terça-feira, 10 de maio de 2016

SEXO SEM COMPROMISSO

NOTA 7,5

Premissa indica que esta
comédia sairá do lugar
comum do gênero, mas
diretor dá meia-volta
As comédias românticas são produzidas com foco em público certo que gosta de ver as mesmas histórias com apenas algumas sutis diferenças. Casal se conhece por acaso, se apaixona, uma pedra surge no meio do caminho deles, mas no final o tradicional felizes para sempre tem que existir. Apesar de agradar as platéias femininas, o gênero comumente peca pelo machismo implícito, sendo a mulher quase sempre retratada como submissa ou infeliz e que só é capaz de encontrar a felicidade ao lado de um homem, este que provavelmente pintou e bordou o quanto pôde antes de se entregar a um relacionamento sério. Bem essa fórmula não funciona em Sexo Sem Compromisso ou pelo menos não completamente. O título aparentemente pode vender de forma errada o conteúdo do filme, dando a idéia de que este poderia ser um novo American Pie com adolescentes que só pensam em sexo e estudar que é bom nada. Bem, os protagonistas realmente são compulsivos sexuais, porém, estão longe da fase da adolescência, já são adultos que fazem o que bem entenderem de suas vidas. Adam (Ashton Kutcher) está sofrendo com a decepção de ter sido largado por Vanessa (Ophelia Lovibond), com quem namorou por oito meses. Para piorar a situação, descobre que ela é a nova namorada de seu pai, Alvin (Kevin Kline), um astro da TV das antigas. Desejando esquecê-la e seguir em frente, ele acaba se acostumando a sair com diversas garotas apenas por diversão, sem envolvimento emocional, mas tudo muda em uma noite de bebedeira. Quando acorda, ele está em um apartamento que não é o seu e descobre que quando não estava sóbrio se encontrou com Emma (Natalie Portman), uma jovem com quem se encontrou algumas vezes, mas há muitos anos. Durante a noite nada aconteceu entre eles, mas na manhã seguinte não conseguiram resistir. A moça quer o mesmo que ele, apenas sexo sem cobranças e assim eles marcam encontros constantes durante um bom tempo e em qualquer hora do dia ou da noite. Porém, a relação começa a mexer com os sentimentos de Adam, mas convencer Emma de que ela também está se apaixonando não será nada fácil. 
Nesta história o homem declaradamente é o objeto de prazer da sua companhia feminina, uma inversão bem vinda, porém, lá pela metade do filme tudo volta ao normal e os protagonistas ficam entre tapas e beijos. A diferença é, grosseiramente falando, que neste caso o macho quer casar e a fêmea prefere continuar caçando. A premissa original acaba seguindo o mesmo caminho de tantas outras comédias românticas para desembocar em um final previsível. Costurando a trama, temos alguns momentos de humor com sacadas inteligentes, muitas cenas de cama com os protagonistas e algumas sequências de piadas embaraçosas. Se o roteiro fosse um pouco mais enxuto ajudaria o filme a fluir melhor, porém, perde pontos por exagerar na quantidade de personagens coadjuvantes que acabam embaralhando a cabeça do espectador, apesar de um ou outro fazer a diferença. Parentes com personalidades variadas, pessoal do trabalho e até um casal maduro de gays, são apresentados praticamente todos os estereótipos humanos possíveis durante as quase duas horas de duração. Se os personagens secundários entram mesmo em cena apenas como enfeites, o mesmo não se pode dizer do aproveitamento dos protagonistas que praticamente são exigidos da primeira até a última cena. Kutcher não teve êxito em seus últimos trabalhos no gênero comédia romântica, até então seu terreno seguro e com garantia de sucesso, mas não desistiu e realmente se deu bem nesta empreitada, apesar de inicialmente não mudar muito o estilo do personagem que ele interpretou em praticamente toda a sua filmografia: um cara que pensa muito em festas e mulheres, trabalha pouco, fica com várias meninas até metade do filme e termina a história com a protagonista após milagrosamente descobrir que ela é a mulher ideal, isso depois de ter provado quase todo o elenco feminino à disposição. Nesta produção o ator se supera, mostra que é esforçado e consegue tornar crível a evolução de seu Adam. O rapaz passa da fase imatura para a mais sensata com certa fluidez que cativa o espectador, afinal de contas histórias de gente que consegue vencer obstáculos e crescer na vida na base do próprio suor e tropeços facilmente criam um elo emocional com o público.

Já Natalie provavelmente experimentou pela primeira vez o gênero comédia da maneira como se deve. Após umas duas participações em projetos que se encaixam no campo de humor e outros tantos mais dramáticos, a atriz mostra que tem timing e talento para este tipo de produção, embora a transição de sua Emma de mocinha liberal para apaixonada confessa não seja muito singela, mas nada que comprometa o conjunto. Seu papel, porém, poderia muito bem ser feito por qualquer outra atriz na sua faixa etária. Após o show que deu em Cisne Negro fica um pouco difícil engolir um personagem tão simplório para alguém que já provou que pode bem mais. Todos merecem seu momento de recreio e é assim que deve ser encarado este trabalho de Natalie, um relax para recarregar as energias para um próximo desafio. O diretor Ivan Reitman, famoso pelo nostálgico Os Caça-Fantasmas, acumula bastante experiência no campo de humor, mas em seu trabalho anterior, Minha Super Ex-namorada, perdeu a mão e fez uma produção meia boca e exagerada. Com Sexo sem Compromisso ele faz as pazes com a câmera e apresenta uma narrativa bem construída e alinhavada, com boas piadas e um casal protagonista com química e simpático, mas evita inovações. Obviamente, a liberação sexual que dá tônica a este enredo é um avanço, embora já tenha sido utilizada em outras ocasiões, mas não deixa de ser corajoso expor os relacionamentos abertos e sem vínculos emocionais em uma época em que a instituição familiar está em crise assim como os valores morais. Deve ser por isso que Reitman acaba colocando o pé no freio a certa altura e volta a investir no batido clichê do casalzinho perfeito, a tal da alma gêmea. O cineasta segue uma fórmula que há décadas está em vigor e que por mais que tentem injetar alguma novidade dificilmente terá seu resultado final alterado, mesmo que o início aponte para algum outro caminho diferenciado. Se dois e dois são quatro, mocinha e mocinho bonitos é igual a casal feliz no final. Essa é a matemática hollywoodiana e que cada vez mais é multiplicada.

Comédia romântica - 108 min  - 2011

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3 comentários:

ANTONIO NAHUD disse...

Esperava mais, mas gostei. Sou fã da Natalie.

O Falcão Maltês

leandroaleixo disse...

Ainda nao vi este filme,mais dizem que e bom!!..quero ver!

Marcos Rosa disse...

Vi e não gostei muito. Um pouco da mesmice de sempre. Uma pena pois Natalie tem potencial.

http://algunsfilmes.blogspot.com/