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NOTA 4,5 Comédia se apóia em humor de gosto duvidoso e elenco atua de forma pouco convincente |
Comédias românticas são sempre a mesma coisa. Um casalzinho simpático passa o tempo todo se engalfinhando ou lutando contra as adversidades para no final ser feliz. O destino pode colocar alguns obstáculos no caminho dos amantes ou algum parente ou amigo invejoso faz o papel do diabinho na história. Para completar os coadjuvantes roubam a cena com seus tipos estereotipados como o homossexual bom amigo ou uma garota desengonçada que acaba se dando bem na conclusão. Muita gente reclama dessa fórmula básica que sofre pequenas modificações em dezenas de produções do gênero que são lançadas anualmente, mas no fundo são todas iguais e com final anunciado antes mesmo de assistirmos um minuto sequer e ainda assim elas têm seu público fiel. As vezes é melhor que as coisas fiquem assim mesmo, pois mudanças muito drásticas tendem a render filmes extremamente irregulares como é o caso de Amigos, Amigos, Mulheres à Parte, um produto que passa longe de ser considerado romântico e investe em um humor anárquico e quase sempre vexatório. Porém, não se pode negar que engraçado ele é, isso se você assistir com o botão de bom senso do seu cérebro e o do controle de emoção do seu coração desativados, pois aqui você não aprenderá nada e muito menos conseguirá se emocionar com um triângulo amoroso tão desajustado e libertino. O longa começa nos apresentando a Tank (Dane Cook), um rapaz metido a garanhão que adora sair a cada dia com uma garota diferente e consegue encontros facilmente. Sua tática é conquistar a confiança da jovem, se divertir ao máximo com ela e no final da noite fazer com que a própria o dispense. Para tanto, ele passa a utilizar palavras de baixo calão, fazer críticas ofensivas à companheira, soltar frases sem noção e comprometedoras e até mesmo colocar para tocar no carro uma música para deixar qualquer moça decente com vontade de se enterrar no chão. Descobrindo que a embalagem não corresponde ao conteúdo, as moças reavaliam suas decisões e resolvem voltar para seus antigos namorados.

Tecnicamente o filme é perfeito para os padrões da produção, mas seus problemas se concentram, além de no enredo, também nas interpretações. Kate estourou no conceituado Quase Famosos, mas parece que resolveu seguir os passos da mãe Goldie Hawn e se enterrar em produções humorísticas bobinhas ou de gosto duvidoso, como é o caso. Biggs, famoso pela trilogia inicial de American Pie, é esforçado, já tentou o campo de humor de outras formas, inclusive já foi dirigido por Woody Allen, mas parece que o papel de bobalhão que não tem sorte com as garotas lhe cai como uma luva e somente convites de trabalho do tipo são oferecidos ao ator. Mas a grande bomba entre os intérpretes é Cook. No mesmo ano desta comédia ele também estrelou Maldita Sorte e Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada, sempre exagerando no gestual, caras e bocas e dando ênfase na fama de garanhão. Resultado: onde ele está no momento? Se expôs demais com papéis repetidos, nada carismáticos e se deu mal. Pelo menos é raro encontrar alguém favorável ao ator. Por fim, seu desempenho criticável nesta comédia ganha um empurrãozinho a mais para o abismo com a ajuda de Alec Baldwin, em uma das interpretações mais canastronas do cinema como o pai do rapaz. As cenas em que os dois falam abertamente sobre suas aventuras e conquistas amorosas são um tanto inverossímeis e parecem até brincadeiras de bastidores que o diretor Howard Deutch resolveu aproveitar para espichar o roteiro que tinha em mãos. Amigos, Amigos, Mulheres à Parte é um filme simples em seu conjunto, mas difícil para ser analisado sem preconceitos e até mesmo para dar uma nota justa. Ele é engraçado em diversos momentos, alguns nos fazem gargalhar forçosamente, mas o texto e as piadas oferecidas são extremamente questionáveis e o caráter machista da produção que reduz a mulher a um objeto descartável acentua o sentimento ambíguo do espectador que pena para se decidir entre o gostei e o não gostei. Se depender da conclusão a segunda opção vence. É uma pena, mas uma boa premissa foi descartada em troca de risos fáceis na base do mal gosto e depravação do ser humano.
Comédia - 101 min - 2008
2 comentários:
Ainda não vi esse filme, mas parece ruim mesmo. E olha que Kate Hudson já fez muita coisa boa...
Kate Hudson já fez mesmo excelentes coisas, não sei porque está com o Jason Biggs, que nunca conseguiu ser nada senão o cara de American Pie, nem lembro o nome.
Passo longe desse filme, hein.
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