domingo, 17 de junho de 2018

A DANÇA DAS PAIXÕES

Nota 6,5 Apesar de contar com boas histórias paralelas, drama não sabe qual destino dar a elas

Sabe aquele tipo de filme de época com cara de produção europeia talhada para ganhar prêmios e que você assiste, acha simpático, mas não te deixa emocionado ao extremo? Ou então sabe aquele estilo de filme que tem a pretensão de contar várias histórias ao mesmo tempo e no final das contas não atinge seu objetivo com perfeição? Pois é, A Dança das Paixões se encaixa nestas duas descrições, mesmo contando em seu elenco com a premiadíssima Meryl Streep, sendo que seu papel é bastante simples e poderia ter sido entregue a qualquer outra atriz veterana. Sim, infelizmente neste caso nem a interpretação de alguém tão experiente no gênero conseguiu salvar a produção. Não que o longa seja descartável do início ao fim, pelo contrário, até a metade ele caminha muito bem com boas histórias distribuídas entre um elenco talentoso, mas parece que em determinado momento o diretor Pat O´Connor não sabe como atar as pontas de tantos caminhos que abriu. A trama se passa em 1936 em um bucólico vilarejo no interior da Irlanda quando as vidas das irmãs Mundy passam por profundas transformações com a chegada de Jack (Michael Gambon), o irmão mais velho que está de volta após mais de vinte anos atuando como missionário na África, mas que agora está com a saúde debilitada. Como único homem da família, ele é recebido por suas irmãs, todas solteiras e cada uma com um temperamento diferente. A mais velha e que assumiu o posto de chefe da família é a recalcada professora Kate (Streep). Já Maggie (Kathy Burke) preferia uma vida sem preocupações enquanto as simplórias Agnes (Brid Brennan) e Rose (Sophie Thompson) ajudavam a sustentar a família vendendo artigos de tricô. Por fim, a irmã mais nova Christina (Catherine McComarck) provocou um pequeno escândalo ao dar a luz ao filho Michael (Darrell Johnston) sem ser casada com o pai do menino, Gerry (Rhys Ifans), este que também reaparece após muito tempo. Muitas mudanças estão por vir para a família Mundy.

Baseado na peça teatral de Brian Friel, o roteiro de Frank McGuiness enfoca a luta das cinco irmãs para sobreviverem na empobrecida e caótica década de 1930. Acostumadas a uma rotina metódica, de repente elas se encontram em meio a uma sucessão de maus momentos que as acometem. Com a volta do irmão, as coisas começam a desandar. Ele se mostra senil para continuar a exercer funções clericais e muito afetuoso aos rituais pagãos que aprendeu no continente africano. O padre local fica contrariado e então tem a ideia de demitir Kate da escola. A irmã que praticamente sustentava a família, além de se preocupar com seu emprego, também fica sabendo que a chegada de uma fábrica ao vilarejo pode acabar com o mercado de trabalho artesanal, assim suas outras irmãs também perderiam suas únicas fontes de renda. Aliás, uma delas, a romântica Rose, sonha em se casar com um rapaz que lhe faz muitos galanteios, mas ele foi abandonado pela esposa, assim teoricamente continua casado. Mais um escândalo não faria nada bem para a reputação dos Mundy, sendo que já precisam lidar com o aparecimento repentino de Gerry que está prestes a sumir de novo seguindo seu desejo de ir para a Espanha para se embrenhar em um conflito contra o catolicismo. Com muitas tramas paralelas, A Dança das Paixões tem ótimos entrechos, em geral todos perfeitamente possíveis, além de um produção estética impecável, incluindo belas locações em ambientes bucólicos, principalmente porque a trama se passa nos tempos das chamadas  "lughnasas", período tradicional na Irlanda comemorativo do início das colheitas. Narrado através das lembranças do pequeno Michael, é uma pena que faltam momentos memoráveis ao filme, sendo o mais representativo a sequencia em que mesmo passando por uma tempestade de problemas as irmãs pouco a pouco vão se animando com uma canção altruísta tocando no rádio e começam a dançar alegremente como se fossem crianças, livres de preocupações. Nesta simples cena talvez esteja o recado do diretor: a vida é feita de bons e maus momentos e devemos saber aproveitar os melhores ao máximo.

Drama - 95 min - 1998 

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