Nota 7 Embora previsível, suspense prende atenção com trama bem amarrada e verniz cult
Muito se reclama que comédias românticas, filmes envolvendo o mundo dos esportes e produções sobre seriais killers têm uma cartilha padrão a ser seguida para funcionarem, mas o estilo regrado também se estende a outros subgêneros. Os assassinos de aluguel também estão ficando estereotipados e vivendo situações engessadas. Precisam esconder suas verdadeiras identidades, mostram-se frios, inteligentes, mas tem sempre um momento em suas carreiras que algo dá errado em algum serviço e isso faz com que eles se aproximem de suas vítimas, repensem suas vidas e clamem pela redenção. The Poet – Assassino de Aluguel não foge a regra, mas mesmo assim consegue entreter com um enredo bem construído e envolvente, embora totalmente esquematizado para chegar a um final previsível.
No roteiro de Barbara Jago e Robert Hammond, René Bonnard (Dougray Scott) está em Viena para mais uma missão. Ele deve assassinar Jörg Hoogezahl (Peter Moucka), um empresário que ajudou a desviar milhões de euros de um fundo de beneficência para crianças carentes, mas para alguém o querer morto deve ser porque ele está envolvido em muitos outros crimes. Usando como álibi a desculpa de estar procurando uma sala para instalar o escritório de uma multinacional na cidade, o assassino consegue o local perfeito para atirar do alto de um prédio em seu alvo quando este estaria prestes a ir a julgamento. Era atirar e dar no pé, porém, na hora que aperta o gatilho ele é surpreendido por Rick Stern (Andrew Lee Polls), um jovem fotógrafo que estava no prédio para dar uma entrevista a uma jornalista, mas teve o azar de errar de sala e acaba também sendo morto por Bonnard que não poderia confiar no silêncio da testemunha.
Perturbado com o que aconteceu, o criminoso decide ir à exposição que a vítima inocente inauguraria a noite para descobrir quem ele era e acaba conhecendo Paula (Laura Elena Harring), irmã do fotógrafo que a usava como modelo para suas criações que tinham como mórbido tema a morte, ou melhor, impactar as pessoas com imagens que as levariam a refletir sobre suas vidas. Pena que esse estranho gancho não traga nada de relevante à trama. Bonnard se apresenta à moça com o nome de Andrei Losin, um ex-soldado acostumado a mortes de inocentes, e começa a se encontrar com ela, talvez como uma forma de ficar sabendo detalhes sobre as investigações sobre a morte de Stern. O detetive Max Vashon (Jüngen Prochnow) é encarregado do caso e está sempre em contato telefônico com a moça, assim o matador fica sabendo que estão a procura do caderno de esboços do fotógrafo que está em seu poder, a única pista que poderia incriminá-lo. Será mesmo?
Conforme o tempo passa, Bonnard e Paula vão ficando mais envolvidos, o cerco começa a se fechar com os avanços das investigações, inclusive surgindo pistas a respeito de outras mortes misteriosas, e surge mais um fato inesperado: Hoogezahl não morreu e está para acordar do estado de coma. Com o serviço incompleto, o mandante do crime passa a ameaçar o assassino profissional dando a entender que sabe muito sobre seu passado, quando era chamado no exército de O Poeta, e até mesmo sobre seu presente, o que o força a invadir o hospital para terminar o que não fez direito. O diretor Paul Hills procurou fazer o basicão para não errar e realmente não compromete a produção dando a ela ritmo, coerência e alguns bons momentos de reviravoltas, mas é certo que poderia ter ousado um pouco mais.
A introdução girando em torno do mundo da fotografia alternativa e a narrativa relativamente lenta do início ao fim dão sinais de que as intenções era fazer um suspense diferenciado, algo que fugisse dos padrões hollywoodianos, mas o excesso de previsibilidade e situações esquemáticas que se encaixam com perfeição tratam de dissolver o verniz de novidade. Contudo, The Poet – Assassino de Aluguel é uma opção acima da média, que entretém com qualidade e que fisga a atenção logo de cara com uma edição inteligente que mistura as ações dos personagens principais de forma a instigar o espectador a montar um pequeno quebra-cabeça cuja imagem não demora a se formar, assim respeitando a tolerância do público cansado de roteiros que fazem questão de emaranhar histórias e a todo custo achar no final alguma solução para amarrá-las e aparar as pontas soltas que inevitavelmente sempre sobram.
Suspense - 96 min - 2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário