sábado, 16 de junho de 2018

GRITO DE PÂNICO (2005)

Nota 0,5 Chato, previsível e mal feito, longa é a própria melancolia e decadência dos slashers movies

Alguns filmes mereciam ser processados por propaganda enganosa. Os responsáveis por Grito de Pânico, por exemplo, ficariam devendo até a próxima a encarnação. O material publicitário remete explicitamente ao estilo de Jogos Mortais, uma coqueluche na época, mas na verdade está produção é um slasher movie dos mais capengas. Lançado diretamente para locação, sua capa extra vendia melhor o peixe. Um fundo totalmente em branco e ao centro a figura de uma casado de inverno com capuz de pelúcia e nada mais. E o filme é exatamente isso. Em um cenário gelado e pálido, um assassino misterioso mancha a neve com o vermelho do sangue que derrama em ritmo acelerado, mas ao final ficamos com a sensação que assistimos passivamente aos assassinatos de uma vestimenta que tem vida própria. A trama segue um grupo de universitários que após cooperarem com o professor Barren (Peter Carey) em um bem sucedido trabalho de psicologia ganham como prêmio um fim de semana em sua casa isolada em uma região florestal. Mesmo sendo época de inverno e muita nevasca, os jovens se animam, afinal confinados melhor ainda para poderem beber e transarem a vontade. Desde o início fica claro que Nicole (Melissa Schuman), a aluna mais aplicada, será a heroína e o restante dos personagens é só para inflar a lista de corpos. Eles se dividem em dois grupos e o primeiro a chegar logo é dizimado. No dia seguinte, o restante dos alunos também não demoram a se tornar vítimas de um psicopata que esconde sua identidade sob o capuz de um capote de inverno e usa as mais variadas formas e ferramentas para matar. Ele herda a habilidade com facões e machados de seus colegas de "profissão" de tantos outros filmes similares, mas também mostra-se criativo em suas emboscadas usando de arames a sacos plásticos, não dispensando também uma arma de fogo para agilizar o serviço. Aliás, a agilidade dos assassinatos, sem um mínimo de clima de suspense, imprime um tom cômico involuntário, ou melhor, só acentua a graça do filme todo que já conta com interpretações vexatórias e um roteiro raso e previsível.

Não é exagero dizer que o grande pânico em questão gira em torno do desejo de que o filme acabe logo e de preferência sem sobreviventes. Desde o início temos a incômoda sensação de assistir uma produção amadora, culpa dos diretores Lance Kawas e Matt Candu que demonstram não ter a menor intimidade com as câmeras e fizeram um apanhado de clichês, copiando inclusive o que há de pior no subgênero slasher. Desprovido de qualquer elemento que o torne relevante, Grito de Pânico se resume a um projeto incoerente, chato e previsível e que ainda no final tenta surpreender com uma reviravolta que invoca transtornos da psique humana. Para não dizer que tudo é execrável, vale um elogio pela opção dos diretores em escolherem uma paisagem de inverno rigoroso para situar o massacre, mas é uma pena que não explore a claustrofobia dos personagens dentro da cabana. Todos vagam pela neve e enfrentam o frio como se estivessem curtindo um verão no acampamento do clássico Sexta-Feira 13. Aliás, o vilão é tão indestrutível e brutal quanto Jason Voorhees e seus coleguinhas de assassinatos, mas apesar disso obviamente surgem desconfianças entre os personagens de que a pessoa que se esconde sob o casacão, indumentária copiada do primeiro Lenda Urbana, possa ser qualquer um deles, mas logo suas teorias acabam sendo refutadas pelo fraco roteiro escrito pelo próprio Kawas. Ao menos Candu não quis partilhar mais esta vergonha nos créditos. E o que falar do elenco e seus perfis? Foram escolhidos por sorteio? Os slashers de antigamente tinham como um dos seus trunfos fazer o espectador se importar com as vítimas, ou ao menos algumas delas mesmo que por meio de um vínculo mínimo. Com o tempo, passamos a torcer pelo vilão graças a personagens insossos e as vezes até indistinguíveis uns dos outros e não apenas por preguiça de caracterização ou do roteiro. Os próprios atores não se esforçam para se destacar sendo para as mulheres o momento ápice de suas participações serem assassinadas com seus seios siliconados à mostra. No conjunto, o filme é um triste exemplar dos últimos suspiros dos slashers movies a espera de um próximo revival do estilo. Em tempo: o assassino é interpretado por quatro atores, Tobiasz Daszkiewicz, Thomas Zelle, Bob Brown e Randy Bergero. O que houve? Foram percebendo a bomba que se meteram e abandonando as filmagens um a um?

Terror - 85 min - 2005

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