sábado, 12 de março de 2022

A HORA DO ESPANTO 2 (1988)


Nota 8 Mantendo espírito do original, continuação é tão boa quanto e cativa pela nostalgia


Depois do sucesso absoluto do primeiro filme, alguém duvidava que A Hora do Espanto 2 não sairia do papel? Era só questão de alguns poucos anos para a continuação ser lançada e, contrariando expectativas, ser quase tão boa quanto o original justamente por manter alguns elementos já testados e aprovados, além de expandir novas temáticas funcionais dentro da trama. Todavia, o longa não repetiu o sucesso de bilheterias de seu antecessor, mas com o passar dos anos ganhou certa aura cult, mais um registro da cultura dos anos 1980. A trama se passa três anos depois dos eventos vistos em A Hora do Espanto e após muitas sessões de terapia, Charley Webster (William Ragsdale) está convencido de que vampiros não existem. Será mesmo? Não demora muito a cruzar seu caminho a sedutora Regine (Julie Carman), ninguém menos que a irmã do vampirão que o jovem destruiu com a ajuda de Peter Vincent (Roddy McDowall), este que segue como apresentador de um programa dedicado a exibição de filmes de terror. Mesmo agora ambos vivendo em outra cidade e com a amizade estremecida, a vampira consegue encontrá-los e está sedenta por vingança e não está sozinha. 

Um grupo com visual um tanto peculiar e duvidoso está sempre cercando Regine que usa o álibi de ser uma artista performática para confundir suas vítimas quanto ao que estão vendo se é real ou imaginário. A partir daí, uma série de mortes e acontecimentos estranhos passam a ocorrer dentro e nas imediações do edifício onde Webster  agora reside, porém, apesar de suas desconfianças, o rapaz se deixa seduzir facilmente pela exuberante Regine, mas Vincent está a postos para ajudar o rapaz a não cair na armadilha. O plano da vampirona é imortalizar o jovem, tornando-o um deles e o escravizando, para assim poder torturá-lo eternamente  e vingar a morte de seu irmão. Webster, sem saber, acaba tendo seu sangue sugado por ela enquanto dormia, assim não estranha quando passa a sentir sono extremo, sensibilidade à luz e sua repentina fixação por pescoços femininos. Apesar das tentativas de alerta de Vincent, o rapaz só vem a lhe dar a razão quando Richie (Merritt Butrick), seu colega de quarto, aparece morto no dia seguinte a uma festa na cobertura de Regine.


Para muitos essas produções hoje em dia podem ser tolas e desprezíveis, mas é inegável que elas tiveram sua importância na História do cinema e felizmente ainda há público novo querendo experimentar o gostinho do horror de antigamente. Pois é justamente sobre experiências que a maior parte dos clássicos juvenis oitentistas tratava. Apesar de uma produção claramente datada, algo denunciado por seus figurinos, fotografia e efeitos típicos da época, no entanto, a trama não perdeu em nada do seu fôlego e ainda hoje se mantém como uma produção de destaque dentro do universo vampiresco. Se no primeiro filme era o adolescente quem acreditava na existência de vampiros e o idoso duvidava até onde era possível, aqui os papeis se invertem, a chance de McDowall assumir o protagonismo. As falas, os trejeitos e a leveza de interpretação fazem com que o filme cresça consideravelmente toda vez que o veterano está em cena, seja apenas falando de como ele é um brilhante ator ou caçador de vampiros. A graça é que por trás desse orgulho todo na verdade Vicent é decadente como intérprete e uma piada como assassino de vampiros, mas aqui ao menos tem a chance de ser valorizado em sua segunda opção de profissão.

A Hora do Espanto 2 é um bom exemplo de receita a qual uma boa sequência deveria prezar. Traz de volta alguns dos personagens principais do original com os mesmos atores, assim oferecendo interpretações ainda mais vigorosas uma vez que já estão mais familiarizados com aquele universo e seus arquétipos. Obviamente o vilão foi substituído, mas também foram limados da trama a mãe, a namorada e o melhor amigo do protagonista, este apesar da deixa no original para um possível retorno. Agora Webster tem um novo interesse romântico, Alex (Traci Lind), mais forte e esperta que a outra garota, mas nem por isso menos vulnerável, assim ela também fica na mira de um dos lacaios de Regine até como uma forma de atrair o rapaz mais facilmente. Tom Holland, roteirista e diretor do original, se encarregou mais uma vez do texto para conectar as duas produções de forma inteligente e sensata e, de quebra, adicionou mais violência, afinal de contas, quanto mais vampiros maior o número de vítimas. Contudo, envolvido com a produção de Brinquedo Assassino, ele passou a direção para Tommy Lee Wallace, este que já havia dirigido Halloween 3 e honrou os votos de confiança entregando um filme tão bom quanto o anterior.


Apesar do universo criado nestes filme permitir uma expansão para uma terceira parte, infelizmente a ideia não chegou nem a ser colocada no papel. McDowall e Holland foram convidados para conversarem sobre a possibilidade de realizarem um novo capítulo da saga vampiresca, mas o encontro nunca aconteceu uma vez que o produtor do filme foi assassinado pelos próprios filhos. Muitos anos depois, as duas produções ganharam versões atualizadas, mas nem de longe chegaram a repercussão das originais e nem o passar do tempo lhe beneficiaram. A primeira aventura trouxe elenco de peso, foi mais fiel ao texto, mas perdeu pontos com os efeitos tridimensionais que trouxeram um artificialismo exagerado. Já o remake da segunda parte é ladeira abaixo. Um time de atores desconhecidos foi recrutado para simplesmente fugirem dos dentuços sem demonstrar o menor espírito de valentia, além de edição frenética e efeitos sonoros e visuais serem usados em peso para escamotear o fraco roteiro. Prefira os filmes originais!

Terror - 98 min - 1988

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