quinta-feira, 10 de março de 2022

MISTÉRIO NA ÍNDIA


Nota 5 Trama previsível e ligeira agrada público menos exigente, apesar do suspense ser nulo


Os telefilmes sofrem com o preconceito de muitos espectadores, embora a qualidade de muitos deles sejam equiparáveis à produções feitas para o cinema. Bem, isso se nos créditos estiverem nomes experientes, criativos e com poder de sedução junto à financiadores. Quando isso não é possível, é quase certo que o projeto fracassará, mas é preciso perder o preconceito quanto a esse tipo de filmes. Enxutos e com tramas geralmente eficientes para rechear de 70 a 90 minutos de projeção, existem muitos títulos que merecem um pouquinho mais de atenção, mas obviamente com um pouco também de compaixão, como é o caso do suspense Mistério na Índia que cumpre sua função de entreter e convidar o espectador a brincar de detetive. 

A trama roteirizada por Carl Austin e Sameer Ketkar nos apresenta ao casal Lily Taylor (Tamzin Outhwaite) e Andy Becker (Nicholas Irons), ela uma atriz de novelas de TV e ele um escritor com bloqueio criativo. Desde as primeiras cenas, é perceptível que a mulher é quem controla o marido, isso porque ela é detentora de uma polpuda herança que recebeu do pai, mas não está disposta a bancar as publicações dele. Jason Weeles (Jason Flennyng), seu meio-irmão, não foi contemplado com o dinheiro, mas apoia moralmente o cunhado que está devendo dinheiro a um editor que cobra a entrega do rascunho de um novo livro. Durante uma festa, Becker flagra a esposa na cama com um produtor de cinema, mas já fica latente que o casal não se entende faz tempo e que a carreira para ela é o mais importante. Embriagado, o rapaz na volta para casa acabou perdendo a direção e bateu o carro, acidente que deixou Lily paralisada da cintura para baixo. 


Seis meses depois, não são encontrados motivos físicos para que ela não tenha o mínimo de sensibilidade nos membros inferiores e é aconselhada a procurar um tratamento alternativo, algo com recursos naturais e a base de massagens, o que poderia ajudar em um possível bloqueio psicológico que a impede de tentar se mover. A Índia é o destino escolhido, até porque uma novela da qual Lily participou está passando lá e o assédio de fãs poderia fazer bem à sua auto-estima. Becker, por sua vez, poderia ter finalmente inspiração para escrever. Quem ajuda a organizar a viagem é Weeles que é documentarista e realizou a pouco tempo um trabalho no exótico país. Suresh Menon (Gulshan Grover) é oficial de polícia e foi chamado para cuidar da segurança da atriz durante um evento para o qual ela foi convidada. Nessa festa, Becker só tem olhos para uma dançarina local, Sara Varghese (Sandra Teles), jovem que ele já havia visto anteriormente tomando banho em um rio. Enquanto Lily é submetida a sessões diárias de massagem, ela não deixa de fazer o marido se sentir culpado pelo acidente e muito menos de lembrá-lo que ele é um fracassado profissionalmente. 

Sentindo-se diminuído, Becker não resiste aos encantos de Sara e passa a encontrá-la constantemente, mesmo ela sendo também casada, e eles acabam vivendo um tórrido romance. Entretanto, na volta de uma dessas escapadas, o escritor é surpreendido com o sumiço da esposa e os desdobramentos deste episódio podem colocá-lo em maus lençóis. Dirigido por Jag Mundhra, Mistério na Índia passa longe de ser um suspense mirabolante e tampouco marcante, apenas cumpre seu papel de entreter, mesmo com toda sua previsibilidade. De certa forma, no entanto, o longa consegue prender a atenção com uma trama bem amarradinha e que deve agradar bastante aos fãs de TV pela forma mastigadinha como tudo é entregue. Quando o grande conflito é apresentado, basta relembrar o início do filme que a resposta está lá. 


Provando que as raízes deste projeto estão no estilo folhetinesco, Menon só chega a desvendar o caso com o auxílio de informações que capta de uma novela que sua filha é fã incondicional. A personagem tinha um bom gancho a ser desenvolvido, o fascínio que as celebridades exercem sobre as pessoas de países menos desenvolvidos, uma reflexão que seria bem-vinda, mas o diretor preferiu focar na trama principal que é rasa como um pires. O conjunto funciona razoavelmente e as belas paisagens naturais indianas seguram a atenção, isso se elas realmente forem originais e filmadas in loco, o que para os padrões da produção é um pouco difícil de se acreditar.

Suspense - 85 min - 2006

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