segunda-feira, 24 de agosto de 2020

RIPPER - MENSAGEIRO DO INFERNO


Nota 2,0 Mesmo buscando inspiração em lendário assassino, terror não sai do lugar comum


Datado desde seu lançamento, Ripper – Mensageiro do Inferno seria uma companhia perfeita para aqueles dias chuvosos ou de frio que te dá a maior vontade de ficar curtindo uma preguiça em casa. Melhor ainda para preencher as madrugadas, por ventura servindo também como remédio aos insones. Trata-se de um daqueles filmes que os amantes de terror certamente alugaram em peso por não ter outra opção na locadora e hoje chama a atenção dando uma zapeada pelos canais de TV, mas é uma produão que acaba sendo esquecida em poucos minutos. Lançado quando as fitas de seriais killers viviam um período já de franco esgotamento, depois que Pânico e similares esgotaram as possibilidades de surpreender o público repaginando o subgênero tão característico da década de 1980, não sobrou muita coisa para o diretor John Eyres brincar de assustar. 

A história começa mostrando um massacre promovido por um psicopata ocorrido durante uma viagem de barco da qual apenas uma adolescente se salvou. Ela é Molly Keller (A. J. Cook) que após cinco anos da tragédia ingressa em um curso para se especializar na análise de perfis psicológicos e de comportamento de assassinos seriais. Suas ideias quanto ao histórico de vida e como ele influencia no jeito de ser e agir destes bandidos batem de frente com os pensamentos do misterioso professor Martin Kane (Bruce Payne). Em uma das aulas ele comenta sobre o lendário Jack Estripador, um dos primeiros assassinos em série da História que chocou a cidade de Londres, na Inglaterra, violentando e mutilando cruelmente prostitutas, sempre mantendo um mesmo estilo de ataque. Poucos dias após a tal aula, uma das alunas é assassinada com dezenas de facadas e requintes de crueldade (ou deveria ser assim) durante uma festa, o que aguça a curiosidade de um grupo de estudantes a traçarem o perfil do criminoso. 


Quando outra universitária é encontrada morta e seu corpo com sinais de violação praticamente idênticos ao da outra garota, eles passam a desconfiar que o assassino segue a mesma metodologia de Jack. Além disso, o detetive de polícia Kelso (Jurgen Prochnow), que investigou o massacre que traumatizou Molly, tem a certeza de que o mesmo psicopata está de volta para se vingar da jovem e todos que a cercam também correm perigo. Ou seria ela mesma a assassina?Seguindo à risca a cartilha do gênero, o roteiro de Pat Bermel, baseado na história nada original de John A. Curtis e Evan Tylor, reúne elementos desgastados. A chuva nos momentos de tensão, a garota promíscua que se torna a primeira vítima, a protagonista traumatizada e existe até o manjado artifício de que o assassino poderia se utilizar de uma sequência de letras para escolher suas vítimas. Vivendo no anonimato após o primeiro massacre, a trama não explora com afinco o perfil de Molly, não sabendo construir uma aura de mistério para justificar que a certa altura ela própria é apontada como suspeita dos novos e possivelmente também dos antigos assassinatos, mas a coisa não vai longe. 

Quando todos desconfiam que podem ser a próxima vítima, Bermel também não tem habilidade para manter em paralelo as dúvidas sobre a idoneidade dos personagens. E o que dizer das cenas de mortes? Eyres apresenta um trabalho amador desde a introdução, que deveria investir pesado na violência gráfica, e o mesmo estilo contido preserva nos demais assassinatos. Nenhuma morte choca, sendo a mais elaborada quando uma jovem é arremessada de um carro para um penhasco. A cena tem desdobramentos, mas o estilo estranho da edição faz com que a sequência perca força. O mesmo se pode dizer das cenas em um necrotério e em uma velha serralheria. Além dos cortes imprecisos, o diretor não explora tais cenários a favor da trama. E olha que ele não tinha pressa de finalizar a parada.


Com duração acima da média para o gênero, aproximadamente duas horas, Ripper – Mensageiro do Inferno até teria um argumento interessante que poderia tirar leite de pedra, inclusive enveredando por uma linha psiquiátrica para explicar as ligações entre a mente perturbada do vilão e o estilo do tal estripador londrino, mas optaram pelos clichês de sempre culminando em um final confuso quando a paciência do espectador já está saturada. Descartável, ainda assim a fita gerou uma segundo capítulo em 2004 que não teve nem mesmo lançado oficial nos EUA, celeiro de produções do tipo (embora a original fosse um lançamento do Canadá). Nenhum ator do primeiro filme aceitou voltar para a continuação. Alguém tem dúvidas do que deve ser esse engodo?

Terror - 112 min - 2001

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9 – 10 Excelente, praticamente perfeito do início ao fim
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