo ganhou seu registro em um livro, ele também serviu como inspiração
para muitos outros folhetins, poemas, artes plásticas e peças teatrais que
ajudaram a perpetuar a imagem dos conquistadores latinos de sangue quente, ganhando
popularidade definitiva através da ópera “Don Giovanni”, de Mozart. O cinema
obviamente também não deixou de beber nessa fonte. Além de o mito ter sido
explorado nos anos 70 em uma clássica adaptação cinematográfica da opereta,
duas décadas mais tarde o sedutor foi inserido na cultura das novas gerações de
forma mais ousada. O romance Don Juan DeMarco não se limita a
contar a história de um ícone da sedução, mas sim como seu legado pode
influenciar visto que muitos estudiosos consideram tal conquistador a
personificação do desejo e da frustração em relação ao romantismo. A trama
começa com o psicólogo Jack Mickler (Marlon Brando) sendo chamado com urgência
para ajudar a polícia a impedir o suicídio de um rapaz que ameaça pular de uma
altura considerável. O médico pensa que este é apenas mais um caso corriqueiro
dos males causados pelos tempos modernos (se em meados dos anos 90 as coisas já estavam
difíceis, hoje em dia nem se fala), mas nem imagina que seu encontro com esse jovem
irá mudar radicalmente sua vida pessoal e também profissional. Trajando roupas
de época e uma máscara negra, ele é salvo e se apresenta como Don Juan DeMarco
(Johnny Depp), o mesmo nome do lendário espanhol que segundo a crença teria se
envolvido com cerce de 1.500 mulheres em apenas alguns anos de sua juventude.
sexta-feira, 15 de abril de 2016
PLANETA DOS MACACOS (2001)
NOTA 9,5 Refilmagem de clássica ficção é divertida, tem bom ritmo e conta com uma parte técnica impecável |
Fazer um remake de um filme de sucesso e cultuado é uma tarefa de muita responsabilidade e praticamente é como mexer em um vespeiro. Uma coisa fora do lugar ou alguma liberdade de criação e pronto, ferroadas não faltarão. Tim Burton sentiu na pele o peso da crítica ao reinventar a seu modo um clássico da década de 1960 que mexeu com a cabeça do mundo todo. Planeta dos Macacos é até hoje um marco do cinema que mistura ficção científica e aventura em uma trama reflexiva onde os papeis se invertem: os primatas tomam o lugar dos humanos e estes, por sua vez, é que passam a ser escravizados e tratados como animais. Na era contemporânea, Leo Davidson (Mark Wahlberg) é um piloto que treina chimpanzés para vôos em uma estação espacial. Em um dos treinamentos, um deles se perde e o rapaz resolve ir procurá-lo. O problema é que essas viagens no tempo feitas em meio a tempestades eletromagnéticas são traiçoeiras. Após sofrer um acidente na espaçonave em que estava, Leo chega a um lugar estranho e primitivo, como se estivesse nos primórdios da humanidade, mas logo ele encontra os habitantes da região e se depara com uma inversão de posições. Essa terra é habitada por macacos e gorilas extremamente inteligentes e racionais que escravizam os humanos que lutam para sobreviver à tirania dos primatas. Capturado por Limbo (Paul Giamatti), um traficante de humanos, Leo é entregue ao cruel general Thade (Tim Roth) que o aprisiona para usá-lo como serviçal, mas o rapaz logo se torna uma séria ameaça à soberania dos poderosos do local e arquiteta um plano para conseguir fugir com um grupo de humanos. Para tanto contará com a ajuda da primata de bom coração Ari (Helena Bonham Carter), mas terá que enfrentar a ira de Thade e seus comparsas, como o seu braço direito Attar (Michael Clarke Duncan).
quinta-feira, 14 de abril de 2016
EU QUERIA TER A SUA VIDA
NOTA 5,0 Troca de corpos de trintões tenta dar um gás a tema batido, mas desliza ao optar por um humor chulo |
Dizem que na televisão nada se cria tudo se copia, mas tal ditado
anda caindo como uma luva também para o cinema. O tema troca de corpos já foi
aplicado há inúmeras comédias no melhor estilo sessão da tarde e nos últimos
anos com a escassez de idéias parece que produtores e diretores encontraram na
fórmula batida uma maneira de sobreviver. O mote de duas pessoas insatisfeitas
que trocam de corpos, ou melhor, de personalidade em um passe de mágica e que
assim passam a dar mais valor ao seu próprio modo de viver e compreender o do
outro já rendeu até mesmo em terras brasileiras. Se Eu Fosse Você e sua continuação não fizeram mais nada que
adaptar um conteúdo cinematográfico tipicamente hollywoodiano para algo mais
próximo da nossa realidade e os resultados foram fantásticos talvez pelo
ineditismo da iniciativa pela raquítica indústria de cinema local que busca
enfrentar gigantes nas bilheterias. As situações embaraçosas provocadas pelo
desconhecimento das intimidades e a adaptação ao cotidiano do verdadeiro eu no
corpo de outro rendem geralmente bons momentos, mas dificilmente surpreendem. Todos
sabem que tal experiência transformará as pessoas que a vivenciaram em alguém
bem melhor capaz de ficar feliz com as imperfeições de sua vida e a respeitar o
modo como o outro segue sua trajetória, por mais que os meios sejam os mais
depreciáveis possíveis. Quanto maior o contraste entre as personalidades a
serem trocadas mais fértil deve se tornar a idéia de fazer humor através dos
choques das diferenças. Em Eu Queria Ter a Sua Vida o diretor
David Dobkin, de Penetras Bons de Bico,
arriscou requentar a premissa, mas achou que buscando um humor mais adulto no
estilo de Se Beber Não Case, dos
roteiristas Jon Lucas e Scott Moore, os mesmos que assinam o texto deste
projeto, conseguiria fazer um filme que se destacasse em meio a tantas
produções semelhantes, porém, acabou realizando um trabalho irregular que tem
alguns bons momentos, mas no geral mais constrange do que diverte. Parece que a
intenção maior era parodiar esse tipo de produção que explora os conflitos de
personalidade e caráter quando se está literalmente na pele de outro, mas
roteiristas e diretor foram preguiçosos e exageraram na dose de escatologia e
apelo sexual.
quarta-feira, 13 de abril de 2016
AS AVENTURAS DE MOLIÈRE
NOTA 8,5 Com requinte visual, longa é uma leve viagem por certo período da vida do famoso artista francês, mas com algumas liberdades |
terça-feira, 12 de abril de 2016
INCONTROLÁVEL
NOTA 6,5 Mais um meio de transporte desgovernado toca o terror e os heróis anônimos fazem de tudo para evitar o pior |
segunda-feira, 11 de abril de 2016
ONDE VIVEM OS MONSTROS
NOTA 7,5 Drama travestido de filme de fantasia é carregado de significados e com belo visual, mas ritmo lento prejudica |
Existem filmes
que são difíceis de serem classificados em um gênero específico, ainda mais
quando existe um improvável casamento entre o enredo e o aspecto visual da
fita. Um bom exemplo é Onde Vivem os Monstros, produção
dramática travestida de fantasia cujas imagens podem chamar a atenção das
crianças, porém, a decepção delas é praticamente uma certeza, quiçá tal
sentimento também se manifeste entre os adultos. Este filme pode ser encarado
como um projeto experimental ou simplesmente como uma continuidade do estilo do
cineasta Spike Jonze. Em seus trabalhos anteriores, Quero Ser John Malkovich e Adaptação,
ele já demonstrava apreço por histórias criativas e complexas e neste caso quis
explorar o universo infantil, mas obviamente a seu modo particular. Seguindo um
conceito na linha de O labirinto do
Fauno, o diretor adentra na mente de um garoto problemático que encontra
refúgio em um mundo imaginário para esquecer-se de suas angústias. A trama
roteirizada por Jonze em parceria com Dave Eggers tem como protagonista Max (Max
Records), um garoto que parece se sentir um peixe fora d’água. Não é preciso
muito para compreender que se trata de uma criança-problema. O início
tumultuado e a câmera propositalmente trêmula fazem alusão ao seu comportamento
hiperativo, possivelmente uma tática para chamar a atenção. Aproveitando a neve
no quintal, ele constrói um iglu e sua euforia por tal feito reflete sua
necessidade de respirar novos ares e de ser notado, pena que tal alegria dura
pouco e termina por pura maldade. Ele é ignorado pela irmã e os amigos dela e
não se conformou com o recente divórcio dos pais. Connie (Catherine Keener),
sua mãe, tenta lhe dar atenção, mas também tem sua vida para tocar e quando
recebe em casa um amigo (Mark Ruffalo) não tolera a indisciplina do menino e o
repreende severamente. Max, vestindo uma fantasia de lobo como parte do plano
para provocar, acaba fugindo de casa e magicamente pega carona em um barco que
o leva a enfrentar o vasto oceano e suas ondas traiçoeiras até chegar a uma
misteriosa ilha. Explorando o local, ele encontra uma comunidade de monstros
que observa a distância, mas quando descoberto ele tira proveito de sua lábia e
da fantasia que usava para convencê-los que não pode ser devorado por ser
dotado de poderes mágicos, o que o faz ser confundido como um rei, o líder que
eles tanto aguardavam. Sua grande tarefa é evitar que a tristeza tome conta do
lugar, assim ele passa a criar uma série de brincadeiras e situações para
mantê-los entretidos torcendo para que sua mentira não seja descoberta.
domingo, 10 de abril de 2016
BILHETE PREMIADO
Nota 3,0 Previsível, comédia de humor negro, na falta de ousadia, tenta se segurar no romance
A cineasta Nora Ephron sem
dúvidas conseguiu com vários de seus trabalhos elevar a cotação do gênero
comédia romântica tornando-o popular e rentável com produções como Sintonia de Amor e Mensagem Para Você. Como muitos filmes do tipo e com temática
similares começaram a ser lançados, a diretora procurou virar o século
experimentando algo levemente novo: o humor negro. Lançado em 2000, Bilhete
Premiado teve sua estreia adiada várias vezes até que finalmente chegou
às telonas para ficar umas duas semanas em cartaz. Nem mesmo no mercado de
locações funcionou. Além do fracasso em solo americano que ajudou na
publicidade negativa, o longa ainda tinha outra mandinga: John Travolta. Na
época o ator estava com sua carreira indo ladeira abaixo com sucessivos fiascos
profissionais e esta comédia só veio a ampliar a lista. Ele dá vida a Russ
Richards, o meteorologista de uma famosa emissora de TV, mas seus esforços
estavam longe de serem reconhecidos como ele desejava e sua vida profissional
ia de mal a pior (seria coincidência ou uma autoironia o ator encarnando tal
zero à esquerda?). Praticamente falido depois que suas chances de lucros
vendendo motocicletas especiais para neve derreteram devido a um inverno com
temperaturas altíssimas, o cara ficou devendo até as cuecas na praça e para
conseguir se reerguer resolveu montar um esquema com o amigo Gig (Tim Roth) e
Crystal (Lisa Kudrow), sua namorada. A garota é a responsável por sortear os
números da loteria na televisão, mas também não vê um futuro profissional
promissor para si mesma. É óbvio que a ideia é fraudar o concurso e mais
previsível ainda que algo dê errado. O que parecia fácil acaba se tornando uma
grande encrenca e o trio de espertalhões se vê envolvido em uma trama com
direito a assassinatos e outros pilantras de olho na bolada milionária. O que
poderia render uma comedia razoável, mesmo com o enredo transbordando clichês,
acaba se tornando um programa tedioso, talvez por culpa da própria Ephron que
entende de humor meloso, mas não conhece o universo da malandragem.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
COLHEITA MALDITA
NOTA 8,0 Marco do terror da década de 1980, obra envelheceu e hoje não é tão impactante, mas ainda causa arrepios com seu clima desolador |
O nome de Stephen King atrelado a alguma produção de cinema
automaticamente já traz certo prestígio ao projeto. Famoso por seus contos de
terror, mas também se arriscando com sucesso no campo dos dramas, o autor tem
uma legião de fãs tanto na literatura quanto na área cinematográfica. Entre os
anos 70 e 80, ainda em início de carreiro, King viu trabalhos baseados em suas
obras conquistarem crítica, público e figurarem em premiações, até mesmo no
Oscar. É dessa safra que faz parte Colheita Maldita, considerado um
clássico do terror por muitos. É certo que hoje em dia a produção não é tão
impactante quanto foi no passado, mas envelheceu bem, não há muitos sinais
evidentes de que o tempo passou, aliás, a imagem envelhecida é até um fator
positivo neste caso. Baseado no conto “As Crianças do Milharal”, título
original também do filme, o próprio King tratou de rascunhar um roteiro, mas
ele foi descartado prevalecendo um escrito por George Goldsmith no qual a
violência era mais presente e a estrutura narrativa mais convencional. Burt
(Peter Norton) e Vicky (Linda Hamilton) estão atravessando de carro uma estrada
deserta quando são surpreendidos por um garoto que acabam atropelando
acidentalmente, porém, a criança já estava praticamente morta por estar com o
pescoço com um corte profundo. O casal parte para a cidade mais próxima em
busca de ajuda, mas quando chegam a Gatlin encontram um ambiente estranho e
aparentemente abandonado. A introdução apresenta ao espectador um pouco do
histórico macabro do vilarejo. A economia local baseia-se na agricultura,
principalmente no cultivo de milho, mas certa vez a colheita foi péssima e a
população passou a se apegar na fé para tentar garantir uma boa safra da
próxima vez. Eis que surge um misterioso menino pregador, Isaac Chroner (John
Franklin), que leva todas as crianças para um milharal para falar sobre as
profecias de um demônio dos milharais chamado “Aquele Que Anda Por Detrás das
Fileiras”. Isaac, através de seu tenente Malachai (Courtney Gains), lidera uma
revolução infantil na cidade e todos os adultos são mortos brutalmente. Nos
anos seguintes, tais atos passaram a ser praticados sobre o pretexto de serem
sacrifícios necessários para uma boa colheita.
quinta-feira, 7 de abril de 2016
UM OLHAR DO PARAÍSO
NOTA 8,5 Peter Jackson aposta suas fichas em drama narrado paralelamente entre dois mundos intimamente ligados |
Um diretor de cinema pode escolher entre dois caminhos para
definir seu trajeto profissional. Pode optar por trabalhar com um ou dois
gêneros constantes, criar uma legião de fãs e marcar seu estilo ou atirar para
tudo quanto é lado, ganhar seu dinheirinho e viver no anonimato. Porém, alguns
profissionais de trás das câmeras conseguem transitar tranquilamente entre os
mais variados tipos de filmes, mas o problema é quando o público petrifica uma
imagem deles e passa a repudiar qualquer “pulada de cerca”. Esse mal constantemente
é vivido por Peter Jackson que virou um nome quente em hollywood após o sucesso
da saga O Senhor dos Anéis, assim tornando-se um sinônimo de megaproduções e
efeitos especiais de ponta. Porém, este profissional começou sua carreira de
forma bem modesta apostando inclusive no estilo trash como no longa Os
Espíritos e ganhou certo prestígio com o drama independente Almas Gêmeas muito
antes de enveredar pelo caminho do cinema de fantasia, mas é certo que a recepção
pouco calorosa de Um Olhar do Paraíso tem muito a ver com a expectativa que seu
nome atrelado a um projeto gera. Para aproveitar da melhor maneira possível
esta obra é preciso procurar focar a atenção na história em si e não no
currículo do diretor. A trama é narrada pela adolescente Susie Salmon (Saoirse
Ronan), um espírito do bem que habita os céus. Ela conta um pouco de sua rápida
passagem pela Terra, sua adaptação ao outro mundo, suas novas descobertas e
sobre como sua família superou sua perda. No início da década de 1970 ela
estava voltando um dia da escola sozinha e por estar atrasada optou por cortar
caminho por uma região campestre. No meio do percurso ela encontrou um de seus
vizinhos, George Harvey (Stanley Tucci), um novo morador da região que ela já
tinha visto conversando com seu pai, Jack (Mark Wahlberg). Inocentemente a
garota acaba caindo em uma armadilha e teve sua vida interrompida de forma
brusca e precocemente. Após esta introdução, que de certa forma é demorada, mas
muito bem realizada, passamos a acompanhar a peregrinação de Susie em busca da
paz. Ela está tomando consciência do que lhe aconteceu, não tem noção de como é
a vida após a morte e ainda está apegada às lembranças da realidade. Sempre
viveu sobre as regras da moralidade e dos conselhos da família e não teve tempo
de viver um grande amor e tampouco ter uma profissão. Sofre também vendo a dor
de seu pai, da mãe Abigail (Rachel Weisz) e ainda se preocupa com a irmã mais
nova, Lindsey (Rose Mclver), que pode ser a próxima vítima de seu assassino.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
MISSÃO BABILÔNIA
NOTA 3,0 Interferência de estúdio certamente comprometeu o resultado de ficção mal estruturada e sem graça |
Quando um filme estreia nos
cinemas ou é lançado em DVD sem publicidade isso pode significar um mau sinal
afinal de contas é um tanto suspeito uma distribuidora esconder seu produto da
mídia quando ela poderia ser uma aliada para aumentar a procura do mesmo,
embora não seja raro que excelentes produções dispensem os gastos com marketing
e confiem na propaganda boca-a-boca positiva do público. Agora o que dizer de
uma obra que aparentemente tem toda a pompa de superprodução, mas seu próprio diretor
e até mesmo o protagonista não ficaram satisfeitos com o resultado final? Pois
é, essa é a situação de Missão Babilônia que não chega a ser
uma ficção científica cafona cheias de engenhocas e naves espaciais (pelo menos
não em números exagerados), porém, não foge do clichê de imaginar um futuro
apocalíptico. Com muitos problemas na
fase de finalização, o longa tem um visual chamativo e uma ótima parte técnica,
mas o conceito do imagem é tudo aqui não funcionou. Sem uma boa história não há
efeito especial ou som estridente que segure a atenção do espectador. Bem, em
tempos de febre do 3D e outras firulas talvez essa máxima não tenha valor, mas
isso é outra discussão. Baseado no livro “Babylon Babies”, escrito por Maurice
Georges Dantec e muito popular na França, a trama até que começa de forma
instigante. Um mercenário está correndo apressadamente pelas ruas sob uma forte
chuva até que encontra seu alvo, um asiático que lhe vendeu uma arma que não
funciona e agora ele quer seu dinheiro de volta. Parece uma introdução tola? Somando-se
a outros detalhes que percebemos nesta e em algumas cenas seguintes tomamos
conhecimento da visão de futuro que o longa quer apresentar. O mundo não está totalmente
devastado com alguns poucos sobreviventes como estamos acostumados a ver em
outras produções com temática semelhante, porém, está caminhando para isso. O
individualismo impera, o comércio ilegal dita as regras, militares armados
ocupam em peso as ruas, os efeitos do aquecimento global já são plenamente
perceptíveis, alguns animais como os tigres estão extintos há anos, a violência
cresceu espantosamente e tantos outros detalhes negativos visuais vão pouco a
pouco situando o espectador e substituem aquele manjado truque do pequeno
resumo por escrito que geralmente abre produções do tipo. A ideia de introdução
do diretor francês Mathieu Kassovitz, de Rios
Vermelhos, já mostra seu respeito em manter o espírito da obra literária
que o inspirou, todavia é quase impossível não ficar com o pé atrás com a
produção desde os minutos iniciais por um motivo crucial: Toorop, o tal
mercenário, é interpretado por Vin Diesel. Astro de filmes de ação, novamente
ele surge inexpressivo, quase como um robô contratado para escoltar a jovem Aurora
(Mélanie Thierry) e sua protetora Rebeka (Michelle Yeoh) do Cazaquistão para
Nova York. No percurso eles acabam tendo que enfrentar alguns contratempos com indivíduos
que estão de olho na moça que por anos viveu reclusa em um convento e que aos
poucos revela ser uma pessoa incomum, alguém com inteligência e intuição acima
do normal.
terça-feira, 5 de abril de 2016
OS SUSPEITOS (1995)
NOTA 8,5 Intricada trama policial não perdeu o vigor e ainda é uma opção válida em tempos em que o espectador é subestimado |
Os filmes policiais já tiveram
seus tempos áureos, mas como tudo que é demais enjoa o gênero encontra-se em
decadência a alguns anos sobrevivendo as custas de produções medianas ou
medíocres que em geral não fazem mais nada que oferecer o arroz com feijão de
sempre com direito a final previsível como surpresa. Para os saudosos de
brincar de detetive e ladrão junto com os personagens, mas com qualidade e
inteligência, o jeito geralmente é recorrer a produções antigas. Uma boa dica é
rever, ou para as novas gerações descobrir, Os Suspeitos, uma intricada trama cujo roteiro
foi merecidamente agraciado com o Oscar. Livremente inspirado no clássico O
Segredo das Jóias, um filme com estilo noir que o famoso John Huston
dirigiu em 1950, este é o segundo longa da carreira do diretor Bryan Singer que
ficou em evidência nos últimos tempos por causa de suas aventuras com os mutantes
dos quadrinhos "X-Men". O novato na época surpreendeu construindo uma
boa história sobre homens que sonhavam em chegar ao topo, mas que seguiram
caminhos errados para tanto e terminaram encontrando a própria desgraça.
Para contar essas desventuras o cineasta contou com um elenco afiado e de peso
(bem, hoje em dia alguns são contratados a peso de ouro, mas na época ainda
eram estrelas de pouco brilho). Com uma produção modesta, o longa era como o
representante dos independentes da temporada de premiações 1995/96 e
infelizmente hoje em dia é mais lembrado justamente por suas indicações e
prêmios conquistados, uma injustiça que precisa ser corrigida a um trabalho
muito superior a produções atuais. Roteirizado por Christopher McQuarrie, a
trama começa com um incêndio no cais de Porto de San Pedro, na Califórnia, no
qual 27 pessoas morreram e apenas dois homens sobreviveram, um húngaro extremamente
debilitado por conta das queimaduras e Roger “Verbal” Kint (Kevin Spacey), criminoso
pé-de-chinelo portador de um defeito físico que saiu ileso do episódio e, como
seu próprio apelido indica, não é de hesitar em falar mais do que deve. Ele
será a principal testemunha que ajudará o detetive David Kujan (Chazz
Palminteri) a solucionar o mistério, mas lhe farão companhia na detenção outros
quatro suspeitos: o bandido de quadrilhas Michael McManus (Stephen Baldwin) e
seu parceiro de crimes Fred Fenster (Benicio Del Toro), o especialista em armas
pesadas Todd Hockney (Kevin Pollack) e o ex-tira corrupto Dean Keaton (Gabriel
Byrne). Não é apena a quantidade numerosa de mortos que motivam tal
investigação mas também o sumiço de uma quantia de dinheiro extraordinária. No
barco que explodiu estaria sendo negociado um carregamento de drogas oriundo da
Argentina, mas a ação foi sabotada por alguém. As suspeitas recaem sobre um lendário
terrorista da Hungria conhecido como Keyser Soze.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
SUBMERSOS
NOTA 7,5 Apesar dos vários clichês, longa se beneficia de atmosfera claustrofóbica e de situações limites |
Muitos reclamam da qualidade e do
artificialismo dos filmes atualmente, principalmente por conta da exagerada
atenção dada aos efeitos especiais que em alguns casos podem detonar
negativamente uma produção, todavia, o público ainda comparece em peso nos
cinemas para ver obras do tipo e inconscientemente acabam por prejudicar
trabalhos excepcionais e relativamente simples que acabam ficando sem espaço
para exibição. Contudo, tal problema não é algo recente. Anualmente centenas de
filmes de qualidade têm passagens relâmpagos ou sequer estréiam nos cinemas, chegam as locadoras timidamente, mas
acabam encontrando espaço na TV para serem repetidos aos montes, porém, alguns
sofrem com o fantasma do ostracismo em todos os caminhos que um longa-metragem
teoricamente deveria percorrer, inclusive na telinha, como é o caso de Submersos,
um eficiente suspense que tinha tudo para agradar uma parcela considerável de
público, mas que no final das contas continua praticamente desconhecido até
hoje. A ideia original é do cultuado Darren Aronofsky, de Réquiem Para um Sonho, que desejava unir suspense e aventura de
guerra em um mesmo trabalho, este que seria o segundo com sua assinatura como
diretor. No final das contas ele passou o cargo para David Twohy, de Eclipse
Mortal, outro filme de carreira fracassada. Ambos dividiram os créditos
como roteiristas, mas nem o nome de Aronofsky nos créditos, também como
produtor, salvou a produção de submergir no limbo. Por outro lado, também não
pode ser considerado um fracasso retumbante simplesmente porque não houve
esforços para transformá-lo em um sucesso. Na época de seu
lançamento, sem campanha alguma nos EUA e diretamente para locação no Brasil,
ainda o público estava extasiado com o fenômeno de obras com conteúdo
sobrenatural e psicológico como O Sexto Sentido e Os
Outros e estava na moda filmes sobre conflitos envolvendo submarinos e
guerra como K-19 – The Windowmaker e U-571 – A Batalha
do Atlântico, assim o momento parecia propício para aproximar as duas
temáticas em uma mesma obra, mas a predileção do público em geral pelo lixão
hollywoodiano provavelmente pesou mais na hora dos executivos da produtora e da
distribuidora pensarem no lançamento, assim preferiram poupar gastos com a
divulgação de um suspense diferenciado que realmente não traz nenhuma cena de
grande impacto que pudesse ser usada de forma isolada na publicidade. O medo
aqui é crescente e depende da cadência de emoções, ou seja, da atenção dedicada
ao enredo.
domingo, 3 de abril de 2016
30 DIAS PARA O AMOR
Nota 1,0 Longa aborda a realização do sonho da fama repentina com todos os clichês possíveis
O acervo da “Sessão da Tarde” e também dos canais pagos,
principalmente o da Disney que exibe suas próprias produções feitas
exclusivamente para a TV, estão lotados de filmes água-com-açúcar que mostram
garotas sonhadoras que da noite para o dia se tornam estrelas pop e de quebra
conquistam seu príncipe encantado. Essa fórmula de sucesso é pré-histórica e já
serviu para lançar muitas meninas que instantaneamente passaram a ser
idolatradas por crianças e jovens, como Hilary Duff que aproveitava as
oportunidades de atuar para também divulgar sua carreira como cantora. Com o
fenômeno High School Musical a trinca adolescentes, música e filmes
foi intensificada e mais e mais produções surgiram seguindo esse filão, porém,
com raríssimas exceções, eles são apenas passatempos bobinhos para matar o
tempo como é o caso de 30 Dias Para o Amor. Cole Thompson (Sean Patrick
Flanery) é um caçador de talentos que tem exatos 30 dias para descobrir uma
nova estrela da música pop-latina para apresentá-la em um festival e assim
conseguir sua tão sonhada promoção na agência. Após uma definitiva reunião com
seu chefe, é na recepção da própria empresa em que trabalha que o rapaz
encontra por acaso a garota perfeita. Ou quase isso. Maggie Moreno (Camille
Guaty) é uma desengonçada entregadora de encomendas que sonha em um dia ser uma
diva da música e por isso não demora a aceitar a proposta do rapaz. Com um
rostinho bonito e um corpo delgado, o resto dá-se um jeito. Ela se muda para a
casa de Thompson para não perder um único minuto de todo o processo de
preparação de uma jovem comum à estrela, mas conforme o tempo passa ambos
percebem que os interesses de um pelo outro não são apenas profissionais, tudo
como manda a cartilha do gênero. Porém, até a data de lançamento desta cantora
muita coisa pode acontecer, mas alguém dúvida que nasce uma estrela? Investindo
no clichê da latina que desponta no mundo da música, o roteiro de Laura
Angelica Simon sofre de uma crise de originalidade e inteligência do início ao
fim, resumindo-se a uma colcha de retalhos.
sábado, 2 de abril de 2016
ALMAS CONDENADAS
Nota 2,0 Mesmo tentando fazer algo levemente diferenciado, longa tropeça no acúmulo de clichês
Os filmes de fantasmas com
certeza eram mais atraentes antigamente quando suas almas vagavam pelos
cemitérios ou se recusavam a abandonar suas antigas casas. Com a invasão dos
filmes de horror asiáticos, infelizmente parece que virou regra que as
assombrações aparecessem em tudo que é canto, independente de o Sol estar
brilhando, e que as histórias sempre envolvam crianças e algum mistério mal
resolvido pinçado do fundo do baú. Embora Almas Condenadas não seja a
refilmagem de nenhum produto oriental, é nítido que sua existência se deve a
tal febre, ainda que tenha sido lançado quando os fantasminhas de olhos puxados
e suas versões americanizadas começavam a dar seus últimos suspiros. O fracasso
então é justificado, ainda mais pela premissa que parece inspirada em programas
sensacionalistas que exploram crendices populares. O roteiro escrito por Brian
e Jason Clevenland gira em torno de Melanie (Leah Pipes), uma jovem que acaba
de escapar da morte por conta de uma overdose de drogas. Após passar um tempo
em uma clínica de reabilitação, ela decide retornar à sua pequena cidade natal
no Texas para voltar a conviver com sua família. Além de se readaptar a rotina,
a garota vai fazer novas amizades que a levam a conhecer uma lenda urbana local
que vai deixá-la ainda mais perturbada. Há cerca de 50 anos um terrível
acidente envolvendo um trem matou grande parte da população infantil da cidade
e depois que Melanie esteve pessoalmente no mesmo lugar da tragédia passou a
ter visões dos mortos que parecem querer se comunicar com ela. Para agravar a
situação, uma sequência de misteriosos assassinatos começa a ocorrer e parece
querer encobrir detalhes do fatídico episódio, assim a jovem se sente no dever
de investigar as relações entre as mortes do passado e as do presente. Como diz
o ditado, quem procura acha e Melanie vai acabar se envolvendo em uma perigosa
situação que pode não ser uma história totalmente do além e correr grandes
riscos.
Assinar:
Postagens (Atom)